Um dos principais líderes da oposição na Venezuela, Leopoldo López, chegou hoje à Espanha depois de sair ontem da residência do embaixador espanhol em Caracas, onde estava refugiado há um ano e meio, e atravessar por terra a fronteira com a Colômbia.
Principal líder do partido Vontade Popular, López foi preso e condenado a 13 anos, 9 meses, 7 dias e 12 horas por incitar à violência durante uma onda de protestos em que 43 pessoas morreram e mais de 4 mil foram presas, de fevereiro a maio de 2014. Era considerado preso político pelas Nações Unidas, a Anistia Internacional e o Human Rights Watch (Observatório dos Direitos Humanos).
O procurador que o denunciou, Franklin Nieves, fugiu para os EUA e afirmou ter sido pressionado pela ditadura de Nicolas Maduro a condená-lo.
Mesmo preso, López chegou a liderar, em setembro de 2016, uma pesquisa para ser o candidato presidencial da oposição. É o chefe político do presidente da Assembleia Nacional, deputado Juan Guaidó, declarado presidente pela maioria oposicionista no parlamento em janeiro de 2019.
Depois de anos na prisão militar de Ramo Verde, em 8 de julho de 2017, foi para prisão domiciliar. Em 30 de abril do ano passado, López foi libertado durante uma tentativa de sublevar a Força Armada Nacional Bolivarista contra o ditador Nicolás Maduro. Com o fracasso da revolta, refugiou-se na residência do embaixador da Espanha, de onde fugiu no sábado. O governo venezuelana acusa a diplomacia espanhola de facilitar a fuga.
"Venezuelanos, esta decisão não foi fácil, mas tenham a certeza de que podem contar com este servidor para lutar em qualquer lugar", tuitou López ao chegar a Madri, onde se reuniu com a mulher, Lilian Tintori, e os três filhos. "Não vamos descansar e continuaremos trabalhando dia e noite para conquistar a liberdade que todos os venezuelanos merecem."
Economista e político, Leopoldo Eduardo López Mendoza, de 49 anos, foi de 2000 a 2008 prefeito de Chacao, uma cidade rica da Grande Caracas, e a apoiou o golpe contra o presidente Hugo Chávez em 11 de abril de 2002, tornando-se um dos líderes da oposição.
Em 2008, López não pôde concorrer à Prefeitura de Caracas pela Controladoria-Geral da República por irregularidades quando era prefeito de Chacao. A Corte Interamericana de Direitos Humanos, o Tribunal de São José da Costa Rica, decidiu a seu favor por unanimidade, mas o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela não reconheceu o tribunal internacional.
Quando foi formada a Mesa da Unidade Democrática (MUD), a coalizão oposicionista contra o chavismo, Henrique Capriles, que concorreu à Presidência contra Chávez e Maduro, era o mais moderado; López, o mais radical. Hoje, ambos estão proibidos de concorrer.
As três manobras para tentar desestabilizar o regime, nas quais López certamente estava envolvido, a proclamação de Guaidó como presidente interino, uma grande "ajuda humanitária" articulada pelos Estados Unidos e a tentativa de sublevar os quartéis, fracassaram.
Apesar da crise econômica, agravada pela pandemia, Maduro se mantém no poder e prepara eleições sob encomenda em dezembro para acabar com a maioria oposicionista na Assembleia Nacional, formada nas últimas eleições democráticas na Venezuela, em 6 de dezembro de 2015. Vamos ver qual será o próximo lance de López em Madri.
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