A Marinha de Israel atacou hoje em águas internacionais uma pequena frota de seis barcos que pretendia furar o bloqueio israelense à Faixa de Gaza chegando ao território palestino pelo Mar Mediterrâneo.
Pelo menos nove pessoas morreram no contronto, na maioria turcos. Outras 34 saíram feridas e foram hospitalizadas em Israel.
Oitenta foram presas e devem ser deportadas, inclusive uma cineasta brasileira de origem coreana. A maioria deve ser libertada nesta quarta-feira.
Israel bloqueia o território semiautônomo palestino desde que o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) assumiu o controle de Gaza, numa guerra civil palestina contra a Fatah, do presidente Mahmoud Abbas, em junho de 2007.
O objetivo central da chamada Flotilha da Liberdade, organizada pelo Movimento Gaza Livre, era romper com o bloqueio desse território, com 700 pessoas e 10 toneladas de ajuda humanitária para 1,5 milhões de palestinos que vivem sob pressão de Israel.
Na madrugada de hoje, comandos dos fuzileiros navais israelenses desceram de helicópteros, enquanto lanchas rápidas completaram a operação de assalto aos navios. Cinco concordaram em ser levados até o porto israelense de Ashdod, de onde o governo de Israel prometeu fazer a ajuda humanitária.
A nau capitânia, o navio turco Mavi Marmara, resistiu. Israel divulgou seus próprios vivos para alegar que os soldados eram vítima de tentativas de linchamento quando reagiram a bala.
Pelo menos dois soldados caídos no convés do navio foram espancados com barras de ferro. As Forças de Defesa de Israel alegam que só aí seus soldados atiraram e mataram pelo menos nove ativistas.
O próprio primeiro-ministro Benjamin Netanyahu falou em dez mortos. Ele estava no Canadá e tinha encontro com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, amanhã na Casa Branca, mas voltou para Israel.
Netanyahu justificou a operação argumentando que a Faixa de Gaza, controlada pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), se tornou uma base para ataques de foguetes contra o território israelense.
Por isso, o mar territorial de Gaza, que teoricamente é um território autônomo governado pelos palestinos, está fechado à navegação, para evitar que o Hamas receba mais armas.
Foi um desastre de relações públicas para Israel. Além das mortes, o bloqueio de Gaza foi duramente questionado. Sob o direito internacional, é ilegal. É uma forma de punição coletiva aos palestinos de Gaza por apoiarem o Hamas.
Em Istambul, a maior cidade da Turquia, a multidão tentou invadir o Consulado Israelense. Houve marchas em Gaza e na Cisjordânia. Por todo o mundo, houve protestos diante de Embaixadas de Israel
A condenação internacional foi enorme. O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, descreveu a ação como "terrorismo de Estado" e "pirataria em águas internacionais".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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3 comentários:
Sim, e agora estão deportando os ativistas! Uma medida tão ilegal quanto atacar a Flotilha, pois se configura em pirataria. Afinal eles foram parar lá após serem CAPTURADOS EM ÁGUAS INTERNACIONAIS!
Então estão sendo ilegalmente deportados, saíram de uma condição onde não pediram para estar e foram para outra igalmente ilegal; A DEPORTAÇÃO!!!
Lamentável, a ONU tem de se manifestar imediatamente com duras medidas contra o governo israelense.
Concordo com a Martha Lucia. ILEGAL. Israel está na ILEGALIDADE (apenas ressaltando)desde a sua criação, em 1948.
Desde então, os Palestinos vivem uma CATÁSTROFE, com certeza.
Humilhados, oprimidos, torturados, destruídos, massacrados... durante todas essas décados. Décadas de PURO TERROR!
Israel invade e ocupa as TERRAS dos PALESTINOS e ainda ousa dizer que é TERRA PROMETIDA e Deus é que mandou. Vê se pode!!!
Quanta MATANÇA em NOME de DEUS!
Israel agiu, mais uma vez, em desrespeito e ainda por cima quer ditar as normas. Até quando?
Atacar e assassinar ATIVISTAS em águas internacionais, mostra que Israel não quer a PAZ e continuará a fazaer uso da força a quem dele não for aliado.
A Comunidade Internacional, os órgãos Internacionais tem que dar um BASTA nessa situação JÁ!!
ALERTA: Navios do Crescente Vermelho do Irã sairão, em breve, rumo à Gaza com ajuda humanitária.
Será que Israel terá coragem de atacar os navios do Crescente Vermelho do Irã?
Nasralá também enviará navios de ajuda.
O Mundo está se mobilizando.
PALESTINA LIVRE, sim senhores!
O Estado de Israel não é ilegal. Foi criado por decisão da ONU.
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