Dois meses e meio depois de chegar a 200 mil mortes pela doença do coronavírus do 2019, o Brasil superou hoje a triste marca de 300 mil mortes, anunciou há pouco o consórcio de empresas jornalísticas criados pela evitar a manipulação de estatísticas pelo Ministério da Saúde. Só 2% das cidades brasileiras têm população maior.
Hoje foram notificadas mais 2.244 mortes e 90.504 casos novos, no segundo pior dia de contágio. O total de casos confirmados está em 12.227.179 e o de mortes em 301.087. Pela primeira vez desde 27 de fevereiro, a média diária de mortes dos últimos sete dias não foi recorde. Está em 2.279, com alta de 34% em duas semanas.
A morte está em alta em 20 estados e no Distrito Federal. Até a metade do ano, "podemos chegar a 500 mil mortes", adverte o neurocientista Miguel Nicolelis, professor da Universidade Duke, nos Estados Unidos..
O descaso e a negligência do governo federal são os principais responsáveis por esta tragédia anunciada. O presidente Jair Bolsonaro adotou uma estratégia de deixar o vírus circular até surgir a chamada imunidade de rebanho. Criticou o uso de máscara, rejeitou as medidas de confinamento, provocou aglomerações, foi contra as vacinas e perdeu oportunidades de comprá-las.
Resultado: além das 300 mil mortes, 24 estados e o Distrito Federal estão com mais de 80% dos leitos de unidades de terapia intensivo ocupados. No Rio de Janeiro, há 580 pessoas na fila de espera para UTI. A Fundação Oswaldo Cruz defende um confinamento rigoroso de 14 dias para reduzir o contágio e desafogar o sistema de saúde.
Pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com os presidentes da Câmara, Arthur Lira, do Senado, Rodrigo Pacheco, e do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, a pretexto de promover a "união nacional". Era para ser um encontro dos líderes dos três poderes, mas o presidente convidou todos os ministros e sete governadores aliados. Foi mais um jogo de cena para se eximir da responsabilidade pelo fracasso do governo no combate à covid-19.
O presidente anunciou a criação de um comitê para coordenar a luta contra a pandemia, mas insistiu no inútil tratamento precoce. Bolsonaro não aprende nunca e só reage quando se sente ameaçado. Houve momentos tensos na reunião quando o presidente defendeu o tratamento precoce, considerado inútil pela ciência, e rejeitou o confinamento por medo do impacto econômico para sua reeleição.
Em um discurso duro, o presidente da Câmara falou em "erros primários, desnecessários e inúteis". Declarou que "tudo tem limite" e ameaçou aplicar os "remédios políticos" do Congresso "conhecidos, amargos e fatais", sugerindo que pode levar adiante algum dos 61 pedidos de impeachment de Bolsonaro. Meu comentário:
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