Pouco depois que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial das vacinas chinesa CoronaVac e sueco-britânica da Universidade de Oxford e do laboratório AstraZeneca, a enfermeira Monica Calazans, do Hospital Emílio Ribas, foi a primeira pessoa do Brasil a ser vacinada contra a doença do coronavírus de 2019. Ela foi voluntária da última fase de testes.
De folga no Rio de Janeiro, onde não tinha nenhum compromisso oficial, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, chamou a iniciativa de jogada de marketing do governador João Doria e insistiu que todas as vacinas chinesas importadas pelo Instituto Butantã deveriam ter sido entregues ao governo federal.
Doria acusou o ministro de mentir e negou ter recebido sequer um centavo do governo federal para comprar as 6 milhões de doses da vacina da companhia chinesa SinoVac: "Neste momento, o ministro da Saúde protesta contra a vacina. É inacreditável. Devia estar grato. Estou atônito com as declarações do ministro Eduardo Pazuello. Não há um centavo até agora do governo federal no desenvolvimento da vacina de São Paulo. É inacreditável o que estamos vivendo no Brasil. Chega de mentira."
O governador paulista, alegando não confiar no governo Jair Bolsonaro, também anunciou o envio de 50 mil doses de vacinas para os profissionais de saúde do Amazonas, que enfrentam uma situação trágica, especialmente em Manaus.
Em outra estocada no governo Bolsonaro, o diretor do Butantã, Dimas Covas, afirmou que a função do setor de saúde é salvar vidas e não enviar as vacinas para Brasília para depois serem reenviadas para São Paulo. A procuradora-geral do estado, Lia Porto, afirmou que foram cumpridas todas as regras do contrato assinado com as autoridades federais.
As 4.636.936 doses que cabem a outrs estados foram entregues domingo à tarde num galpão do Ministério da Saúde no Aeroporto e Guarulhos. São Paulo ficou com 1.357.640 doses.
Na entrevista coletiva do governo paulista, o infectologista Sérgio Cimerman, do Hospital Emílio Ribas, revelou ter "sofrido ameaças morte constantes parte parte de negacionistas. (...) Não só eu como todos os diretores da Sociedade Brasileira de Infectologia que não apoiamos cloroquina, ivermectina e tratamento precoce. Com ameaças de morte ou não, continuaremos com a luta que é da ciência."
Mais de 43 milhões de pessoas foram vacinadas até agora em 50 países, 112 no Brasil.
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