segunda-feira, 1 de março de 2021

Secretários de Saúde defendem confinamento e toque de recolher

Diante do agravamento da pandemia do coronavírus de 2019, que está no pior momento no Brasil, os secretários estaduais da Saúde divulgaram uma carta nesta segunda-feira criticando a "ausência de condução nacional", a falta de liderança do presidente.

Os secretários querem restrição máxima de atividades não essenciais em regiões com mais de 85% dos leitos hospitalares ocupados e um toque de recolher nacional das 20h às 6h. Na maioria dos estados, as unidades de terapia intensiva têm ocupação acima de 80%.

Ao reconhecer a gravidade da situação, o vice-presidente Hamilton Mourão mencionou a vacinação em massa com "única saída": "O resto tudo é paliativo", afirmou, para não contrariar o presidente Jair Bolsonaro, que no fim de semana criticou o uso de máscaras e voltou a atacar os governadores que adotaram medidas de isolamento. Mas paliativo é necessário nesta hora para mitigar os danos e salvar vidas, general.

Mentindo como de costume, Bolsonaro afirmou a seguidores que não errou nunca em sua avaliação da pandemia. Só hoje mentiu cinco vezes, ao dizer que o inútil tratamento precoce com hidroxicloroquina e ivermectina funciona e não tem efeitos colaterais, que o isolamento não adianta, que não poderia comprar vacinas antes de serem aprovadas pela Agência Nacional e Vigilância Sanitária (Anvisa) e que São Paulo tem o maior número de mortes por habitante.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reiterou que o tratamento preventivo com hidroxicloroquina não funciona e que o medicamento não diminui os riscos de hospitalização e morte. Bolsonaro alegou que a Coreia do Sul usa a hidroxicloroquina, mas na verdade abandonou esta droga em junho do ano passado. 

O distanciamento social levou a uma queda de 35% nas mortes em Manaus. Tanto o governo federal quanto o estado de São Paulo compraram vacinas antes da aprovação. E a mortalidade no Amazonas é maior do que em São Paulo.

Nesta segunda-feira, a média diária de mortes dos últimos sete dias bateu o quinto recorde em 6 dias. Chegou a 1.223. Foram notificadas mais 818 mortes e 40.479 novas contaminações. O país registrou até agora 10.589.608 casos confirmados e 255.836 óbitos por covid-19. A média diária de contágios está em 56.011, com aumento de 23% em duas semanas, o que indica tendência de alta.

Para tentar conter esta alta, os governadores propõem um confinamento, com a proibição de eventos, congressos e cultos religiosos em todo o país, e, nas áreas onde os hospitais estão sobrecarregados, o fechamento do comércio não essencial, das escolas, dos bares e das praias.

No domingo, Bolsonaro tentou se livrar da responsabilidade revelando o montante de dinheiro repassado pelo governo federal aos estados apresentando-o como uma generosidade sua. Em carta, 19 governadores responderam que o dinheiro extra para a saúde foi mínimo. 

O presidente juntou tudo: repasses obrigatórios como os fundos de participação de estados e municípios, dívidas suspensas, que não são doações porque terão de ser pagas no futuro, o auxílio emergencial aprovado pelo Congresso.

A população pagou R$ 1,5 trilhão em impostos federais e o governo central devolveu R$ 837 bilhões, Esta centralização visa a criar um equilíbrio, distribuindo mais proporcionalmente aos estados mais pobres. É dinheiro público, não é do presidente, que trata a máquina do Estado como propriedade sua. Meu comentário:

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