terça-feira, 15 de outubro de 2024

Hoje na História do Mundo: 15 de Outubro

DIRIGÍVEL ZEPPELIN

    Em 1928, quatro dias depois de sair da Alemanha, o dirigível Graf Zeppelin chega a Lakehurst, em Nova Jérsei, nos Estados Unidos, na sua primeira viagem transatlântica.

O desastre do dirigível Hindenburg, no mesmo aeroporto, em 6 de maio de 1937, com a morte de 36 das 97 pessoas a bordo, acaba com a era dos zeppelins.

LONGA MARCHA

    Em 1934, durante uma guerra civil contra o partido nacionalista Kuomintang (KMT), liderada por Chiang Kai-shek, depois de ser alvo de massacres, o Partido Comunista da China inicia a Longa Marcha, uma fuga de um ano por 9 mil quilômetros que consolida a posição de Mao Tsé-tung como supremo líder. 

(Algumas fontes marcam o início no dia seguinte)

No início de 1934, o PC afasta Mao da liderança abandona sua estratégia de guerra de guerrilhas e adota métodos de luta de exércitos regulares, em combates abertos contra o KMT, mais numeroso e mais armado, sofrendo grandes perdas. 

Em outubro de 1934, os 86 mil comunistas sobreviventes conseguem romper as linhas do KMT num ponto fraco e escapar do cerco. Mao recupera a liderança em janeiro de 1935.

Os comunistas abandonam suas posições no Sudeste da China, na divisa entre os províncias de Jiangxi e Fujian e atravessam 18 cadeias de montanhas e 24 rios para se refugiar no Noroeste da China numa marcha épica que motiva muitos jovens a entrar para o partido.

Com a invasão do Leste da China pelo Japão em 1937 e a subsequente eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-45) na Ásia, há uma pausa na guerra civil chinesa para combater os japoneses. Os comunistas lideram a resistência.

Depois da guerra, a guerra civil recomeça e os comunistas tomam o poder em Beijim em 1º de outubro de 1949. Chiang Kai-shek e o KMT fogem para Taiwan, onde instalam a República da China, que reivindica a soberania sobre todo o país e é considerada até hoje pelo regime comunista como uma província rebelde, parte da China.

GÖRING SE SUICIDA

    Em 1946, o líder nazista Hermann Göring (na foto, primeiro à esquerda), comandante da Luftwaffe, a Força Aérea da Alemanha Nazista, presidente do Reichstag (Parlamento), chefe da polícia política Gestapo, primeiro-ministro da Prússia e sucessor designado de Adolf Hitler, se mata para não ser executado depois de ser condenado à morte pelo Tribunal de Crimes de Guerra de Nurembergue.

No dia seguinte, dez altos funcionários do regime nazista são executados na forca pelos crimes de guerra e contra a humanidade cometidos durante a Segunda Guerra Mundial 91939-45). Outros dez pegam penas de 10 anos de cadeia a prisão perpétua.

PRESERVAÇÃO DA ANTÁRTIDA

    Em 1959, depois de seis semanas de negociação, termina em Washington, nos Estados Unidos, a conferência sobre o Tratado Antártico, assinado por 12 países (África do Sul, Argentina, Austrália, Bélgica, Chile, EUA, França, Japão, Noruega, Nova Zelândia, Reino Unido e União Soviética) para preservar o continente gelado para estudos científicos, mantendo-o como zona desmilitarizada.

O tratado não nega nem apoia as reivindicações de soberania sobre o continente, mas proíbe os países signatários de estabelecer bases militares, fazer manobras militares, testar armas ou descartar lixo radioativo. Em 1991, um protocolo adicional proíbe a exploração mineral e de petróleo na Antártida.

Nos últimos anos, a temperatura máxima chega a 20 graus centígrados e o derretimento de gelo triplica. Cerca de 80% da água do planeta está congelada na Antártida. Se a camada de gelo derreter totalmente, o nível dos oceanos deve subir 50 metros, inundando todas as regiões costeiros, onde estão as principais cidades do mundo.

PANTERAS NEGRAS

    Em 1966, Huey Newton e Bob Seale fundam o Partido dos Panteras Negras com o objetivo de proteger os afroamericanos da brutalidade policial nos Estados Unidos. Depois o partido se torna um grupo revolucionário marxista que quer armar a população negra e tirar todos os negros da cadeia.

O programa do partido pede liberdade, desemprego zero, fim da exploração capitalista, casas decentes, educação, isenção de serviço militar para negros, fim da brutalidade policial e assassinato de negros, liberdade para todos os negros presos, julgamento dos negros por suas comunidades, terra, pão, moradia, educação, roupas, justiça e paz.

Inicialmente, o partido organiza patrulhas armadas para monitorar e desafiar a brutalidade do Departamento de Polícia de Oakland, na Califórnia. Em 1969, os Panteras Negras passam a fazer ações sociais, oferecendo café da manhã grátis e clínicas médicas para a população negra.

O diretor-geral do FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal dos EUA, John Edgar Hoover, descreve o partido como "a maior ameaça à segurança interna do país".

GORBACHEV GANHA NOBEL DA PAZ

    Em 1990, o último líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev, ganha o Prêmio Nobel da Paz por seu esforço para acabar com a Guerra Fria com os Estados Unidos.

Gorbachev ascende à liderança do Partido Comunista em 11 de março de 1985 e se propõe a revolucionar o regime soviético com uma abertura política, a glasnost (transparência), e uma reforma econômica, a perestroika (reestruturação).

No primeiro de quatro encontros de cúpula com o presidente norte-americano Ronald Reagan, em Genebra, na Suíça, em 19 e 20 de novembro de 1985, as duas superpotências prometem reduzir seus arsenais nucleares pela metade.

Na Cúpula de Reykvajik, em 11 e 12 de outubro de 1986, Gorbachev propõe a abolição dos mísseis balísticos, mas Reagan está decidido a manter a Iniciativa de Defesa Estratégica, mais conhecida como Guerra nas Estrelas, porque militarizaria o espaço. As negociações entram em colapso na última hora.

O terceiro encontro acontece em Washington de 8 a 10 de dezembro de 1987. É marcado pela assinatura do primeiro acordo que abole toda uma classe de armas nucleares, os mísseis de curto e médio alcances, de 500 a 5,5 mil quilômetros. 

No governo Donald Trump (2017-21), em 2 de agosto de 2019, os EUA abandonam o Tratado de Forças Nucleares Intermediárias (INF) alegando violações da Rússia, herdeira das armas nucleares soviéticas.

De 29 de maio a 3 de junho de 1988, em Moscou, Reagan e Gorbachev trocam os documentos de ratificação do INF e discutem os conflitos na América Central, no Sul da África e no Oriente Médio, e a retirada soviétca do Afeganistão.

Em 7 de dezembro de 1988, na Cúpula da Ilhas dos Governadores, em Nova York, participa também o presidente eleito dos EUA, George Herbert Walker Bush, que era vice-presidente de Reagan.

A abertura de Gorbachev causa as revoluções liberais que derrubam o comunismo nos países da Europa Oriental, com clímax na queda do Muro de Berlim, maior símbolo da divisão o mundo na Guerra Fria, em 9 de novembro de 1989.

Dias depois, na Cúpula de Malta, em 2 e 3 de dezembro de 1989, Bush e Gorbachev declararam o fim da Guerra Fria. A Cúpula de Helsinque, em 9 de setembro de 1990, dá o aval das superpotências à reunificação da Alemanha, em 3 de outubro de 1990.

Com o fim da divisão da Europa, Bush e Gorbachev assinam na Cúpula de Paris, em 19 de novembro de 1990, o Tratado sobre Forças Convencionais na Europa.

Ao participar de uma reunião de cúpula do Grupo dos Sete em Londres, em 17 de julho de 1991, Gorbachev pede uma ajuda de US$ 50 bilhões, rejeitada enquanto não abandonasse o comunismo.

Gorbachev é reconhecido no exterior como um dos grandes estadistas da segunda metade do século 20, mas na Rússia as reformas econômicas não decolam. O regime comunista se mostra irreformável. Em 18 de agosto, a linha dura liderada pelo vice-president Guennadi Yanaiev dá um golpe de Estado, mas a resistência liderada pelo primeiro presidente democraticamente eleito da Rússia, Boris Yeltsin, derrota os golpistas.

Gorbachev volta ao cargo, mas o poder fica com Yeltsin. Em 8 de dezembro de 1991, as três repúblicas eslavas que formam o núcleo central da URSS – Rússia, Ucrânia e Bielorrússia – decidem se separar. No Natal, Gorbachev anuncia o fim da URSS.

Desde então, o último líder soviético se dedica à defesa da democracia e a causas ecológicas. É um dos principais investidores no jornal independente russa Novaya Gazeta, cujo editor, Dimitri Muratov, ganhou o Prêmio Nobel da Paz 2021.

PAZ NA ÁFRICA DO SUL

    Em 1993, o presidente Frederik de Klerk e o líder da maioria negra sul-africana, Nelson Mandela, ganham o Prêmio Nobel da Paz "pelo seu trabalho pelo fim pacífico do fim do regime segregacionista do apartheid e por lançar os alicerces de uma África do Sul nova e democrática.

Sob a inspiração de Henry David Thoreau, Leon Tolstoy e Mohandas Gandhi, Mandela, um advogado que defende os direitos dos negros, é a favor da resistência pacífica na luta contra a ditadura da minoria branca.

Depois da morte de 69 negros no Massacre de Sharpeville, em 21 de março de 1960, o Congresso Nacional Africano (CNA) adere à luta armada e Mandela vira comandante do braço armado do grupo, Umkhonto we Sizwe (Lança da Nação). É preso em 1962 e condenado à morte, sentença depois reformada para prisão perpétua.

Mandela fica preso até 11 de fevereiro de 1990, quando é libertado pelo governo De Klerk depois de quase 27 anos para negociar o fim do regime segregacionista branco. Em abril de 1994, o CNA vence as primeiras eleições democráticas da história da África do Sul. Mandela toma posse como primeiro presidente negro em 10 de maio de 1994.

CHINA NO ESPAÇO

    Em 2003, a China se torna o terceiro país a lançar um voo espacial tripulado, depois da União Soviética e dos Estados Unidos. Durante o voo de 21 horas, a nave Shenzhou-5, pilotada por Yang Liwei, dá 14 voltas na Terra.

Yang nasce em 21 de junho de 1965 em Suizhong. Aos 18 anos, entra para o Exército Popular de Libertação e entra na escola de aviação da Força Aérea, onde se forma como piloto de guerra com mais de 1.350 horas de voo.

Em 1998, ele é escolhido entre 1,5 mil candidatos para entrar no programa de treinamentos para formar o primeiro astronauta chinês. Depois de voltar, Yang é nomeado subcomandante em chefe do programa de voos espaciais tripulados da China. Ele é promovido a general em 2008.

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Nobel de Economia premia importância da democracia para o desenvolvimento

Três pesquisadores ganharam o Prêmio Nobel de Economia "por estudos sobre como as instituições se formam a afetam a prosperidade", sobre como a democracia é importante para o desenvolvimento econômico e social, anunciou hoje em Estocolmo a Academia Real de Ciências da Suécia.


O turco naturalizado norte-americano Daron Acemoglu e o britânico-norte-americano Simon Johnson, professores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e o britânico-norte-americano James Robinson, professor da Universidade de Chicago, "mostraram a importância das instituições sociais para a prosperidade de um país. Sociedades com sistema jurídico deficiente e instituições que exploram a população não geram crescimento nem mudança para melhor", declarou o comitê do Nobel.

Acemoglu e Robinson são autores do livro Por que as Nações Fracassam: as origens da prosperidade e da pobreza, um best-seller. A tese central é que a divergência no desenvolvimento econômico e social não se deve a cultura, etnia ou religião, mas à qualidade das instituições.

As distorções vêm do período colonial, da forma como a colonização aconteceu. "Em vez de questionar se o colonialismo é bom ou mau, notamos que diferentes estratégias coloniais levaram a diferentes padrões institucionais que persistem ao longo do tempo. Falando em termos gerais, o trabalho que fizemos destaca a democracia", declarou Acemoglu em entrevista coletiva depois do anúncio.

"Quando os europeus colonizaram grande parte do globo, as instituições nessas sociedades mudaram. Isso às vezes foi dramático, mas não aconteceu da mesma forma em toda parte", observou a Academia da Suécia. 

"Em alguns lugares", geralmente com maiores riquezas naturais, "o objetivo era explorar as populações indígenas e extrair recursos para benefício dos colonizadores", geralmente enviados para a matriz. São as colônias de exploração. 

"Em outros", sem tanta riqueza, "os colonizadores criaram sistemas políticos e econômicos inclusivos para beneficiar os migrantes europeus a longo prazo", acrescentou o comitê. São as colônias de povoamento, dos que foram para ficar e não enriquecer e voltar para o coração do império.

O resultado é que os 20% países mais ricos são 30 vezes mais ricos do que os 20% mais pobres. O Império Asteca era mais rico e populoso do que o resto da América do Norte, mas hoje os Estados Unidos e o Canadá são muito mais ricos do que o México. Duas cidades fronteiriças, Nogales, têm o mesmo nome dos dois lados da fronteira. A norte-americana é muito mais próspera, apesar da mesma cultura e localização geográfica.

"Reduzir as enormes diferenças de renda entre países é um dos grandes desafios do nosso tempo", comentou o presidente do Comitê do Nobel de Economia, Jakob Svensson. Graças ao que chamou de "pesquisas inovadoras", acrescentou, "temos um conhecimento muito maior das causas profundas de por que os países fracassam ou têm sucesso."

Uma explicação é a qualidade das instituições criadas durante a colonização. Assim, países que eram pobres enriqueceram e colônias ricas viraram países pobres. "Alguns países estão presos numa armadilha com instituições extrativistas e baixo crescimento econômico. A introdução de instituições inclusivas criaria benefícios de longo prazo para todos, mas instituições extrativistas dão ganhos de curto prazo para quem está no poder. Enquanto o sistema político garantir que vão manter o controle, ninguém vai acreditar nas promessas de futuras reformas econômicas", continua a declaração do Nobel.

Diante da pergunta de um repórter sobre como explicar o extraordinário desenvolvimento chinês, o professor Acemoglu respondeu: "Nosso argumento é que este tipo de crescimento autoritário é frequentemente mais instável" e menos inovador. 

É preciso ver como vai reagir o regime chinês quando a crise chegar. O país já tem problemas no mercado imobiliário, de endividamento e queda no crescimento. Criou um mercado formidável capaz de garantir a estabilidade a longo prazo, mas a legitimidade da ditadura repousa sobre o sucesso da economia. Quando a crise vier, o poder absoluto do Partido Comunista será questionado.

Acemoglu reconheceu que há uma crise da democracia por não conseguir promover o bem-estar social do conjunto da população: "Muitas pessoas estão descontentes, muitas pessoas sentem que não têm uma voz – e não é isso o que a democracia promete."

Os três laureados vão dividir igualmente o prêmio de 11 milhões de coroas suecas, cerca de R$ 5,9 milhões.

Hoje na História do Mundo: 14 de Outubro

 CONQUISTA NORMANDA

    Em 1066, o exército invasor de Guilherme, Duque da Normandia, vence o rei Haroldo II na Batalha de Hastings e conquista a Inglaterra.

Como não tem filhos, o rei Eduardo o Confessor (1042-66) barganha com a herança do trono. Em 1051, ao se desentender com Goduíno, Conde de Essex, o homem mais poderoso da Inglaterra, provavelmente oferece a coroa a seu primo Guilherme da Normandia.

Quando Goduíno morre, em 1053, seu filho Haroldo, novo Conde de Essex, começa a trabalhar para herdar o trono. Passa uma década consolidando seu poder junto à nobreza e ao clero. Mas seu reinado é curto. Vai de 5 de janeiro a 14 de outubro de 1066.

Guilherme o Conquistador mantém seus domínios na Normandia criando um país que atravessava o Canal da Mancha, o que está na origem de séculos de guerras entre Inglaterra e França até se tornarem aliadas na Entente Cordiale, em 1904.

REVOLTA EM SOBIBOR

    Em 1943, cerca de 300 funcionários judeus do campo de concentração e centro de extermínio de Sobibor, na Polônia ocupada pela Alemanha Nazista, se revoltam e matam vários guardas ucranianos e supervisores da SS, a organização paramilitar do Partido Nazista. Vários prisioneiros morrem ao tentar fugir durante a rebelião.

Sobibor é um dos três campos de concentração da Operação Reinhard, cuja meta é matar todos os judeus da Polônia depois que a Conferência do Lago Wannsee, em Berlim, aprova em 20 de janeiro de 1942 a "solução final" da questão judaica, o extermínio dos judeus da Europa.

De maio a julho de 1942, os nazistas levam para Sobibor judeus da Alemanha, da Áustria, da Eslováquia e da Polônia. 

Todos os presos sobreviventes da revolta são mortos no dia seguinte. Os nazistas desmontam o campo e plantam árvores no local. Só cerca de 50 prisioneiros sobrevivem à guerra. Pelo menos 170 mil pessoas, talvez 250 mil, morrem em Sobibor. É o quarto centro de extermínio nazista em número de mortes, atrás de Auschwitz, Treblinka e Belzec.

SUICÍDIO DA RAPOSA DO DESERTO

    Em 1944, o marechal de campo alemão Erwin Rommel, a Raposa do Deserto, um dos mais qualificados comandantes militares da Alemanha Nazista, ex-comandante do Exército da África, se suicida tomando veneno depois da descoberta de sua ligação com a Operação Walquíria, a conspiração para matar Adolf Hitler.

Johannes Erwin Eugen Rommel nasce em 15 de novembro de 1891 em Herrlingen. Ele serve como oficial na Primeira Guerra Mundial (1914-18). É condecorado por ações na frente italiana. No período entreguerras, escreve livros e progride na carreira militar.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), comanda a 7ª Divisão Panzer da Wehrmacht, o Exército nazista, na invasão à França, em maio e junho de 1940. Sua liderança no comando do Afrika Korps durante a campanha no Norte da África lhe dá o apelido de Raposa do Deserto.

Depois da derrota para forças do Império Britânico na Segunda Batalha de El Alamein, travada de 23 de outubro a 3 de novembro de 1942, ele é transferido para cuidar da Muralha do Atlântico que os nazistas constroem para tentar, sem sucesso, impedir a invasão da Normandia em 6 de junho de 1944.

CRISE DOS MÍSSEIS EM CUBA

    Em 1962, um avião-espião norte-americano U-2 fotografa a construção de silos para mísseis que a União Soviética está erguendo em Cuba, deflagrando a pior crise da Guerra Fria, que deixa o mundo mais perto do que nunca de uma guerra nuclear. 

A tensão entre os EUA e a URSS em torno de Cuba se agrava com a fracassada invasão da Baía dos Porcos, em abril de 1991, uma operação articulada pela Agência Central Inteligência (CIA) com refugiados cubanos, um projeto do vice-presidente Richard Nixon, um ferrenho anticomunista, no governo Dwight Eisenhower (1953-61). O presidente John Kennedy (1961-63) herdou a operação.

Vitorioso, o comandante da Revolução Cubana, Fidel Castro, pede proteção à URSS. Em um ano, o número de assessores militares soviéticos em Cuba sobe para mais de 20 mil.

Fidel e o líder soviético, Nikita Kruschev, estão certos de que os EUA tentariam invadir de novo. Sob pressão da linha dura, Kruschev pensa em se fortalecer e neutralizar a presença de mísseis nucleares norte-americanos na Turquia, perto do território soviético.

Dois dias depois, devidamente analisadas por oficiais de inteligência, as fotos chegam à mesa do presidente Kennedy no Salão Oval da Casa Branca. Os mísseis dão à URSS a condição de lançar um primeiro ataque de uma distância de 140 quilômetros, podendo atingir quase todo o território dos EUA.

Kennedy cria um gabinete de guerra, onde pombas falcões travam um duelo entre diplomacia e uso da força, e decidem impor um bloqueio aeronaval em Cuba. Em 22 de outubro, Kennedy faz um pronunciamento na televisão comunicando ao povo norte-americano que a URSS está instalando mísseis nucleares em Cuba, o que considera inaceitável, e anuncia o que chamou de "quarentena", na verdade um bloqueio aeronaval.

Todo navio soviético que se aproximar de Cuba está sujeito a abordagem e inspeção dos EUA para não levar mais equipamentos nucleares à ilha. Kennedy exige a retirada dos mísseis e a destruição dos silos.

São os dias mais tensos da Guerra Fria. Nunca o mundo fica tão perto de uma guerra nuclear. Diante do impasse, os EUA se preparam para invadir Cuba. Um jornalista soviético, todo jornalista soviético era também agente secreto, estranha a ausência de jornalistas no café do Capitólio e comenta com um atendente que avisa: "Está todo o mundo indo para Cuba porque os EUA vão invadir.

Este jornalista liga para Moscou e Kruschev finalmente cede. Em 27 de outubro, a URSS anuncia a retirada dos mísseis de Cuba e os EUA se comprometem a remover os mísseis instalados na Turquia, que eram obsoletos e seriam retirados mesmo. Os dois países fazem um acordo tácito para não invadir Cuba.

Depois desta crise, as superpotências instalam o telefone vermelho, uma linha direta entre o Kremlin e a Casa Branca para os líderes resolverem pessoalmente as crises mais graves. Enfraquecido, Kruschev cai dois anos depois.

LUTA PACÍFICA

    Em 1964, o pastor Martin Luther King Jr. ganha o Prêmio Nobel da Paz por sua luta pacífica pelos direitos civis e a justiça social para os negros dos Estados Unidos.

Sob a inspiração do líder pacifista da independência da Índia, o Mahatma Gandhi, Luther King adota a luta pacífica, com a desobediência civil criada por Henry David Thoreau, o naturalista e ativista norte-americano que se negou a pagar impostos para não financiar a Guerra Mexicano-Americana (1846-48). Thoreau foi lido pelo escrito russo Leon Tolstói e suas ideias influenciaram Gandhi, Nelson Mandela e Luther King.

Ele lidera o boicote dos negros ao sistema de ônibus de Montgomery, no estado do Alabama, em 1955, depois que a ativista Rosa Parker se nega a ceder o assento para um branco, e leva o movimento contra as leis de discriminação racial a Albany, na Geórgia, e a Birmingham, no Alabama.

Na Marcha sobre Washington, em 28 de agosto de 1963, Luther King faz no Memorial de Lincoln, na capital dos EUA, seu discurso mais importante, Eu Tenho um Sonho: "Eu tenho um sonho de que um dia meus filhos não sejam julgados pela cor da pele, mas pela nobreza do seu caráter."

O Dr. King, que é chamado nos EUA, é investigado pelo FBI, a polícia federal norte-americana, por supostas ligações com grupos esquerdistas. Em 1964, ganha o Prêmio Nobel da Paz e o governo Lyndon Johnson (1963-69), herdeiro de John Kennedy, aprova a Lei de Direitos Civis, dando finalmente igualdade de direitos aos pretos nos EUA.

Às 18h01 de 4 de abril de 1968, James Earl Ray mata Luther King atirando na varanda do segundo andar do hotel onde está hospedado em Memphis, no Tennessee, onde apoia uma greve dos trabalhadores de serviços sanitários negros discriminados.

domingo, 13 de outubro de 2024

Hoje na História do Mundo: 13 de Outubro

 PEDRA FUNDAMENTAL DA CASA BRANCA

    Em 1792, é lançada a pedra fundamental da sede do governo dos Estados Unidos, em Washington, a nova cidade construída especialmente para ser capital do país, substituindo a Filadélfia.

O segundo presidente dos EUA, John Adams, é o primeiro a ocupar o prédio, que logo começa a ser chamado de Casa Branca, em contraste com os edifícios de tijolos vermelhos.

Os estados de Maryland e da Virgínia cedem os territórios para a fundação do Distrito de Colúmbia. As obras começam em 1791.

Em 1814, durante a Guerra de 1812, os soldados britânicos tocam fogo na Casa Branca e no Capitólio em retaliação pelo incêndio de prédios do governo colonial no Canadá.

CANADÁ SALVO DE INVASÃO

    Em 1812, durante a Guerra de 1812-15, em que o Reino Unido tenta recolonizar os Estados Unidos, forças britânicas sob o comando do general Sir Isaac Brock derrotam os norte-americanos na Batalha de Queenstown Heights e impedem a invasão do Canadá.

Brock, o melhor general britânico nesta guerra, morre em combate, assim como cerca de mil soldados. Os EUA desistem de tomar o Canadá.

MILAGRE NOS ANDES

    Em 1972, o voo 571 da Força Aérea do Uruguai começa a descida para o aeroporto de Santiago do Chile antes da hora, bate na Cordilheira dos Andes e os sobreviventes só são resgatados 72 dias mais tarde.

O avião é fretado para levar o time do Old Christian Rugby Club de Montevidéu, a capital do Uruguai, para o Chile. Leva 45 pessoas a bordo; 19 jogadores, além parentes, amigos e tripulantes. 

Em meio às nuvens que escondem as montanhas, o piloto erra a manobra de descida e, de repente, se vê diante de um pico escuro. Tenta passar por cima, mas o avião bate na montanha, se espatifa e desliza pela encosta até parar numa geleira.

Doze pessoas morrem na hora, entre elas o piloto, e cinco pouco depois, inclusive o copiloto.

Uma hora depois do acidente, o Serviço de Busca e Salvamento Aéreo do Chile inicia a operação de resgate, mas os sobreviventes só são encontrados 72 dias depois.

Logo, eles ficam sem comida. No 11º dia na montanha, os sobreviventes ouvem num rádio que a busca é suspensa. O sobrevivente Roberto Canessa conta que eles têm a sensação de que os corpos estão se consumindo para sobreviver: "Sabíamos a resposta, mas era terrível demais."

Depois de rezar, eles decidem que só resta canibalizar os mortos. Provavelmente todos morreriam sem esta medida extrema. 

Uma avalanche no 17º dia mata oito sobreviventes e quase enterra os outros vivos. Em 15 de novembro, um grupo de quatro decide sair atrás de ajuda pensando em chegar a um vale próximo. Eles encontram os destroços da cauda do avião, onde acham remédios, alimentos e livros, mas não conseguem ajuda.

Três sobreviventes, Canessa, Nando Parrado e Antonio Vizintín, fazem nova tentativa. Sobem a montanha durante três dias. Quando chegam ao pico, percebem que estão mais longe do que pensavam. Canessa e Parrado caminham mais nove dias até atingir um rio e um vale onde conseguem ajuda.

Os outros sobreviventes são resgatados por helicópteros da Força Aérea do Chile em 22 e 23 de dezembro.

PALESTINOS SEQUESTRAM AVIÃO ALEMÃO

    Em 1977, quatro militantes da Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP) sequestram um avião da companhia aérea alemã-ocidental Lufthansa e exigem a libertação de 11 prisioneiros do grupo terrorista Baader-Meinhof, também conhecido como Fração do Exército Vermelho. 

Durante três décadas, o grupo de ultraesquerda aterroriza a Alemanha Ocidental e mata mais de 30 políticos, militares e empresários.

Depois de passar por seis países, o avião pousa em Mogadíscio, a capital da Somália, em 17 de outubro, depois dos terroristas matarem o piloto. No dia seguinte, um comando de operações especiais do Exército da Alemanha Ocidental ataca o avião, mata três sequestradores e liberta os 86 reféns.

Na manhã seguinte, Andreas Baader é encontrado na cela da prisão de Stammheim morto por um tiro. Gudrun Ensslin está enforcada. Jan-Carl Rasper agoniza depois de levar um tiro e Irmgard Möller tem quatro marcas de facadas no pescoço e no peito. A versão oficial é suicídio coletivo. A única sobrevivente afirma que foram dopados e assassinados. 

RESGATE DE MINEIROS CHILENOS

    Em 2010, depois de 69 dias presos no subsolo a 800 metros da superfície, os últimos de 33 mineiros chilenos são salvos, depois de um tempo recorde de sobrevivência embaixo da terra.

O drama dos mineiros começa em 5 de agosto, quando a mina de ouro e cobre São José, situada a cerca de 800 quilômetros ao norte de Santiago, desaba. Os mineiros procuram um refúgio seguro dentro de mina e não tem contato com a superfície durante 17 dias.

Quando alguns mineiros já pensam em suicídio ou canibalismo, em 22 de agosto, uma sonda atinge a área onde estão os mineiros, que enviam uma nota dizendo que todos estão bem. Logo, eles passam a receber água, comida, cartas, outros suprimentos e câmeras de vídeo para monitorar a situação.

Para viabilizar o resgate, os engenheiros cavam um buraco e enfiam um tubo com espaço suficiente para passar uma pessoa. Cada um fica cerca de 15 minutos dentro da cápsula até chegar à superfície.

sábado, 12 de outubro de 2024

Hoje na História do Mundo: 12 de Outubro

COLOMBO DESCOBRE AMÉRICA

    Em 1492, o navegador genovês Cristóvão Colombo, a serviço da coroa a Espanha, chega às ilhas Bahamas pensando estar na Índia e reivindica as terras para os reis católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela.

Colombo nasce em Gênova, hoje parte da Itália, em 1451. Marinheiro e empreendedor naval, acredita que a Terra é redonda e sonha em chegar a Catai (China), à Índia e às Ilhas das Especiarias (Indonésia) navegando no rumo oeste. Os europeus desconhecem a América e o Oceano Pacífico.

Na época, o caminho para as Índias está bloqueado pela tomada de Constantinopla pelos turcos do Império Otomano, em 29 de maio de 1453. Os portugueses dobram o Cabo da Boa Esperança, no Sul da África, em 1488 e Vasco da Gama chega à Índia em 1498.

O descobridor apresenta seus planos ao rei Dom João II, de Portugal, que rejeita a ideia. Os reis da Espanha também não se interessam nas primeiras tentativas.

A vitória sobre os árabes com a conquista de Granada e o fim do Império Andaluz, em janeiro de 1492, dá um impulso ao colonialismo espanhol. Os reis Fernando e Isabel decidem bancar a viagem.

Três pequenos navios – Santa Maria, Pinta e Niña – saem do porto de Palos, perto de Cádiz, no Sul da Espanha, em 3 de agosto, e aportam nas Bahamas, provavelmente na ilha de Watling, em 12 de outubro.

No mesmo mês, Colombo chega a Cuba imaginando se tratar da China. Em dezembro, encontra Hispaniola, a ilha hoje dividida entre o Haiti e a República Dominicana, acreditando estar no Japão e funda uma colônia com 39 de seus homens.

Ao todo, Colombo faz quatro viagens ao Novo Mundo, mas morre em 1506 acreditando ter chegado às Índias. O continente se chama América em homenagem ao navegador florentino Américo Vespúcio, que participou das expedições exploradoras portuguesas de 1501 e 1503 e descreveu o continente como Novo Mundo.

Por causa do genocídio dos índios e da escravidão, hoje em dia, Colombo está sendo cancelado e suas estátuas derrubadas em vários lugares, especialmente nos Estados Unidos. A data é comemorada como Dia dos Povos Indígenas.

Um novo estudo genético realizado por cientistas espanhóis concluiu que Colombo era espanhol e judeu.

PRIMEIRA OKTOBERFEST

    Em 1810, o príncipe herdeiro da Baviera, futuro rei Luís I, casa com a princesa Therese von Sachsen Hildburghausen e a família real convida o povo de Munique para a festa, que inclui corridas de cavalos.

A comemoração é repetida no ano seguinte, dando origem à Oktoberfest, celebrada anualmente do fim de setembro ao primeiro domingo de outubro, com consumo anual estimado de 3,79 milhões de litros de cerveja.

Blumenau, em Santa Catarina, faz a maior Oktoberfest fora da Alemanha.

URSS LIDERA CORRIDA ESPACIAL

    Em 1964, depois de lançar o primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik e de enviar o primeiro homem (Yuri Gagarin) e a primeira mulher ao espaço (Valentina Tereshkova), a União Soviética põe em órbita a primeira nave espacial, a Voshkod 1, com mais de uma pessoa a bordo: Vladimir Komarov, Konstantin Feoktistov e Boris Yegorov.

A missão dura dois dias e é a primeira realizada sem trajes espaciais. Komarov seria a primeira vítima da corrida espacial, em 24 de abril de 1967, quando o paraquedas principal de amortecimento da queda da Soyuz 1 não abre e a nave se espatifa no solo.

TERROR CONTRA O USS COLE

    Em 2000, dois terroristas suicidas ligados à rede Al Caeda vão numa lancha de borracha até o navio norte-americano USS Cole, ancorado no porto de Áden, no Iêmen, e detonam uma bomba que mata 17 marinheiros e deixa outros 38 feridos.

O Cole para em Áden, na ponta sul da  Península Arábica, para reabastecer e voltar a patrulhar as sanções contra o Iraque de Saddam Hussein. Fica apenas quatro horas no porto, o que indica que os terroristas tinham informações precisas sobre o navio.

Os peritos norte-americanos que investigam o atentado buscam ligações dos terroristas com Ossama ben Ladeu, acusado pelos Estados Unidos pelos atentados contra as embaixadas norte-americanas no Quênia e na Tanzânia, em agosto de 1998, que mataram 224 pessoas, inclusive 22 norte-americanos.

INFERNO NO PARAÍSO

    Em 2002, um ano, um mês e um dia depois dos atentados terroristas de 11 de setembro nos Estados Unidos, três bombas abalam a paz da paradisíaca ilha de Báli, na Indonésia, matando 202 pessoas e ferindo outras 200.

A primeira explosão, de uma bomba de 1,2 mil quilos, é diante da boate Sari Club. Aparentemente, tem como alvo turistas australianos. A Austrália deu a maioria da força de paz que garantiu a independência do Timor Leste da Indonésia em 1999, despertando a ira dos extremistas muçulmanos.

Outra bomba, escondida numa mochila, explode num bar. A terceira é detonada diante do consulado norte-americano.

O grupo terrorista Jemaah Islamiah reivindica autoria das três explosões. O mesmo grupo ataca o Hotel Marriott em Jacarta, a capital indonésia, em 2003, a Embaixada da Austrália na Indonésia em 2004 e atentados terroristas suicidas contra três restaurantes de Báli em 1º de outubro de 2005, quando morrem 22 pessoas.

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Sobreviventes da bomba atômica ganham Prêmio Nobel da Paz

 O Prêmio Nobel da Paz de 2024 traz uma advertência à humanidade sobre a volta do risco de uma guerra nuclear, que se tornou mais provável com a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022. Ganhou a organização não governamental japonesa Nihon Hidankyo, formada por sobreviventes das bombas atômicas de Hiroxima (foto) e Nagasáki por sua luta "por um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar através de seu testemunho que as armas nucleares não devem ser usadas nunca mais", anunciou hoje o comitê norueguês do Prêmio Nobel.

Ao receber a notícia, o presidente da Nihon Hidankyo, Toshiyuki Mimali, declarou que seu maior sonho é "abolir as armas nucleares enquanto estamos vivos."

As duas bombas jogadas pelos Estados Unidos para acabar com a Segunda Guerra Mundial (1939-45) em agosto de 1945 mostraram ao mundo o que seria um apocalipse nuclear. Pelo menos 80 mil pessoas morreram em Hiroxima e 60 mil em Nagasáki nos primeiros dias, e mais de 300 mil até hoje contando as vítimas dos efeitos de longo prazo da radiação.

É a décima vez que o Prêmio Nobel da Paz vai para a luta contra as armas mais mortíferas produzidas pelo homem, do político britânico Philip Noel Baker em 1959 à Campanha Internacional pela Abolição de Armas Nucleares em 2017.

Mais de 100 mil sobreviventes da bomba, os hibakushas, estão vivos. Eles "ajudam a descrever o indescritível, a pensar o impensável, e de alguma forma entender a dor e o sofrimento incompreensível causada por armas nucleares", declarou Jorden Watne Frydnes, presidente do Comitê do Prêmio Nobel da Paz.

"A começar pelos atos desumanos em Hiroxima e Nagasáki, formos oprimidos pelos EUA e abandonados pelo governo do Japão por um longo tempo", afirmou o secretário-geral da Nihon Hidankyo, Sueichi Kido, sobrevivente de Nagasáki, ao receber a notícia do prêmio,

O comitê destaca que, se as armas atômicas nunca mais foram usadas, as potências nucleares estão modernizando seus arsenais e outros países tentam fazer a bomba. Não citou nenhum país, mas, desde o início da invasão da Ucrânia, o ditador russo, Vladimir Putin, faz uma chantagem nuclear, ameaçando usar armas nucleares táticas na Ucrânia.

Ao mesmo tempo, a Coreia do Norte entrou para o clube nuclear em 2006 e o Irã está perto de fazer a bomba. Isto pode deflagrar novas corridas armamentistas nucleares no Oriente Médio e no Leste da Ásia. No momento, Israel examina as opções para retaliar um ataque de mísseis iranianos contra seu território. Entre elas, está um bombardeio às instalações nucleares do Irã para tentar impedir ou ao menos retardar o desenvolvimento da bomba nuclear iraniana.

"O mundo está recuando no desarmamento nuclear", observou Masako Wada, sobrevivente de Nagasáki e membro da Nihon Hidankyo. "A invasão da Ucrânia causou um sofrimento humano indescritível e aumentou o risco de guerra nuclear. Dediquei minha vida à abolição de armas nucleares. Sinto como os humanos são pecaminosos. Em vez de raiva, sinto tristeza e medo de quão profundamente os humanos caem na escuridão. Temos de continuar a ir em frente para transmitir o nosso desejo, a nossa esperança de rejeitar as armas nucleares."

"Os esforços extraordinários de Nihon Hidankyo e de outros representantes dos hibakushas contribuíram muito para o estabelecimento do tabu nuclear", comentou o presidente do Comitê Norueguês do Nobel. É portanto alarmante que este tabu contra o uso de armas nucleares esteja sob pressão. As potências nucleares estão modernizando e aperfeiçoando seus arsenais; novos países parecem estar se preparando para adquirir armas nucleares; e há ameaças de uso de armas nucleares em guerras em andamento." 

"Neste momento da história, é importante relembrar que as armas nucleares são as armas mais destrutivas que o mundo já viu", destacou o comitê do Nobel da Paz. "Um dia, os hibakushas não estarão mais entre nós como testemunhas da história. Mas, com uma cultura de lembrança e um compromisso contínuo, novas gerações no Japão vão levar adiante a experiência e a mensagem das testemunhas. Eles são uma inspiração e educadores das pessoas ao redor do mundo. Neste sentido, ajudam a manter o tabu nuclear – uma precondição para um futuro pacífico para a humanidade."

O diretor do Instituto de Pesquisas da Paz de Oslo (PRIO), Henrik Urdal, observou que, "numa era em que emergem sistemas de armas automatizados e da guerra orientada pela inteligência artificial, o apelo [dos laureados] ao desarmamento não é só histórico, é uma mensagem crítica para nosso futuro."

Hoje o mundo tem nove potências nucleares (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido, Índia, Paquistão, Israel e a Coreia do Norte) e 13 mil ogivas nucleares em estoque, de acordo com a União de Cientistas Preocupados.

Todos os acordos negociados para acabar com a Guerra Fria entre EUA e União Soviética caducaram, menos o Novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas (New START), assinado em 2010 pelos então presidentes dos EUA, Barack Obama, e da Rússia, Dimitri Medvedev. No início do governo Joe Biden (2021-25), foi prorrogado até 5 de fevereiro de 2026 para dar tempo à renegociação. 

Ao invadir a Ucrânia à revelia do direito internacional, o ditador russo se mostrou um negociador inconfiável. Vladimir Putin não é Mikhail Gorbachev, o último líder soviético, decisivo para o fim da Guerra Fria. Ao mesmo tempo, a China, superpotência em ascensão, trabalha para ao menos equiparar seu arsenal nuclear aos dos EUA e da Rússia.

A Nihon Hidankyo ganha um prêmio de 11 milhões de coroas suecas, cerca de R$ 5,9 milhões.
Na segunda-feira, será anunciado o ganhador do Prêmio Nobel de Economia.

Hoje na História do Mundo: 11 de Outubro

 VIET MINH TOMA VIETNÃ DO NORTE

    Em 1954, o Viet Minh, movimento comunista criado por Ho Chi Minh em resistência ao colonialismo francês e ao imperialismo japonês, assume o controle do Vietnã do Norte.

Quando termina a ocupação japonesa no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45), a França tenta reimpor o domínio colonial. O Viet Minh inicia uma guerra de guerrilhas conhecida como Primeira Guerra da Indochina (1946-54).

A resistência liderada pelo Viet Minh, sob o comando do general Vo Nguyen Giap, vence a guerra na Batalha de Dien Ben Phu, em maio de 1954. O armistício entra em vigor em 1º de agosto. O Viet Minh marcha sobre Hanói.

Pelo acordo firmado na Conferência de Genebra, o Vietnã é dividido temporariamente em duas metades iguais, com uma zona desmilitarizada ao longo do paralelo 17º Norte. 

O Norte seria a República Democrática do Vietnã, proclamada por Ho Chi Minh, e o Sul por Ngo Dinh Diem, católico e anticomunista.

Depois de eleições supervisionadas internacionalmente, o Vietnã seria reunificado em 1956. Quando os EUA cancelam as eleições que provavelmente seriam vencidas pelo Viet Minh, começa a Segunda Guerra da Indochina ou Guerra do Vietnã (1955-75), onde os EUA intervêm diretamente de 1964 a 1973. 

A guerra termina em 30 de abril de 1975 com a queda de Saigon, hoje Cidade de Ho Chi Minh, e uma fuga espetacular de helicóptero da embaixada norte-americana.

JOÃO XXIII ABRE CONCÍLIO

    Em 1962, o papa João XXIII (1958-63) abre o Concílio Vaticano II, o primeiro concílio ecumênico em 92 anos, para promover um renascimento espiritual e a unidade da Igreja Católica Apostólica Romana com outros ramos do cristianismo.

Angelo Giuseppe Roncalli nasce em 1881 e é ordenado padre em 1904. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), como enviado papal à Turquia, salva judeus ajudando-os a fugir para a Palestina.

Depois da guerra, é nomeado núncio apostólico (embaixador do Vaticano) na França, um posto difícil porque o anterior havia cooperado com o regime colaboracionista de Vichy durante a ocupação nazista. Em 1953, é consagrado cardeal.

Com a morte do papa Pio XII, o cardeal Roncalli é eleito papa João XXIII em 28 de outubro de 1958 aos 77 anos e promove uma revolução na Igreja Católica. Para começar, anda livremente, acabando com a ideia de que o papa é "um prisioneiro do Vaticano".

As grandes mudanças vêm com o Concílio Vaticano II, concluído por seu sucessor, Paulo VI, em 1965. A missa passa a ser rezada na língua local e não mais exclusivamente em latim. Há um aumento da liberdade religiosa e do ecumenismo, numa tentativa de se aproximar da Igreja Cristã Ortodoxa e das correntes protestantes do cristianismo, e maior tolerância em relação aos não cristãos.

LENNON LANÇA IMAGINE

    Em 1971, o ex-beatle John Lennon lança Imagine, considerada uma das músicas mais influentes do século 20 ao falar de um mundo utópico sem guerras nem conflitos nem religiões, com "todos os povos dividindo o mundo inteiro".

John começa a escrever Imagine no tempo dos Beatles e grava logo depois que a banda se separa, em 1970. Em contraste com as músicas mais políticas de Lennon como Give Peace a ChancePower to the People Merry Xmas (War is Over)Imagine não tem uma mensagem política explícita. É filosófica, utópica, poética e romântica.

BRUCE SPRINGSTEEN NAS PARADAS

    Em 1975, aos 26 anos, o roqueiro Bruce Springsteen, descrito como o "novo Elvis" ou o "novo Dylan", coloca seu primeiro compacto entre os 40 mais vendidos nas paradas de sucesso, Born to Run.

Springsteen nasce em Long Branch, em Nova Jérsei, em 1949, e cresce na era de ouro do rock'n'roll nos Estados Unidos.

Seu maior sucesso vem em 1985 com o álbum Born in the USA, quando faz turnê pelo país se apresentando em estádios e faturando mais de US$ 1 milhão por show, mais do que a legendária banda de rock de São Francisco The Grateful Dead, que tradicionalmente faturava mais de US$ 500 mil por concerto em suas turnês de verão.

CARTER GANHA NOBEL DA PAZ

    Em 2002, o ex-presidente norte-americano Jimmy Carter (1977-81) é agraciado com o Prêmio Nobel da Paz "por décadas de esforços incansáveis para encontrar soluções pacíficas para problemas internacionais, promover a democracia, os direitos humanos e o desenvolvimento econômico e social."

Presidente de um só mandato, Carter media as negociações de paz de Camp David entre Israel e o Egito, e só manda os militares dos Estados Unidos para ação no exterior na fracassada tentativa de libertar os norte-americanos mantidos como reféns na embaixada em Teerã, ocupada em 4 de novembro de 1979 depois da Revolução Islâmica no Irã.

A crise dos reféns, a inflação e a recessão causadas pela crise do petróleo, agravada pela Revolução Iraniana de 1979, levam à vitória do republicano Ronald Reagan em 1980.

Depois de deixar o governo, em 1982, o ex-presidente cria o Centro Carter, uma organização sem fins lucrativos de promoção da democracia e dos direitos humanos que media crises, observa eleições e colabora no combate a doenças.

Outros três presidentes dos EUA ganham o Prêmio Nobel da Paz: Theodore Roosevelt (1906), Woodrow Wilson (1919) e Barack Obama (2009).