quarta-feira, 5 de maio de 2010

Paquistão é país-chave na luta contra o terror

Ao que tudo indica, a tentativa de atentado contra a Times Square, em Nova York, em 1º de maio de 2010, foi uma tentativa de vingar os ataques dos Estados Unidos com aeronaves não tripuladas contra grupos extremistas paquistaneses foram autorizados desde o governo George W. Bush.

O ataque mostra mais uma vez que o Paquistão é o país-chave na luta contra o terrorismo dos fundamentalistas muçulmanos. Tem armas nucleares e um governo civil frágil. Foi governado pelos militares durante a maior parte de sua história independente, iniciada em 1947.

É lá, na fronteira incerta com o Afeganistão, que estariam escondidos os líderes da rede terrorista Al Caeda, inclusive Ossama ben Laden e Ayman al-Zawahiri, e o chefe da milícia fundamentalista dos Talebã, mulá Mohamed Omar.

Como temem a arqui-inimiga Índia, os militares paquistaneses usam grupos terroristas numa guerra indireta travada sobretudo em torno da província da Caxemira.

Um exemplo desse apoio foi o ataque contra Mumbai, a maior e mais rica cidade indiana, de 26 a 28 de novembro de 2008, que matou 166 pessoas. Há dois dias, o único terrorista sobrevivente foi condenado. Ele pertencia ao grupo Lashkar-e-Taiba, o Exército dos Puros, acobertado pelos serviços secretos paquistaneses.

Durante a Guerra Fria, o Paquistão foi usado como base para ajudar os rebeldes muçulmanos que derrotaram a invasão soviética (1979-89). Para se legitimar politicamente, o ditador Zia ul-Haq (1979-89) recorreu à religião muçulmana, base da identidae nacional paquistanesa.

Sob Zia, o Paquistão construiu uma rede de escolas religiosas, as madrassas, onde só se ensina o Corão. Hoje, são mais de 30 mil. Os talebã (plural de taleb, que significa estudante) são estudantes dessas escolas, por onde passaram os milhões de refugiados afegãos em idade escolar. 

Abandonado no fim da Guerra Fria, o país recuperou sua importância estratégica ao assumir status nuclear e testar armas atômicas em 1998 e depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. 

Apesar de milhares de mortes com a guerra civil deflagrada pelos jihadistas desde que o Exército atacou a Mesquita Vermelha de Islamabade, em julho de 2007, inclusive da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, o discurso oficial é que luta contra o terror é um problema importado dos EUA. 

Essa percepção mudou. O Paquistão terá de cooperar mais decisivamente com uma guerra que, a julgar pelo número de mortes, é mais sua do que dos EUA.

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