Dezenas de milhares de manifestantes protestaram hoje em 114 cidades da Rússia contra a prisão do líder da oposição, Alexei Navalny, detido no aeroporto em 17 de janeiro quando chegava da Alemanha, onde se tratou depois de uma tentativa de assassinato atribuída à ditadura de Vladimir Putin. Mais de 5 mil manifestantes foram presos, inclusive a advogada de Navalny.
Navalny é o nome que faz Putin tremer. Em pleno inverno russo, de Kaliningrado, no Ocidente, a Vladivostok, no Oceano Pacífico, os manifestas enfrentaram temperatura de até 53 graus negativos em Irkutsk, para exigir a libertação do líder oposicionista. Na capital, foi a mais importante manifestação não autorizada em 20 anos.
Além de gritos pela libertação de Navalny, os manifestantes gritavam "Putin ladrão" numa referência ao filme Um Palácio para Putin, assistido por 71 milhões de pessoas nesta semana. O documentário revela a construção de um palácio presidencial secreto à margem do Mar Negro financiado por "amigos" do presidente.
Em 20 de agosto de 2020, Navalny passou mal num voo quando ia de Tomsk, na Sibéria, para Moscou. Foi salvo por um pouso de emergência em Omsk. Sob pressão internacional, o governo russo autorizou a remoção para a Alemanha, onde os médicos identificaram o agente nervoso Novichok como responsável pelo envenenamento.
Apesar da ameaça de morte, Navalny, um advogado e blogueiro anticorrupção, decidiu voltar à Rússia, onde chegou seis dias atrás. uma arma química desenvolvida na antiga União Soviética. Em 2018, ele foi impedido de se candidatar à Presidência por processos forjados pelo Kremlin.
Ao voltar ao país, foi detido por não ter se apresentado à polícia, condição imposta pela Justiça de Putin. Quando ele foi envenenado, a União Europeia protestou, mas o então presidente americano Donald Trump, apoiado pelo ditador russo, que ajudou em sua eleição em 2016, ficou em silêncio.
Desta vez, foi diferente:"Os Estados Unidos condenam fortemente o uso de táticas agressivas contra manifestantes e jornalistas neste fim de semana", declarou o governo Joe Biden. "O direito dos russos de associação pacífica e de participar de eleições livres e justas está consagrado não apenas na Constituição do país mas também no compromisso da Rússia com a OSCE (Organização sobre Segurança e Cooperação na Europa), na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Convenção Internacional sobre Direitos Civis e Políticos.
"Apelamos às autoridades da Rússia para libertar todos os detidos por exercer seus direitos universais e pela libertação imediata e incondicional de Alexei Navalny. Exigimos que a Rússia coopere com as investigações internacionais sobre o envenenamento e uma explicação sobre o uso de uma arma química em seu território", acrescenta a nota dos EUA.
Se não houver novas sanções à Rússia, Putin não vai hesitar em continuar abusando do poder. No ano passado, o Parlamento da Rússia aprovou uma reforma constitucional feita sob medida pelo ditador. Pela nova legislação, Putin pode reinar no Kremlin até 2036.
Nenhum comentário:
Postar um comentário