Ao ser apresentado aos juízes do Tribunal Especial das Nações Unidas para Crimes de Guerra na Antiga Iugoslávia, o líder sérvio da Bósnia-Herzegovina durante a guerra que destruiu o país nos anos 90, Radovan Karadzic, alegou ter feito um acerto com os Estados Unidos para sair de cena e não prejudicar o acordo de paz assinado em Dayton, em 1995.
Sem barba e de cabelos curtos, ele parecia o líder sérvio-bósnio da guerra de 1992-95 e não Dragan Dabic, a falsa identidade que assumiu nos quase 13 anos em que esteve foragido. Ao contrário de seu mentor, o ex-presidente iugoslavo e sérvio Slobodan Milosevic, Radovan Karadzic não contestou a autoridade do tribunal.
O juiz Alphons Orie confirmou a identidade e descreveu Karadzic como responsável, na condição de presidente da República Sérvia na Bósnia de 17 de dezembro de 1992 a 19 de julho de 1996, pelas Forças Armadas, pelos grupos paramilitares e pela polícia, comunicando que ele foi denunciado por 11 acusações: de genocídio, de cumplicidade com o genocídio, cinco acusações de crimes contra a humanidade e quatro de crimes de guerra.
Karadzic alegou então ter feito um acerto com o negociador americano Richard Holbrooke, cotado para ser secretário de Estado, se o senador Barack Obama for eleito presidente dos Estados Unidos em 4 de novembro. Ele sairia de cena para não prejudicar a implementação do acordo de paz assinado em Dayton, nos EUA, em novembro de 1995 pelos presidentes da Bósnia-Herzegovina, Alija Izetbegovic; da Croácia, Franjo Tudjman; e da Sérvia, Slobodan Milosevic.
Depois de dizer que Karadzic pode apresentar suas alegações formalmente ao tribunal, o juiz Orie encerrou a sessão e convocou a próxima audiência do processo para 29 de agosto, quando Karadzic deverá declarar se é culpado ou inocente.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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