O número de casas de árabes tomadas por Israel no setor oriental de Jerusalém em 2008 não foi apenas recorde. Foi 21 vezes maior que a média dos 40 anos anteriores da ocupação israelense da parte árabe da cidade.
No ano passado, o Ministério do Exterior de Israel revogou 4.577 permissões de residência de árabes. De 1967 a 2007, tinham sido 8.558 árabes.
Isso levanta suspeita de que haja uma operação de limpeza étnica, ao lado de outras medidas como a compra de terrenos e propriedades de árabes em Jerusalém oriental para evitar que a cidade seja tema das negociações de paz.
A União Europeia, atendendo a pedidos do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, acaba de pedir a criação de um Estado palestino independente com capital no Leste de Jerusalém.
Há quatro questões centrais para a paz entre israelenses e palestinos:
• a criação de um Estado palestino independente e suas fronteiras;
• o direito de retorno dos palestinos expulsos desde a criação do Estado de Israel, em 1948;
• a situação das colônias israelenses nos territórios árabes ocupados na guerra de 1967; e
• o status de Jerusalém, que Israel e a Palestina reivindicam como sua capital.
Depois que o presidente Barack Obama exigiu o congelamento das construções nas colônias judaicas na Cisjordânia, o primeiro-ministro direitista israelense, Benjamin Netanyahu, autorizou a construção de mais 900 moradias no setor árabe de Jerusalém.
Sob pressão, alegou que Jerusalém não é um território ocupado. Mas o setor árabe pertencia à Jordânia até a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Israel anexou o lado oriental de Jerusalém, o que não é reconhecido internacionalmente. A Carta das Nações Unidas veda a guerra de conquista.
Foi um desafio aos palestinos e a Obama. A direita israelense historicamente empurra as negociações com a barriga para ganhar tempo e tornar a ocupação um fato consumo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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