Quase 70% dos casos da doença do coronavírus de 2019 diagnosticados no Natal no Brasil foram causados pela variante ômicron, indica um levantamento do Instituto Todos pela Saúde (ITpS).
Desde o começo de dezembro, a nova cepa do vírus, que está gerando recordes de contágio na Europa e nos Estados Unidos, foi responsável por 31,7% dos casos em oito estados brasileiros.
Dois laboratórios privados examinaram os resultados de 30.483 testes de covid-19 realizados em 16 estados; 640 deram positivo, 203 com a ômicron. São Paulo e o Rio de Janeiro foram os dois únicos estados com mais de 50 casos da ômicron.
O percentual de casos da nova variante aumenta a cada semana. Na semana passada, a taxa ficou em 40%. No Natal, chegou a 70%. É um alerta para o risco das festas da Ano Novo.
"Além da ômicron, surtos da gripe H3N2 pressionam o sistema de saúde. É urgente que os brasileiros completem o ciclo de vacinação contra a covid-19, incluindo a dose de reforço, e não abandonem a máscara, a higiene das mãos e o distanciamento social", adverte o Dr. Jorge Kalil, diretor-presidente do ITpS, citado pelo jornal O Globo.
TESTAGEM BAIXA
O epidemiologista Pedro Hallal, professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), critica a falta de um programa de testagem em massa, uma deficiência que vem desde o início da pandemia, resultado da negligência do presidente Jair Bolsonaro no combate à covid-19.
"O país tem um dos programas de testagem mais pífios do planeta. Com baixa testagem, não há como diferenciar os pacientes da ômicron e os pacientes do resfriado comum. Desde o começo da pandemia, vínhamos alertando para a necessidade de investir em testagem, algo que, infelizmente, nunca foi priorizado pelo governo federal. É surreal acreditar que o governo jogou milhões no lixo com cloroquina e ivermectina e deixou de investir em testagem e compra antecipada de vacinas. Não é por acaso que a mortalidade por Covid-19 no Brasil é cinco vezes maior do que a média mundial", desabafou o pesquisador.
NOVAS VARIANTES
Em Genebra, na Suíça, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, falou num "maremoto" de infecções e voltou a chamar a atenção para a desigualdade na vacinação e criticou o populismo e o nacionalismo, que "criam as condições ideais para o surgimento de novas variantes. É possível que novas variante sejam resistentes às vacinas."
No mundo, já são 284.471.377 casos confirmados e 5.421.577 mortes. Mais de 252 milhões de pacientes se recuperaram, quase 27 milhões enfrentam casos leves ou médios e 89.492 estão em estado grave.
NOVOS RECORDES
Os EUA registraram um recorde com mais de 488 mil casos novos notificados nesta quarta-feira e mais 2.228 mortes, de acordo com dados do jornal The New York Times. A média diária de casos novos dos últimos sete dias cresceu impressionantes 153% em duas semanas para 301.472. O número de hospitalizados subiu muito menos, 11% em duas semanas, para 75.477. A média diária de mortes dos últimos sete dias caiu 7% para 1.207.
Ao recomendar que os norte-americanos limitem suas festas de fim de ano a pequenos grupos, o Dr. Anthony Fauci, principal assessor médico da Casa Branca na pandemia, observou que 1% dos casos de ômicron tem exigido hospitalização, contra 4,3% das variantes anteriores.
Antes, 99% dos hospitalizados por covid-19 precisavam de oxigênio. Com a ômicron, pouco mais da metade.
A França bateu novo recorde nacional, com mais de 208 mil diagnósticos positivos notificados num dia. As máscaras voltaram a ser obrigatórias nas ruas de Paris. Já eram nos transportes públicos.
O passe sanitário, que a Assembleia Nacional deve transformar em passe da vacina, é exigido em bares e restaurantes. Mas há um problema. Legalmente, na França, só a polícia pode exigir identificação, não recepcionista de restaurante.
A Argentina também bateu recorde, com 42.032 casos novos hoje.
Mais de 9,1 bilhões de doses de vacinas foram aplicadas no mundo até agora. Mais de 4,53 bilhões de pessoas, 58,1% da população mundial, tomaram ao menos uma dose, mas só 8,4% nos países pobres. A metade do mundo recebeu duas doses ou a dose única e 6,5% receberam a dose de reforço.
Com a variante ômicron, vários infectologistas passaram a considerar completamente vacinado quem recebeu a dose extra, geralmente a terceira dose. Por isso, a OMS teme um atraso ainda maior na imunização dos países pobres, onde podem surgir novas variantes mais virulentas e resistentes às vacinais atuais.
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