domingo, 9 de maio de 2021

China forneceu mais da metade das vacinas aplicadas na América Latina

Mais da metade das cerca de 150 milhões de doses de vacinas contra a doença do coronavírus de 2019 inoculadas até agora nos 10 países mais populosos da América Latina veio da China, aponta um levantamento do jornal britânico Financial Times. Foram mais de 77 milhões de doses prontas ou o princípio ativo para fabricação. Os laboratórios Pfizer-BioNTech e AstraZeneca forneceram 59 milhões de doses e o Instituto Gamaleya, da Rússia, apenas 8,7 milhões de doses, a maioria para a Argentina.

"Isto espelha uma tendência global. Estamos vendo cada vez mais uma dominância da China como potência na saúde", comentou a pesquisadora Clare Wenham, professora assistente de saúde pública global na London School of Economics.

A China faz uma diplomacia de vacinas em países em desenvolvimento. Nesta semana, o Instituto Butantan pode ficar em o princípio ativo para fabricar a vacina chinesa CoronaVac. As acusações do presidente Jair Bolsonaro, que sugeriu na semana passada que o coronavírus pode ter sido criado dentro de uma guerra biológica da China pela supremacia mundial, não ajudam. Foram alvo de reclamações do diretor do Butantan, Dimas Covas.

O Paraguai, que não mantém relações diplomáticas com a China porque reconhece Taiwan, que o regime comunista chinês considera uma província rebelde, fez um apelo aos Estados Unidos, assim como o presidente da República Dominicana, Luis Abinader, que pediu ajuda ao governo Joe Biden.

Como não vai usar as 60 milhões de doses que comprou da vacina da Universidade de Oxford e do laboratório AstraZeneca, Biden prometeu vender ou permutar estas vacinas nos próximos dois meses. Quatro milhões vão para os vizinhos Canadá e México, com que os EUA têm um acordo de livre comércio. No resto do mundo, a prioridade é a Índia, que enfrenta a pior onda de contaminação no momento.

Os países mais populosos do subcontinente latino-americano, Brasil, México, Colômbia e Argentina, foram duramente atingidos pela segunda onda de contágio. A região toda está atrasada n vacinação, com a exceção do Chile, um país de 19 milhões de habitantes que comprou vacinas com antecedência. Com 8% da população mundial, a América Latina tem 35% das mortes por covid-19.

Cuba inicia vacinação em massa nesta semana e promete imunizar os visitantes para reativar o setor de turismo, importante para a economia da ilha. Duas vacinas cubanas estão prontas: Abdala e Soberana 02. A meta é vacinar 70% da população cubana, de 11 milhões de habitantes, até o fim de agosto.

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