Depois de um telefonema para o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou que vale a pena andar "uma milha extra" para tentar fechar um acordo com o Reino Unido sobre as relações comerciais depois da saída do país da União Europeia. O prazo final era hoje. A fase de transição termina em 31 de dezembro de 2020.
O Reino Unido deixou a UE em 31 de janeiro deste ano, em consequência do plebiscito realizado em 23 de junho de 2016. Aparentemente, os partidários da saída britânica (Brexit) não tinham planejado o futuro, talvez porque não acreditassem na vitória.
Johnson, um dos líderes da campanha da Brexit, se tornou líder do Partido Conservador e primeiro-ministro em 2019, substituindo Theresa May. Ela sucedera David Cameron, o chefe de governo que convocou o plebiscito com a esperança de pacificar a guerra interna do partido em torno das relações com a Europa, que vinha desde o governo Margaret Thatcher (1979-90).
As negociações emperraram em três problemas;
• a pesca, que representa menos de 0,5% da economia britânica, mas tem um significado simbólico por causa da soberania sobre os mares;
• o apoio estatal à produção, que inclui subsídios, leis trabalhistas e ambientais, capazes de levar a uma concorrência desleal;
• e quem vai julgar os conflitos nas relações comerciais.
Um acordo será difícil. Como a Brexit foi aprovada em nome da restauração da soberania nacional, o primeiro-ministro se nega a aceitar as normas e a jurisdição da UE. Por sua vez, o bloco europeu não vai aceitar medidas que contrariem as regras do mercado comum, uma Europa à la carte.
O Reino Unido, que tem quase a metade de seu comércio exterior com a UE, não vai obter fora do bloco condições melhores do que tinha como país-membro. Johnson ameaçou acionar a Marinha Real para atacar barcos pesqueiros na mar territorial britânico numa ressurreição da diplomacia das canhoneiras do Império Britânico.
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