segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Hoje na História do Mundo: 6 de Janeiro

 DIA DOS REIS MAGOS

    No século 4 depois de Cristo, os cristãos do Ocidente, que festejam o nascimento de Jesus desde 354, passam a comemorar nesta data a visita dos Reis Magos, enquanto os cristãos ortodoxos celebram o nascimento de Jesus, o batismo de Jesus por São João Batista e seu primeiro milagre.

A tradição nos países de língua espanhola é dar presentes no Dia dos Reis porque foram eles que levaram presentes ao Menino Jesus. O período entre 25 de dezembro e 6 de janeiro é conhecido como os 12 dias do Natal. 

ERA DAS TELECOMUNICAÇÕES 

    Em 1838, Samuel Morse apresenta em Morristown, no estado de Nova Jérsei, o telégrafo, uma invenção que usa estímulos elétricos para transmitir mensagens codificadas por cabo e inicia uma revolução nas comunicações ao criar as telecomunicações.

Samuel Finley Breese Morse nasce em  Charlestown em 27 de abril de 1791 numa família protestante puritana. Ele estuda na Academia Phillips e na Universidade de Yale. Torna-se pintor, físico e inventor. Desde os 14 anos, se interesse pela eletricidade. Fabrica o primeiro telégrafo em 1832.

Outra grande invenção é o Código Morse (1839), a linguagem do telégrafo, uma combinação de traços, pontos e pausas para transmitir mensagens telegráficas.

QUATRO LIBERDADES

    Em 1941, no Discurso sobre o Estado da União, antevendo a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, o presidente Franklin Delano Roosevelt apresenta sua visão sobre os objetivos políticos e sociais do país ao falar em quatro liberdades: liberdade de expressão, liberdade religiosa, liberdade de não passar necessidades e liberdade de viver sem medo.

Com a guerra na Europa, na África e na Europa, Roosevelt percebe que mais cedo ou mais tarde os EUA entrarão na guerra e prepara o povo norte-americano para romper a política de não intervencionismo. O discurso termina com uma promessa e aspiração: "Devemos ser o grande arsenal da democracia."

Os EUA entraram na guerra 11 meses depois, com o ataque japonês à Frota do Pacífico, estacionada em Pearl Harbor, no Havaí, em 7 de dezembro de 1941.

As quatro liberdades estão implícitas na Carta das Nações Unidas, aprovada em 26 de junho de 1945 em São Francisco da Califórnia, a na Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela ONU em Nova York em 10 de dezembro de 1948. Eleanor Roosevelt, a viúva de FDR, preside a comissão de redação.

ASSALTO AO CAPITÓLIO

    Em 2021, partidários do presidente Donald Trump invadem a sede do Congresso dos Estados Unidos para tentar impedir a certificação da vitória de Joe Biden.

Trump não reconhece a derrota na eleição de 3 de novembro de 2020. Proclama sua própria vitória na noite da votação, quando o resultado ainda está indefinido, principalmente por causa do grande número de votos enviados pelo correio por causa da pandemia.

Biden vence com 81.283.501 votos (51,3%) contra 74.223.975 votos (46,8%) para Trump no voto popular e por 306 a 232 no Colégio Eleitoral.

A invasão do Congresso acontece pouco depois de um comício em que o presidente derrotado incita seus seguidores a marchar até o Capitólio para impedir o último ato para confirmar a vitória da oposição.

Durante 3 horas e 7 minutos, Trump assiste à insurreição pela TV antes de pedir a seus partidários que voltem para casa. Cinco pessoas morrem. Desde então, mais de 1.200 pessoas foram processadas e mais de 900 condenadas pelo ataque ao Congresso.

A comissão especial da Câmara dos Representantes que investiga a revolta dos trumpistas acusa o agora ex-presidente de quatro crimes:

• obstrução de um procedimento oficial do Congresso, a certificação da vitória de Joe Biden e Kamala Harris na eleição de 3 de novembro de 2020;

• conspiração para fraudar os EUA ao tentar anular o resultado da eleição;

• incitar, auxiliar, ajudar ou proteger uma insurreição;

• e conspiração para fazer declarações falsas.

Como não tem poder para indiciar Trump, os deputados encaminharam o relatório ao Departamento da Justiça, que faz sua própria investigação. 

O procurador especial Jack Smith denuncia Trump em 1º de agosto de 2023 com quatro acusações:

• conspiração para fraudar os EUA pelos esforços repetidos para divulgar falsas alegações de fraude na eleição presidencial de 2020 mesmo sabendo que não era verdade e por tentar ilegalmente anular votos legítimos com o objetivo de mudar o resultado da eleição;

• conspiração para obstruir um procedimento oficial, a certificação da vitória de Biden pelo Congresso em 6 de janeiro de 2021;

• obstrução e tentativa de obstruir um procedimento oficial depois da eleição de 3 de novembro 2020 até 7 de janeiro de 2021 para bloquear a certificação da vitória de Biden:

• e conspiração contra direitos por "oprimir, ameaçar e intimidar" o direito de voto do cidadão numa eleição.

Ao todo, Trump enfrenta 91 acusações em quatro processos criminais. É condenado pela Justiça de Nova York por 34 acusações de fraude e falsificação de documentos para encobrir um pagamento de US$ 130 mil para comprar o silêncio da atriz pornô Stormy Daniels, com que teve um caso. O juiz deve sentenciá-lo em 10 de janeiro de 2024. Como Trump foi reeleito presidente, não corre risco de ser preso, mas deve ficar com a condenação.

Os dois processos movidos na Justiça Federal pelo procurador especial devem ser arquivados, e a promotora do processo por tentar fraudar a eleição no estado da Geórgia foi afastada do caso. Assim, a vitória nas urnas na prática garante impunidade do único presidente dos EUA que não aceita a derrota e tenta dar um golpe para ficar no poder.

domingo, 5 de janeiro de 2025

2024 foi o ano de votar contra o governo

Mais da metade da população mundial pôde votar em 2024, o maior ano eleitoral da história. Houve eleições em 74 países. Em 80% dessas votações, os partidos de governos foram punidos pelos eleitores. Alguns governos sobreviventes perderam a maioria absoluta.

A eleição mais importante foi nos Estados Unidos, com a vitória de Donald Trump mesmo depois de ser condenado criminalmente por fraude e falsificação, e de ser acusado de fascista por historiadores eminentes. A extrema direita também avançou na Europa e a instabilidade política abala a Alemanha e a França, eixo central da União Europeia.

Com as vitórias sobre os grupos terroristas Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e Hesbolá (Partido de Deus), e a queda ditador sírio Bachar Assad, Israel se tornou uma superpotência regional no Oriente Médio. Pela primeira vez depois de décadas de guerra indireta, o Irã bombardeou Israel, que contra-atacou destruindo as defesas antiaéreas da República Islâmica, que está mais vulnerável do que nunca.

A Ucrânia entrou na província de Kursk, na primeira invasão do território da Rússia desde a Segunda Guerra Mundial (1939-45), mas a Rússia avança lentamente no Leste da Ucrânia. Está mais perto da vitória numa guerra cada vez mais insustentável para a Ucrânia.

O aumento da tensão geopolítica e o enfraquecimento da liderança do Ocidente com a reeleição de Trump e o declínio da Europa abalam a cooperação internacional, como ficou evidente com o fracasso da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CoP-29), realizada em Baku, no Azerbaijão.

Hoje na História do Mundo: 5 de Janeiro

 GOLDEN GATE

    Em 1933, começa a construção da Golden Gate Bridge, a ponte que é o símbolo da cidade de São Francisco da Califórnia, na época a maior e mais alta ponte pênsil do mundo.

A obra termina em 1937, ligando São Francisco ao Condado de Marin. Onze operários morrem na construção. A ponte tem 1.280 metros de comprimento. Fica suspensa por cabos ligados a torres de 227 metros. No meio, fica a 81 metros acima do nível do mar. Por ela passam a autoestrada federal 101 e Rodovia nº 1 da Califórnia, a Estrada do Pacífico.

COMEÇA PRIMAVERA DE PRAGA

    Em 1968, o reformista Alexander Dubcek assume a liderança do Partido Comunista da Tcheco-Eslováquia e dá início à Primavera de Praga, uma tentativa de liberalização do regime para criar "um socialismo com face humana" que acaba em 20 de agosto com uma invasão do país pelas tropas do Pacto de Varsóvia.

Dubcek nasce em 27 de novembro de 1921 em Uhrovec, na Eslováquia. Seu pai é um operário que emigra para a União Soviética, onde ele é educado. A família volta à Tcheco-Eslováquia em 1938. No ano seguinte, Dubcek entra para o Partido Comunista e começa a Segunda Guerra Mundial (1939-45). Ele luta na resistência contra a Alemanha Nazista e lidera o levante nacionalista eslovaco em 1944  1945.

Em 1949, Dubcek é nomeado secretário do partido em Trencin. Ele entra para o Comitê Central do PC em 1951 e é eleito deputado da Assembleia Nacional. Em 1963, se torna o primeiro secretário do partido na Eslováquia, derrotando aliados do líder nacional do PC, o stalinista Alexander Novotny. Em janeiro de 1968, ele substitui o próprio Novotny e inicia um processo de liberalização do comunismo.

THE BOSS

    Em 1973, o roqueiro norte-americano Bruce Springsteen lança seu primeiro álbum, Greetings from Asbury Park, N.J.

Bruce nasce em 23 de setembro de 1949, em Freehold, Nova Jérsei. Depois de tocar em bandas de bar, passa a compor em 1972. É descoberto para produtor e caçador de talentos John Hammond, que lançara Bob Dylan. É contratado pela Columbia Records e grava seu primeiro LP. Mais tarde, estoura e fica conhecido como The Boss (O Chefe).

sábado, 4 de janeiro de 2025

Hoje na História do Mundo: 4 de Janeiro

 INDEPENDÊNCIA DA BIRMÂNIA

    Em 1948, a Birmânia, o país mais ao norte do Sudeste Asiático, conquista formalmente a independência do Império Britânico, concluindo a transferência de poder negociada em 1947 entre o líder birmanês Aung San e o primeiro-ministro do Reino Unido, Clement Atlee.

A região é habitada desde a pré-história. No primeiro milênio da Era Cristã, é uma rota de passagem entre a China e Índia. Tem uma forte influência da cultura indiana. O budismo chega no século 9 e se torna a religião dominante no século 11.

O Império Mongol conquista o que hoje é a Birmânia do início do século 13 ao fim do século 14.. No século 16, o rei Tabinshweti e o filho conseguem unificar o país com a ajuda dos portugueses. Em 1599, o Reino de Pegu passa a fazer parte do Império Português.

Na dinastia criada por Alaungpaya, o reino de expande para o Oeste e entra em conflito com a Companhia das Índias Ocidentais, que toma Bengala em 1757 a serviço do Império Britânico. Depois das guerras de 1824-26, 1852 e 1885, os britânicos colonizam o país e dão o nome de Birmânia.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Império do Japão domina a Birmânia. Com o fim da guerra, os países do Sudeste Asiático conquistam a independência.

A Birmânia é um país relativamente próspero até 1962, quando o general Ne Win e dá um golpe e socializa a maior parte da economia do país, iniciando uma era de domínio dos militares que continua até hoje.

Em 1989, a ditadura militar rebatiza o país como União de Mianmar. Um breve período de redemocratização começa em 2011 sob a liderança de Aung San Suu Kyi, filha do líder da independência que passa anos em prisão domiciliar e ganha o Prêmio Nobel da Paz em 1991. 

Como conselheira do Estado a partir de 6 de abril de 2016, Suu Kyi chefia o governo como uma espécie de primeira-ministra até o golpe militar de 1º de fevereiro de 2021, quando ela e o presidente Win Myint são presos. Desde então, Mianmar está em guerra civil, um dos piores conflitos hoje no mundo.

GRANDE SOCIEDADE

    Em 1965, no Discurso sobre o Estado da União, o presidente Lyndon Johnson lança o programa social Grande Sociedade. 

Depois do assassinato do presidente John Kennedy, em 22 de novembro de 1963, Johnson assume o cargo e é eleito em 1964 com votação recorde no voto popular. 

No discurso, a prestação anual de contas do presidente dos Estados Unidos ao Congresso, ele anuncia a criação dos programas de saúde Medicaid (para pobres) e Medicare (para idosos), a Lei de Direitos Civis, a Lei do Direito de Voto e o Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano.

Com a Lei de Oportunidade Econômica, Johnson declara guerra à pobreza com políticas de educação infantil e de emprego.

Apesar do projeto Grande Sociedade, Johnson se tornou extremamente impopular com o envolvimento direto dos EUA na Guerra do Vietnã (1964-73) e não se candidatou à reeleição em 1968.

NIXON NÃO ENTREGA FITAS

    Em 1974, o presidente Richard Nixon (1969-74) se recusa a entregar documentos da Casa Branca pedidos pela comissão do Senado que investiga o Escândalo de Watergate, a invasão de sede do Partido Democrata em Washington em 17 de junho de 1972 pelo grupo de encanadores da Casa Branca para instalar equipamentos de espionagem. 

É o início do fim de seu governo. O caso vai até a Suprema Corte, que manda o presidente entregar as fitas, que revelam obstrução de justiça. Nixon renuncia sete meses depois, em 9 de agosto. 

PRIMEIRA PRESIDENTE DA CÂMARA

    Em 2007, com a retomada do controle da Câmara dos Representantes pelo Partido Democrata, a deputada californiana Nancy Pelosi é a primeira mulher a presidir a casa legislativa. É a única mulher a presidir a Câmara até hoje.

"É um momento histórico para o Congresso e para a mulher neste país, um momento que estamos esperando há 200 anos", declarou Pelosi. "Para nossas filhas e neta, quebramos o teto de mármore. Para nossas filhas e netas, o céu é o limite. Tudo é possível para elas."

Nancy Pelosi começa a carreira política 20 anos antes como deputada federal. Entra para a liderança do Partido Democrata em 2001 e se torna líder na Câmara em 2003. Ela preside a Câmara dos Representantes de 2007-11 e 2019-23.

EDIFÍCIO MAIS ALTO DO MUNDO

    Em 2010, o emirado árabe de Dubai inaugura o edifício mais alto do mundo, Burj Khalifa, a Torre do Califa, com 828 metros e 160 andares, um projeto de US$ 1,5 bilhão.

O edifício faz parte de um complexo industrial e comercial com área de dois quilômetros quadrados no Centro de Dubai. A obra, realizada pela empresa sul-coreana Samsung Engenharia & Construções, começa em 21 de setembro de 2004. O preço inicial do metro quadrado das salas para escritórios é de US$ 43 mil.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Hoje na História do Mundo: 3 de Janeiro

 MARTINHO LUTERO EXCOMUNGADO

    Em 1521, o Papa Leão X excomunga o monge alemão que questiona as práticas da Igreja Católica e inicia a Reforma Protestante.

Lutero nasce em Eisleben, na Saxônia, hoje parte da Alemanha, em 10 de novembro de 1483. Na primavera de 1488, ele começa seus estudos na Escola Latina de Mansfield, onde aprende latim e tem os primeiros ensinamentos religiosos. Vai para Magdeburgo, em 1497. Em 1501, entra para a Universidade de Erfurt, onde se forma bacharel em artes liberais no ano seguinte. Três anos depois, conclui um mestrado.

Por influência do pai, começa a estudar direito. Menos de seis semanas depois, em 17 de julho de 1505, abandona o curso e entra para o Mosteiro da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, em Erfurt, que obriga a fazer voto de pobreza.

Lutero começa a fazer doutorado em teologia em Erfurt e Wittenberg. Interrompe os estudos ao ser nomeado pelo Papa Júlio II observador da ordem dos agostinianos alemães em Roma. A experiência romana o marca profundamente. Ele vê uma falta de espiritualidade no coração da Igreja Católica. De volta a Wittenberg, conclui o doutorado em teologia em 1512 e se torna professor.

Quando vê o frei dominicano Johann Tetzel aconselhar fiéis a comprar uma carta de indulgência para espiar seus pecados, Lutero faz uma série de proposições para provocar um debate acadêmico sobre a venda de indulgências e envia cópia a Albert, Arcebispo de Mogúncia.

Em 21 de outubro de 1517, prega um texto com suas 95 teses na porta da catedral do Castelo de Wittenberg. Ele critica o poder do papa e protesta contra o comércio de indulgências. 

Na Tese 86, pergunta: "Por que o Papa, cuja riqueza hoje é maior do que a do milionário Crasso [o homem mais rico da Roma Antiga], não constrói a Basílica de São Pedro com seu próprio dinheiro e, sim, com o de crentes pobres?"

Um de seus adversários no debate é o Cardel Cajetan, que acusa Lutero de negar que a Igreja tenha o poder de distribuir o infinito "tesouro de méritos". O primeiro exame das alegações pela Cúria Romana conclui que as teses de Lutero são "escandalosas e ofensivas a ouvidos pios", mas não heréticas.

No segundo exame, em 15 de junho de 1520, uma bula do Papa Leão X afirma que 41 frases de Lutero são "heréticas, escandalosas e ofensivas a ouvidos pios". O monge rebelde responde com um texto intitulado Contra a Bula Execrável do Anticristo. Em 10 de dezembro de 1520, vai até uma fogueira acesa por seus alunos e joga a bula papal no fogo.

MUSSOLINI DITADOR

    Em 1925, o líder fascista Benito Mussolini se autoproclama ditador da Itália. 


 Filho de um ferreiro, Benito Amilcare Andrea Mussolini nasce em 29 de julho 1883 em Predápio e se apresenta como "um homem do povo". Desde criança, é desobediente, rebelde e agressivo. Brigão, é expulso da escola depois de esfaquear um colega.

Inteligente, bom orador e leitor voraz, estuda Kant, Spinoza, Nietzsche, Hegel e Kautsky. Entra para o Partido Socialista e vira editor do jornal Avanti!, cuja circulação dobra. Antimilitarista e anti-imperialista, opõe-se à participação da Itália na Primeira Guerra Mundial (1914-18).

Com base na ideia de Karl Marx de que a guerra levaria à revolução, muda de ideia e passa a fazer propaganda de guerra. Expulso do PS, vira editor do jornal Il Populo di Italia e lança o slogan: "Viva a Itália!", que seria o grito de guerra do fascismo.

Em fevereiro de 1918, defende a ditadura de "um homem suficientemente enérgico e implacável para uma varredura e uma limpeza total". No ano seguinte, funda o Partido Nacional Fascista e chama suas forças, os camisas pretas, de fasci di combattimento.

No fim de 1921, os fascistas dominam grande parte da Itália enquanto as esquerdas entram em colapso. Com a leniência do governo liberal, os fascistas montam uma ampla base de apoio ultranacionalista e anticomunista. Mussolini prepara o assalto ao poder.

Um dia depois da Marcha sobre Roma, em 29 de outubro de 1922, o rei Vítor Emanuel III convida Mussolini para formar o governo. 

Em 10 de junho de 1924, o deputado socialista Giacomo Mateotti é morto depois de fazer discursos e lançar o livro Os Fascistas Expostos: um ano de dominação fascista. No início de 1925, Mussolini adquire poderes absolutos.

Sob o regime fascista, a Itália invade a Etiópia em 1935 e se alia à Alemanha de Adolf Hitler para formar o Eixo, derrotado na Segunda Guerra Mundial. Mussolini é deposto depois da invasão dos aliados à Itália em 1943, preso e libertado pelos nazistas, que criam a República Social Italiana na parte do Norte da Itália que dominam.

Com a derrota final, é morto pela resistência italiana em 28 de abril de 1945.

ALASCA VIRA ESTADO

    Em 1959, o Alasca se torna o 49º estado dos Estados Unidos.

O Alasca é habitado desde 10 mil anos antes de Cristo. Durante a Era Glacial, o Mar de Bering era mais baixo. Uma ponte terrestre ligava a Sibéria à América. Por lá o homem chega ao continente americano.

A Rússia implanta a primeira colônia europeia em 1784 na Baía dos Três Santos. Depois da Guerra da Crimeia (1853-56), a Rússia mostra interesse em vender o Alasca aos EUA. O negócio é defendido pelo secretário de Estado, William Seward, que enfrenta forte oposição por se tratar de um deserto gelado.

Seward oferece US$ 7,2 milhões e os EUA assumem o controle do território em 18 de outubro de 1867. O negócio é chamado de "loucura de Seward". 

A descoberta de ouro no Território de Yukon, no Canadá, em 16 de agosto de 1896 deflagra uma corrida do ouro que inclui o Alasca. Cerca de 100 mil garimpeiros vão para a região. A "loucura de Seward" se paga com alto lucro.

FIDEL EXCOMUNGADO

    Em 1962, o Papa João XXIII excomunga o primeiro-ministro Fidel Castro por impor o regime comunista a Cuba.

Fidel Castro Ruz nasce em Birán, em Cuba, em 13 de agosto de 1926. Filho de um fazendeiro rico, adere a ideias anti-imperialistas quando estuda direito na Universidade de Havana.

Depois de participar de rebeliões contra governos de direita na Colômbia e na República Dominicana, lidera a primeira rebelião em Cuba com o assalto ao Quartel de Moncada, em Santiago de Cuba, em 26 de julho de 1953. É preso e condenado a 15 anos de prisão. No julgamento, diz: "A história me absolverá."

Anistiado em 1955, foge para o México. Volta em 2 de dezembro de 1956 a bordo do iata Granma com um grupo de 83 homens que inclui seu irmão Raúl Castro, Camilo Cienfuegos e o médico argentino Ernesto Che Guevara. Eles iniciam uma guerrilha na Sierra Maestra que toma o poder em Havana em 1º de janeiro de 1959.

Na Segunda Declaração de Havana, em dezembro de 1961, Fidel proclama o caráter marxista-leninista da Revolução Cubana e convoca a América Latina a se rebelar.

GEN. NORIEGA SE RENDE

    Em 1990, depois de 10 dias de uma guerra psicológica que inclui música de grandes alto-falantes em volume máximo tocando rock and roll heavy metal diante da Embaixada do Vaticano, onde está refugiado, o general Manuel Noriega se rende as forças dos Estados Unidos que invadem o Panamá em 20 de dezembro de 1989 na Operação Justa Causa.

Noriega nasce na Cidade do Panamá em 11 de fevereiro de 1934. Estuda na Academia Militar de Chorrillos e na Escolas das Américas, a escola de ditadores latino-americanos instalada na Zona do Canal do Panamá, um enclave norte-americano no país.

Quando o coronel Omar Torrijos derruba o presidente Arnulfo Arias, em 1968, nomeia Noriega para chefe do serviço secreto.

 Como chefe da inteligência do Panamá, Noriega vira agente da CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA) em 1971 e distribui armas para grupos paramilitares apoiados pelos EUA na América Latina. Com a morte de Torrijos, em 1981, ele consolida o poder e se torna comandante militar e ditador em 1983.

Os EUA se voltam contra ele após a morte brutal do líder guerrilheiro Hugo Spadafora, que lutara ao lado da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) na Revolução Nicaraguense. Acusado de extorsão e de cooperar com as máfias colombianas do tráfico de drogas, passa a ser alvo dos EUA.

Em 1988, Noriega é denunciado nos EUA por extorsão, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Preso na invasão do Panamá, é condenado a 40 anos de prisão. Cumpre 17 anos. A pena acaba em 2007, mas ele é extraditado para a França em 2010 e condenado a sete anos de reclusão por lavagem de dinheiro. 

A França o extradita para o Panamá, onde fica preso pelos crimes cometidos quando ditador até morrer de câncer no cérebro em 29 de maio de 2017.

COMANDANTE IRIANIANO ELIMINADO

    Em 2020, um míssil disparado pelos Estados Unidos perto do aeroporto de Bagdá, no Iraque, mata o general Kassem Suleimani, comandante da Força Quds, braço da Guarda Revolucionária Iraniana para ações no exterior, o general mais importante do Irã, principal operador da política externa da República Islâmica no Oriente Médio, responsável por mais de 60 milícias.

Suleimani nasce em 11 de março de 1957 na Província de Carmânia, no Irã. Começa sua carreira militar na Guerra Irã-Iraque (1980-88), quando morreram um milhão de muçulmanos, onde chega a comandar a 41ª Divisão de Exército. Depois, passa a comandar ações do Irã no exterior, inclusive nas revoltas de curdos e xiitas contra o ditador iraquiano Saddam Hussein.

Durante a guerra civil da Síria, a partir de 2012, ele ajuda diretamente a ditadura de Bachar Assad a resistir aos grupos rebeldes sunitas. Coordena a luta de milícia xiitas contra a organização terrorista Estado Islâmico.

O bombardeio que o mata, autorizado pelo presidente Donald Trump (2017-21), é uma resposta a um ataque de uma milícia xiita iraquiana à Embaixada dos EUA em Bagdá. 

Poucos mais de um ano atrás, a Guarda Revolucionária Iraniana declara que o ataque terrorista de 7 de outubro a Israel é uma resposta à morte de Suleimani porque a inteligência de Israel teria orientado os EUA. O grupo terrorista Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) nega. Afirma que é uma ação palestina contra a ocupação israelense.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Hoje na História do Mundo: 2 de Janeiro

RECONQUISTA DA PENÍNSULA IBÉRICA

    Em 1492, com a queda de Granada, é o fim do Império Andaluz e da reconquista da Espanha, sob a liderança dos reis católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela, que patrocinam a viagem de Cristóvão Colombo para descobrir a América para os europeus, iniciada em 3 de agosto do mesmo ano.

Os árabes invadem a Península Ibérica em 711 e avançam pela Europa até serem derrotados pelo rei franco Carlos Martel em 732 na Batalha de Poitiers.

Durante séculos, os muçulmanos dominam a Península Ibérica com o Império Andaluz. Portugal e Espanha são frutos da Reconquista.

GUERRA RUSSO-JAPONESA

    Em 1905, a Rússia se rende em Port Arthur, hoje parte da cidade de Dalian, na China, durante a Guerra Russo-Japonesa (1904-5).

A guerra contém a expansão da Rússia, que assume o controle da Sibéria no século 17 e tenta avançar rumo ao sul e dominar a Manchúria e a Coreia. Termina em 5 de setembro de 1905 a vitória do Japão. 

A derrota deflagra a Revolução de 1905 na Rússia, precursora das revoluções de 1917, que acabam com o regime monárquico e implantam o comunismo.

FIM DA DÉTENTE

    Em 1980, o presidente Jimmy Carter reage à invasão da União Soviética ao Afeganistão dizendo ao Congresso dos Estados Unidos para suspender o debate sobre a ratificação do Segundo Tratado de Limitação de Armas Estratégicas (SALT-2) e retira o embaixador norte-americano em Moscou, acabando com o degelo na Guerra Fria iniciado com as viagens do presidente Richard Nixon à China e à URSS, em 1972.

É o início da Segunda Guerra Fria, que vai até a ascensão de Mikhail Gorbachev à Secretaria-Geral do Partido Comunista da URSS, em 11 março de 1985.

Como a URSS se nega a se retirar, Carter suspende as exportações de grãos e de alta tecnologia, e decide boicotar a Olimpíada de Moscou, em 1980.

No governo Ronald Reagan, em aliança com a Arábia Saudita, a China e os Paquistão, os EUA armam um exército guerrilheiro muçulmano para fazer do Afeganistão o Vietnã da URSS. Os soviéticos se retiram em 1989, depois de perderem 15 mil homens. 

Os mujahedin, os árabes afegãos, criam em 1988 a rede terrorista Al Caeda, sob a liderança do saudita Ossama ben Laden e do egípcio Ayman al-Zawahiri, que ataca os EUA nos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Hoje na História do Mundo: 1º de Janeiro

 CALENDÁRIO JULIANO

    Em 45 antes de Cristo, pela primeira vez, o início do ano é festejado em 1º de janeiro, com a entrada em vigor do Calendário Juliano, imposto pelo general romano Caio Júlio César, que se torna um ditador.

César contrata Sossígenes, um astrônomo de Alexandria que o convence a abandonar o antigo calendário lunar romano, adotado no século 7 AC, e usar um calendário solar. Ele calcula que o ano tem 365 dias e um quarto.

INDEPENDÊNCIA DO HAITI

    Em 1803, dois meses depois da derrota as forças coloniais de Napoleão Bonaparte, Jean-Jacques Dessaline declara a independência de São Domingos e rebatiza o país com o antigo nome arauaque, Haiti.


EMANCIPAÇÃO DOS ESCRAVOS

    Em 1863, durante a Guerra da Secessão (1861-65), o presidente Abraham Lincoln faz a Proclamação de Emancipação declarando como livres os escravos dos estados confederados do Sul, na expectativa de que se alistem em massa no Exército da União, deixando o Sul sem mão de obra nem soldados.


Lincoln é eleito em 1860 com a oposição dos estados escravistas do Sul. Antes da posse, a Carolina do Sul, a Flórida, o Alabama, a Geórgia, a Louisiana e o Texas se rebelam e formam os Estados Confederados da América com o objetivo de fundar um novo país.

A Guerra da Secessão começa em 12 de abril de 1861. A Proclamação de Emancipação liberta os escravos do Sul. A 13ª Emenda à Constituição dos EUA é aprovada pelo Senado em 8 de abril de 1864 e pela Câmara em 31 de janeiro de 1865. Entra em vigor em 6 de dezembro de 1865.

Mais de 180 mil negros se alistam para a guerra contra a divisão do país e a escravidão. Lincoln vai à guerra para manter a União. A proclamação transforma a Guerra da Secessão numa luta contra a escravidão.

Lincoln é baleado em 14 de abril de 1965 e morre no dia seguinte, seis dias após o fim da guerra civil. Quatro presidentes dos EUA são assassinados no exercício do cargo. Lincoln é o primeiro.

REVOLUÇÃO EM CUBA

    Em 1959, os rebeldes liderados por Fidel Castro entram em Havana depois da fuga do ditador Fulgencio Batista, consolidando a vitória da Revolução Cubana. Fidel chega em 7 de janeiro.


Batista, ditador de 1933 a 1944, retoma o poder num golpe em 10 de março de 1952 e instaura uma ditadura corrupta e cruel, acusada por 20 mil mortes. 

Fidel ataca o Quartel de Moncada, em Santiago de Cuba, em 26 de julho de 1953. Preso e condenado, afirma no julgamento que "a história me absolverá". Soltos em 15 de maio de 1955, Fidel e Raúl Castro fogem para o México temendo ser presos. 

Depois de comprar o velho iate Granma, Fidel parte de Veracruz, no México, para Cuba com 81 revolucionários em 25 de novembro de 1956. Eles se refugiam na Sierra Maestra, onde recebem o apoio de voluntários e formam um exército guerrilheiro de 200 homens.

Fidel divide o exército em três, com uma coluna comandada por ele, outra por Raúl e a terceira por Ernesto Che Guevara de la Serna, um médico argentino que os irmãos Castro conheceram no México.

A ditadura de Batista responde com prisões em massa, tortura e execuções sumárias. Com a fuga do ditador, os revolucionários entram em Havana em 1º de janeiro de 1959.

NAFTA EM VIGOR

    Em 1994, entra em vigor o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), entre Estados Unidos, Canadá e México.

No mesmo dia, começa a revolta da Exército Zapatista de Libertação Nacional em Chiapas, no Sul do México, a região que menos se beneficia. 

No Norte do país, instalam-se várias empresas, os chamadas maquiadoras, que simplesmente montam produtos feitos com peças e componentes importados. A participação dos EUA no comércio exterior mexicano passa de 77% para mais de 80%.

O presidente Donald Trump renegocia o acordo, que passa a se chamar Acordo EUA-México-Canadá com atualizações em setores onde há grandes mudanças, como tecnologia da informação, mas sem mudanças substanciais.

EURO EM CIRCULAÇÃO

    Em 2002, moedas e notas do euro, a moeda comum criada pela união monetária europeia, entram em circulação em 12 dos 15 países da União Europeia na época: Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos e Portugal. A Dinamarca, o Reino Unido e a Suécia não aderem. A partir de março, se torna a moeda única dos países participantes.


O euro é resultado do Tratado de Maastricht, de 1991, que cria a União das Comunidades Europeias ou União Europeia, sucessora da Comunidade Econômica Europeia, fundada pelo Tratado de Roma, de 1957, para garantir a paz e a prosperidade na Europa.

O Tratado de Maastricht prevê a união monetária e econômica para profundar a integração do continente. Para participar, os países-membros precisam adotar medidas de convergência econômica: câmbio estável, déficit público de no máximo 3% do produto interno bruto, dívida pública de no máximo 60% do PIB, inflação de no máximo 1,5 ponto percentual acima das três menores taxas da Zona do Euro.

Apesar de Itália e Bélgica terem dívidas de 120% do PIB, a Comissão Europeia recomenda sua participação sob o argumento de que esses dois país estão tomando medidas para reduzir a relação dívida/PIB. Hoje, 20 países fazem parte da Zona do Euro: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Croácia, Eslováquia, Eslovênia Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos e Portugal. 

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 31 de Dezembro

 COMPANHIA DAS ÍNDIAS ORIENTAIS

    Em 1600, a Companhia das Índias Orientais recebe uma carta real para explorar o comércio com o Sul, o Sudeste e o Leste da Ásia, tornando-se uma ponta de lança do imperialismo inglês e depois britânico. Talvez seja a empresa transnacional mais poderosa da história. Tem seu próprio exército e governa parte da Índia para o Império Britânico durante um século.

O comércio com a Ásia era monopólio da Espanha e de Portugal. A derrota da Invencível Armada para a Inglaterra em 1588 dá uma chance aos ingleses de romper o monopólio. A Cia. das Índias explora o comércio de especiarias, algodão, seda, salitre, chá e ópio.

Em 1757, a Cia. das Índias assume o controle militar de Bengala, começando a submeter a Índia ao Império Britânico. Na Festa do Chá de Boston, em 16 de dezembro de 1773, um dos acontecimentos que levaram à independência dos Estados Unidos, colonos norte-americanos invadem o porto de Boston. Em protesto contra novos impostos, jogam no mar uma carga de 42 toneladas de chá da Cia das Índias, avaliada em US$ 1,7 milhão pelas cotações de hoje.

Todos os grandes exploradores africanos do Império Britânico, como Richard Burton, Henry Stanley e David Livingstone, foram soldados da Cia das Índias.

Depois da Rebelião Indiana de 1857, o Império Britânico assume a administração direta da Índia, que dura 90 anos, até a independência da Índia e do Paquistão, em agosto de 1947. A Cia. das Índias deixa de existir em 1873.

CAPITAL DO CANADÁ

    Em 1857, a rainha Vitória torna Ottawa, situada na província de Ontário na confluência dos rios Ottawa, Gatineau e Rideau, como capital da província do Canadá, que em 1867 passa a ser um país da Comunidade Britânica.

Os primeiros habitantes são índios algonquinos. A tribo ottawa se estabelece lá no século 16. O primeiro europeu a descrever a região é Samuel de Champlain, o fundador da Nova França, em 1613. Os rios são os caminhos para os exploradores e comerciantes de peles.

No Tratado de Paris que põe fim à Guerra dos Sete Anos (1756-63), a França cede ao Reino Unido os territórios a leste do Rio Mississípi.

Durante as guerras da Revolução Francesa e napoleônicas (1792-1815), com a demanda por madeira para a construção de navios, o Vale do Rio Ottawa se torna uma fonte importante da matéria-prima.

Em 1800, um grupo de fazendeiros de Massachusetts liderado por Philemon Wright funda a primeira povoação permanente, Wrightsville, ao norte do Rio Ottawa. Wright começa a explorar a madeira em 1806. 

Na Guerra de 1812, entre os Estados Unidos e o Império Britânico, o Rio São Lourenço, entre Montreal e Kingston, vira alvo por sua importância estratégica e militar. Os britânicos decidem então construir um canal na Rio Rideau para servir como rota alternativa, desviando o tráfego no Rio Ottawa.

O coronel John By, do destacamento de Engenheiros Reais, encarregado da obra de 201 quilômetros, constrói uma povoação na margem sul do Rio Ottawa para alojar os trabalhadores. A vila, inicialmente chamada de Bytown, se torna a cidade de Ottawa em 1855.

CANAL É DO PANAMÁ

    Em 1999, os Estados Unidos entregam ao Panamá o controle sobre o canal que liga os oceanos Atlântico e Pacífico, construído a partir de 1903, quando os EUA promoveram a independência do país centro-americano, que era parte da Colômbia.

Depois do fim da Guerra dos Mil Dias (1899-1902), uma das muitas entre liberais e conservadores, a Colômbia está enfraquecida. Os EUA tentam negociar uma concessão para construir um canal no Istmo do Panamá, na época parte da Colômbia.

Quando os colombianos rejeitam a proposta, os EUA invadem e seus aliados proclamam a independência do Panamá, em 1903. A obra do canal é complexa. A empresa francesa que construiu o Canal de Suez vai à falência.

Os norte-americanos assumem o controle do projeto em 1904. Em dez anos, abrem o canal, de 77,1 quilômetros de extensão. A inauguração oficial é em 15 de agosto de 1914. Para ir do Oceano Atlântico ao Pacífico e o contrário, os navios não precisam mais dar a volta pelo Cabo do Chifre, no extremo sul da América do Sul, um dos lugares mais perigosos da navegação mundial.

Como os níveis dos oceanos são diferentes, há um sistema de comportas. A travessia durante entre 20 a 30 horas.

Em 1977, o ditador panamenho Omar Torrijos negocia com o presidente Jimmy Carter a devolução do canal e da Zona do Canal, a área ao redor, ao Panamá, o que dá grande impulso ao desenvolvimento do país centro-americano.

Agora, o presidente eleito Donald Trump ameaça retomar o Canal do Panamá sob o argumento de que os EUA estão sendo prejudicados pelas altas tarifas cobradas pelo Panamá.

ASCENSÃO DE PUTIN

    Em 1999, com a renúncia de Boris Yeltsin, o primeiro-ministro Vladimir Putin, nomeado quatro meses antes, assume a Presidência da Rússia. Em 26 de março de 2000, ele vence a eleição presidencial com 53%.

Putin nasce em Leningrado, hoje São Petersburgo, em 7 de outubro de 1952, filho de mãe operária e de pai da Marinha. Tem uma infância muito dura nas ruas da cidade. Aprende judô para se defender. Ele estuda direito da Universidade de Leningrado e trabalha 16 anos no Comitê de Defesa do Estado (KGB), a polícia política da União Soviética.

Quando estouram as revoluções democráticas que acabam com o comunismo na Europa Oriental, Putin é subchefe do escritório do KGB em Dresden e oficial de ligação com o Ministério de Segurança do Estado da Alemanha Oriental (Stasi), a temida polícia política alemã-oriental.

Sob pressão, Putin ameaça atirar em manifestantes que tentam invadir o prédio. Pede ajuda a Berlim Oriental e ouve uma das frases que marcam sua vida: "Só podemos agir com a autorização de Moscou, e Moscou está em silêncio."

Depois da tentativa de golpe contra o presidente soviético, Mikhail Gorbachev, em agosto de 1991, Putin deixa o Partido Comunista. 

De 1990 a 1996, ele trabalha no governo municipal de Leningrado, que volta a se chamar São Pertersburgo depois do fim da URSS, em 1991, sob a liderança de Anatoli Sobchak. Em 1994, se torna vice-prefeito da cidade. Durante uma conferência internacional, descreve o fim da URSS como "a maior catástrofe geopolítica do século 20."

Com a derrota de Sobchak em 1996, Putin comenta que "não se deve realizar eleições sem saber o resultado antes", deixando claro suas tendências autoritárias. Ele vai trabalhar no Kremlin com Anatoli Chubais, o ministro das privatizações. Em 27 de março de 1997, é nomeado subchefe de pessoal de Yeltsin.

Em 27 de junho de 1997, defende uma tese de doutorado no Instituto de Mineração de São Petersburgo com plágio, com 15 páginas copiadas de um livro-texto norte-americano. Em 25 de julho de 1998, é nomeado diretor-geral do Serviço Federal de Segurança (FSB), sucessor do KGB.

Quando vira primeiro-ministro, para consolidar o poder, Putin inicia a Segunda Guerra da Chechênia (1999-2009), depois de ataques de extremistas muçulmanos na república russa do Daguestão e uma série de atentados suspeitos em Moscou, atribuídos a agentes secretos russos do FSB.

No poder, Putin se beneficia da alta nos preços do petróleo, que desabam para US$ 11 o barril com a Crise Asiática de 1997 e tem em alta de 500%. Até a crise econômico-financeira internacional agravada pelo colapso do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008, a economia da Rússia cresce 7% ao ano, o que lhe dá grande popularidade depois do caos dos anos 1990 com o colapso do comunismo.

Sob Putin, a Rússia tem uma recaída para o autoritarismo. Ele acaba com as eleições para governadores regionais, que poderiam criar novas lideranças capaz de desafiá-lo. Seu governo é marcado pela corrupção generalizada, violações dos direitos humanos, prisão e assassinato de adversários políticos, como a jornalista Anna Politkovskaya e o ex-agente Alexander Litvinenko, inclusive no exterior, censura e intimidação da imprensa e do ativismo político, e o possível assassinato do líder da oposição, Alexei Navalny, que morreu em 16 de fevereiro de 2024 numa prisão no Círculo Polar Ártico..

Putin vira o homem-forte da Rússia. De 2008 a 2012, como a Constituição só permite uma reeleição, passa o poder para Dimitri Medvedev, mas controla o governo como primeiro-ministro. Ele vê as chamadas revoluções coloridas na Géorgia (2003) e na Ucrânia (2004) como conspirações do Ocidente para enfraquecer a Rússia. Tenta reafirmar a influência sobre as ex-repúblicas soviéticas, que os russos chamam de "exterior próximo".

Diante das revoltas da Primavera Árabe, em 2011, e de protestos durante as campanhas para as eleições parlamentares de 2011 e a eleição presidencial de 2012, Putin vê mais conspirações do Ocidente, considera a secretária de Estado Hillary Clinton uma inimiga e endurece o regime.

Depois da Revolução da Praça Maidan, na Ucrânia, contra o presidente Viktor Yanukovich, que suspendera negociações de associação com a União Europeia em novembro de 2013, a Rússia anexa a Península de Crimeia, em março de 2014, e fomenta uma rebelião de russos étnicos no Leste da Ucrânia, a partir de 6 de abril de 2014, num prelúdio da invasão da Ucrânia de fevereiro de 2022, uma guerra imperial, de conquista, proibida pela Carta das Nações Unidas.

A partir de 30 de setembro de 2015, a Rússia intervém na guerra civil da Síria. É decisiva para sustentar a ditadura de Bachar Assad. Volta a se tornar uma potência no Oriente Médio, o que não era desde 1977, quando o então ditador do Egito, Anuar Sadat, abandona a aliança com a URSS e se aproxima dos EUA para fazer a paz com Israel e recuperar a Península do Sinai. A queda de Assad é uma derrota para Putin, que tenta manter duas bases militares na Síria, as únicas da Rússia no Mar Mediterrâneo.

Em setembro de 2022, depois de plebiscitos realizados sob a mira das armas, a Rússia anuncia a anexação de quatro províncias da Ucrânia (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia). Por causa do sequestro e deportação de crianças ucranianas, o Tribunal Penal Internacional (TPI) decreta a prisão de Putin por crime de genocídio em março de 2023..

O Brasil, signatário do Estatuto de Roma, que criou o TPI, tem a obrigação de prender Putin. Ela não veio à reunião de cúpula do Grupo dos Vinte (G-20) realizada no Rio de Janeiro em 18 e 19 de dezembro de 2024. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Exteriores, embaixador Mauro Vieira, declararam que o ditador russo seria bem-vindo.

PANDEMIA DA COVID-19

    Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fica sabendo de uma pneumonia viral diagnosticada na cidade de Wuhan, na China, que resiste a todos os tratamentos. O regime comunista chinês só confirma a informação em 3 de janeiro de 2020. É o começo da pandemia da doença do coronavírus de 2019 (covid-19).

O primeiro caso é rastreado em 17 de novembro, de acordo com o jornal South China Morning Post, de Hong Kong. A China ignora o protocolo estabelecido depois da epidemia da síndrome respitatória aguda grave (SARS-CoV-1), que infectou mais 8 mil pessoas a partir de 2002 e matou cerca de 800 até ser controlada em 2003.

A China deveria comunicar o surto da SARS-CoV-2 em 24 horas, mas só admite em 3 de janeiro e só revela que a covid-19 é transmitida de ser humano para ser humano em 20 de janeiro. Três dias depois, fecha a cidade de Wuhan, impondo um confinamento rigoroso por 76 dias, depois de 5 milhões de pessoas saírem da cidade, inclusive muitos estrangeiros porque milhões de empresas do mundo inteiro tinham alguma relação econômica com a cidade.

A covid-19 é diagnostica pela primeira vez no Brasil em 26 de fevereiro de 2020. Na Europa, a Itália é o país mais atingido inicialmente. Em 9 de março, torna-se o primeiro país a entrar em quarentena coletiva. A OMS declara que a covid-19 é uma pandemia em 11 de março.

Ao todo, a OMS registra 773 milhões de casos confirmados, sendo 103,4 milhões nos EUA, 99,3 milhões na China, 45 milhões na Índia, 39 milhões na França, 38,4 milhões na Alemanha e 37,5 milhões no Brasil.

Mais de 7 milhões morrem na pandemia, das quais 1,1 milhão nos EUA, 702,1 mil no Brasil, 533,3 mil na Índia, 400,9 mil na Rússia e 334,9 mil no México. Por causa da subnotificação, as estimavas vão até 20 milhões de mortes.

Cemitério improvisado em Manaus
Com 2,5% da população mundial, o Brasil teve 10% das mortes. O presidente Jair Bolsonaro foi considerado por Ian Bremmer, do Eurasia Group, a maior empresa de consultoria política do mundo, o pior governante do mundo na pandemia. (FOTO: cemitério improvisado em Manaus).