quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Morte de Sinwar cria oportunidade de cessar-fogo em Gaza

 Israel atingiu um de seus objetivos na guerra. Matou os três principais líderes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas): o líder político, Ismail Haniya; o comandante militar, Mohamed Deif; e agora o líder na Faixa de Gaza, Yahya Sinwar, principal responsável pelo ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, morte anunciada hoje. 

É uma oportunidade para Israel declarar vitória e retomar as negociações para cessar-fogo e trocar reféns israelenses por presos palestinos, mas o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu insiste em continuar a guerra, a não ser que o Hamas se renda.

O chefe de governo de Israel festejou a morte como uma "vitória do bem contra o mal" e o fim do domínio do Hamas sobre Gaza. Ele afirmou que os milicianos que ainda mantêm reféns israelenses têm uma chance de libertá-los para salvar suas vidas. E acrescentou que a libertação dos reféns tornaria o fim da guerra mais próximo: "Esta guerra pode acabar amanhã, se o Hamas depuser as armas e entregar os reféns."

Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden, que há meses tenta negociar uma trégua para troca de reféns por presos, declarou que é um "bom dia" para Israel e uma oportunidade para um acordo de paz definitivo que dê "um futuro melhor a israelenses e palestinos": "É hora de acabar com a guerra e de trazer os reféns de volta para casa", disse Biden.

O presidente da França, Emmanuel Macron, também pediu um cessar-fogo em Gaza e o fim da ofensiva de Israel no Líbano, uma antiga colônia francesa.

A proposta defendida pelos EUA e países árabes aliados prevê uma trégua para a libertação dos reféns em troca de garantias de vida para os milicianos que os entregarem e do reinício das negociações no Cairo para acabar com a guerra.

Hoje na História do Mundo: 17 de Outubro

 AL CAPONE NA CADEIA

    Em 1931, o gângster Al Capone é sentenciado a 11 anos de prisão e multa de US$ 80 mil, no fim de uma carreira de crimes como o mafioso mais famoso da história dos Estados Unidos.

Filho de imigrantes italianos, Alphonse Gabriel Capone nasce no Brooklyn, em Nova York, em 1899. Expulso da escola aos 14 anos, entra para uma gangue e recebe o apelido de Scarface (Cicatriz na face) depois de sofrer um corte no queixo numa briga.

Em 1920, Capone se muda para Chicago, onde administra os negócios do mafioso Johnny Torrio, que incluem jogo, prostituição e contrabando de álcool durante a Lei Seca (1920-33). Quando Torrio deixa os negócios depois ser alvo de uma tentativa de homicídio, Capone toma conta a organização mafiosa.

A Lei Seca, que proíbe a fabricação, distribuição e venda de bebidas alcoólicas, cria um negócio clandestino que rende milhões de dólares de lucro para o crime organizado.

Ao eliminar seus adversários numa série de batalhas de gangues e assassinatos, entre eles o Massacre do Dia de São Valentin, em 14 de fevereiro de 1929, quando seus capangas matam sete rivais, Al Capone torna-se o poderoso chefão da máfia de Chicago.

Em 1930, Capone está no topo da lista de procurados pelo FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal dos EUA, mas consegue ficar livre por subornar policiais, intimidar testemunhas e mudar de esconderijo.

Seu maior inimigo é o policial federal Elliot Ness, líder de um grupo de agentes conhecidos como Intocáveis. Eles acabam com o negócio de bebidas alcoólicas do chefão, mas só conseguem uma condenação por evasão fiscal.

Al Capone começa a cumprir pena numa penitenciária federal de Atlanta, na Geórgia. Sob suspeita de manipular o sistema, é transferido para a prisão de segurança máxima da Ilha de Alcatraz, em São Francisco da Califórnia.

Ele é solto em 1939 por bom comportamento depois de ficar um ano num hospital com sífilis e morre em 1947 aos 48 anos em Palm Islands, na Flórida, sem pagar por todos os seus crimes.

PERÓN VOLTA NOS BRAÇOS DO POVO

    Em 1945, nove dias depois de ser demitido e preso num golpe militar, sob intensa pressão popular liderada pelos sindicatos, o vice-presidente e ministro do Trabalho, coronel Juan Domingo Perón, reassume os cargos e faz seu primeiro discurso na sacada da Casa Rosada, sede do governo da República Argentina, diante de 300 mil pessoas, com transmissão de rádio para todo o país, ao lado de sua segunda mulher, María Eva Duarte de Perón, a Evita.

É o Dia da Lealdade, marco inicial do movimento peronista. Quatro meses depois, em 24 de fevereiro de 1946, Perón é eleito com 52,5% dos votos para um mandato de seis anos. Reeleito em 11 de novembro de 1951 com 62% dos votos, quando as mulheres votam pela primeira vez na Argentina, tem o mandato interrompido por um golpe militar em 16 de setembro de 1955.

Perón vai para o exílio e só volta em 20 de junho de 1973 para ser eleito para um terceiro mandato em 23 de setembro, tendo como vice sua terceira mulher, María Estela Martínez de Perón, a Isabelita. Ele toma posse em 12 de outubro e governa até a morte, em 1º de julho de 1974. Deixa o país no caos, à beira da guerra civil, com uma presidente fraca, derrubada pelo golpe de 24 de março de 1976, marco do início da guerra suja da ditadura militar contra as esquerdas, em que morrem 30 mil argentinos .

OPEP EMBARGA PETRÓLEO

    Em 1973, sob a liderança da Arábia Saudita, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) decide parar de exportar petróleo para os Estados Unidos e outros países que apoiaram Israel na Guerra do Yom Kippur, deflagrando a primeira crise do petróleo.

A proposta é reduzir a venda em 5% ao mês até a retirada total dos territórios árabes ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967: a Península do Sinai e a Faixa de Gaza, do Egito; a Cisjordânia, da Jordânia; e as Colinas do Golã, da Síria.

Em dezembro, a OPEP impõe um embargo total aos EUA e outros aliados de Israel, agravando a situação dos países dependentes do petróleo importado, inclusive o Brasil.

A OPEP é fundada em 1960 pela Arábia Saudita, o Irã, o Iraque, o Kuwait e a Venezuela para aumentar os preços do petróleo, mas tem pouca influência no preço, que fica entre 2 e 3 dólares por barril. Quando começa a Guerra do Yom Kippur, com uma invasão dos territórios ocupados por Israel no Egito e na Síria, a OPEP está reunida em Viena, na Áustria.

Os EUA, principais aliados de Israel, fazem então a maior ponte aérea militar da história. Entregam 22.325 toneladas de equipamento às forças israelenses no campo de batalha. O ditador do Egito, Anuar Sadat, protesta: "Posso entrar em guerra contra Israel, mas não contra os EUA."

Com a vitória de Israel praticamente assegurada, os países árabes decidem usar o petróleo como arma de guerra. Em dezembro, impõem um embargo total aos EUA. Os preços do petróleo quadruplicam para US$ 12 por barril, causando escassez, racionamento e fila nos postos de gasolina.

Este aumento de preços viabiliza a exploração de petróleo no mar e a Petrobrás se torna uma das empresas mais eficientes na tecnologia de produção offshore

Mesmo assim, como o Brasil importa 75% do petróleo que consome, a crise do petróleo acaba com o modelo econômico da ditadura militar, com o milagre econômico que faz a economia do país crescer acima de 10% no início dos anos 1970, no período mais duro da repressão.

Em 1974, o ditador Ernesto Geisel anuncia a "distensão, lenta, gradual e segura", que leva ao fim do Ato Institucional nº 5 (AI-5) em 1978 e à anistia parcial em 1979.

A Revolução Islâmica no Irã, em fevereiro de 1979, gera uma segunda crise do petróleo. As sucessivas crises do petróleo estão na origem da hiperinflação brasileira, que só é debelada em 1994 com o Plano Real.

FORD EXPLICA PERDÃO A NIXON

    Em 1974, o presidente Gerald Ford justifica perante o Congresso a decisão de perdoar o ex-presidente Richard Nixon por quaisquer crimes cometidos no exercício da Presidência dos Estados Unidos.

Ao assumir a presidência em 9 de agosto de 1974, no dia da renúncia de Nixon, Ford declara que "o longo pesadelo nacional acabou". Fala do Escândalo de Watergate, uma invasão da sede do Partido Democrata em Washington pela equipe de encanadores da Casa Branca para instalar equipamentos de escuta durante a campanha eleitoral de 1972, que implicou o presidente e seus principais assessores.

Diante da iminência de um processo de impeachment por abuso de poder e obstrução de justiça, depois de perder o apoio do Partido Republicano quando gravações provam as tentativas de atrapalhar as investigações, Nixon renuncia, mas isso não acaba com os inquéritos abertos no Congresso, que podem resultar em processos criminais.

Ford é o único presidente não eleito da história dos EUA. O vice-presidente Spiro Agnew havia renunciado em meio a escândalos de corrupção. Ford é o presidente da Câmara e, por isso, o primeiro na linha sucessória.

Um mês depois de assumir, em 8 de setembro, Ford perdoa Nixon. Ao se explicar, alega que é importante para pacificar o país e enterrar de vez Watergate, com o propósito de "mudar o foco nacional... para desviar nossa atenção de um presidente que caiu para as necessidades urgentes da nação".

"As paixões geradas" por um processo contra Nixon, acrescenta Ford, "perturbariam seriamente a cicatrização das feridas do passado".

O novo presidente afirma que, "em geral, o povo americano quer poupar o ex-presidente de um processo criminal" e que livrar Nixon "não vai causar o esquecimento do mal dos crimes cometidos em Watergate nem das lições que aprendemos."

TERREMOTO ABALA SÃO FRANCISCO

    Em 1989, o Terremoto de Loma Prieta, de 7,1 graus de magnitude na escala aberta de Richter, um dos mais destrutivos da história dos EUA, atinge a área da Baía de São Francisco, mata 67 pessoas e deixa prejuízos de US$ 5 bilhões.

São Francisco fica perto da Falha de Santo André, que corre ao longo da costa da Califórnia, no encontro das placas tectônicas do Pacífico e da América do Norte.

Uma das partidas das finais do campeonato nacional de beisebol dos EUA, entre San Francisco Giants e Oakland Athletics, está prestes a começar quando a terra treme, com epicentro nas Montanhas de Santa Cruz. O estádio de Candlestick Park resiste, mas o resto da cidade sofre.

Na Ponte da Baía, entre São Francisco e Oakland, e na Via Expressa Nimitz, uma pista desaba sobre a outra. Das 67 mortes, 41 ocorrem na Via Expressa Nimitz. A destruição também é grande em Watsonville, onde mais de 10% das casas foram totalmente destruídas, Palo Alto e Daly City.

O terremoto contribui para a profunda recessão que atinge a Califórnia, uma das maiores economias do mundo, nos anos 1990. A cidade havia passado pelo Grande Terremoto de São Francisco, de 7,9 graus na escala Richter, em 18 de abril de 1906, quando mais de 3 mil pessoas morrem, 80% da cidade são arrasados e 225 mil ficam sem teto.

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Hoje na História do Mundo: 16 de Outubro

RAINHA GUILHOTINADA

    Em 1793, durante o Período do Terror (1793-94) da Revolução Francesa (1789-99), nove meses depois da execução do marido, o rei Luís XVI, a rainha Maria Antonieta é guilhotinada.

Ela rejeita se confessar com um padre aliado da revolução e pede desculpas por pisar no pé do carrasco, que, como de costume, mostra a cabeça degolada.

Filha do imperador Francisco I, do Sacro Império Romano-Germânico, e de Maria Teresa da Áustria, Maria Antonieta Josefa Ana da Áustria casa aos 14 anos em 1770 com o Delfim da França, que ainda não tinha 16 anos, para fortalecer as relações entre os dois países. Aos 16 anos, vira rainha. A França está exaurida pela derrota na Guerra dos Sete Anos (1756-63) e invernos rigorosos reduzem a produção agrícola e causam fome.

Enquanto o povo passa fome, Maria Antonieta leva uma vida de luxo e riqueza nos palácios. Diante da fome, enquanto o povo nas ruas clamara por "pão e liberdade", uma frase atribuída a ela, talvez inventada pela propaganda da revolução, prima pela insensibilidade: "Se não tem pão, que comam brioches."

O rei e a rainha da França são presos em 20 junho de 1791, quando tentavam fugir para a Áustria vestidos como membros da nobreza russa. A revolução abole a monarquia em 1792. Sem luxos, a rainha fica numa cela de um antigo palácio real, a Conciergerie, com duas cadeiras, uma mesa e um catre. Passa o tempo lendo As Viagens do Capitão Cook, o navegador britânico que iniciou a colonização da Austrália.

Luís XVI e Maria Antonieta são condenados por traição à pátria. O rei é guilhotinado em 21 de janeiro de 1793. Antes da execução da rainha, os cabelos são cortados. O verdugo, Henri Sanson, filho do executor do rei, fica com uma mecha. Ela mesma se ajoelha e o carrasco arruma a posição da cabeça antes de soltar a lâmina.

INÍCIO DA LONGA MARCHA

    Em 1934durante a guerra civil na China, perseguidos e massacrados pelos nacionalistas do Kuomintang (KMT), os comunistas começam a Longa Marcha, uma fuga de 368 dias por mais de 9 mil quilômetros. (Algumas fontes marcam o início no dia anterior.)

A China é um dos temas do debate entre Leon Trotsky e Josef Stalin na luta pelo poder dentro do Partido Comunista da União Soviética depois de morte de Vladimir Lenin, em 1924. Como a China não tinha indústria nem operariado, Stalin, vencedor na disputa, manda o Partido Comunista chinês fazer uma política de frente popular em aliança com a burguesia, representada pelo KMT.

A guerra civil chinesa começa em 1927, quando Stalin consolida o poder em Moscou, o que leva os comunistas a proclamar em 1931 a fundação da República Soviética da China, com base província Jiangxi, sob a liderança de Mao Tsé-tung.

O KMT lança então uma campanha implacável, com cinco cercos à área controlada pelos comunistas, e causa morte de fome de centenas de milhares de camponeses.

Aos comunistas, só resta a fuga. Eles rompem o cerco num ponto mais fraco e iniciam a Longa Marcha, que termina em 20 de outubro de 1935 diante da Grande Muralha.

Em 1937, o Japão, que ocupa a Manchúria desde 1931, invade as principais cidades da China e assume o controle do país. Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45), a guerra civil civil chinesa recomeça. Os comunistas, fortalecidos pela guerra de guerrilhas travada contra o Império do Japão, tomam o poder em 1º de outubro de 1949 e, sob a liderança de Mao, fundam a República Popular da China. Os nacionalistas do KMT fogem para Taiwan, que os comunistas ameaçam invadir.

NAZISTAS EXECUTADOS

    Em 1946, dez altos funcionários do regime nazista condenados pelo Tribunal de Crimes de Guerra de Nurembergue por crimes contra a humanidade, crimes contra a paz e crimes contra a humanidades são executados na forca.

Entre os condenados, estão Herman Göring, comandante da Luftwaffe, a Força Aérea da Alemanha, presidente do Reichstag (Parlamento), chefe da Gestapo, a polícia política do regime e sucessor designado de Adolf Hitler; Joachin von Ribbentrop, ministro do Exterior da Alemanha; Wilhelm Frick, ministro do Interior; e Alfred Rosenberg, governador dos territórios conquistados no Leste.

Outros, inclusive Rudolf Hess, que chega a ser apontado como sucessor de Hitler, são condenados a penas de 10 anos a prisão perpétua.

Göring se suicida na véspera da execução.

BOMBA CHINESA

    Em 1964, a República Popular da China (comunista) entra para o clube atômico ao explodir sua primeira bomba nuclear, depois dos Estados Unidos (1945), da União Soviética (1949), do Reino Unido (1952) e da França (1960).

A bomba chinesa, chamada de Miss Qiu, é detonada no centro de testes de Lop Nur, na província de Xinjiang. É uma bomba de urânio-235 com 22 quilotons, equivalente a 22 mil toneladas de dinamite. A bomba de Hiroxima tinha 15 quilotons.

PODER NEGRO NO PÓDIO

    Em 1968, ao receber as medalhas de ouro e bronze dos 200 metros rasos na Olimpíada de 1968, na Cidade do México, enquanto toca o Hino dos Estados Unidos, os corredores norte-americanos Tommie Smith e John Carlos erguem o punho cerrado numa saudação ao Poder Negro.

É o ano do assassinato do reverendo Martin Luther King Jr., líder da luta pacífica pelos direitos civis dos negros norte-americanos. Antes dos Jogos Olímpicos, há um massacre da estudantes na capital do México.

Smith e Carlos, militantes do movimento negro, sentem-se compelidos a fazer o gesto de rebeldia. Pagam caro. São vilificados na imprensa dos EUA e expulsos dos Jogos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Mas os dois tiveram carreiras de sucesso como atletas e ativistas.

"Foi um grito de liberdade e pelos direitos humanos", declarou Smith. "Tínhamos de ser vistos porque não éramos ouvidos."

PAPA POLONÊS

    Em 1978, o cardeal Karol Józef Woytila, arcebispo de Cracóvia, na Polônia, é eleito o papa e toma o nome de João Paulo II. É o primeiro papa não italiano em 455 anos. Com 26 anos, seu pontificado é o terceiro mais longo da história.

Karol Woytila nasce em Wadowice, na Polônia, em 18 de maio de 1920, filho de um tenente do Exército polonês. Quando chega o momento de ir para a universidade, a família se muda para Cracóvia, mas a invasão do país pela Alemanha Nazista, no início da Segunda Guerra Mundial (1939-45) interrompe seus estudos. Ele estuda clandestinamente.

A família foge para o Leste da Polônia. Volta para Cracóvia quando sabe que a União Soviética vai invadir o outro lado do país. Durante três anos, para não ser preso e deportado, Karol trabalha na fábrica de uma indústria química importante para o esforço de guerra da Alemanha Nazista. Talvez seja o único papa que um dia foi operário.

João Paulo II viaja o mundo inteiro e aproxima a Igreja de outras religiões como islamismo, judaísmo, cristianismo ortodoxo e religiões orientais. Pede perdão a povos perseguidos pelo cristianismo, inclusive judeus e muçulmanos. Nacionalista polonês e anticomunista, se torna um aliado do presidente Ronald Reagan no fim da Guerra Fria. 

Seu apoio ao sindicato independente Solidariedade é decisivo para a queda do comunismo na Polônia, em 1989, depois das primeiras eleições livres no Bloco Soviético. João Paulo II também desautoriza a Teologia da Libertação na América Latina.

Conservador, não consegue reverter o declínio da Igreja Católica, com a queda no número de padres e freiras. João Paulo II morre no Vaticano em 2 de abril de 2005. Ele é beatificado em 2011 e canonizado em 2014. Vira São João Paulo II.

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Hoje na História do Mundo: 15 de Outubro

DIRIGÍVEL ZEPPELIN

    Em 1928, quatro dias depois de sair da Alemanha, o dirigível Graf Zeppelin chega a Lakehurst, em Nova Jérsei, nos Estados Unidos, na sua primeira viagem transatlântica.

O desastre do dirigível Hindenburg, no mesmo aeroporto, em 6 de maio de 1937, com a morte de 36 das 97 pessoas a bordo, acaba com a era dos zeppelins.

LONGA MARCHA

    Em 1934, durante uma guerra civil contra o partido nacionalista Kuomintang (KMT), liderada por Chiang Kai-shek, depois de ser alvo de massacres, o Partido Comunista da China inicia a Longa Marcha, uma fuga de um ano por 9 mil quilômetros que consolida a posição de Mao Tsé-tung como supremo líder. 

(Algumas fontes marcam o início no dia seguinte)

No início de 1934, o PC afasta Mao da liderança abandona sua estratégia de guerra de guerrilhas e adota métodos de luta de exércitos regulares, em combates abertos contra o KMT, mais numeroso e mais armado, sofrendo grandes perdas. 

Em outubro de 1934, os 86 mil comunistas sobreviventes conseguem romper as linhas do KMT num ponto fraco e escapar do cerco. Mao recupera a liderança em janeiro de 1935.

Os comunistas abandonam suas posições no Sudeste da China, na divisa entre os províncias de Jiangxi e Fujian e atravessam 18 cadeias de montanhas e 24 rios para se refugiar no Noroeste da China numa marcha épica que motiva muitos jovens a entrar para o partido.

Com a invasão do Leste da China pelo Japão em 1937 e a subsequente eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-45) na Ásia, há uma pausa na guerra civil chinesa para combater os japoneses. Os comunistas lideram a resistência.

Depois da guerra, a guerra civil recomeça e os comunistas tomam o poder em Beijim em 1º de outubro de 1949. Chiang Kai-shek e o KMT fogem para Taiwan, onde instalam a República da China, que reivindica a soberania sobre todo o país e é considerada até hoje pelo regime comunista como uma província rebelde, parte da China.

GÖRING SE SUICIDA

    Em 1946, o líder nazista Hermann Göring (na foto, primeiro à esquerda), comandante da Luftwaffe, a Força Aérea da Alemanha Nazista, presidente do Reichstag (Parlamento), chefe da polícia política Gestapo, primeiro-ministro da Prússia e sucessor designado de Adolf Hitler, se mata para não ser executado depois de ser condenado à morte pelo Tribunal de Crimes de Guerra de Nurembergue.

No dia seguinte, dez altos funcionários do regime nazista são executados na forca pelos crimes de guerra e contra a humanidade cometidos durante a Segunda Guerra Mundial 91939-45). Outros dez pegam penas de 10 anos de cadeia a prisão perpétua.

PRESERVAÇÃO DA ANTÁRTIDA

    Em 1959, depois de seis semanas de negociação, termina em Washington, nos Estados Unidos, a conferência sobre o Tratado Antártico, assinado por 12 países (África do Sul, Argentina, Austrália, Bélgica, Chile, EUA, França, Japão, Noruega, Nova Zelândia, Reino Unido e União Soviética) para preservar o continente gelado para estudos científicos, mantendo-o como zona desmilitarizada.

O tratado não nega nem apoia as reivindicações de soberania sobre o continente, mas proíbe os países signatários de estabelecer bases militares, fazer manobras militares, testar armas ou descartar lixo radioativo. Em 1991, um protocolo adicional proíbe a exploração mineral e de petróleo na Antártida.

Nos últimos anos, a temperatura máxima chega a 20 graus centígrados e o derretimento de gelo triplica. Cerca de 80% da água do planeta está congelada na Antártida. Se a camada de gelo derreter totalmente, o nível dos oceanos deve subir 50 metros, inundando todas as regiões costeiros, onde estão as principais cidades do mundo.

PANTERAS NEGRAS

    Em 1966, Huey Newton e Bob Seale fundam o Partido dos Panteras Negras com o objetivo de proteger os afroamericanos da brutalidade policial nos Estados Unidos. Depois o partido se torna um grupo revolucionário marxista que quer armar a população negra e tirar todos os negros da cadeia.

O programa do partido pede liberdade, desemprego zero, fim da exploração capitalista, casas decentes, educação, isenção de serviço militar para negros, fim da brutalidade policial e assassinato de negros, liberdade para todos os negros presos, julgamento dos negros por suas comunidades, terra, pão, moradia, educação, roupas, justiça e paz.

Inicialmente, o partido organiza patrulhas armadas para monitorar e desafiar a brutalidade do Departamento de Polícia de Oakland, na Califórnia. Em 1969, os Panteras Negras passam a fazer ações sociais, oferecendo café da manhã grátis e clínicas médicas para a população negra.

O diretor-geral do FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal dos EUA, John Edgar Hoover, descreve o partido como "a maior ameaça à segurança interna do país".

GORBACHEV GANHA NOBEL DA PAZ

    Em 1990, o último líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev, ganha o Prêmio Nobel da Paz por seu esforço para acabar com a Guerra Fria com os Estados Unidos.

Gorbachev ascende à liderança do Partido Comunista em 11 de março de 1985 e se propõe a revolucionar o regime soviético com uma abertura política, a glasnost (transparência), e uma reforma econômica, a perestroika (reestruturação).

No primeiro de quatro encontros de cúpula com o presidente norte-americano Ronald Reagan, em Genebra, na Suíça, em 19 e 20 de novembro de 1985, as duas superpotências prometem reduzir seus arsenais nucleares pela metade.

Na Cúpula de Reykvajik, em 11 e 12 de outubro de 1986, Gorbachev propõe a abolição dos mísseis balísticos, mas Reagan está decidido a manter a Iniciativa de Defesa Estratégica, mais conhecida como Guerra nas Estrelas, porque militarizaria o espaço. As negociações entram em colapso na última hora.

O terceiro encontro acontece em Washington de 8 a 10 de dezembro de 1987. É marcado pela assinatura do primeiro acordo que abole toda uma classe de armas nucleares, os mísseis de curto e médio alcances, de 500 a 5,5 mil quilômetros. 

No governo Donald Trump (2017-21), em 2 de agosto de 2019, os EUA abandonam o Tratado de Forças Nucleares Intermediárias (INF) alegando violações da Rússia, herdeira das armas nucleares soviéticas.

De 29 de maio a 3 de junho de 1988, em Moscou, Reagan e Gorbachev trocam os documentos de ratificação do INF e discutem os conflitos na América Central, no Sul da África e no Oriente Médio, e a retirada soviétca do Afeganistão.

Em 7 de dezembro de 1988, na Cúpula da Ilhas dos Governadores, em Nova York, participa também o presidente eleito dos EUA, George Herbert Walker Bush, que era vice-presidente de Reagan.

A abertura de Gorbachev causa as revoluções liberais que derrubam o comunismo nos países da Europa Oriental, com clímax na queda do Muro de Berlim, maior símbolo da divisão o mundo na Guerra Fria, em 9 de novembro de 1989.

Dias depois, na Cúpula de Malta, em 2 e 3 de dezembro de 1989, Bush e Gorbachev declararam o fim da Guerra Fria. A Cúpula de Helsinque, em 9 de setembro de 1990, dá o aval das superpotências à reunificação da Alemanha, em 3 de outubro de 1990.

Com o fim da divisão da Europa, Bush e Gorbachev assinam na Cúpula de Paris, em 19 de novembro de 1990, o Tratado sobre Forças Convencionais na Europa.

Ao participar de uma reunião de cúpula do Grupo dos Sete em Londres, em 17 de julho de 1991, Gorbachev pede uma ajuda de US$ 50 bilhões, rejeitada enquanto não abandonasse o comunismo.

Gorbachev é reconhecido no exterior como um dos grandes estadistas da segunda metade do século 20, mas na Rússia as reformas econômicas não decolam. O regime comunista se mostra irreformável. Em 18 de agosto, a linha dura liderada pelo vice-president Guennadi Yanaiev dá um golpe de Estado, mas a resistência liderada pelo primeiro presidente democraticamente eleito da Rússia, Boris Yeltsin, derrota os golpistas.

Gorbachev volta ao cargo, mas o poder fica com Yeltsin. Em 8 de dezembro de 1991, as três repúblicas eslavas que formam o núcleo central da URSS – Rússia, Ucrânia e Bielorrússia – decidem se separar. No Natal, Gorbachev anuncia o fim da URSS.

Desde então, o último líder soviético se dedica à defesa da democracia e a causas ecológicas. É um dos principais investidores no jornal independente russa Novaya Gazeta, cujo editor, Dimitri Muratov, ganhou o Prêmio Nobel da Paz 2021.

PAZ NA ÁFRICA DO SUL

    Em 1993, o presidente Frederik de Klerk e o líder da maioria negra sul-africana, Nelson Mandela, ganham o Prêmio Nobel da Paz "pelo seu trabalho pelo fim pacífico do fim do regime segregacionista do apartheid e por lançar os alicerces de uma África do Sul nova e democrática.

Sob a inspiração de Henry David Thoreau, Leon Tolstoy e Mohandas Gandhi, Mandela, um advogado que defende os direitos dos negros, é a favor da resistência pacífica na luta contra a ditadura da minoria branca.

Depois da morte de 69 negros no Massacre de Sharpeville, em 21 de março de 1960, o Congresso Nacional Africano (CNA) adere à luta armada e Mandela vira comandante do braço armado do grupo, Umkhonto we Sizwe (Lança da Nação). É preso em 1962 e condenado à morte, sentença depois reformada para prisão perpétua.

Mandela fica preso até 11 de fevereiro de 1990, quando é libertado pelo governo De Klerk depois de quase 27 anos para negociar o fim do regime segregacionista branco. Em abril de 1994, o CNA vence as primeiras eleições democráticas da história da África do Sul. Mandela toma posse como primeiro presidente negro em 10 de maio de 1994.

CHINA NO ESPAÇO

    Em 2003, a China se torna o terceiro país a lançar um voo espacial tripulado, depois da União Soviética e dos Estados Unidos. Durante o voo de 21 horas, a nave Shenzhou-5, pilotada por Yang Liwei, dá 14 voltas na Terra.

Yang nasce em 21 de junho de 1965 em Suizhong. Aos 18 anos, entra para o Exército Popular de Libertação e entra na escola de aviação da Força Aérea, onde se forma como piloto de guerra com mais de 1.350 horas de voo.

Em 1998, ele é escolhido entre 1,5 mil candidatos para entrar no programa de treinamentos para formar o primeiro astronauta chinês. Depois de voltar, Yang é nomeado subcomandante em chefe do programa de voos espaciais tripulados da China. Ele é promovido a general em 2008.

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Nobel de Economia premia importância da democracia para o desenvolvimento

Três pesquisadores ganharam o Prêmio Nobel de Economia "por estudos sobre como as instituições se formam a afetam a prosperidade", sobre como a democracia é importante para o desenvolvimento econômico e social, anunciou hoje em Estocolmo a Academia Real de Ciências da Suécia.


O turco naturalizado norte-americano Daron Acemoglu e o britânico-norte-americano Simon Johnson, professores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e o britânico-norte-americano James Robinson, professor da Universidade de Chicago, "mostraram a importância das instituições sociais para a prosperidade de um país. Sociedades com sistema jurídico deficiente e instituições que exploram a população não geram crescimento nem mudança para melhor", declarou o comitê do Nobel.

Acemoglu e Robinson são autores do livro Por que as Nações Fracassam: as origens da prosperidade e da pobreza, um best-seller. A tese central é que a divergência no desenvolvimento econômico e social não se deve a cultura, etnia ou religião, mas à qualidade das instituições.

As distorções vêm do período colonial, da forma como a colonização aconteceu. "Em vez de questionar se o colonialismo é bom ou mau, notamos que diferentes estratégias coloniais levaram a diferentes padrões institucionais que persistem ao longo do tempo. Falando em termos gerais, o trabalho que fizemos destaca a democracia", declarou Acemoglu em entrevista coletiva depois do anúncio.

"Quando os europeus colonizaram grande parte do globo, as instituições nessas sociedades mudaram. Isso às vezes foi dramático, mas não aconteceu da mesma forma em toda parte", observou a Academia da Suécia. 

"Em alguns lugares", geralmente com maiores riquezas naturais, "o objetivo era explorar as populações indígenas e extrair recursos para benefício dos colonizadores", geralmente enviados para a matriz. São as colônias de exploração. 

"Em outros", sem tanta riqueza, "os colonizadores criaram sistemas políticos e econômicos inclusivos para beneficiar os migrantes europeus a longo prazo", acrescentou o comitê. São as colônias de povoamento, dos que foram para ficar e não enriquecer e voltar para o coração do império.

O resultado é que os 20% países mais ricos são 30 vezes mais ricos do que os 20% mais pobres. O Império Asteca era mais rico e populoso do que o resto da América do Norte, mas hoje os Estados Unidos e o Canadá são muito mais ricos do que o México. Duas cidades fronteiriças, Nogales, têm o mesmo nome dos dois lados da fronteira. A norte-americana é muito mais próspera, apesar da mesma cultura e localização geográfica.

"Reduzir as enormes diferenças de renda entre países é um dos grandes desafios do nosso tempo", comentou o presidente do Comitê do Nobel de Economia, Jakob Svensson. Graças ao que chamou de "pesquisas inovadoras", acrescentou, "temos um conhecimento muito maior das causas profundas de por que os países fracassam ou têm sucesso."

Uma explicação é a qualidade das instituições criadas durante a colonização. Assim, países que eram pobres enriqueceram e colônias ricas viraram países pobres. "Alguns países estão presos numa armadilha com instituições extrativistas e baixo crescimento econômico. A introdução de instituições inclusivas criaria benefícios de longo prazo para todos, mas instituições extrativistas dão ganhos de curto prazo para quem está no poder. Enquanto o sistema político garantir que vão manter o controle, ninguém vai acreditar nas promessas de futuras reformas econômicas", continua a declaração do Nobel.

Diante da pergunta de um repórter sobre como explicar o extraordinário desenvolvimento chinês, o professor Acemoglu respondeu: "Nosso argumento é que este tipo de crescimento autoritário é frequentemente mais instável" e menos inovador. 

É preciso ver como vai reagir o regime chinês quando a crise chegar. O país já tem problemas no mercado imobiliário, de endividamento e queda no crescimento. Criou um mercado formidável capaz de garantir a estabilidade a longo prazo, mas a legitimidade da ditadura repousa sobre o sucesso da economia. Quando a crise vier, o poder absoluto do Partido Comunista será questionado.

Acemoglu reconheceu que há uma crise da democracia por não conseguir promover o bem-estar social do conjunto da população: "Muitas pessoas estão descontentes, muitas pessoas sentem que não têm uma voz – e não é isso o que a democracia promete."

Os três laureados vão dividir igualmente o prêmio de 11 milhões de coroas suecas, cerca de R$ 5,9 milhões.

Hoje na História do Mundo: 14 de Outubro

 CONQUISTA NORMANDA

    Em 1066, o exército invasor de Guilherme, Duque da Normandia, vence o rei Haroldo II na Batalha de Hastings e conquista a Inglaterra.

Como não tem filhos, o rei Eduardo o Confessor (1042-66) barganha com a herança do trono. Em 1051, ao se desentender com Goduíno, Conde de Essex, o homem mais poderoso da Inglaterra, provavelmente oferece a coroa a seu primo Guilherme da Normandia.

Quando Goduíno morre, em 1053, seu filho Haroldo, novo Conde de Essex, começa a trabalhar para herdar o trono. Passa uma década consolidando seu poder junto à nobreza e ao clero. Mas seu reinado é curto. Vai de 5 de janeiro a 14 de outubro de 1066.

Guilherme o Conquistador mantém seus domínios na Normandia criando um país que atravessava o Canal da Mancha, o que está na origem de séculos de guerras entre Inglaterra e França até se tornarem aliadas na Entente Cordiale, em 1904.

REVOLTA EM SOBIBOR

    Em 1943, cerca de 300 funcionários judeus do campo de concentração e centro de extermínio de Sobibor, na Polônia ocupada pela Alemanha Nazista, se revoltam e matam vários guardas ucranianos e supervisores da SS, a organização paramilitar do Partido Nazista. Vários prisioneiros morrem ao tentar fugir durante a rebelião.

Sobibor é um dos três campos de concentração da Operação Reinhard, cuja meta é matar todos os judeus da Polônia depois que a Conferência do Lago Wannsee, em Berlim, aprova em 20 de janeiro de 1942 a "solução final" da questão judaica, o extermínio dos judeus da Europa.

De maio a julho de 1942, os nazistas levam para Sobibor judeus da Alemanha, da Áustria, da Eslováquia e da Polônia. 

Todos os presos sobreviventes da revolta são mortos no dia seguinte. Os nazistas desmontam o campo e plantam árvores no local. Só cerca de 50 prisioneiros sobrevivem à guerra. Pelo menos 170 mil pessoas, talvez 250 mil, morrem em Sobibor. É o quarto centro de extermínio nazista em número de mortes, atrás de Auschwitz, Treblinka e Belzec.

SUICÍDIO DA RAPOSA DO DESERTO

    Em 1944, o marechal de campo alemão Erwin Rommel, a Raposa do Deserto, um dos mais qualificados comandantes militares da Alemanha Nazista, ex-comandante do Exército da África, se suicida tomando veneno depois da descoberta de sua ligação com a Operação Walquíria, a conspiração para matar Adolf Hitler.

Johannes Erwin Eugen Rommel nasce em 15 de novembro de 1891 em Herrlingen. Ele serve como oficial na Primeira Guerra Mundial (1914-18). É condecorado por ações na frente italiana. No período entreguerras, escreve livros e progride na carreira militar.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), comanda a 7ª Divisão Panzer da Wehrmacht, o Exército nazista, na invasão à França, em maio e junho de 1940. Sua liderança no comando do Afrika Korps durante a campanha no Norte da África lhe dá o apelido de Raposa do Deserto.

Depois da derrota para forças do Império Britânico na Segunda Batalha de El Alamein, travada de 23 de outubro a 3 de novembro de 1942, ele é transferido para cuidar da Muralha do Atlântico que os nazistas constroem para tentar, sem sucesso, impedir a invasão da Normandia em 6 de junho de 1944.

CRISE DOS MÍSSEIS EM CUBA

    Em 1962, um avião-espião norte-americano U-2 fotografa a construção de silos para mísseis que a União Soviética está erguendo em Cuba, deflagrando a pior crise da Guerra Fria, que deixa o mundo mais perto do que nunca de uma guerra nuclear. 

A tensão entre os EUA e a URSS em torno de Cuba se agrava com a fracassada invasão da Baía dos Porcos, em abril de 1991, uma operação articulada pela Agência Central Inteligência (CIA) com refugiados cubanos, um projeto do vice-presidente Richard Nixon, um ferrenho anticomunista, no governo Dwight Eisenhower (1953-61). O presidente John Kennedy (1961-63) herdou a operação.

Vitorioso, o comandante da Revolução Cubana, Fidel Castro, pede proteção à URSS. Em um ano, o número de assessores militares soviéticos em Cuba sobe para mais de 20 mil.

Fidel e o líder soviético, Nikita Kruschev, estão certos de que os EUA tentariam invadir de novo. Sob pressão da linha dura, Kruschev pensa em se fortalecer e neutralizar a presença de mísseis nucleares norte-americanos na Turquia, perto do território soviético.

Dois dias depois, devidamente analisadas por oficiais de inteligência, as fotos chegam à mesa do presidente Kennedy no Salão Oval da Casa Branca. Os mísseis dão à URSS a condição de lançar um primeiro ataque de uma distância de 140 quilômetros, podendo atingir quase todo o território dos EUA.

Kennedy cria um gabinete de guerra, onde pombas falcões travam um duelo entre diplomacia e uso da força, e decidem impor um bloqueio aeronaval em Cuba. Em 22 de outubro, Kennedy faz um pronunciamento na televisão comunicando ao povo norte-americano que a URSS está instalando mísseis nucleares em Cuba, o que considera inaceitável, e anuncia o que chamou de "quarentena", na verdade um bloqueio aeronaval.

Todo navio soviético que se aproximar de Cuba está sujeito a abordagem e inspeção dos EUA para não levar mais equipamentos nucleares à ilha. Kennedy exige a retirada dos mísseis e a destruição dos silos.

São os dias mais tensos da Guerra Fria. Nunca o mundo fica tão perto de uma guerra nuclear. Diante do impasse, os EUA se preparam para invadir Cuba. Um jornalista soviético, todo jornalista soviético era também agente secreto, estranha a ausência de jornalistas no café do Capitólio e comenta com um atendente que avisa: "Está todo o mundo indo para Cuba porque os EUA vão invadir.

Este jornalista liga para Moscou e Kruschev finalmente cede. Em 27 de outubro, a URSS anuncia a retirada dos mísseis de Cuba e os EUA se comprometem a remover os mísseis instalados na Turquia, que eram obsoletos e seriam retirados mesmo. Os dois países fazem um acordo tácito para não invadir Cuba.

Depois desta crise, as superpotências instalam o telefone vermelho, uma linha direta entre o Kremlin e a Casa Branca para os líderes resolverem pessoalmente as crises mais graves. Enfraquecido, Kruschev cai dois anos depois.

LUTA PACÍFICA

    Em 1964, o pastor Martin Luther King Jr. ganha o Prêmio Nobel da Paz por sua luta pacífica pelos direitos civis e a justiça social para os negros dos Estados Unidos.

Sob a inspiração do líder pacifista da independência da Índia, o Mahatma Gandhi, Luther King adota a luta pacífica, com a desobediência civil criada por Henry David Thoreau, o naturalista e ativista norte-americano que se negou a pagar impostos para não financiar a Guerra Mexicano-Americana (1846-48). Thoreau foi lido pelo escrito russo Leon Tolstói e suas ideias influenciaram Gandhi, Nelson Mandela e Luther King.

Ele lidera o boicote dos negros ao sistema de ônibus de Montgomery, no estado do Alabama, em 1955, depois que a ativista Rosa Parker se nega a ceder o assento para um branco, e leva o movimento contra as leis de discriminação racial a Albany, na Geórgia, e a Birmingham, no Alabama.

Na Marcha sobre Washington, em 28 de agosto de 1963, Luther King faz no Memorial de Lincoln, na capital dos EUA, seu discurso mais importante, Eu Tenho um Sonho: "Eu tenho um sonho de que um dia meus filhos não sejam julgados pela cor da pele, mas pela nobreza do seu caráter."

O Dr. King, que é chamado nos EUA, é investigado pelo FBI, a polícia federal norte-americana, por supostas ligações com grupos esquerdistas. Em 1964, ganha o Prêmio Nobel da Paz e o governo Lyndon Johnson (1963-69), herdeiro de John Kennedy, aprova a Lei de Direitos Civis, dando finalmente igualdade de direitos aos pretos nos EUA.

Às 18h01 de 4 de abril de 1968, James Earl Ray mata Luther King atirando na varanda do segundo andar do hotel onde está hospedado em Memphis, no Tennessee, onde apoia uma greve dos trabalhadores de serviços sanitários negros discriminados.

domingo, 13 de outubro de 2024

Hoje na História do Mundo: 13 de Outubro

 PEDRA FUNDAMENTAL DA CASA BRANCA

    Em 1792, é lançada a pedra fundamental da sede do governo dos Estados Unidos, em Washington, a nova cidade construída especialmente para ser capital do país, substituindo a Filadélfia.

O segundo presidente dos EUA, John Adams, é o primeiro a ocupar o prédio, que logo começa a ser chamado de Casa Branca, em contraste com os edifícios de tijolos vermelhos.

Os estados de Maryland e da Virgínia cedem os territórios para a fundação do Distrito de Colúmbia. As obras começam em 1791.

Em 1814, durante a Guerra de 1812, os soldados britânicos tocam fogo na Casa Branca e no Capitólio em retaliação pelo incêndio de prédios do governo colonial no Canadá.

CANADÁ SALVO DE INVASÃO

    Em 1812, durante a Guerra de 1812-15, em que o Reino Unido tenta recolonizar os Estados Unidos, forças britânicas sob o comando do general Sir Isaac Brock derrotam os norte-americanos na Batalha de Queenstown Heights e impedem a invasão do Canadá.

Brock, o melhor general britânico nesta guerra, morre em combate, assim como cerca de mil soldados. Os EUA desistem de tomar o Canadá.

MILAGRE NOS ANDES

    Em 1972, o voo 571 da Força Aérea do Uruguai começa a descida para o aeroporto de Santiago do Chile antes da hora, bate na Cordilheira dos Andes e os sobreviventes só são resgatados 72 dias mais tarde.

O avião é fretado para levar o time do Old Christian Rugby Club de Montevidéu, a capital do Uruguai, para o Chile. Leva 45 pessoas a bordo; 19 jogadores, além parentes, amigos e tripulantes. 

Em meio às nuvens que escondem as montanhas, o piloto erra a manobra de descida e, de repente, se vê diante de um pico escuro. Tenta passar por cima, mas o avião bate na montanha, se espatifa e desliza pela encosta até parar numa geleira.

Doze pessoas morrem na hora, entre elas o piloto, e cinco pouco depois, inclusive o copiloto.

Uma hora depois do acidente, o Serviço de Busca e Salvamento Aéreo do Chile inicia a operação de resgate, mas os sobreviventes só são encontrados 72 dias depois.

Logo, eles ficam sem comida. No 11º dia na montanha, os sobreviventes ouvem num rádio que a busca é suspensa. O sobrevivente Roberto Canessa conta que eles têm a sensação de que os corpos estão se consumindo para sobreviver: "Sabíamos a resposta, mas era terrível demais."

Depois de rezar, eles decidem que só resta canibalizar os mortos. Provavelmente todos morreriam sem esta medida extrema. 

Uma avalanche no 17º dia mata oito sobreviventes e quase enterra os outros vivos. Em 15 de novembro, um grupo de quatro decide sair atrás de ajuda pensando em chegar a um vale próximo. Eles encontram os destroços da cauda do avião, onde acham remédios, alimentos e livros, mas não conseguem ajuda.

Três sobreviventes, Canessa, Nando Parrado e Antonio Vizintín, fazem nova tentativa. Sobem a montanha durante três dias. Quando chegam ao pico, percebem que estão mais longe do que pensavam. Canessa e Parrado caminham mais nove dias até atingir um rio e um vale onde conseguem ajuda.

Os outros sobreviventes são resgatados por helicópteros da Força Aérea do Chile em 22 e 23 de dezembro.

PALESTINOS SEQUESTRAM AVIÃO ALEMÃO

    Em 1977, quatro militantes da Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP) sequestram um avião da companhia aérea alemã-ocidental Lufthansa e exigem a libertação de 11 prisioneiros do grupo terrorista Baader-Meinhof, também conhecido como Fração do Exército Vermelho. 

Durante três décadas, o grupo de ultraesquerda aterroriza a Alemanha Ocidental e mata mais de 30 políticos, militares e empresários.

Depois de passar por seis países, o avião pousa em Mogadíscio, a capital da Somália, em 17 de outubro, depois dos terroristas matarem o piloto. No dia seguinte, um comando de operações especiais do Exército da Alemanha Ocidental ataca o avião, mata três sequestradores e liberta os 86 reféns.

Na manhã seguinte, Andreas Baader é encontrado na cela da prisão de Stammheim morto por um tiro. Gudrun Ensslin está enforcada. Jan-Carl Rasper agoniza depois de levar um tiro e Irmgard Möller tem quatro marcas de facadas no pescoço e no peito. A versão oficial é suicídio coletivo. A única sobrevivente afirma que foram dopados e assassinados. 

RESGATE DE MINEIROS CHILENOS

    Em 2010, depois de 69 dias presos no subsolo a 800 metros da superfície, os últimos de 33 mineiros chilenos são salvos, depois de um tempo recorde de sobrevivência embaixo da terra.

O drama dos mineiros começa em 5 de agosto, quando a mina de ouro e cobre São José, situada a cerca de 800 quilômetros ao norte de Santiago, desaba. Os mineiros procuram um refúgio seguro dentro de mina e não tem contato com a superfície durante 17 dias.

Quando alguns mineiros já pensam em suicídio ou canibalismo, em 22 de agosto, uma sonda atinge a área onde estão os mineiros, que enviam uma nota dizendo que todos estão bem. Logo, eles passam a receber água, comida, cartas, outros suprimentos e câmeras de vídeo para monitorar a situação.

Para viabilizar o resgate, os engenheiros cavam um buraco e enfiam um tubo com espaço suficiente para passar uma pessoa. Cada um fica cerca de 15 minutos dentro da cápsula até chegar à superfície.