Mais um aniversário trágico na história da América Latina: os 50 anos do golpe militar no Chile. Pelo menos 3.216 foram mortas ou desapareceram, 40 mil torturadas e 200 mil fugiram do país. O golpe e a ditadura do general Augusto Pinochet tiveram o apoio dos Estados Unidos e do Brasil, no momento mais sombrio da ditadura militar brasileira.
O presidente Salvador Allende foi eleito em 1970 com a proposta de construir o socialismo pela via pacífica e democrática com apenas 36% dos votos, 39 mil a mais do que um adversário conservador. Sua eleição foi confirmada no Congresso com o apoio do Partido Democrata-Cristão, que não participou do governo.
Allende nunca teve maioria e enfrentou uma visão dentro da Unidade Popular e de seu próprio Partido Socialista, onde correntes revolucionárias defendiam a luta armada. Uma visita de 23 dias do ditador cubano Fidel Castro, no fim de 1971, radicalizou a situação e ajudou a alimentar o golpe.
Por iniciativa da ditadura militar chilena, Argentina, Brasil, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai lançaram a Operação Condor para perseguir inimigos no exterior. Em 1976, a DINA, a polícia política do Chile mata em Washington o ex-chanceler Orlando Letelier.
Na mesma época, morrem três grandes líderes da Frente Ampla contra a ditadura no Brasil, os ex-presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart, e o ex-governador Carlos Lacerda. O ex-governador Leonel Brizola foge do Uruguai e vai para os EUA.
Em 5 de outubro de 1988, Pinochet perde um plebiscito que lhe daria um novo mandato. Ele não concorre à eleição de 1989. Em março de 1990, entrega o poder ao presidente democrata-cristão Patricio Aylwin, mas mantém o comando do Exército por mais oito anos. Quando perde a imunidade, é preso em Londres em 16 de outubro de 1998.
Solto por motivo de saúde, Pinochet volta ao Chile em março de 2000, onde é processado e acusado de corrupção, além de violações dos direitos humanos, mas morre impune. O presidente Gabriel Boric acaba de abrir uma investigação para encontrar os restos mortais de quem está desaparecido até hoje.
Talvez o mais extraordinário nestes 50 anos do golpe seja a ascensão da extrema direita, que conquistou 35% dos votos nas eleições de maio para um Conselho Constitucional para redigir uma nova Constituição. Extrema direita e direita têm mais de 60% dos votos. podem fazer o que quiserem. Meu comentário:
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