O Comitê Internacional contra o Apedrejamento, uma organização não governamental com sede na Alemanha, anunciou em 9 de dezembro de 2010 a libertação da iraniana Sakineh Ashtiani, mas a notícia não foi confirmada pelo governo do Irã.
Sakineh, seu filho e seu advogado foram vistos dando uma entrevista à televisão iraniana. Isso foi interpretado por um informante da ONG como indicação de que ela seria libertada. Mas a esperada confirmação pela TV não veio.
Imediatamente, foi levantada a suspeita de que a entrevista pudesse ser outra confissão pública.
Ela foi condenada inicialmente à morte por apedrejamento pela acusação de adultério. Diante da indignação internacional, o Irã revogou a pena de apedrejamento, mas outra sentença condenou Sakineh à forca, sob a acusação de conspirar para matar o marido.
A União Europeia considerou o apedrejamento "bárbaro", o Vaticano pediu clemência e o presidente Lula ofereceu asilo a Sakineh Ashtiani, rejeitado pelo regime fundamentalista iraniano.
Há poucos dias, em entrevista ao jornal The Washington Post
, a presidente eleita, Dilma Rousseff, criticou o voto do Brasil não condenando o apedrejamento de mulheres e outros desrespeitos aos direitos humanos na República Islâmica do Irã. Deu a entender para iranianos e americanos que, com uma mulher no poder, o Brasil pode mudar de postura em relação ao Irã.
Como revelaram os documentos vazados pela organização não governamental WikiLeaks, todos os países árabes estão inquietos com o programa nuclear iraniano, suspeito de estar desenvolvendo armas atômicas.
Isolado e dividido internamente, o regime dos aiatolás e cada vez mais da Guarda Revolucionária precisa de amigos. A libertação de Sakineh Ashtiani seria gesto de impacto.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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