Com mais da metade dos votos apurados, os candidatos independentes devem conquistar 65 das 155 cadeiras da Assembleia Constituinte do Chile. Os partidos tradicionais foram os grandes perdedores.
A partir, de junho, os vencedores se reúnem para redigir uma nova Constituição que supere a atual, de 1980, uma herança da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-90). Dentro de um ano, o projeto final será submetido a um referendo.
O bloco direitista Chile Vamos, liderado pelo presidente Sebastián Piñera em aliança com o Partido Republicano, de extrema direita, elegeu apenas 37 deputados, bem abaixo dos 52 que dão poder de veto. Como a Constituição terá de ser aprovada por dois terços da Assembleia Constituinte, mais de um terço dá um poder de barganha muito maior.
A aliança Aprovo, de centro-esquerda, reúne os partidos da Concertação (dominada por democratas-cristãos e socialistas), a coalizão que governou o Chile de 1990 a 2010. Elegeu 25 constituintes, menos do que os 28 da lista Aprovo Dignidade, uma aliança da Frente Ampla e do Partido Comunista.
Pela primeira, o Chile elegeu candidatos indígenas. A lista Povos Originários representa os grupos indígenas chilenos. Terá 17 cadeiras especialmente reservadas na Constituinte.
Os constituintes vão discutir regime de governo e sistema político. O presidencialismo chileno concentra poderes demais no Executivo. Vai haver um debate sobre regionalismo e descentralização administrativa. A Constituição pinochetista criou um Estado unitário centralizado na capital, Santiago.
A educação, a saúde e a previdência social, praticamente privatizadas na era Pinochet, devem merecer atenção especial dos constituintes, que devem criar um Estado mais social-democrata, em contraste com o neoliberalismo econômico da Escola de Chicago, dos Chicago boys que administravam a economia chilena.
Outro tema importante será a questão ambiental, além de definição dos direitos dos povos originários.
Ao mesmo tempo, houve eleições municipais. A Frente Ampla surpreendeu e venceu Chile Vamos em Maipú, Estação Central e Viña del Mar, um tradicional reduto da direita. O PC ganhou em Santiago com Irací Hassler.
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