A deputada conservadora Keiko Fujimori e seus aliados voltaram a acusar o candidato nacionalista de esquerda Ollanta Humala de receber dinheiro do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para sua campanha para presidir o Peru.
Ao lado do ex-presidente Alejandro Toledo e de Álvaro Vargas Llosa, jornalista e filho do grande escritor peruano, no comício de encerramento de sua campanha, Humala acusou Keiko de querer reabilitar o pai, o ex-presidente Alberto Fujimori, preso e condenado a 25 anos de cadeia por corrupção e crimes contra os direitos humanos.
Os dois candidatos chegam ao segundo turno neste domingo praticamente empatados, com uma leve vantagem de Keiko, dentro de margem de erro das pesquisas. Ela tem o apoio maciço da direita e das classes dominantes no Peru.
Em seu último comício, Keiko prometeu manter o modelo econômico e aproveitar a nova riqueza gerada pelo crescimento econômico peruano, o maior nos últimos cinco anos na América Latina, com média de 7% ao ano, para redistribuir a renda.
A seu lado no palanque, o ex-primeiro-ministro e candidato derrotado no primeiro turno, Pedro Pablo Kuczynski, exaltava o governo Fujimori: "Quem acabou com a inflação? Quem acabou com o Sendero Luminoso?" A multidão respondia: "El chino", o chinês, como o ex-presidente de origem japonesa era conhecido popularmente.
Tanto Keiko como Humana representam os extremos do espectro político peruano. Na falta de um candidato forte, o voto de centro-direita se dissolveu em três candidaturas. Para o comentarista Andrés Oppenheimer, do jornal Miami Herald, ambos são autoritários e ameaçam a democracia peruana.
O escritor Mario Vargas Llosa, que apoia Humala por ser contra qualquer anistia ou perdão a Fujimori, declarou que os peruanos têm de escolher domingo entre a aids e o câncer.
No último minuto, o ex-subsecretário de Estado americano para a América Latina Roger Noriega, anticomunista e antichavista, declarou para alegria da mídia direitista peruana ter informações seguras de que Humala recebeu US$ 12 milhões de Chávez através da Bolívia e do Brasil. Não apontou indícios nem provou nada. Mas isso será repetido exaustivamente até domingo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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