Um refugiado tunisiano que teria entrado ilegalmente na Europa no mês passado matou três pessoas - duas mulheres e homem - a facadas na Catedral de Nossa Senhora da Assunção de Nice, no Sul da França, e arredores. Uma das vítimas era a chef de cozinha Simone Barreto Silva, uma brasileira de 40 anos residente na França. O assassino, identificado como Brahim Aouissoui, de 21 anos, foi baleado pela polícia e hospitalizado em estado grave.
"É a França que é atacada", reagiu o presidente Emmanuel Macron, que visitou o local. O novo ataque acontece dias depois de um professor secundarista ser degolado por usar caricaturas do profeta Maomé numa aula sobre liberdade de expressão. O terrorista chegou de barco à Ilha de Lampedusa, na Itália, em setembro, e teria entrado na França na véspera do ataque.
A primeira mulher, de 60 anos, foi degolada dentro da igreja. Em seguida, um homem foi ferido mortalmente por várias facadas. A brasileira foi morta dentro de um bar onde tentava de esconder para fugir do assassino. A baiana Simone ia à igreja todas as manhãs.
O terrorista saiu da igreja gritando "Alá ou akbar" (Deus é grande). A Procuradoria Nacional Antiterrorismo abriu inquérito por "homicídio" e "tentativa de homicídio". O ministro do Interior, Gérald Darmanin, ordenou um aumento da vigilância em locais de culto e o governo aumentou de 3 para 7 mil o número de militares que participam da Operação Sentinela.
A França vive um novo período de grande tensão sob ameaça do terrorismo dos extremistas muçulmanos por causa do julgamento do ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo, em que 12 pessoas foram mortas em 7 de janeiro de 2015. Os dois terroristas foram mortos pela polícia dias depois.
Desde 2 de setembro, 14 réus estão sendo julgados, três à revelia, por colaborar com o ataque ao Charlie Hebdo, que publicara caricaturas do profeta Maomé consideradas ofensivas ao islamismo. O professor Samuel Paty discutiu a questão em sala de aula, provocando reações indignadas de pelo menos um pai e de ativistas muçulmanos nas redes sociais.
Em 17 de outubro, Abdoullakh Abouyezidvitch Anzorov, um refugiado russo de origem chechena, degolou o professor e foi morto pela polícia. O governo francês respondeu tornando ilegais várias associações muçulmanas.
Vários países de maioria islâmica, entre eles o Egito, o Kuwait e a Turquia lançaram uma campanha de boicote a produtos franceses. O ditador turco, Recep Tayyip Erdogan, foi especialmente agressivo. Agora, manifestou condolências pelo atentado em Nice. Antes do segundo ataque, o ex-primeiro-ministro da Malásia Mahathir Mohamed declarou que "os muçulmanos têm o direito de matar franceses".
O recrudescimento da violência terrorista assombra a França no momento em que o país se prepara para iniciar amanhã um novo confinamento geral para combater a pandemia do coronavírus de 2019, que já matou 36 mil pessoas no país.
Nice tem um passado de terror. Em 14 de julho de 2016, no feriado da data nacional da França, outro terrorista tunisiano atropelou a matou 86 na avenida beira-mar.
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