domingo, 18 de maio de 2025

Hoje na História do Mundo: 18 de Maio

FUNDAÇÃO DE MONTREAL

    Em 1642, Paul de Chomodey, Senhor de Maisonneuve, funda a cidade de Montreal, hoje parte do Canadá froncófono.

A cidade ocupa três quartos da Ilha de Montreal, a maior das 234 ilhas do Arquipélago Hochelaga, um dos três próximos à confluência dos rios Ottawa e São Lourenço.

O lugar onde está é conhecido como Hochelaga pelo povo huron quando chega o explorador francês Jacques Cartier na sua segunda viagem ao Novo Mundo (1535-36). Mais de mil nativos o recebem ao pé da montanha que ele batiza como Mont Réal.

Mais de 50 anos passam até que os franceses voltem. Samuel de Champlain funda Quebec e pensa em criar um ponto do comércio de peles no que chama de Praça Real, mas seu sonho não se materializa.

Montreal não nasce como um entreposto do comércio de peles. É um centro missionário que seu fundador, Paul de Chomodey, batiza como Vila Maria. Ele constrói casas, uma capela, um hospital e outras estruturas.

Em 1644, o Rei Sol, Luís XIV, dá uma carta régia para Montreal e Chomodey se torna o primeiro governador.

A povoação está sob constante ameaça dos índios iroqueses, aliados do Império Britânico, até um tratado de paz de 1701. 

SUPREMA CORTE LEGITIMA SEGREGAÇÃO

    Em 1896, no caso Plessy x Ferguson, a Suprema Corte dos Estados Unidos legitima a segregação racial com uma doutrina chamada de "separados, mas iguais".

A ação questiona a cláusula da 14ª Emenda à Constituição, aprovada no período da Restauração depois da Guerra da Secessão (1861-65), que garante "proteção igual perante a lei" a qualquer pessoa em qualquer lugar.

O caso é um desafio à Lei dos Vagões Separados do estado da Louisiana, que obriga da companhias ferroviárias a oferecer "acomodações iguais mas separadas" para pretos e brancos. 

Homer Plessy, que tem muito mais antepassados brancos do que pretos, compra uma passagem no vagão dos brancos. Quando se nega a ir para o vagão dos pretos, é preso.

No julgamento em primeira instância, o juiz John Ferguson rejeita a alegação de que a lei é inconstitucional e o caso vai até a Suprema Corte.

A decisão sanciona a segregação ao pressupor que os serviços e as instalações oferecidas ao negros são iguais às dos brancos. Vira jurisprudência até ser derrubada em 17 de maio de 1954 pelo caso Brown x Conselho de Educação de Topeka, que proíbe a segregação racial nas escolas. 

CONFERÊNCIA DE HAIA

    Em 1899, começa a Primeira Conferência Internacional de Haia, na Holanda, um passo rumo à formação das organizações internacionais de caráter universal dedicadas à paz mundial.

A conferência é convocada pelo ministro do Exterior da Rússia, Mikhail Nikolaievich Muraviov, durante o reinado de Nicolau II (1894-1917), que propõe três questões:

  1.  limitar a expansão das Forças Armadas e o uso de novas armas;
  2. aplicação dos princípios da Convenção de Genebra de 1864 à guerra naval;
  3. e a revisão da Declaração de Bruxelas de 1874 sobre as leis e os costumes da guerra em terra.
Até 29 de julho, os representantes de 26 países debatem a paz mundial em Haia. O Brasil não participa. Da América, só vão os Estados Unidos e o México.

A Primeira Convenção de Haia é um conjunto de três tratados internacionais, a Convenção para a Solução Pacífica de Disputas Internacionais, que cria o Tribunal Permanente de Arbitragem;, a Convenção sobre as Leis e os Costumes da Guerra em Terra; e a Convenção para Adaptação da Guerra Naval aos Princípios da Convenção de Genebra de 22 de agosto de 1864.

A Segunda Conferência de Haia é proposta pelo presidente norte-americano Theodore Roosevelt e convocada pelo czar Nicolau II, da Rússia, e realizada de 15 de junho a 18 de outubro de 1907. Participam 44 países, inclusive o Brasil, representado por Rui Barbosa, que faz um discurso brilhante. Mais uma vez, a limitação de armas de guerra é rejeitada.

Uma terceira conferência seria realizada em 1914. É adiada para 1915 e suspensa com o início da Primeira Guerra Mundial (1914-18).

Depois da guerra, a Conferência de Paz de Versalhes (1919) cria a Liga das Nações, a primeira organização internacional de caráter universal dedicada à paz mundial, que fracassa ao não evitar a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-45) e é substituída pela Organização das Nações Unidas (ONU).

BOMBA ATÔMICA INDIANA

    Em 1974, na Operação Buda Sorridente ou Krishna Feliz, a Índia testa no deserto do Rajastão sua primeira bomba atômica e chama de "explosão nuclear pacífica". É o sexto país a fabricar armas nucleares.

O programa nuclear da Índia começa em 1944, antes da independência. A perda de território numa breve greve de fronteira com a China nas montanhas do Himalaia, em 1962, levou à decisão de desenvolver armas nucleares. A explosão usa plutônio produzido no reator canadense CIRUS.

A Índia assume abertamente o status de potência nuclear com uma série de cinco explosões realizadas de 11 a 13 de maio de 1998. O arqui-inimigo Paquistão, que tinha a bomba secretamente desde 1975, responde com cinco explosões em 28 de maio. Hoje estima-se que cada um tenha 170 ogivas nucleares.

MOVIMENTO PELA DEMOCRACIA NA CHINA

    Em 1989, um milhão de pessoas marcham pelas ruas de Beijim num movimento pela liberdade e a democracia para liberalizar o regime comunista da China. A revolta é esmagada no Massacre na Praça da Paz Celestial na noite de 3 para 4 de junho.

As reformas anunciadas pelo líder Deng Xiaoping em 13 de dezembro de 1978 abrem a economia e liberalizaram o regime depois do longo trauma que foi a Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76).

O movimento iniciado por estudantes sai às ruas em 15 de abril, quando morre o ex-secretário-geral do Partido Comunista Hu Yaobang (1981-87), um grande responsável pelas reformas políticas e econômicas sob a liderança de Deng, favorável a liberalizar o regime.

Quando o movimento cresce, apresenta suas demandas:

  1. Reconhecer como corretas as visões de Hu Yaobang sobre democracia e liberdade.
  2. Admitir que as campanhas contra a "poluição espiritual" e a "liberalização burguesa" são erradas.
  3. Publicar informações sobre a renda dos altos dirigentes e de suas famílias.
  4. Acabar com a censura e autorizar a publicação de jornais de grupos privados.
  5. Mais dinheiro para a educação e aumento dos salários dos intelectuais.
  6. Fim das restrições a manifestações em Beijim.
  7. Fazer uma cobertura objetiva do movimento estudantil na mídia oficial.

O então secretário-geral do PC, Zhao Ziyang, defende o diálogo com os estudantes, enquanto o primeiro-ministro linha-dura Li Peng exige uma condenação oficial das manifestações. Quando Zhao viaja à Coreia do Norte, em 23 de abril, Li toma a iniciativa.

Em 25 de abril, o primeiro-ministro e o presidente Yang Shangkun se reúnem na casa de Deng, que aprova a linha dura. No dia seguinte, o Diário do Povo, jornal oficial do PC, publica editorial de primeira página de lavra de Li sob o título: "É preciso adotar uma posição clara contra os distúrbios". Descreve o movimento como contra o partido e contra o governo.

Com a volta de Zhao, o governo retoma a tolerância. Em 13 de maio, dois dias antes do início de uma visita do líder soviético Mikhail Gorbachev, os estudantes começam uma greve de fome. Quando Zhao diz a Gorbachev que o líder supremo é Deng, este toma como uma tentativa de lhe atribuir toda a responsabilidade pela revolta dos estudantes.

Numa reunião do Comitê Permanente do Politburo do Comitê Central na casa de Deng, em 17 de maio, a alta cúpula do regime comunista chinês decide decretar lei marcial e convocar o Exército para tomar a capital. 

No dia 18, quando um milhão saem às ruas da capital, Li encontra os estudantes numa reunião marcada pela confrontação, sem qualquer avanço. Diante das câmeras, o primeiro-ministro mostra mais preocupação com a saúde dos estudantes em greve de fome.

A última aparição de Zhao é na madrugada do dia 19, quando ele fala com os estudantes ao lado de Wen Jiabao, que seria primeiro-ministro de Hu Jintao (2003-13). À noite, numa reunião da alta cúpula, Deng declara ter se arrependido de nomear Hu e Zhao para a liderança do partido. Zhao cai e passa o resto da vida em prisão domiciliar.

Em 20 de maio, o governo decreta lei marcial e convoca 30 divisões, num total de 250 mil soldados, para ocupar Beijim. Em 3 de junho, autoriza a ação para retirar os estudantes acampados na praça central da capital centenas. O total de mortes é estimado entre centenas e 10 mil.

As reformas políticas são enterradas definitivamente. A ascensão de Xi Jinping, em 2012, torna a ditadura mais personalista e contrária a qualquer dissidência. A liberdade acadêmica daquele período não existe mais. 

Com a imposição de uma Lei de Segurança Nacional, o fim da autonomia regional e das liberdades democráticas em Hong Kong, todos os livros e publicações sobre o movimento pela liberdade e democracia, que era lembrado com vigílias no território, desaparecem das livrarias e bibliotecas. 

sábado, 17 de maio de 2025

Hoje na História do Mundo: 17 de Maio

 NAPOLEÃO TOMA O VATICANO

    Em 1809, o imperador Napoleão I incorpora os Estados Pontifícios ao Império da França.

Napoleão Bonaparte manda Pio VII o coroar imperador em 2 de dezembro de 1804. Este papa também contraria o general ao não anular o casamento de Jerônimo Bonaparte, casado com uma protestante filha de empresários da América do Norte.

Sem maior justificativa, Napoleão manda o general Miollis tomar Roma em seu nome e declara: "Sendo eu imperador de Roma, exijo a devolução do Estado eclesiástico, doação de Carlos Magno. Declaro findo o Império dos Papas."

GRANDE INTÉRPRETE DE WAGNER

Èm 1918, nasce em Västra Karup, na Suécia, Birgit Nilsson, uma soprano de voz poderosa e viva, famosa por interpretações de Wagner.

A conselho do chefe do coral local, Märta Birgit Svensson vai para Estocolmo, onde entra para a Ópera Real e estreia em 1946. Um ano depois, faz sucesso na ópera Lady Macbeth, de Giuseppe Verdi.

Depois de ser aclamada em Viena, Birgit estreia em Covent Garden, em Londres, em 1957, como Brünnhilde, personagem de Wagner. No ano seguinte, faz o papel principal em Turandot, de Giacomo Puccini. Sua primeira apresentação em Nova York, na Ópera Metropolitana, é como Isolda em 1959.

Depois de uma longa carreira de sucesso, ela se aposenta em 1984 e cria uma fundação que em 2009 dá o primeiro Prêmio Birgit Nilsson de música clássica para o tenor Plácido Domingo. Ela morre em 25 de dezembro de 2005 em Västra Karup, a cidade onde nasceu.

FIM DA SEGREGAÇÃO NAS ESCOLAS

    Em 1954, a Suprema Corte dos Estados Unidos considera inconstitucional a segregação racial nas escolas públicas.

No caso Brown v. Conselho de Educação de Topeka, no estado do Kansas, Linda Brown, uma menina negra reclama por não conseguir se matricular numa escola do ensino fundamental por causa da cor da pele.

O supremo tribunal norte-americano derruba na prática uma decisão de 1896. No caso Plessy v. Ferguson, a Suprema Corte considera que acomodações "separadas, mas iguais" em trens estão de acordo com a 14ª Emenda à Constituição dos EUA, que garante proteção igual perante a lei. Esta decisão serve de base durante décadas para a segregação em espaços públicos, inclusive em escolas.

A escola para brancos onde Linda Brown quer se matricular é muito melhor que a escola para negros mais próxima e fica quilômetros mais perto de sua casa. A Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor (NAACP) abraça a causa. Em 1954, o caso chega à Suprema Corte.

O advogado da NAACP é Thurgood Marshall, que seria o primeiro ministro negro da Suprema Corte. Em nome da maioria, o presidente do tribunal, Earl Warren, escreve que "separado, mas igual" era inconstitucional não apenas no caso de Linda Brown, mas em todos os casos porque a segregação institucional deixa uma marca de inferioridade nos estudantes negros.

Um ano depois, a Corte estabelece as diretrizes para que as escolas promovam a inclusão educacional com a maior rapidez possível.

GOLPE NA COREIA

    Em 1980, o general Chun Doo-Hwan dá um golpe e força o Conselho de Ministros a estender a lei marcial a toda a Coreia do Sul para conter a luta do movimento estudantil contra a ditadura militar.

A lei marcial fecha universidades, proíbe atividades políticas e reduz ainda mais a liberdade de imprensa. Para impor a lei marcial, o regime envia soldados para várias regiões do país.

No mesmo dia, a agência de inteligência KCIA, criada na Guerra Fria no modelo da CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA), invade uma conferência nacional de líderes estudantis de 55 universidades. Cerca de 2.700 pessoas são presas, inclusive 26 políticos.

Em 18 de maio, a cidade de Gwangju se rebela contra a ditadura de Chun. Os cidadãos pegam em armas roubadas da polícia ou de arsenais, mas são esmagados pelo Exército da Coreia do Sul. Cerca de 600 pessoas morrem no Massacre de Gwangju.

Chun Doo-Hwan e Roh Tae-Woo mandam o Exército fechar a Assembleia Nacional em 20 de maio. Ambos são condenados, Roh à prisão e Chun à morte, mas as penas são comutadas e os dois são libertados pelo então presidente Kim Young-Sam a pedido do então presidente eleito Kim Dae-Jung, que havia sido condenado à morte pela ditadura militar.

CASAMENTO GAY

    Em 2004, Massachusetts se torna o primeiro estado dos Estados Unidos a legalizar o casamento de pessoas do mesmo sexo.

Durante séculos, as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexto são reprimidas, consideradas crime e desordem mental.

No início do século 21, os países que ainda criminalizam essas relações são sociedades conservadoras, principalmente teocracias islâmicas e alguns países da África e da Ásia, muitos sob leis da era do colonialismo europeu.

Em 1989, a Dinamarca se torna o primeiro país a legalizar o registro civil da união de pessoas do mesmo sexo; o casamento gay é legalizado em 2012. A chamada união civil passa a ser legal na Noruega (1993), na Suécia (1995), na Islândia (1996), na Holanda (1998), no Reino Unido (2005) e na Irlanda (2011).

O Canadá (2005) é o primeiro país de fora da Europa a legalizar o casamento gay, seguido pela África do Sul (2006), Argentina (2010) e Nova Zelândia (2013). No Brasil, o Supremo Tribunal Federal (2011) reconhece a constitucionalidade.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Hoje na História do Mundo: 16 de Maio

 CASAMENTO REAL

    Em 1770, Luís, delfim (herdeiro do trono) da França, casa com Maria Antonieta, filha do imperador Francisco I, do Sacro Império Romano-Germânico, e da arquiduquesa Maria Teresa da Áustria, num casamento para fortalecer as relações entre inimigos históricos que acaba na guilhotina durante a Revolução Francesa de 1789.

O casamento começa mal. O delfim decide dar uma festa com fogos de artificio que termina em tragédia, com 132 mortes.

Com a morte do rei Luís XV, em 1774, seu neto ascende ao trono como Luís XVI. Ele é incapaz de resolver os problemas financeiros herdados do avô por causa da Guerra dos Sete Anos (1756-63), quando a França perde para o Império Britânico suas possessões na Índia e a maior parte das possessões na América do Norte.

A rainha é considerada extravagante, perdulária, dedicada aos interesses da Áustria e contrária à reforma da monarquia, alienando o regime do povo francês, que passa fome em invernos rigorosos.

A Revolução Americana, que leva à independência dos Estados Unidos em 1776, com o apoio da França, outra consequência da Guerra dos Sete Anos, desperta o interesse do povo francês pela democracia.

Quando estoura a Revolução Francesa, em 14 de julho de 1789, com a tomada da prisão real da Bastilha, Luís XVI escreve em seu diário: "Nada". Mais um dia de tédio real.

O casal resiste aos conselhos de reformar a monarquia. Em 1791, o rei e a rainha decidem fugir para a Áustria. São presos e levados para Paris, onde Luís XVI aceita uma nova Constituição que o torna uma figura decorativa.

Em agosto de 1792, ambos são presos de novo. Em setembro do mesmo ano, começa a segunda fase da Revolução Francesa, o período da Convenção Nacional, que abole a monarquia e instaura um regime de terror sob o controle do Comitê de Salvação Nacional.

Sob a acusação de traição, ambos são condenados pelo tribunal revolucionário. Luís XVI é guilhotinado em 21 de janeiro de 1793 e Maria Antonieta em 16 de outubro do mesmo ano.

SANTA JOANA D'ARC

    Em 1920, o papa Bento XVI canoniza a grande heroína nacional da França, Joana d'Arc.

Joana d'Arc nasce em 1412 em Donrémy, no Nordeste da Franca, numa família camponesa. Aos 16 anos, "ouve vozes" de três santos católicos – Santa Catarina, Santa Margarida e São Miguel – exortando-a a apoiar o delfim na reconquista de Reims e do trono da França, tomado em 1415 por Henrique V, da Inglaterra. 

Ela vira uma heroína ao entrar em combate no Cerco de Orleans, de 12 de outubro de 1428 a 8 de maio de 1429, a primeira grande vitória francesa depois da derrota na Batalha de Agincourt, em 25 de outubro de 1415. Depois de uma série de triunfos francesas, Carlos VII é coroado em Reims.

A França obtém outras vitórias, mas o Cerco de Paris, de 3 a 8 de setembro, fracassa. Em 23 de maio de 1430, Joana d'Arc é capturada pelas forças de João, Duque de Borgonha, aliado da Inglaterra. É julgada pelo bispo Pierre Cauchon, que faz acusações de cunho religioso e a condena à morte na fogueira como uma bruxa. 

Aos 19 anos, ela é queimada na fogueira na Praça do Velho Mercado, em Rouen, em 30 de maio de 1431. O primeiro-ministro britânico Winston Churchill, que também foi historiador, considera a execução sumária um erro que a transforma em mártir.

Sob a inspiração da jovem camponesa, a Guerra dos Cem Anos vira a favor da França. Em 1453, Carlos VII havia reconquistado todo o território francês menos o porto de Calais, que os ingleses entregam em 1558.

PRIMEIRA CERIMÔNIA DO OSCAR

    Em 1929, a Academia de Artes e Ciências do Cinema dos Estados Unidos realiza a primeira festa de entrega de prêmios aos destaques do ano, com cerca de 250 pessoas, num jantar no Hotel Roosevelt, em Hollywood, na Califórnia.

A academia, uma ideia de Louis Mayer, da poderosa companhia cinematográfica Metro Goldwin Mayer, nasce em maio de 1927. Seu primeiro presidente, o ator Douglas Fairbanks, é o mestre de cerimônias da primeira entrega das estatuetas douradas que mais tarde passam a ser chamadas de Óscars.

O som é a grande novidade do cinema na época, mas o filme The Jazz Singer, da Warner Brothers, não disputa o prêmio de melhor filme porque a concorrência com o cinema mudo é considerada desleal. 

O vencedor é Wings (Asas), de William Wellman, o filme mais caro até então, com orçamento de US$ 2 milhões. Conta a história de dois pilotos da Primeira Guerra Mundial (1939-45) que se apaixonam pela mesma mulher.

Aurora, do diretor alemão Friedrich Murnau, um dos grandes cineastas do cinema mudo, divide o prêmio de melhor filme.

O melhor ator é o alemão Emil Jannings, escolhido pela atuação em Tentação da Carne A Última Ordem. Janet Gaynor, de 22 anos, ganha o prêmio de melhor atriz por três filmes, Sétimo CéuAurora O Anjo das Ruas.

Charles Chaplin, o maior ator de todos os tempos, indicado para os prêmios de melhor ator, melhor roterista e melhor diretor de comédia, recebe um prêmio especial. Receberia o segundo, pelo conjunto da obra, em 1971.

A academia adota oficialmente o nome de Óscar para a estatueta em 1939. Uma versão não confirmada atribui o nome a Margaret Herrick, uma diretora-executiva da academia que a achou parecida com seu tio Oscar.

FIM DO LEVANTE DO GUETO DE VARSÓVIA

    Em 1943, com a destruição da última sinagoga, a Alemanha assume o controle total do Gueto de Varsóvia e acaba com a maior rebelião de judeus contra o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45). Mais de 13 mil judeus morrem no levante. Os sobreviventes são deportados para os centros de extermínio de Majdanek e Treblinka, na Polônia.

A guerra começa com a invasão da Polônia pela Alemanha, em 1º de setembro de 1939. Pouco depois, os nazistas encurralam os judeus da capital polonesa num gueto cercado por arame farpado, sob a vigilância da SS, a força para militar, o braço armado do Partido Trabalhista Nacional-Socialista da Alemanha (Nazista).

Mais de 500 mil judeus são confinados numa área de 340 hectares. Muitos morrem de fome e doenças.

Em julho de 1942, os nazistas começam a aplicar no Pacto de Varsóvia a solução final, o plano genocida para exterminar o povo judeu aprovado na Conferência de Wannsee, em Berlim, em 20 de janeiro do mesmo ano. A cada dia, 6 mil judeus de Varsóvia são enviados para a morte em centros de extermínio.

Os nazistas declaram que os judeus estão sendo enviados a campos de trabalho, mas logo chega ao gueto a notícia de que deportação significa extermínio. Nasce a Organização de Combate Judaica (ZOB), que consegue algumas armas.

Em 18 de janeiro de 1943, quando os soldados entram no gueto para transferir mais um grupo para os campos da morte, caem numa emboscada preparada pela resistência. A luta dura dias e vários soldados nazistas morrem.

O Levante do Gueto de Varsóvia começa em 19 de abril de 1943, quando o líder nazista Heinrich Himmler, comandante da SS, anuncia que o gueto será evacuado em homenagem ao aniversário de Adolf Hitler no dia seguinte.

Mais de mil soldados da SS entram no gueto com tanques e artilharia pesada. Cerca de 60 mil judeus sobreviventes buscam esconderijos secretos, mas mais de mil militantes da resistência enfrentam os nazistas com bombas caseiras e as armas conseguidas no mercado negro.

Apesar da resistência, os judeus são massacrados. Em 24 de abril, os alemães lançam um assalto total ao Gueto de Varsóvia e arrasam os prédios um a um. A resistência recua para a rede de esgotos para continuar a luta. 

Em 8 de maio, os nazistas tomam o bunker do comando dos judeus. Os líderes da resistência se suicidam. A revolta acaba em 16 de maio. 

BURACO NA CAMADA DE OZÔNIO

    Em 1985, três cientistas da Sondagem Antártica Britânica publicam artigo na revista científica Nature revelando a existência de um buraco sobre o Polo Sul na camada de ozônio da atmosfera, que protege a Terra dos raios ultravioleta.

A causa seria a emissão de gases com clorofluorcarbonetos, usados principalmente em perfumes, desodorantes e outros produtos aplicados por aspersão.

Dentro de dois anos, 46 países assinaram o Protocolo de Montreal, prometendo banir o uso de substâncias que danificam a camada de ozônio. Todos os países-membros das Nações Unidas aderem. O então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, observa que "talvez seja o acordo internacional mais bem-sucedido até hoje." 

quinta-feira, 15 de maio de 2025

Hoje na História do Mundo: 15 de Maio

TEMPLO DE MERCÚRIO

    Em 495 antes de Cristo, um templo a Mercúrio, deus do comércio, da medicina, da comunicação, dos viajantes, da fortuna e da trapaça, e mensageiro dos deuses, é consagrado no Monte Aventino, perto do Circo Máximo, em Roma.


É o único templo de grande escala dedicado a Mercúrio que se conhece na Roma Antiga, que na época é uma República. É um ano de grande agitação política, com protesto dos plebeus contra os senadores patrícios. No ano seguinte, começam as Revoltas da Plebe, que vão até 287 AC.

Na mais importante, em 494 AC, sob a alegação de que são explorados economicamente pelos patrícios, os plebeus se recusam a servir o Exército e exigem direitos políticos e sociais. Eles se retiram para o Monte Aventino, uma das sete colinas de Roma, e ameaçam fundar uma nova cidade.

As Revoltas da Plebe levam à criação do cargo de tribunos da plebe, ao acesso gradual a cargos públicos antes exclusivos dos patrícios e aprovação de leis que protegem os plebeus como a Lei das Doze Tábuas, uma compilação das primeiras leis escritas de Roma.

MORTE DE EMILY DICKINSON

    Em 1886, morre de uma inflamação renal aos 55 anos em Amherst, no estado de Massachusetts, Emily Dickinson, uma das poetas mais importantes da literatura dos Estados Unidos.

Emily nasce na mesma cidade em 10 de dezembro de 1830 numa família religiosa e leva uma vida reclusa. Não se casa. A Bíblia é uma de suas fontes de inspiração. Começa a escrever na adolescência. Só 10 de seus cerca de 1,8 mil poemas são publicados durante sua vida. Ela envia centenas de poemas para amigos e correspondentes. Aparentemente, guarda grande quantidade para si mesma.

Seu estilo radicalmente diferente do padrão de sua época: versos curtos, rimas imperfeitas ou falta de rima, travessões, pontuação e uso de maiúsculas incomum. São sua marca registrada e parece vanguardista até hoje.

Dickinson escreve sobre o amor, a morte, a imortalidade, a solidão, o abandono, a natureza e a vida interior. Sua poesia de um brilho enigmático é filosófica, mística e emocional, ao mesmo tempo intimista e universal. 

CAMUNDONGO MICKEY

    Em 1928, com a avant-première de Plane Crazy, Walt Disney lança o primeiro filme do Camundongo Mickey.

Plane Crazy é um desenho animado de curta metragem originalmente mudo que apresenta ao público Mickey e sua namorada Minnie. É um teste para ver a reação da plateia a um filme de animação. Um executivo da Metro-Goldwin-Mayer vê o filme, mas não consegue distribuir.

No mesmo ano, os estúdios Disney lançam o primeiro filme sonoro com Mickey, Steamboat WilliePlane Crazy é relançado em 17 de março de 1929 como o quarto filme do Mickey.

GUERRA DA INDEPENDÊNCIA DE ISRAEL

    Em 1948, os países árabes vizinhos rejeitam a fundação de Israel e atacam o novo país. Os exércitos do Egito, da Síria, da Jordânia, do Líbano, do Iraque e da Arábia Saudita convergem e invadem em três frentes e pequena faixa de terra que é o Estado de Israel. É o dia da Nakba, o dia da catástrofe para os palestinos.

O conflito começa em 30 de novembro, um dia depois que as Nações Unidas aprovam a Resolução 181, que divide o território histórico da Palestina num país árabe e outro judeu. Até a fundação oficial de Israel se chama a Guerra Civil da Palestina Mandatária.

No fim da Primeira Guerra Mundial (1914-18), os impérios Britânico e Francês recebem mandatos da Liga das Nações para administrar territórios do extinto Império Otomano, inclusive a Palestina, onde o Reino Unido havia prometido criar uma pátria para o povo judeu.

A guerra acontece principalmente no território histórico da Palestina e também no Líbano e na Península do Sinai, no Egito. Termina com a vitória de Israel, que conquista 50% do território que seria destinado ao país árabe, e um armistício, em 10 de março de 1949. Na realidade, não acabou até hoje. A Jordânia ocupa a Cisjordânia e o Egito, a Faixa de Gaza.

Do lado de Israel, morrem 6.373 pessoas. Entre os árabes, as estimativas vão de 6,7 a 20 mil contando militares e civis. Cerca de 700 mil palestinos são expulsos do território israelense, criando a diáspora palestina.

RETIRADA SOVIÉTICA

    Em 1988, na era das reformas do líder Mikhail Gorbachev, começa a saída das forças da União Soviética do Afeganistão, invadido mais de oito anos antes, no Natal de 1979, para Moscou impor seus favoritos no regime comunista afegão.

Antes da invasão, há uma revolta incipiente da população muçulmana, que não aceita o comunismo. Disso se aproveitam os Estados Unidos, a Arábia Saudita, a China e o Paquistão, decididos a fazer do Afeganistão o Vietnã da URSS.

Com armas como os mísseis antiaéreos Stinger, enviados pelos EUA a partir de 1981, os mujahedin conseguem derrotar o invasor, que nunca assume o controle do interior do país. Em dez anos de invasão, cerca de 15 mil soldados soviéticos morrem no Afeganistão, menos do que a Rússia perdeu em 80 dias de invasão da Ucrânia.

Também em 1988, os chamados árabes afegãos, liderados pelo saudita Ossama ben Laden, fundam a rede terrorista Al Caeda (A Base), que ataca os EUA em 11 de setembro de 2001, levando as guerras do Oriente Médio para o território norte-americano.

A rebelião muçulmana derruba em 1992 o ditador Mohamed Najibullah, entronizado pela URSS. O Afeganistão vive um período de anarquia até que a Milícia dos Estudantes (Talebã), criada em 1994 com o apoio do serviço secreto militar do Paquistão, assume o poder em Cabul (nunca controla todo o país) em 1996.

Depois dos atentados de 11 de setembro, os EUA invadem o Afeganistão, derrubam o regime dos talebã e chegam a cercar a liderança da Caeda na Batalha de Tora Bora, em dezembro de 2001, mas Ben Laden consegue fugir para o Paquistão, onde é morto por uma operação de comandos de elite da Marinha dos EUA em 2 de maio de 2011.

Com a retirada das forças internacionais e o fim da guerra, a mais longa da história dos EUA, em 30 de agosto de 2021, os Talebã retomam o poder no Afeganistão e, ao contrário das promessas, voltam a reprimir as mulheres, proibidas de estudar, trabalhar, viajar sem um parente e obrigadas a cobrir o rosto ao sair à rua.

PRIMEIRA-MINISTRA DA FRANÇA

    Em 1991, o presidente socialista François Mitterrand (1981-95) nomeia Édith Cresson como a primeira mulher a chefiar o governo da França, mas a primeira-ministra cai em menos de um ano por causa do desemprego em massa e da queda do apoio dentro do Partido Socialista.

Édith Campion nasce em 27 de janeiro de 1934 em Bologne-Billancourt, perto de Paris. Filha de um funcionário público, ela faz doutorado em demografia na Escola Superior de Estudos Comerciais. Em 1959, casa com Jacques Cresson. 

Ela entra para o Partido Socialista (PS) em 1965 e trabalha na fracassada campanha presidencial de Mitterrand naquele ano. Concorre a uma cadeira na Assembleia Nacional e perde em 1975, mas se torna deputada do Parlamento Europeu em 1979. É eleita prefeita duas vezes, em Thuré (1977) e Châtelleroult (1983).

Depois da eleição de Mitterrand, em 1981, antes de se tornar primeira-ministra, Cresson é ministra várias vezes, da Agricultura, do Turismo e Comércio Exterior, e da Europa. Com a demissão do primeiro-ministro Michel Rocard, o presidente a nomeia para o cargo.

O governo Cresson é um dos mais curtos da 5ª República Francesa. Impopular, ela cai em 2 de abril de 1992. Na luta contra o predomínio no mercado de produtos do Japão, ela dá uma tirada racista ao chamar os japoneses de "formigas amarelas que querem dominar o mundo". Ao comentar a vida sexual dos britânicos, declarou que "a homossexualidade me parece estranha. É diferente e marginal. Existe mais na tradição anglo-saxã do que na latina."

Em 1995, no fim de seu governo, Mitterrand a indica para comissária de Ciência, Pesquisa e Educação da União Europeia. A Comissão Europeia renuncia coletivamente em 1999 num escândalo de fraude e corrupção. Cresson é condenada em 2006 por favoritismo e má administração, mas não é punida. Hoje ela faz parte do Conselho das Mulheres Líderes Mundiais.

A segunda primeira-ministra da França é Élisabeth Borne (2022-24), que cai em janeiro de 2024.

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Hoje na História do Mundo: 14 de Maio

 COLÔNIA DE JAMESTOWN

    Em 1607, os ingleses fundam seu primeiro assentamento permanente na América, a colônia de Jamestown, na Virgínia, hoje parte dos Estados Unidos.

Até então, a Espanha e Portugal dominam o Novo Mundo. A colônia é um empreendimento privado da Companhia da Virgínia, com sede em Londres. O rei Jaime I da Inglaterra dá uma carta real aos investidores em 10 de abril de 1606.

Na época os ingleses chamam de Virgínia toda a costa leste da América do Norte ao norte da Flórida. É uma homenagem à rainha Elizabeth I (1558-1603), conhecida como a Rainha Virgem porque não teve filhos. Os colonos podem se estabelecer  na região que hoje vai da Carolina do Norte a Nova York.

O plano da companhia é remunerar os investidores com a descoberta de ouro e prata e de um rio que chegue à Ásia para fazer comércio com o Oriente.

Cerca de 105 colonos saem da Inglaterra em três navios no fim do dezembro de 1606 e chegam à Baía de Chesapeake em 27 de abril de 1607.

A maioria das tribos da região faz parte do Império Powhatan, com o cacique Powhatan como líder. As relações com os nativos inicialmente variam entre amizade e hostilidade. Os colonos fazem negócios com os índios, por exemplo, trocando ferramentas de metal por comida, mas há encontros violentos e às vezes os índios matam os colonos que saem do forte.

No outono de 1609, o cacique inicia uma campanha para matar os colonos de fome e acabar com a colônia, negando-se a fornecer comida. É o início da Primeira Guerra Powhatan (1609-14). Entre 1609 e 1611, a colônia quase é abandonada. Os colonos sobreviventes embarcam em quatro navios.

Com a introdução da cultura do tabaco, a partir de 1613, a colônia começa a prosperar. John Rolfe, o pioneiro da produção de tabaco, casa com a princesa Pocahontas, filha do cacique.

No verão de 1619, a colônia cria o primeiro governo representativo na América, com a eleição de uma Assembleia Geral de 22 burgueses e seis indicados pela companhia. Só os homens com propriedades têm direito de voto.

É em Jamestown que chegam os primeiros escravos africanos ao que hoje é os EUA. Em 20 de agosto de 1619, 20 dos 50 angolanos de um navio negreiro português atacado por dois navios piratas ingleses são vendidos em Jamestown. É o marco do início da escravidão no país.

Em 1620, a expansão da área agrícola para produzir tabaco e a infiltração dos colonos em regiões de caça dos indígenas provocam atritos na região da Baía de Chesapeke que explodem em 1622.

Os powhatans chegam desarmados a Jamestown, com veados, perus, frutas, peixes e outros mantimentos como se fossem para vender. Pegam todas as ferramentas e armas disponíveis e matam todos os colonos europeus, homens, mulheres e crianças de todas as idades. É o início da Segunda Guerra Powhatan (1622-32).

Na Terceira Guerra Powhatan (1644-46), Opechancanough é capturado e morto. Uma linha divisória, uma fronteira, é traçada entre a colônia e as terras indígenas. Exige autorização para ser cruzada.

EUA EXPLORAM NOROESTE

    Em 1804, um ano depois que os Estados Unidos dobraram seu território comprando a Louisiana da França de Napoleão Bonaparte, a expedição de Lewis e Clark deixa São Luís, no Missouri, para explorar o Noroeste do país, entre o Rio Mississípi e o Oceano Pacífico.

Antes de concluir a negociação, o presidente Thomas Jefferson convoca seu secretário particular, Meriwether Lewis, e o capitão do Exército William Clark para liderar a missão, que parte com 45 homens.

A expedição sobe o Rio Missouri num barco de 17 metros e dois menores. Um comerciante de peles franco-canadense e sua esposa indígena se juntam ao grupo como intérpretes. Eles passam o inverno no que hoje é o estado de Dakota do Norte. Quando entram no que hoje é Montana, avistam pela primeira vez as Montanhas Rochosas.

Do outro lado da cordilheira, encontram os índios Shoshones, que vendem cavalos à expedição, e seguem até o Rio Colúmbia, que os leva até o mar. Em 5 de novembro de 1805, a missão chega ao Pacífico. Depois do inverno, os exploradores iniciam a viagem de volta a São Luís.

FUNDAÇÃO DE ISRAEL

    Em 1948, David Ben Gurion proclama a fundação de Israel, criando o primeiro Estado do povo judeu em quase 2 mil anos, e se torna primeiro-ministro, mas os países árabes não aceitam e iniciam a guerra que não acabou até hoje. 

É o fim do mandato concedido pela Liga das Nações ao Império Britânico em 1922 para administrar a Palestina depois da dissolução do Império Otomano no fim da Primeira Guerra Mundial (1914-18).

O Egito faz um bombardeio aéreo à noite. Mesmo com blecaute na capital, Telavive, os israelenses festejam o nascimento do país, reconhecido pelos Estados Unidos.

O movimento sionista, a favor da criação de uma pátria para o povo judeu, tem origem nos massacres registrados na Europa Oriental no fim do século 19 e do Caso Dreyfus, na França, onde um oficial judeu é condenado por espionagem e enviado para prisão da Ilha do Diabo, na Guiana Francesa.

Em 1896, o jornalista judeu austríaco Theodor Herzl, lança o panfleto O Estado Judaico e vira líder do movimento sionista, que decide voltar ao território histórico de Israel.

Na Declaração de Balfour, em 2 de novembro de 1917, o secretário do Exterior britânico, Arthur James Balfour, promete ao Barão de Rothschild, líder da comunidade judaica no Reino Unido, refundar Israel na Palestina, onde vive uma população árabe. O conflito entre árabes e judeus começa em 1929.

Por causa do Holocausto, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), muitos judeus migram para a Palestina. Grupos terroristas judaicos atacam os britânicos por achar que renegaram a promessa.

Com o fim da guerra, os EUA abraçam a causa sionista. Em novembro de 1947, a Assembleia Geral das Nações Unidas, presidida pelo ex-chanceler brasileiro Oswaldo Aranha, aprova a divisão do território histórico da Palestina entre um Estado judaico e outro árabe.

Na Guerra da Independência, que termina em 10 de março de 1949, Israel amplia seu território e cria a diáspora palestina. Em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel toma a Faixa de Gaza e a Península do Sinai do Egito; a Cisjordânia, inclusive o setor oriental (árabe) de Jerusalém da Jordânia; e as Colinas do Golã da Síria.

Depois de uma tentativa fracassada de reconquistar o Sinai na Guerra do Yom Kippur, em 1973, o Egito abandona a aliança com a União Soviética, se aproxima dos EUA e faz o Acordo de Paz de Camp David com Israel, em troca do Sinai, na fórmula terra por paz, que seria o modelo para acabar com o conflito árabe-israelense.

O processo da paz no Oriente Médio é retomado na Conferência de Madri, em 30 e 31 de outubro de 1991, depois da Guerra do Golfo de 1991, quando Israel se conteve diante dos ataques do ditador do Iraque, Saddam Hussein.

Negociações secretas realizadas em Oslo, na Noruega, levam ao histórico aperto de mãos nos jardins da Casa Branca, em 13 de setembro de 1993, do primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, e do presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat. Nasce a Autoridade Nacional Palestina (ANP), que inicialmente controla a Faixa de Gaza e Jericó.

O assassinato de Rabin por um extremista israelense, em 4 de novembro de 1995, e a volta da direita ao poder com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que superou Ben Gurion como governante que ficou mais tempo no poder em Israel, desgastam o processo de paz. O resultado é esta guerra sem fim, que adquiriu nova dimensão com o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023.

ESTAÇÃO ESPACIAL

    Em 1973, os Estados Unidos lançam sua primeira estação espacial, o Skylab, a 435 quilômetros de altitude, para fazer novas observações e examinar a adaptação do organismo ao espaço.

O laboratório espacial Skylab é fruto de um programa da NASA (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos EUA) para adaptar as naves e os sistemas desenvolvidos para levar o homem à Lua para outras missões científicas.

A estação espacial tem 30,2 metros de comprimento e 6,7m de diâmetro. Pesa 75 toneladas. Apesar dos recursos e espaço limitados, é mais espaçosa do que a primeira estação espacial, a Salyut, lançada pela União Soviética em 19 de abril de 1971.

Em 11 de julho de 1979, a plataforma reentrou na atmosfera acidentalmente, se partiu e caiu prematuramente no Oceano Índico e no Oeste da Austrália.

MORTE DE FRANK SINATRA

    Em 1998, morre aos 82 anos em Los Angeles, na Califórnia, o músico e ator Frank Sinatra, uma das mais belas vozes da música popular.

Francis Albert Sinatra nasce em 12 de dezembro de 1915 em Hoboken, no estado de Nova Jérsei. Na adolescência, depois de ouvir discos de Bing Crosby, decide se tornar cantor. Entra para o grupo Hoboken Four, que ganha um concurso de calouros em 1935.

O grupo faz turnês durante um ano, mas só Sinatra se torna músico profissional. Durante três anos, ele canta com bandas menores. Em 1939, canta e trabalha como garçon na Rustic Cabin, em Englewood Cliffs, em Nova Jérsei, quando o trumpetista Harry James o contrata ao formar uma nova banda depois de deixar a Orquestra de Benny Goodman.

A banda grava 10 discos em seis meses. A voz barítono de Sinatra se destaca em músicas como From the Bottom of My Heart. Em dezembro de 1939, recebe uma porposta melhor e vai para a banda de Tommy Dorsey, com quem grava 83 discos de 1940 a 1942.

No fim de 1942, ele deixa a banda e se arrisca numa carreira solo. Em semanas, vira um fenômeno cultural. Suas apresentações no Teatro Paramount, em Nova York, em janeiro de 1943, provocam um frenesi entre as fãs como não se via desde Rodolfo Valentino.

Em novembro de 1944, Sinatra começa a trabalhar para a gravadora Columbia Records com grande sucesso até 1948, quando é criticado por manter sempre o mesmo estilo e por relações com mafiosos como Lucky Luciano e Joe Fischetti.

Sinatra entre num período de cinco anos de depressão e declínio. Chega a ficar sem voz por meses em 1950 por causa de uma hemorragia nas cordas vocais. O divórcio de sua primeira mulher, Nancy, em 1951, e um casamento tempestuoso com a atriz Ava Gardner abala ainda mais sua reputação. Em 1952, a Columbia Records não renova o contrato.

Nos anos 1940, Sinatra começa a trabalhar como ator cinematográfico. Ganha um Oscar de melhor ator coadjuvante em A Um Passo da Eternidade (1953).

Em 1953, ele assina um contrato com a Capitol Records, onde durante nove anos grava alguns de seus melhores discos. É um dos pioneiros dos "álbuns conceituais", LPs com um único tema. Mas as relações com a máfia continuam pesando.

Na campanha presidencial de 1960, a pedido do patriarca Joseph Kennedy, faz contato com o mafioso Sam Giancana para conseguir apoio à candidatura de John Kennedy.

Em 1960, quando ainda tem contrato com a Capitol, funda sua própria gravadora, a Reprise Records, em que grava em 1967 um de seus melhores discos em parceria com o grande compositor brasileiro Antônio Carlos Jobim. É uma década de grandes sucessos como Strangers in the Night (1966) e My Way (1969).

Com a ascensão do rock e da Geração de Woodstock, o grande festival de 1969, Sinatra fica em segundo plano. Queixa-se de que "ninguém mais escreve músicas para mim." Ele anuncia a aposentadoria em 1971, mas volta a gravar em 1973. O abuso do cigarro e do álcool tornam sua voz rouca.

Nas últimas duas décadas, Sinatra grava apenas sete álbuns com novas músicas. Faz várias apresentações ao vivo, a última em 1995. Com mais de 1.400 gravações em 50 anos de carreiras, é um dos cantores populares mais importantes da história e um ícone da cultura dos EUA.

MORTE DE B. B. KING

    Em 2015, morre em Las Vegas aos 89 anos o guitarrista e cantor norte-americano B. B. King, o Rei do Blues, um gênero musical que ajuda a desenvolver.

Riley King nasce perto de Itta Ben, no estado do Mississípi, no Sul dos Estados Unidos, em 16 de setembro de 1925. É criado na região do Delta do Mississípi. Sua primeira influência é a música gospel das igrejas da comunidade afro-americana no Sul do país, onde a segregação racial dura até os anos 1960.

Quando trabalha como disc-jockey em Memphis, no Tennessee, ganha o apelido de Blues Boy e vira B. B. King. Seu primeiro sucesso é o disco Three O'Clock Blues, de 1951. A partir daí, ele começa a viajar pelo país com uma banda de até 13 músicos.

Nos anos 1960, guitarristas de rock influenciados por ele o apresentam a plateias brancas. B. B. King se torna uma figura comum nas paradas de sucesso. É um dos primeiros a entrar, em 1980 para o Blues Hall of Fame. Em 1987, ganha um Prêmio Grammy pelo conjunto da obra e entra para o Rock and Roll Hall of Fame. Em Deuces Wild (1997), ele convida músicos como Eric Clapton e Van Morrison para uma fusão de blues, rock, pop e country.

terça-feira, 13 de maio de 2025

Morre Mujica, ex-guerrilheiro que modernizou a esquerda

 O ex-presidente do Uruguai José Pepe Mujica morreu hoje aos 89 de um câncer no esôfago diagnosticado no ano passado. Ex-guerrilheiro que abraçou plenamente a democracia, foi um exemplo de humildade, honestidade e coerência para a modernização da esquerda na América Latina. Criticou os regimes ditatoriais da Nicarágua e da Venezuela. Legalizou o aborto, a maconha e o casamento gay.

José Alberto Mujica Cordano nasceu em Montevidéu em 20 de maio de 1935 numa família de pequenos agricultores. Nos anos 1960, aderiu ao grupo guerrilheiro Movimento de Libertação Nacional os Tupamaros, inspirado pela Revolução Cubana. Foi o único presidente latino-americano que se envolveu diretamente em combate. 

Em 8 de outubro de 1969, participou da Tomada de Pando, quando os tupamaros assumiram o controle da delegacia de polícia, do quartel dos bombeiros e de vários bancos da cidade, situada a cerca de 30 quilômetros da capital.

Mujica foi preso em 1972 como a maioria dos tupamaros, ferozmente perseguidos pela ditadura cívico-militar instalada em 1973. Foi ferido por seis tiros, preso quatro vezes e torturado. Conseguiu fugir duas vezes da prisão de Punta Carretas. Passou 13 anos preso, sete numa solitária. Em entrevista a Pedro Bial, disse que não enlouqueceu na solitária porque "já era um tanto louco". Nunca foi julgado.

Com a redemocratização do Uruguai em 1985, Mujica foi eleito senador em 1989. No primeiro governo da Frente Ampla, de esquerda, de Tabaré Vázquez (2005-10), foi ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca (2005-8). Eleito presidente em 2009, governou o país de 2010 a 2015, tornando-se um exemplo para o mundo.

Como presidente, ganhava 230 mil pesos uruguaios, pouco mais de R$ 22 mil, e doava quase 70% para o partido e para obras sociais, a ponto de ser chamado de "presidente mais pobre do mundo". Não quis morar no palácio. Viveu sempre na sua granja no Rincón del Cerro, na zona rural de Montevidéu, onde cultivava flores e hortaliças. Andava sempre no seu fusquinha.

"Por sorte tenho uma esposa que banca das despesas", declarou na época, num agradecimento à ex-militante e senadora Lucía Topolanski, sua companheira desde os anos 1970.

Depois da Presidência, foi eleito senador por dois mandatos. Deixou o Congresso durante a pandemia da covid-19.

Durante entrevista em 9 de janeiro deste ano, Mujica revelou que mesmo depois de 32 sessões de radioterapia o câncer atingira o fígado, estava morrendo e não daria mais entrevistas. E concluiu: "O guerreiro tem direito a seu descanso."

Algumas frases resumem o pensamento político deste herói da esquerda latino-americana:

"Quando você vai comprar algo, não paga com dinheiro, paga com um tempo de sua vida que teve que gastar para ter esse dinheiro." 

 "O deus mercado organiza a economia, a vida e financia a aparência de felicidade. Parece que nascemos só para consumir e consumir. E quando não podemos, carregamos frustração, pobreza e autoexclusão." 

"Os que comem bem, acham que se gasta demasiado em política social." 

"Os setores proprietários dizem que não se deve dar o peixe, mas ensinar as pessoas a pescar. Mas quando destroçamos seu barco, roubamos sua vara e tiramos seus anzóis, é preciso começar dando-lhes o peixe." 

"A Humanidade precisa trabalhar menos, ter mais tempo livre e ser mais pé no chão."

"Pensávamos que era só chegar ao governo e construir uma sociedade mais justa. Descobrimos que isso é impossível. A verdadeira transformação política deve acontecer de baixo para cima, com a democracia."  ⁠

"Ser de esquerda é ter uma posição filosófica perante a vida onde a solidariedade prevalece sobre o egoísmo." 

"O casamento gay é mais velho do que o mundo. Tivemos de Júlio César a Alexandre, o Grande. Dizem que é moderno e é mais antigo do que todos nós. É uma realidade objetiva. Existe. E não legalizar seria torturar as pessoas desnecessariamente". 

"Me chamam de o presidente mais pobre do mundo, mas eu não sou um presidente pobre. Pessoas pobres são aquelas que sempre precisam de mais, aqueles que nunca têm o suficiente, porque estão num ciclo infinito. Escolhi esse estilo de vida austero, escolhi não ter muitas coisas, para que eu tenha tempo de viver como quero viver." 

"O que uns chamam de crise ecológica é consequência da ambição humana, este é nosso triunfo e nossa derrota." 

⁠"Havia 40 milhões de probabilidades de nascer outro e foi você. Esse é o único milagre que existe lá em cima. Provavelmente viemos do nada e vamos para o nada. É preciso se comprometer com a vida." 

"[A morte] é uma senhora de quem não gostamos, e que não queremos, mas que inevitavelmente vai chegar em algum momento. Portanto, temos que nos resignar. Todos os seres vivos são feitos para lutar pela vida: desde uma erva daninha, um sapo e até nós. Chega-se à conclusão de que isso serve para dar sabor à vida, pois, como dizia o velho Aristóteles: tudo o que a natureza faz é bem feito."