O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu hoje ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito para investigar se houve omissão do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, no colapso do sistema de saúde de Manaus, onde vários pacientes da doença do coronavírus de 2019 morreram por falta de oxigênio, noticiou o jornal Estado de São Paulo.
Desde 8 de janeiro, uma semana antes do colapso, o governo Jair Bolsonaro sabia da escassez de oxigênio na capital do Amazonas, mas só começou a entregar oxigênio em 12 de agosto. Dois dias depois, enviou 120 mil comprimidos de hidroxicloroquina, um medicamento inútil no combate à covid-19 apresentado como salvação por Bolsonaro e aliados.
Depois que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) declarou no domingo passado que a cloroquina e a hidroxicloroquina não servem para combater o coronavírus, o general Pazuello teve a cara de pau de dizer que nunca havia recomendado estes medicamentos.
Na verdade, Pazuello foi nomeado ministro depois que dois médicos, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, deixaram o cargo por se negar a usar cloroquina e hidroxicloroquina contra a covid-19 como exigia Bolsonaro.
Os principais responsáveis, o presidente e o governador Wilson Lima, não serão investigados
Em resposta a uma declaração do consório Pfizer-BioNTech de que ofereceu vacinas ao Brasil, o governo Bolsonaro alegou que o contrato "causaria frustração em todos os brasileiros" porque o laboratório só entregaria 2 milhões de doses no primeiro trimestre, "número considerado insuficiente para o Brasil".
Faltam vacinas para a etapa inicial do Plano Nacional de Imunização, enquanto não começa a produção nacional na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Butantã. Os países ricos encomendaram vacinas a laboratórios diferentes.
No Brasil, o governo federal fez negócio com o laboratório AstraZeneca, que desenvolveu uma vacina com a Universidade de Oxford; o governo de São Paulo comprou a vacina chinesa CoronaVac; e os estados da Bahia e do Paraná pretendem receber e fabricar aqui a vacina russa Sputnik-V.
O Brasil tem 14,8 milhões de pessoas entre as prioridades máximas: funcionários de saúde da linha de frente no combate à covid-19, idosos que vivem em asilos e casas geriátricas, os funcionários desses lares para idosos, os maiores de 80 anos, os indígenas, os quilombolas e os ribeirinhos. Cada pessoa precisa de duas doses e o país tem apenas 12,8 milhões de doses.
Se incluir as pessoas com comorbidades, quem tem 60 anos ou mais, os deficientes, as Forças Armadas, as forças de segurança, os trabalhadores na educação, na indústria e no setor de transportes, os moradores de rua e os presos, o total de "prioridades" chega a 77,2 milhões, 37% da população Brasil.
Neste sábado, foram notificadas mais 1.176 mortes e 60.980 casos novos. Até agora, o Brasil registrou 216.475 mortes e 8.816.113 casos confirmados da covid-19.
Mais de 70 milhões de doses foram aplicadas até agora no mundo, sendo 573 mil no Brasil. Cerca de 4,85 milhões de pessoas já receberam as duas doses necessárias à imunização contra o novo coronavírus.
No mundo inteiro, já são 98.701.470 casos confirmados e 2.118.808 mortes. Mais de 71 milhões de pacientes se recuperaram, mais de 25,5 milhões apresentam sintomas leves e 110.663 estão em estado grave.
Com mais 3.734 mortes e 192 mil casos novos no dia 22, os Estados Unidos chegaram a 25 milhões de casos confirmados, 7,6% da população, e 417.394 mortes. O presidente Joe Biden previu que o total de mortes deve passar de 600 mil.
Há um ano, Wuhan, na China, origem da pandemia, entrou em quarentena. Cerca de 11 milhões de pessoas foram confinadas. Durante 76 dias, só puderam sair de casa para comprar comida ou trabalhar em serviços essenciais. A China enfrenta hoje um novo surto na província de Hebei, mas conseguiu erradicar a doença em Wuhan, capital da província de Hubei.
Os países asiáticos, que tinham a experiência da epidemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) em 2002-3, adotaram uma estratégia de erradicação do vírus, de combater todos os focos até acabar com a incidência da doença. Na Europa e na América, houve tentativas de mitigação da covid-19 que não deram certo.
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