O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, enviou há 15 dias uma carta ao presidente Luiz Inacio Lula da Silva apoiando o esforço conjunto do Brasil e da Turquia para convencer o Irã a enviar parte de seu urânio para enriquecimento como uma forma de "aumentar a confiança" mútua, ajudando uma solução pacífica da crise, revelou hoje a agência internacional de notícias Reuters.
Hoje, o ministro das Relações Exteriores, embaixador Celso Amorim, afirmou que o Irã vai cumprir o acordo, apesar da ameaça de sanções propostas pelos EUA com o apoio das outras grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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2 comentários:
Os EUA sabotam a paz
O acordo com o Irã é uma vitória histórica da diplomacia brasileira, quaisquer que sejam seus desdobramentos. A mídia oposicionista sempre repetirá os jargões colonizados de sua antiga revolta contra o destaque internacional de Lula.
O governo de Barack Obama atua nos bastidores para destruir essa conquista. É uma questão de prestígio pessoal para Obama e Hillary Clinton, que foram desafiados pela teimosia de Lula. Mas trata-se também de uma necessidade estratégica: num planeta multipolarizado e estável, com vários focos de influência, Washington perde poder. E a arrogante independência do brasileiro não pode se transformar num exemplo para que outros líderes regionais dispensem a tutela da Casa Branca.
Em outras palavras, a paz não interessa aos EUA. E, convenhamos, ninguém leva a sério os discursos pacifistas do maior agressor militar do planeta. Será fácil para os EUA bloquear a iniciativa brasileira, utilizando a submissão das potências aliadas na ONU ou atiçando os muitos radicais de variadas bandeiras, ávidos por um punhado de dólares. Mas alguma coisa rachou na hegemonia estadunidense, que já não era lá essas coisas.
Lamento discordar, mas não há nenhum indício de que o governo Obama esteja interessado numa guerra com o Irã. Ao contrário, desde a posse, ofereceu diálogo para evitar um bombardeio israelense contra as instalações nucleares iranianas, que seria capaz de incendiar o Oriente Médio e causar ataques terroristas em vários países.
Seu argumento não passa de um desfile de preconceitos ideológicos. O acordo negociado por Lula abre um caminho, mas não resolve a questão central, que é o enriquecimento de urânio.
Tem mais: poucas pessoas duvidam que o objetivo final do regime fundamentalista iraniano seja fazer a bomba atômica, o que deflagraria uma corrida nuclear no Oriente Médio.
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