REIS CATÓLICOS EXPULSAM JUDEUS
Em 1492, depois de libertar a Espanha, em 2 de janeiro, de quase 800 anos de invasão muçulmana, os reis católicos, Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela, baixam o Decreto de Alhambra, expulsando todos os judeus do reino.
Por mais de um século antes do Decreto de Alhambra, há massacres e atos de violência individual contra judeus e leis antissemitas na Espanha católica. Muitos judeus se convertem ao cristianismo. São os cristãos novos. A conversão e as mortes reduzem a população judaica.Em 1478, Fernando e Isabel introduzem a Inquisição, sob o pretexto de livrar a Espanha dos hereges. Além de forçar as conversões, a Igreja persegue quem continua praticando o judaísmo em segredo com grande violência.
A pedido do grande inquisidor Tomás de Torquemada, o mais notório torturador e assassino do Santo Ofício, depois de anos de pressão, os monarcas decidem expulsar os judeus da Espanha e dão prazo até o fim de julho para que saiam do país.
Muitos se convertem. Pelo menos 40 mil fogem da Espanha. Algumas estimativas falam em centenas de milhares. Muitos pagam passagens de navio e são jogados no mar por capitães espanhóis.
O Império Otomano recebe os judeus da Espanha, mas outros países da Europa os tratam com a mesma crueldade dos espanhóis. Muitos vão para Portugal, onde o rei Dom João II cobra dois escudos de cada imigrante.
Um novo rei, Dom Manuel I, ascende ao trono em 1495 e se casa com a princesa Isabel de Castela, filha dos reis católicos, que exigem a expulsão de todos os hereges (muçulmanos e judeus). Em 5 de dezembro de 1496, o rei expulsa os judeus e dá prazo até 31 de outubro de 1497 para que deixem Portugal.
Como precisa do capital e do conhecimento técnico dos judeus, quase todos alfabetizados e com conhecimento de matemática, Dom Manuel tenta promover uma conversão em massa, mas a maioria dos judeus decide sair do país.
O rei fecha todos os portos, menos Lisboa, onde se concentram 20 mil judeus à espera de um navio. Dom Manuel manda sequestrar todas as crianças judias de menos de 14 anos para serem educadas por famílias cristãs.
Quando o prazo se esgota, os judeus que ficam são arrastados por multidões insufladas por fanáticos religiosos até pias batismais.
Destes batismos forçados, surgem os marranos ou criptojudeus, que praticam o judaísmo clandestinamente e em público professam a fé católica. Os cristãos novos nunca são bem aceitos.
Em 1506, durante um surto da peste bubônica, há o Pogrom de Lisboa, um massacre de judeus com mais de 2 mil mortes, seguido de nova fuga em massa, principalmente para a Holanda e a Alemanha, e também para o Sul da França, a Inglaterra e o Oriente Médio.
NASCIMENTO DE DESCARTES
Em 1596, nasce em Le Haye, na França, o matemático, cientista e filósofo René Descartes, mestre do racionalismo, considerado e fundador da filosofia moderna, autor da frase "penso, logo existo."
Descartes abandona a escolástica aristotélica, formula uma versão moderna do dualismo entre corpo e mente, e defende o desenvolvimento de uma nova ciência baseada na observação e experimentação. No Discurso do Método, ele propõe a "dúvida metódica" como meio de chegar à verdade.
Em 1604, René vai para um colégio jesuíta em La Flèche, onde 1,2 mil jovens do sexo masculino recebem educação para carreiras como engenharia militar, direito e administração pública. Além de ciências, matemática e metafísica, o estudo inclui música, poesia, dança, esgrima e andar a cavalo.
Dez anos depois, Descartes vai para Poitiers, onde se forma em direito em 1616, em meio à revolta dos huguenotes contra o rei Luís XIII. O pai quer que ele seja membro do Parlamento, mas a idade mínima é 27 anos e ele tem apenas 20.
Em 1618, vai para Breda, na Holanda, Descartes estuda ciência e matemática, e escreve o Compêndio de Música. Quando está na Boêmia, em 1619, inventa a geometria analítica, um ramo da matemática que usa a álgebra para resolver problemas geométricos e a geometria para resolver problemas de álgebra.
De 1619 a 1628, ele viaja pelo Sul da Europa, onde diz ter aprendido "o livro da vida". Em 1637, ele formula o Discurso do Método, com quatro regras básicas:
- Não tomar como verdade nada que não seja evidente.
- Dividir os problemas em partes mais simples.
- Começar a resolver problemas das partes mais simples para as mais complexas.
- Reavaliar o raciocínio.
NASCIMENTO DE HAYDN
Em 1732, o compositor Franz Joseph Haydn, um dos nomes mais importantes da música clássica no século 18, nasce em Rohrau, na Áustria.
A família é humilde. O pai é um marceneiro fabricante de rodas. A mãe cozinha para os senhores da cidade. Desde criança, Haydn revela talento para a música. Aos seis anos, um primo que é diretor de escola e mestre do coro o leva para a igreja, onde o pequeno Franz Joseph canta no coral e aprende vários instrumentos.
Aos 8 anos, o diretor musical da Catedral de Santo Estêvão, em Viena, o convida para ser corista da igreja mais importante da capital austríaca e do Sacro Império Romano-Germânico. Quando a voz muda na adolescência, Haydn é demitido. Aos 17 anos, está na miséria.
Enquanto sobrevive conseguindo bicos como músico, Haydn estuda e conhece o compositor e professor de canto italiano Nicola Porpora, que lhe dá aulas de voz e corrige suas composições. Faz contato com a nobreza ao tocar para a aristocracia.
Em 1758, Haydn se torna diretor musical do Conde Ferdinando Maximilian von Morzin. da Boêmia. À frente de uma orquestra de 16 músicos, Haydn compõe sua primeira sinfonia. Sua carreira decola quando ele vai trabalhar para o Príncipe Pal Antal Esterhazy. A família Esterhazy é uma das mais poderosas do Sacro Império. Até a morte, Haydn trabalha para eles.
Numa das viagens a Viena, Haydn conhece Wolfgang Amadeus Mozart. Os dois ficam amigos e se influenciam. Mozart aprende a compor quartetos com Haydn.
Haydn chega à Inglaterra no Ano Novo de 1791 para um ano e meio de grande produção. Ele compõe em Londres 12 sinfonias que são suas melhores obras para orquestra. Em junho de 1792, vai para a Alemanha. Conhece em Bonn o jovem Ludwig van Beethoven, de 22 anos, e o leva para ser seu aluno. Numa carta ao preceptor de Beethoven, o prefeito de Colônia, Haydn escreve: "Beethoven um dia será considerado um dos maiores compositores da Europa e terei orgulho de ser chamado de seu professor."
ABERTURA DO JAPÃO
Em 1854, sob pressão do almirante Matthew Parry, que ameaça bombardear o porto de Tóquio, o Japão assina o Tratado de Kanagawa e se abre ao comércio com os Estados Unidos depois de 215 anos de fechamento durante o Xogunato Tokugawa (1603-1868).
O almirante Perry entra na Baía de Tóquio em julho de 1853 com uma frota de navios de guerra e exige a abertura do Japão. Volta em fevereiro para negociar o tratado. Tenta falar com o imperador, mas acaba negociando com o xogum Ieyoshi Tokugawa. Com o tratado, o Japão abre os portos de Shimoda e Hakodate aos navios dos EUA.
Em 1858, os EUA e o Japão assinam um Tratado de Amizade e Comércio. Essa abertura comercial feita com a diplomacia das canhoneiras causa uma revolução. É o fim da Idade Média no Japão. Em 1868, acaba o xogunato. Vem a Restauração Meiji, que restitui o poder ao imperador.
Para não ser dominado pelo colonialismo, o Japão se ocidentaliza e se industrializa. Ao vencer a China na Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894-95), acaba com a ordem sinocêntrica de 2 mil anos no Leste da Ásia. Derrota a Rússia na Guerra do Pacífico ou Guerra Russo-Japonesa (1904-5).
INAUGURAÇÃO DA TORRE EIFFEL
Em 1889, para festejar o centenário da Revolução Francesa de 1789, a Torre Eiffel, obra do engenheiro Gustav Eiffel, é inaugurada em Paris.
Mais de 100 projetos são apresentados quando a França prepara as festividades. O vencedor é uma torre de 300 metros quase toda construída com ferro forjado de malha aberta. Várias críticas são feitas do ponto de vista estético. O arco serve de portão de entrada da Exposição Internacional de 1889.
É a construção mais alta do mundo na época, duas vezes mais alta do que a Basílica de São Pedro, no Vaticano, e do que a Pirâmide de Quéops, no Egito.
HORÁRIO DE VERÃO
Em 1918, para economizar energia, os Estados Unidos adiantam os relógios em uma hora e adotam o horário de verão.
A medida é sugerida pela primeira vez pelo político e cientista norte-americano Benjamin Franklin, um dos fundadores dos EUA. Vários países, entre eles a Alemanha, a Austrália, os EUA e o Reino Unido adotam a medida para poupar combustível durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18).
Hoje, os países do Hemisfério Norte usam o horário de verão do fim de março ou início de abril até o fim de setembro ou outubro. Fazem a mudança de madrugada para não alterar a data.
LYNDON JOHNSON DESISTE DA REELEIÇÃO
Em 1968, sob pressão por causa do descontentamento com a intervenção dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, o presidente Lyndon Johnson surpreende os norte-americanos ao anunciar que não será candidato à reeleição.
Lyndon Baynes Johnson nasce no condado de Gillespie, no Texas, em 27 de agosto de 1908. Um moderado dentro do Partido Democrata, se destaca como líder do Senado e é indicado como candidato a vice-presidente na chapa de John Kennedy, em 1960.
Com o assassinato de Kennedy, em 22 de novembro de 1963, Johnson assume a Presidência e obtém uma grande vitória na eleição de 1964 contra o segregacionista Barry Goldwater.
Johnson luta pela aprovação de propostas de Kennedy como a Lei dos Direitos Civis (1964) e a Lei dos Direitos de Voto (1965), ambas para acabar com a discriminação racial que os negros ainda sofriam, especialmente no Sul dos EUA, um século depois do fim da Guerra da Secessão (1861-65). Também lança o projeto Grande Sociedade para eliminar a pobreza, reduzir a desigualdade e a criminalidade, proteger o meio ambiente e melhorar a educação e a saúde.
Ao mesmo tempo, em agosto de 1964, seu governo forja o Incidente do Golfo de Tonquim para conseguir a aprovação do Congresso para declarar guerra ao Vietnã do Norte, depois de Kennedy enviar mais de 2,8 mil assessores militares para o Sudeste Asiático.
Quando o Vietnã do Norte e seus guerrilheiros aliados do Viet Cong fazem a Ofensiva do Tet, no Ano Novo Lunar chinês, a partir de 30 de janeiro de 1968, fica evidente que os EUA não têm como ganhar a guerra e a opinião pública se volta contra a intervenção militar.
Diante da impopularidade do presidente, os senadores Eugene McCarthy e Robert Kennedy lançam suas candidaturas e decidem disputar as eleições primárias. Johnson desiste de tentar a reeleição.
O assassinato do líder do movimento negro pacífico, Martin Luther King Jr., em 4 de abril de 1968, deflagra uma onda de protestos no país. Dois meses depois, Bob Kennedy é baleado no dia em que vence a eleição primária da Califórnia, praticamente garantindo a candidatura democrata, e morre no dia seguinte.
Numa convenção nacional democrata tumultuada em Chicago, em agosto, o partido nomeia o vice-presidente Hubert Humphrey como candidato do partido. Johnson anuncia o fim dos bombardeios e o início de negociações de paz com o Vietnã do Norte, mas é tarde demais. Richard Nixon, o ex-vice-presidente derrotado por John Kennedy em 1960, vence Humphrey por 31,7 a 30,9 milhões de votos.