terça-feira, 15 de junho de 2010

Reino Unido pede desculpas pelo Domingo Sangrento

Depois de 12 anos e de gastos de 300 milhões de libras, o inquérito oficial do governo britânico sobre o Domingo Sangrento, em Londonderry, na Irlanda do Norte, concluiu que soldados britânicos atiraram desnecessariamente em uma multidão desarmada, matando 14 civis inocentes da comunicade católica de forma “injustificável”, há 38 anos.

O Domingo Sangrento foi um dos momentos mais traumaticos da guerra civil na Irlanda do Norte. Parentes das vítimas fizeram hoje uma marcha silenciosa em protesto.

Em 30 de janeiro de 1972, comandos de paraquedistas do Exército Real britânico tomaram posição no alto de prédios na cidade de Londonderry, na Irlanda do Norte. Haveria uma manifestação do movimento de defesa dos direitos da minoria católica.

A Irlanda do Norte estava em guerra civil desde 1969, com a volta à luta armada do Exército Republicano Irlandês (IRA), que lutava pela unificação da Irlanda, e a intervenção do Exército Real britânico para manter a integridade territorial do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte.

Havia o temor de que o IRA estivesse infiltrado na manifestação em Derry, como chamam os católicos e nacionalistas irlandeses. Além dos paraquedistas instalados no alto de prédio, havia soldados britânicos também na rua, em meio a multidão. Só que eles não estavam em contato entre si.

Quando foi disparado o primeiro tiro pelos britânicos, seus próprios companheiros acreditaram que era um ataque do IRA e atiraram contra a multidão, matando 14 civis inocentes e desarmados.

O Domingo Sangrento, imortalizado na música da banda de rock irlandesa U2 Sunday Bloody Sunday, foi um dos momentos mais trágicos da guerra civil irlandesa. Ajudou a radicalizar o conflito e adiar a possibilidade de uma negociação de paz.

Em 1981, no governo Margaret Thatcher, Bobby Sands, ex-comandante do IRA, morreu no 66º dia de uma greve de fome de protesto para exigir que os rebeldes presos fossem reconhecidos como presos políticos.

Thatcher foi alvo de um atentado do IRA contra a convenção anual do Partido Conservador de 1984, em Brighton, no Sul da Inglaterra.

Mesmo assim, a partir de 1988, começa uma negociação secreta que levaria ao primeiro cessar-fogo do IRA em 1994 e ao início do processo de paz na Irlanda do Norte, que culminou com o Acordo da Sexta-Feira Santa, em 9 de abril de 1998.

Para fechar o acordo, o então primeiro-ministro Tony Blair decidiu abrir um novo inquérito para apurar os acontecimentos de 30 de janeiro de 1972.

Hoje, finalmente a verdade foi revelada e o atual primeiro-ministro, David Cameron, pediu desculpas.

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