O candidato liberal Daniel Noboa realizou o sonho do pai, Álvaro Noboa, cinco vezes candidato sem sucesso, e se tornou o mais jovem presidente da história do Equador.
Com mais de 90% dos votos apurados, Noboa, da Ação Democrática Nacional (ADN) vence no segundo turno por 52,3% a 47,7% Luisa González, do Movimento Revolução Cidadã (MRC), liderado pelo ex-presidente Rafael Correa, (2007-17) que foi condenado por corrupção e está exilado na Bélgica.
A eleição equatoriana foi perturbada pelo assassinato do candidato Fernando Villavicencio, que fazia campanha contra as máfias do tráfico de drogas e foi morto por uma delas em 9 de agosto, 11 dias antes do primeiro turno.
Aos 35 anos, Noboa será o mais jovem presidente do Equador, mas seu mandato será de apenas um ano e e cinco meses, de dezembro deste ano a maio de 2025. Ele vai completar o período do presidente Guillermo Lasso.
Para escapar de um processo de impeachment, Lasso dissolveu a Assembleia Nacional em 17 de maio numa manobra conhecida como morte cruzada, que acabou ao mesmo tempo com seu governo. Desde já, Noboa é candidato à reeleição.
A família Noboa é dona de um império empresarial que começou com a exportação de bananas. O pai enfrentou resistência e não conseguiu ser presidente porque era visto como representante da elite econômica.
Daniel Noboa Azin não era considerado um candidato forte. No primeiro turno, nenhuma pesquisa o colocava no segundo turno. Para se diferenciar do pai, ele fez campanha abraçando algumas causas progressistas como ênfase na educação e apoio à comunidade LBGTQIAP+. No debate final na televisão, ele se apresentou como alternativa ao correísmo e mostrou mais conhecimento de temas essenciais do que os favoritos.
Seu programa tem dois pontos centrais: o combate à violência e ao crime organizado e a geração de empregos para os jovens com incentivos fiscais para empresas que contratarem jovens. Sem maioria numa Assembleia Nacional fragmentada onde a oposição correísta terá a maior bancada, Noboa não terá vida fácil com o Poder Legislativo.
Sob o impacto da ação de máfias ligadas aos cartéis do tráfico de drogas do México, o Equador enfrenta a maior crise de segurança de sua história, com 4,3 mil assassinatos nos primeiros sete meses de 2023. Ele propõe instalar prisões em barcaças para deixar criminosos perigosos longe da costa, sem condições de administrar seus negócios criminosos de dentro do cárcere.
A proposta gerou críticas porque o tempo é curto e o código penal equatoriano não prevê o isolamento como pena.
A morte de Villavicencio não foi totalmente esclarecida. Os seis colombianos presos foram assassinados na cadeia.
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