domingo, 16 de março de 2025

Hoje na História do Mundo: 16 de Março

 WEST POINT

    Em 1802, o Congresso funda a Academia Militar dos Estados Unidos, em West Point, no estado de Nova York, local de um forte construído durante a Guerra da Independência (1775-83), para treinar e educar jovens na teoria e prática das ciências militares.

Com a Guerra de 1812 contra o Império Britânico, que tenta recolonizar os EUA, o Congresso decide ampliar a Academia Militar de West Point. Logo, vira o principal curso superior para formação de engenheiros no país.

Em 1877, o primeiro negro se forma em West Point. Desde 1976, a academia militar recebe mulheres. Tem hoje mais de 4 mil alunos.

VITÓRIA EM IWO JIMA

    Em 1945, os Estados Unidos vencem uma das batalhas mais ferozes da Segunda Guerra Mundial (1939-45) e tomam a ilha de Iwo Jima, no Japão, no fim de quase um mês de luta.

A invasão é precedida por 74 dias de bombardeio aéreo dos EUA às posições de 21 mil soldados japoneses na ilha fortificada em cima e embaixo da terra, com uma rede de túneis.

Os fuzileiros navais norte-americanos desembarcam em 19 de fevereiro e são repelidos pelo fogo de sete batalhões japoneses. Mais de 550 soldados dos EUA morrem no primeiro dia e 1,8 mil saem feridos.

Diante da ferocidade do contra-ataque, os EUA decidem avançar gradualmente. Fixam como objetivo tomar o Monte Suribachi, centro da defesa do Japão. 

Em 23 de fevereiro, os fuzileiros navais cravam a bandeira norte-americana no topo do morro, uma das imagens icônicas da guerra. Um terço da ilha está conquistado.

A Marinha dos EUA estabelece um governo militar na ilha em 16 de março. A batalha vai até 26 de março. Mais de 6 mil soldados norte-americanos e 18 mil japoneses morrem em Iwo Jima. Só 216 japoneses se rendem. Três mil desaparecem ou conseguem escapar.

Dois filmes dirigidos por Clint Eastwood contam a história da batalha. Cartas de Iwo Jima é a visão japonesa, feita com base nas cartas dos soldados do Japão. A Conquista da Honra é a visão norte-americana, a partir do que aconteceu com os seis soldados que cravaram a bandeira dos EUA no Monte Suribachi, uma imagem refeita com outros soldados, já que três morrem em combate pouco depois.

MASSACRE DE MY LAI

    Em 1968, um pelotão do Exército dos Estados Unidos mata pelo menos 347 civis desarmados, talvez 500 homens, mulheres e crianças, no Massacre de My Lai, arrasando a aldeia da costa nordeste do Vietnã do Sul, num dos episódios mais violentos, brutais e cruéis da Guerra do Vietnã (1955-75).

Com informações de que guerrilheiros comunistas do Viet Cong estão escondidos na vila de Quang Ngai, os soldados norte-americanos entram na aldeia de My Lai numa missão de busca e destruição. Em vez de guerrilheiros, encontram apenas mulheres, crianças e velhos desarmados.

Mesmo assim, destroem a aldeia com requintes de crueldade. Estupram, torturam e matam. Jogam dezenas de pessoas, inclusive crianças e bebês, numa vala comum antes de executá-las com metralhadoras.

O massacre só acaba quando Hugh Thompson, um piloto do Exército dos EUA pousa de helicóptero em My Lai e ameaça atirar nos soldados delinquentes.

A história vem à tona em 12 de novembro de 1969, quando o jornalista investigativo Seymour Hersh dá o furo de reportagem: "O Exército diz que ele matou pelo menos 109 civis vietnamitas durante uma operação de busca e destruição em março de 1968 num reduto do Viet Cong conhecido como Pinkville." Depois se sabe que o total de mortes é muito maior.

Ele é o tenente William Calley, chefe do pelotão. Em 1970, durante julgamento numa corte marcial, declara que a ordem do comandante da companhia, capitão Ernest Medina, era remover os moradores da aldeia e, caso se recusassem, "acabar com eles".

O general Colin Powell, futuro comandante em chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA e secretário da Defesa, ajuda a acobertar o Massacre de My Lai.

ANEXAÇÃO DA CRIMEIA

    Em 2014, num plebiscito fraulento realizado sob a ocupação militar da Rússia, a Crimeia vota para se separar da Ucrânia e aderir à Federação, numa manobra do ditador Vladimir Putin não reconhecida internacionalmente.

Historicamente, a Crimeia era parte da Rússia desde o reinado de Catarina II, a Grande (1762-96). Em 1954, para celebrar os 300 anos de aliança entre a Ucrânia e a Rússia, o então ditador da União Soviética, Nikita Kruschev, dá a Crimeia à Ucrânia, na expectativa de que a URSS não se dissolveria.

Assim, quando acaba a URSS, a Crimeia faz parte das fronteiras da Ucrânia independente reconhecidas internacionalmente. Quando o presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, cai na Revolução da Praça Maidã, em 21 de fevereiro de 2014, por cancelar em 21 de novembro de 2013 as negociações de associação à União Europeia (UE), a Rússia ocupa a Crimeia.

Como os soldados russos são 82% da antiga Frota do Mar Negro da URSS, compartilhada pelos dois países, a Rússia não precisa nem invadir a Crimeia. Já está lá. Depois, chegam os "homenzinhos verdes", soldados russos sem insígnia nem identificação, para concluir a ocupação.

Com 97% de votos a favor, no dia seguinte ao plebiscito, Putin e o Congresso da Rússia oficializam a anexação da Ucrânia. É o início da guerra que vira um confronto total com a invasão russa em 24 de fevereiro de 2022.

sábado, 15 de março de 2025

Hoje na História do Mundo: 15 de Março

 ASSASSINATO DE CÉSAR

    Em 44 antes de Cristo, 60 conspiradores liderados por Caio Cássio Longinus e Marco Júnio Brutus matam a facadas nos Idos de Março na escadaria do Senado da República Romana Caio Júlio César, um dos maiores generais de todos os tempos, que se tornara um ditador.

Ele agoniza e morre aos pés da estátua de seu inimigo Cneu Pompeu. Ao ser esfaqueado por Brutus, seu protegido por ser filho de uma de suas amantes, não esconde seu espanto: "Até tu, Brutus, filho meu?"

César nasce em 13 de julho de 100 AC na família Julii, de patrícios, mas sem uma posição de destaque na aristocracia romana. Começa a vida pública em 78 AC como promotor público do Partido Popular, que é contra o patriciado, e conquista apoio por causa das propostas reformistas e do talento como orador.

Em 78 AC, Júlio César organiza um exército particular para enfrentar o rei de Pontus, um reino ao sul do Mar Negro. Ele se alia a Cneu Pompeu, o líder do Partido Popular, mas toma a liderança quando Pompeu sai de Roma para ser comandante das forças do Leste da República Romana, em 67 AC.

Quatro anos depois, em 63 AC, César é eleito Pontifex Maximus (Supremo Pontífice), possivelmente com muito suborno e compra de votos. Em 61 AC, é nomeado governador da Hispânia Ulterior. Volta a Roma em 60AC com a ambição de se tornar cônsul, o mais alto cargo da república, ocupado por dois políticos ao mesmo tempo por períodos de um ano.

Os cônsules comandam o Exército, presidem o Senado, executam seus decretos e representam Roma nas relações exteriores. César forma então o Primeiro Triunvirato, uma aliança com Pompeu e Marco Licínio Crasso, o homem mais rico de Roma. Em 59 AC, é eleito cônsul.

Em 58 AC, César assume o comando de quatro legiões romanas na Gália Cisalpina e na Ilíria. Conquista toda a Gália, que incluía o que hoje é a França, a Bélgica, a Suíça e partes da Alemanha e da Itália, mas não consegue invadir o que hoje é a Inglaterra.

O sucesso militar provoca o rompimento da aliança. Sob pressão de Pompeu, o Senado manda César dissolver seu exército. Ele se nega a fazer isso. Ao cruzar o Rio Rubicão, na fronteira da Gália Cisalpina com a Itália, declara guerra a Pompeu.

César vence na Espanha e na Itália, mas é obrigado a fugir para a Grécia. Em agosto de 48 AC, com exército menos numeroso, arma uma emboscada para as forças do Senado Romano sob o comando de Pompeu, que foge para o Egito, onde é assassinado por um agente do rei.

Depois de alguns anos percorrendo os domínios romanos para consolidar o poder, César volta a Roma em 45 AC. É proclamado ditador perpétuo e anuncia uma série de reformas. A mais duradoura é o Calendário Juliano, o primeiro baseado no ano solar e não nas fases da Lua, substituído a partir do século 16 pelo Calendário Gregoriano. Também planeja expansão do império pela Europa Central e Oriental.

Os conspiradores acreditam que a morte de César vai restaurar a República Romana. Mas há uma nova guerra civil. Marco Antônio, Otávio e Lépido formam o Segundo Triunvirato na guerra contra os assassinos de Júlio César. 

Depois da vitória, eles brigam entre si. Lépido vai para o exílio e Marco Antônio se suicida com a derrota para Otávio na Batalha de Ácio, em 31 AC.

Caio Júlio César Otávio é proclamado primeiro imperador romano em 16 de janeiro de 27 AC e acrescenta o nome de Augusto. É o fim da República. 

Augusto governa até a morte, em 19 de agosto de 14 depois de Cristo. Quando Jesus nasceu, Otávio César Augusto era o imperador romano. Apesar das guerras expansionistas nas fronteiras do império, Roma em si vive um período de 200 anos de paz, a Pax Romana, quebrada em 68 e 69 DC por uma guerra civil em torno da sucessão.

EXPOSIÇÃO DE VAN GOGH

    Em 1901, onze anos depois de sua morte por suicídio, 71 pinturas do genial artista holandês Vincent Van Gogh são expostas na Galeria Bernheim-jeune, em Paris. Com sua riqueza de cores e estilo, causam sensação no meio artístico.

Van Gogh nasce em Zundert, na Holanda, em 1853. Trabalha como vendedor em galeria de arte, professor, vendedor de livros e pregador entre os mineiros da Bélgica antes de descobrir sua vocação artística.

Sua década produtiva começa em 1880. Ele estuda desenho na Academia de Bruxelas e vai para a Holanda em busca do contato com a terra e a natureza. Pinta Os Comedores de Batata, um quadro sombrio sobre a vida dura dos camponeses, considerado sua primeira grande obra.

Em 1886, vai viver com o irmão, Theo, em Paris, onde conhece grandes pintores pós-impressionistas, Henri de Toulouse-Latrec, Paul Gauguin, Camille Pissarro e Georges Seurat. A conselho de Pissarro, passa a usar uma palheta multicolorida que provoca uma explosão de cores nas suas telas.

A toxicidade das tintas coloridas contribui para os problemas mentais que o abalam. Em 1888, Van Gogh vai para Arles, no Sudeste da França, onde tem um ano de extraordinária criatividade, quando pinta sua série Girassóis.

Van Gogh quer formar uma comunidade de artistas. Convida Gauguin para ir para Arles. No fim de dois meses de convivência difícil, num gesto de loucura, Van Gogh ameaça Gauguin com uma navalha e corta um pedaço da própria orelha.

Depois de dois meses no hospital de Arles, Van Gogh vai para um asilo em Saint-Remy-de-Provence, onde fica 12 meses e continua produzindo entre surtos de doença mental. A Noite Estrelada (1889) é desta época.

Em maio de 1890, deixa o asilo. Vai para Paris e depois se muda para a casa do Dr. Ferdinand Gachet, um médico homeopata amigo de Pissarro, em Auvers-sur-Oise. Ainda trabalha, mas a saúde mental se deteriora. 

Deprimido, Van Gogh se considera um peso para um irmão, se dá um tiro em 27 de julho de 1890 e morre dois depois, nos braços de Theo.

Ao longo da carreira, criou 2,5 mil obras de artesAntes de se matar, só vende um único quadro, A Vinha Encarnada, por 400 francos, na Bélgica. Em 1990, o Retrato do Dr. Gachet é leiloado em Nova York por US$ 82,5 milhões.

A exposição em Paris é a primeira a reconhecer sua genialidade.

FIM DO CZARISMO

    Em 1917, durante a Revolução de Fevereiro (março pelo calendário atual), o czar Nicolau II, o Sanguinário, é forçado a abdicar. É o fim do Império Russo e da Dinastia Romanov, que governou o país por mais de 300 anos.

Nicolau II (I894-1917) é o último imperador da Rússia, rei da Polônia e grão-duque da Finlândia. Passa a ser chamado de Nicolau, o Sanguinário, por causa do Massacre de Khodinka na festa de sua coroação. quando morrem 1.389 pessoas, da perseguição aos judeus, das execuções de inimigos políticos pelo Domingo Sangrento, quando mandou atirar na multidão que cercava o palácio durante a Revolução de 1905, precursora das revoluções de 1917.

Durante o reinado do último czar, a Rússia vai de uma das grandes potências mundiais para um país em colapso total. É humilhada pelo Japão na Guerra do Pacífico (1904-5), a primeira derrota de uma potência branca e europeia para um país não europeu desde que a expansão do Império Otomano foi barrada nos portões de Viena, em 1684. Nicolau II pretende usar a guerra para revigorar o nacionalismo russo.

VOTO PARA OS NEGROS

    Em 1965, diante de uma sessão conjunta do Congresso dos Estados Unidos, o presidente Lyndon Johnson (1963-69) defende a aprovação de uma lei para garantir o direito de voto para todos e usa o lema do movimento negro: "We shall overcome" (Nós devemos superar).

A 15ª Emenda à Constituição dos EUA, aprovada depois da Guerra da Secessão (1861-65), dá o direito de votos a todos, mas vários criam legislações contra o voto dos negros, com exigências como alfabetização ou testes de caráter a que os eleitores brancos não são submetidos.

O discurso é feito dias depois da violenta repressão policial a uma marcha de protesto contra o racismo em Selma, no Alabama, um dos estados mais conservadores do Sul dos EUA.

Em 6 de agosto, Johnson sanciona a Lei dos Direitos de Voto, que torna ilegal qualquer medida para impor restrições aos direitos de votos. O presidente Richard Nixon (1969-74) amplia os direitos e reduz a idade mínima para votar para 18 anos em todo o país.

SEXTAS PELO FUTURO

    Em 2019, mais de 1,5 milhão de estudantes participam de protestos contra o aquecimento global como parte das Sextas-Feiras pelo Futuro, uma iniciativa da jovem ativista sueca Greta Thunberg.

Greta Tintin Eleonora Ernman Thunberg nasce em Estocolmo em 3 de janeiro de 2003. Ela tem a chamada Síndrome de Asperger, hoje considerada parte do espectro autista. Durante três semanas antes das eleições de 2018 na Suécia, ela mata aula para se sentar diante do Parlamento com uma faixa dizendo "Greve Escolar pelo Clima".

No primeiro dia, ela fica sozinha, mas a cada dia mais gente se junta ao protesto. Depois das eleições, ela volta à escola, mas continua faltando nas sextas-feiras para manter o protesto, chamado de Sextas-Feiras pelo Futuro. A greve escolar se espalha por outros países, inclusive a Bélgica, o Canadá, a Dinamarca, os Estados Unidos, a Finlândia, a França e a Holanda.

Ela discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, no Parlamento Europeu, nos parlamentos dos EUA, da França, da Itália e do Reino Unido. Em setembro de 2019, vai a Nova York num barco a vela que não emite gases que agravam o efeito estufa para falar num evento das Nações Unidas e faz um discurso pungente: "Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias. (...) Estamos no começo de uma extinção em massa e tudo o que vocês conseguem falar é sobre dinheiro e seus contos de fadas de um crescimento econômico eterno. Como ousam?"

sexta-feira, 14 de março de 2025

Hoje na História do Mundo: 14 de Março

NASCIMENTO DE EINSTEIN

    Em 1879, nasce em Ulm, na região de Württemberg, na Alemanha, o físico Albert Einstein, uma das mentes mais brilhantes da história da humanidade, que formula a Teoria Geral da Relatividade e ganha o Prêmio Nobel de Física em 1921 por descrever o efeito fotoelétrico. É considerado o maior cientista do século 20.

Mais tarde, Einstein conta que duas "maravilhas" o atraíram na infância. Aos 5 anos, ele conhece uma bússola e fica intrigado com as forças invisíveis que movem a agulha. Durante toda a vida, tem uma fascinação por forças invisíveis. Aos 12 anos, descobre um livro de geometria.

Nessa idade, Einstein é profundamente religioso. Compõe músicas que exaltam Deus e canta músicas sacras a caminho da escola. Quando lê livros científicos que questionam suas convicções religiosas, fica impressionado com o desafio à autoridade estabelecida.

No Ginásio Luitpold, o sistema educacional prussiano o incomoda e inibia sua criatividade. Um professor lhe diz que nunca será ninguém na vida. Uma influência importante é Max Talmud, um estudante de medicina que sua casa e vira um tutor informal, introduzindo Einstein no estudo de filosofia e matemática superior. Talmud lhe mostra uma coleção, Livros Populares sobre Ciência Física, de Aaron Bernstein.

As sucessivas falências do pai atrapalham sua educação. Em 1894, depois de perder um contrato para a eletrificação de Munique, Hermann Einstein se muda para Milão, na Itália. O jovem Einstein fica num pensionato. Sozinho e com medo de ser recrutado para o serviço militar obrigatório, ele foge e vai encontrar os pais em Milão seis meses depois.

Mesmo sem diploma de ensino médio, Einstein se candidata ao Instituto de Politécnica de Zurique. Pode ser admitido se passar num vestibular rigoroso. Obtém excelentes resultados em matemática e física, mas não passa em francês, química e biologia. Por causa do resultado excepcional em matemática, é aceito sob a condição de terminar primeiro o ensino secundário. Ele se forma em 1896 e renuncia à cidadania alemã. Em 1901, obtém a cidadania suíça.

Ao se formar, em 1900, enfrenta uma crise. Como estuda vários temas por contra própria, falta a várias aulas, o que provoca a animosidade de professores como Heinrich Weber, a quem pede uma carta de recomendação com a qual não consegue nenhuma das posições acadêmicas a que se candidata. 

O pai de seu amigo Marcel Grossmann o indica para o escritório de patentes da Suíça, em Berna. Pouco antes de morrer, seu pai dá o consentimento para o casamento com Maric, uma cristã ortodoxa de origem sérvia a quem a família antes de opõe. Eles se casam em 6 de janeiro de 1903. 

Em 1905, que descreve como "ano milagroso", Einstein publica quatro ensaios nos Anais da Física, todos revolucionários. Em Um Ponto de Vista Heurístico sobre a Produção e a Transformação da Luz, ele aplica a Teoria Quântica à luz para explicar o efeito fotoelétrico. 

Em Sobre o Movimento de Pequenas Partículas Suspensas em Líquidos Estacionários Previstos pela Teoria Cinética-Molecular do Calor, apresenta a primeira prova experimental da existência de átomos.

Em Sobre a Eletrodinâmica de Corpos em Movimento, lança a teoria matemática da relatividade especial.

Em A Inércia de um Corpo Depende da Energia que Contém?, mostra que a Teoria da Relatividade leva à equação E = mc², em que E é energia, m massa e c uma constante equivalente à velocidade da luz no vácuo, 300.000 km/seg. A equação mostra que a transformação de massa em energia libera uma quantidade enorme de energia como nas armas nucleares. É a primeira explicação sobre a fonte de energia do Sol e das outras estrelas.

A princípio, as teorias de Einstein são ignoradas pela comunidade científica, mas atraem a atenção de um dos físicos mais famosos da época, Max Planck, criador da Teoria Quântica. Mas a Teoria da Relatividade tem lacunas. Não menciona gravidade nem aceleração. Em 1915, Einstein complementa a Teoria Geral da Relatividade.

Seu trabalho não é interrompido durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18). Pacifista, ele é um dos quatro intelectuais alemães que assina um manifesto contra a guerra. Chama o nacionalismo de "sarampo da humanidade".

Einstein lança uma nova ciência, a cosmologia. Suas equações preveem que o Universo é dinâmico, se expande ou contrai. Em 1929, o astrônomo Edwin Hubble descobre que o Universo está em expansão.

Durante uma visita à Califórnia, em 1930, Einstein participa do lançamento do filme Luzes da Cidade, de Charles Chaplin, e comenta: "O que mais admiro na sua arte é a universalidade. Você não diz uma palavra e ainda assim o mundo te entende." Chaplin respondeu: "Mas sua fama é ainda maior. O mundo te admira e, ao mesmo tempo, ninguém te entende."

Com a ascensão do nazismo, Einstein deixa a Alemanha em dezembro de 1932 e vai para os Estados Unidos, onde trabalha no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton, em Nova Jérsei. Abandona o pacifismo para defender a guerra contra Adolf Hitler.

No fim dos anos 1930, os físicos percebem que a equação E = mc² indica que é possível a fabricação de uma bomba atômica. Em julho de 1939, o físico Leo Szilard o convence a enviar uma carta ao presidente Franklin Roosevelt alertando para o risco de que a Alemanha Nazista faça a bomba atômica. Einstein assina a carta em 2 de agosto. Roosevelt a recebe em 11 de outubro. No dia 19, avisa Einstein que criou um Comitê do Urânio para estudar o assunto. Daí nasce o Projeto Manhattan.

Como Einstein era ligado a organizações pacifistas e socialistas, é excluído do projeto. O diretor ultrarreacionário do FBI (Federal Bureau of Investigation), John Edgar Hoover, recomenda que seja expulso dos EUA. Quando sabe da bomba de Hiroxima, forma o Comitê de Emergência de Cientistas Atômicos para tentar controlar o uso da bomba. Ele apoio o diretor científico do Projeto Manhattan, John Robert Oppenheimer, que se opõe à fabricação da bomba de hidrogênio, mil vezes mais poderosa do que as bombas de urânio e plutônio.

Ele ainda trabalha com outras ideias revolucionárias como a possibilidade de viajar no tempo e a existência de buracos negros. Morre em 18 de abril de 1955 em Princeton aos 76 anos.

MORTE DE MARX

    Em 1883, o sociólogo, economista e revolucionário alemão Karl Marx, pai do comunismo, morre em Londres aos 64 anos.

Marx nasce em Trier, na Prússia, em 1818, filho de um advogado judeu convertido ao protestantismo. Ele estuda filosofia e direito em Berlim e Jena. Vira seguidor das ideias do filósofo alemão Georg Wilhelm Fridriech Hegel, que cria a dialética sob a inspiração do filósofo chinês Lao Tsé e sua Teoria do Princípio Único, baseada no contraste e complementaridade do yin yang.

Em 1843, depois do fechamento do jornal onde trabalhava em Colônia, Marx vai para Paris, onde conhece Engels. Expulso da França, vai em 1845 para a Bélgica, onde durante dois anos desenvolve com Engels a doutrina comunista.

O Manifesto Comunista é escrito em janeiro e publicado em fevereiro de 1848: "Um espectro assombra a Europa - o espectro do comunismo", começa o panfleto. No fim, convoca para a revolução: "Os proletários não tem nada a perder, a não ser suas correntes. Trabalhadores do mundo, uni-vos!"

No dia seguinte, começa uma revolução na França em protesto contra proibição de reuniões dos socialistas. Em 24 de fevereiro, o rei Luís Felipe abdica, mas logo a burguesia europeia esmaga as revoluções de 1848.

Procurado na Alemanha e na França, Marx se refugia no Reino Unido, onde funda em 1864 a Associação Internacional dos Trabalhadores, a Primeira Internacional, e em 1867 lança o primeiro volume de O Capital.

Quando Marx morre, em 1883, a doutrina comunista está disseminada pela Europa. Trinta e quatro anos depois de sua morte, a Revolução Bolchevique liderada por Vladimir Lenin e Leon Trotsky toma o poder na Rússia, em 1917. Em 1950, mais da metade da humanidade vive sob regimes marxistas.

Com o fim da Guerra Fria e a dissolução da União Soviética, em 1991, este número diminuiu consideravelmente, mas a China, com mais de 1,4 bilhão de habitantes, o segundo maior país do mundo em população, mantém o regime comunista.

BALÃO NAVEGÁVEL

    Em 1899, o oficial alemão Ferdinand von Zeppelin recebe a patente nos Estados Unidos para fabricar um "balão navegável". O primeiro dirigível zeppelin voa em 2 de julho de 1900.

Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18), a Alemanha usou zeppelins para matar mais de 500 pessoas só no Reino Unido. Depois, os zeppelins realizam voos transatlânticos regulares. Vêm várias vezes ao Brasil.

A tragéda do Hindenburg, a maior aeronave já construída, em 6 de março de 1937, com a morte de 35 pessoas em Lakehurst, perto de Nova York, é o fim da era dos zeppelins.  

RETOMADA DE SEUL

    Em 1951, durante a Guerra da Coreia (1950-53), as forças das Nações Unidas, sob o comando dos Estados Unidos, reconquistam a capital da Coreia do Sul, tomada na ofensiva inicial da Coreia do Norte.

A Coreia é dominada pelo Japão de 1910 até o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45). Em 9 de agosto de 1945, quando os EUA jogam a bomba atômica em Nagasáki, a União Soviética de Josef Stalin declara guerra ao Japão e ocupa o Norte da Península Coreana e as Ilhas Kurilas do Sul, que os japoneses chamam de Territórios do Norte. Os EUA vencem o Japão e invadem o Sul da Coreia.

Com a divisão do mundo pela Guerra Fria, surgem a República Popular Democrática da Coreia, a Coreia do Norte, comunista, aliada da URSS e da República Popular da China, e a República da Coreia, a Coreia do Sul, capitalista, aliada dos EUA. Como os nomes oficiais indicam, os dois países reivindicam a soberania sobre toda a Coreia.

Em 25 de junho de 1950, o ditador norte-coreano, o Grande Líder Kim Il Sung, ordena a invasão do Sul, sob o pretexto de violação de seu território por soldados sul-coreanos, dando início à Guerra da Coreia. Na época, a URSS está boicotando a ONU em protesto porque a China Comunista não é admitida (só seria em 1971). 

Então, pela Resolução nº 83 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada em 27 de junho, os EUA e aliados conseguem um mandato válido até hoje autorizando o uso da força para reunificar a Coreia.

No mesmo dia, diante da ofensiva do Norte, o ditador Syngman Rhee, manda evacuar Seul e matar 100 mil supostos suspeitos de simpatizar com o regime comunista.

Em 28 de julho, o Sul dinamita pontes, mas não consegue barrar o avanço das forças do Norte, que conquistam Seul e chegam a ocupar 90% do território sul-coreano. A reconquista de Seul começa em setembro de 1950 a março de 1951.

Quando a guerra começa, o presidente Harry Truman manda a 7ª Frota dos EUA, a Frota do Pacífico, para o Estreito de Taiwan para impedir uma invasão de Taiwan pelo regime comunista de Mao Tsé-tung.

A China não quer uma Coreia com forças dos EUA junto à sua fronteira. Em 18 de outubro de 1950, o 4º Exército da China, sob o comando de Lin Piao, cruza o Rio Yalu e entra na guerra.

Há uma guerra entre EUA e China dentro da Guerra da Coreia. A China vence no sentido de que obtém seu objetivo político de evitar a presença militar norte-americana junto à sua fronteira, empurrando as forças dos EUA e aliados para baixo do paralelo 38º Norte.

Depois de mais dois anos de impasse no campo de batalha, a Guerra da Coreia chega ao fim em 27 de julho de 1953. Há um armistício. Até hoje, não há um acordo de paz definitivo. O ditador norte-coreano Kim Jong Un, neto do Grande Líder Kim Il Sung, está mobilizando o país para a guerra. Desde 2006, a Coreia do Norte tem armas nucleares.

PRESIDENTE GORBACHEV

    Em 1990, o Congresso dos Deputados do Povo elege Mikhail Gorbachev para presidente da União Soviética, cinco anos e três dias depois de ele se tornar o secretário-geral do Partido Comunista e iniciar a abertura política e a reforma econômica que acabaram com o regime e com a URSS, em dezembro de 1991.

No poder desde 1985, Gorbachev promove a glasnost (transparência) e a perestroika (reestruturação econômica). Acaba com o poder absoluto do PC e convoca eleições parlamentares. Mas a burocracia do partido é refratária às reformas e a economia acelera o declínio.

Naquele ano, Gorbachev estava sob ataque tanto da velha guarda comunista quanto da vanguarda reformista liderada por Boris Yeltsin, que é eleito na primeira eleição presidencial direta da história da Rússia, em 12 de junho de 1991, resiste ao golpe da linha-dura comunista contra Gorbachev, em agosto de 1991, e lidera o processo de dissolução da URSS, em dezembro do mesmo ano.

quinta-feira, 13 de março de 2025

Hoje na História do Mundo: 13 de Março

 CONSPIRAÇÃO CONTRA RICHELIEU

    Em 1642, durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-48), o Marquês de Cinq-Mars, Henri Coiffier de Ruzé, um aliado do rei Luís XIII, da França, assina um acordo secreto com o rei Felipe IV, da Espanha para derrubar o primeiro-ministro francês, o poderoso Cardeal de Richelieu.

Cinq-Mars é filho de um marechal amigo de Richelieu, que toma conta do menino depois que o pai morre em 1632. Richelieu o apresenta a Luís XIII. Em 1639, ele é grande amigo do rei. Richelieu não gosta da extravagância, da arrogância e da libertinagem de Cinq-Mars.

Quando o jovem percebe que Richelieu vai barrar sua ascensão política, Cinq-Mars decide se livrar dele. Com o fracasso da conspiração do Conde de Soissons em 1641, ele decide organizar sua própria conspiração e envolve o irmão do rei, Gaston, Duque de Orleans, e outros nobres. Eles planejam abrir as fronteiras e deixar a Espanha, que está em guerra com a França, invadir.

O documento do acordo com o rei da Espanha chega às mãos de Richelieu. Em 11 de junho, Cinq-Mars é preso. É condenado por traição e decapitado.

DESCOBERTA DE URANO

    Em 1781, o astrônomo inglês William Herschel observa Urano, o sétimo planeta a contar do Sol, o descreve como "uma curiosa estrela nebulosa ou talvez um cometa" e o batiza com o nome do deus-pai do deus Cronos ou Saturno na mitologia greco-romana.

Urano é o menos maciço dos planetas gigantes (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno). A olho nu, é um ponto azul-esverdeado no céu nos seus dias de maior brilho. 

É o primeiro planeta descoberto que não havia sido visto pelo homem desde a pré-história. Está a 2,9 bilhões de quilômetros de distância do Sol, 19 vezes mais longe do que a Terra e nunca chega a menos de 2,7 bilhões de km da Terra.

A composição química é semelhante à de Netuno e diferente dos gigantes gasosos Júpiter e Saturno. A atmosfera é formada basicamente por hidrogênio e hélio, contém água, amônia e metano gelados e traços de hidrocarbonetos.

É a atmosfera mais fria do Sistema Solar, com quedas de temperatura até menos -224 ºC. Tem uma estrutura complexa de nuvens. As de água ficam embaixo e as de metano em cima. O interior é formado por gelo e rochas.

CZAR ASSASSINADO

    Em 1881, um atentado a bomba cometido pelo grupo revolucionário Vontade Popular mata nas ruas de São Petersburgo Alexandre II, czar da Rússia desde 1855.

Alexandre II, um czar reformista, abole a servidão em 1861, mas rejeita qualquer mudança política e reprime com dureza os movimentos de oposição. No dia de sua morte, assina uma proclamação chamada de Constituição de Loris-Melikov, que criaria duas comissões legislativas com representantes eleitos indiretamente.

O sucessor, seu filho de 36 anos, Alexandre III, rejeita a Constituição. Os assassinos são presos e enforcados. O grupo Vontade Popular é violentamente reprimido.

Alexandre Ulianov, irmão mais velho de Vladimir Ulianov, mais conhecido como Lenin, entra para a ala terrorista da Vontade Popular em 1886 e participa de uma conspiração para matar Alexandre III. 

A polícia desconfia que o czar será atacado quando for à igreja no aniversário da morte do pai. Em 1º de março de 1887, prende três membros do partido na Nevsky Prospekt, a principal avenida de São Petersburgo.

Ulianov, ideólogo e fabricante de bombas do grupo, é preso em seguida. No tribunal, ele faz um discurso político. Todos os conspiradores são condenados à morte. O czar só não perdoa cinco. Em 8 de maio de 1887, Alexandre Ulianov e quatro companheiros são enforcados.

O martírio do irmão é importante na decisão de Lenin de se tornar um revolucionário. Em 8 de novembro de 1917, ele toma o poder na Rússia com a vitória da Revolução Comunista. 

ANSCHLUSS

    Em 1938, é anunciada a união política entre a Alemanha Nazista e a Áustria.

Com a dissolução do Império Austro-Húngaro no fim da Primeira Guerra Mundial (1914-18), a união entre os dois países germânicos é cogitada desde 1919. Fica menos atraente com a ascensão ao poder na Alemanha, em 30 de janeiro de 1933, de Adolf Hitler, nascido na Áustria.

Em julho de 1934, os nazistas dos dois tentam dar um golpe. Fracassam, mas não desistem. Em fevereiro de 1938, Hitler convoca o chanceler (primeiro-ministro) austríaco Kurt von Schuschnigg e o pressiona a ceder diante dos nazistas.

Schuschnigg rejeita o acordo e anuncia a convocação de um plebiscito. Sob pressão, cancela o plebiscito e renuncia, O presidente austríaco, Wilhelm Miklas, se recusa a indicar o líder nazista do país, Arthur Seyss Inquart para chanceler.

O líder nazista alemão Herman Göring ordena Seyss Inquart a pedir ajuda militar à Alemanha. O líder nazista austríaco não faz isso, mas um agente alemão em Viena envia o telegrama. A Alemanha invade em 12 de março.

Hitler anuncia pessoalmente a anexação em 15 de março, em Viena. Em 10 de abril, num plebiscito forjado, 99,73% aprovam a união.

O próximo alvo de Hitler é a Tcheco-Eslováquia. Antes mesmo anexação da Áustria, Hitler alega que os 3,5 milhões de tchecos de origem alemã que moram na região dos Sudetos estão sendo perseguidos. No Acordo de Munique, em 29 de setembro de 1939, a França e o Reino Unido concordam em ceder os Sudetos na esperança de apaziguar Hitler.

A Alemanha Nazista invade os Sudetos no início de outubro de 1938 e o resto da Tcheco-Eslováquia em 15 de março de 1939. A invasão da Polônia pela Alemanha, em 1º de setembro de 1939, sob o mesmo pretexto de que alemães estão sendo perseguidos, marca o início da Segunda Guerra Mundial.

PAPA FRANCISCO

    Em 2013, o arcebispo de Buenos Aires, cardeal Jorge Mario Bergoglio, é eleito para em substituição a Bento XVI, o primeiro papa a se aposentar em séculos, e adota o nome de Francisco em homenagem a São Francisco, que fez voto de pobreza.

É o primeiro papa da América Latina e o primeiro da ordem dos jesuítas, a Companhia de Jesus, tão poderosa durante a Contrarreforma.

Francisco é um papa dedicado a questões sociais, em contraste com seus antecessores João Paulo II e Bento XVI, que acabam com a Teologia da Libertação na América Latina. Tem a missão de conter o esvaziamento da Igreja Católica e a perda de fiéis para igrejas evangélicas. Faz esforços para melhorar as relações com os outros cristãos e os que não são cristãos, inclusive os muçulmanos. Pede desculpas pela longa história de crimes de pedofilia cometidos na Igreja e reconhece os homossexuais sob o argumento de que "quem sou eu para julgar".

O papa também publica uma encíclica manifestando preocupação com a mudança do clima. Seu papado é fortemente criticado por setores conservadores da Igreja. 

quarta-feira, 12 de março de 2025

Hoje na História do Mundo: 12 de Março

 MARCHA DO SAL

    Em 1930, o líder do movimento pela independência da Índia, Mohandas Gandhi, o Mahatma (Grande Alma), começa a Marcha do Sal, um ato de desobediência civil não violento contra o monopólio britânico do sal que vai até 6 de abril. O protesto pacífico contra a colonização do país pelo Império Britânico lhe dá projeção internacional.

O Movimento de Desobediência Civil, que vai até 1934, precisa de uma estreia de impacto para conquistar seguidores. Gandhi inicia a marcha de 395 quilômetros com 78 aliados fiéis. Muitos indianos se juntam a eles ao longo do caminho.

Por influência do escritor russo Leon Tolstoy, com que se corresponde, Gandhi vira ativista da desobediência civil, um conceito do escritor e naturalista norte-americano Henry David Thoreau, que se nega a pagar impostos para não financiar a Guerra Mexicano-Americana (1846-48), quando os EUA tomam mais de 40% do território do México. Sua luta pacífica inspira o líder negro sul-africano Nelson Mandela.

A Marcha do Sal é o maior protesto contra o colonialismo britânico desde o movimento de não cooperação de 1920-22. O Congresso Nacional Indiano proclama a independência em 26 de janeiro de 1930. O movimento nacionalista ganha reconhecimento internacional e dá um impulso decisivo à luta pela independência, conquistada em agosto de 1947.

DOUTRINA TRUMAN

    Em 1947, diante de sessão conjunta do Congresso, o presidente Harry Truman (1945-53) acusa o comunismo de se basear "no terror e na opressão" e declara que "a política dos Estados Unidos deve ser apoiar os povos livres que estão resistindo a tentativas de subjugação por minorias armadas e pressões externas", uma verdadeira declaração de guerra no início da Guerra Fria.

A doutrina de segurança nacional do governo Truman se baseia na estratégia de contenção da União Soviética proposta por George Kennan, encarregado de negócios dos EUA em Moscou, no Longo Telegrama de 22 de fevereiro de 1946.

Kennan afirma que o regime soviético é insustentável e um dia vai entrar em colapso. Até lá, os EUA devem confrontar e conter o expansionismo da URSS em todas as frentes.

EXPANSÃO DA OTAN

    Em 1999, a Hungria, a Polônia e a República Tcheca se tornam países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos Estados Unidos para conter a União Soviética durante a Guerra Fria.

A OTAN é criada em 4 de abril de 1949 em resposta ao Bloqueio de Berlim Ocidental pela URSS de Josef Stalin. No fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45), os aliados dividem a Alemanha e sua capital, Berlim, que fica no lado oriental, dominado pela URSS. 

Quando as partes ocupadas pelos EUA, a França e o Reino Unido anunciam a intenção de se unir para formar o que seria a Alemanha Oriental, Stalin decreta o bloqueio de Berlim Ocidental, proibindo o acesso rodoviário, ferroviário e hidroviário à cidade de 24 de junho de 1948 a 12 de maio de 1949 numa tentativa de expulsar os aliados ocidentais.

A resposta inicial do Ocidente é uma ponte aérea que realiza mais de 280 mil voos para levar até 4,7 toneladas de suprimentos por dia a Berlim Ocidental, com um pico de 12,9 toneladas num dia, de 26 de junho de 1948 a 30 de setembro de 1949.

A segunda resposta é a criação da OTAN. Pelo artigo 5 da Carta da OTAN, um ataque contra um é um ataque contra todos, o princípio fundamental da aliança, que tem 16 países-membros no fim da Guerra Fria e 32 hoje.

A Hungria, a Polônia e a República Tcheca são os primeiros países do antigo Bloco Soviético e do Pacto de Varsóvia a entrar para a OTAN depois da Alemanha Oriental, que se unifica com a Alemanha Ocidental em 3 de outubro de 1990. Na era comunista, a República Tcheca era parte da Tcheco-Eslováquia, que se divide em 1993. A Eslováquia passa a fazer parte da aliança em 2004.

Com a entrada da Finlândia e da Suécia depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, a OTAN dobra o número de países-membros em relação à Guerra Fria. Por causa da Finlândia, dobra o tamanho da fronteira com a Rússia. 

A Bósnia-Herzeogovina, a Geórgia e a Ucrânia são candidatas.

SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE

    Em 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) faz um alerta global sobre uma doença que viria a ser batizada como síndrome respiratória aguda grave (SARS) e atinge primeiro a China, Hong Kong e o Vietnã.

A SARS é uma doença de coronavírus, causada pelo vírus SARS-CoV. Surge em novembro de 2002 na província de Cantão, na China. A doença do coronavírus de 2019 (covid-19), causada pelo vírus SARS-CoV2, também surge na China, na cidade de Wuhan, com o caso mais antigo rastreado a 17 de novembro de 2019. 

Com 8 mil casos e 800 mortes, a SARS tem uma letalidade de 10%. A covid-19 tem uma letalidade de pouco menos de 1%, mas contaminou o mundo inteiro. Causa uma pandemia que mata pelo menos 7 milhões de pessoas. 

MAIOR PIRÂMIDE FINANCEIRA

    Em 2009, o financista e gerente de fundos de investimento Bernie Madoff confessa a culpa por vários crimes relativos à maior pirâmide financeira da história, que chegou a ter US$ 60 bilhões.

Madoff nasce em 29 de abril de 1938 numa área judaica do bairro do Queens, em Nova York. Ele se forma em ciência política na Universidade Hofstra e estuda por pouco tempo na Faculdade de Direito do Brooklyn antes de fundar, em 1960, a Bernard L. Madoff Investment Securities junto com a mulher, Ruth, que trabalha no centro financeiro da Wall Street até se formar em psicologia na Universidade da Cidade de Nova York.

A pirâmide financeira começa no início dos anos 1980. Madoff oferece retornos acima da média do mercado, de mais de 10% ao ano. Na verdade, remunera os antigos investidores com as aplicações dos novos e não com a renda dos investimentos.

A Grande Recessão (2007-9) e a crise financeira deflagrada pela falência do banco Lehman Brothers acabam com a fraude. Em dezembro de 2008, as operaçoes de Madoff entram em colapso. Quatro meses depois, ele admite a culpa por fraude e lavagem de dinheiro, entre outros crimes. É condenado a 150 anos de prisão e morre na cadeia em 14 de abril de 2021.

O Fundo das Vítimas de Bernie Madoff consegue recuperar US$ 3,7 bilhões e pagar a 40 mil vítimas.