quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Trump volta à Casa Branca prometendo vingança

 Com vitórias em todos os estados-chaves, o ex-presidente Donald Trump está praticamente eleito presidente dos Estados Unidos. Vence não só no Colégio Eleitoral, mas no voto popular. Trump melhorou sua votação entre negros e latinos, e conquistou em toda parte, inclusive nos cinco bairros de Nova York.

O grande derrotado é o presidente Joe Biden, que insistiu em ser candidato, apesar da idade avançada, ao contrário do que havia prometido na campanha de 2020. Nos primeiros anos de governo, ele escondeu a vice-presidente Kamala Harris. Só desistiu sob pressão, um mês depois de um debate desastroso em 27 de junho. Mas aí não havia mais tempo para uma competição pela candidatura.

Nenhum partido manteve o poder nos EUA com um presidente com apenas 41% de aprovação. Biden adotou políticas importantes, por exemplo, no combate ao aquecimento global, mas não teve energia para viajar pelo país e defender as propostas do governo. Político medíocre, conseguiu barrar a reeleição de Trump em 2020, mas será julgado duramente pela história.

A vitória de Trump dá um ânimo à extrema direita e à ascensão do neofascismo em escala global. O grande vencedor é o ditador da Rússia, Vladimir Putin, já que os EUA devem cortar ou ao menos diminuir significativamente o apoio à Ucrânia. Os aliados europeus da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) não podem mais contar com a proteção dos EUA.

As políticas ambientais de Biden também devem ser anuladas. Durante a campanha, Trump defendeu os combustíveis fósseis e a perfuração de mais poços de petróleo. No primeiro governo, ela retirou os EUA do Acordo de Paris sobre Mudança do Clima. Deve fazer o mesmo de novo.

O grande argumento da campanha de Trump foi a economia. A campanha democrata falhou ao não insistir que o aumento da inflação e do custo de vida são consequência da pandemia, que causou choques de oferta e de demanda, de oferta porque as empresas produziram menos e de demanda porque as pessoas ficaram mais em casa e consumiram menos.

Para evitar uma recessão, os governos Trump e Biden deram dinheiro aos norte-americanos. Quando a situação melhorou, a população foi às compras e a demanda correu na frente da oferta. A inflação chegou a 10% ao ano, a maior em 40 anos. Caiu depois, mas os preços não recuaram, não voltaram ao patamar anterior à pandemia.

Há uma semana, o jornal conservador The Wall Street Journal, porta-voz do centro financeiro de Nova York, que apoia Trump, afirmou que o próximo governo vai herdar uma economia formidável, mas 72% dos norte-americanos acreditam que o país estava indo na direção errada.

Trump vendeu a ideia de que é mais competente na economia, mas é um empresário que recebeu uma fortuna de centenas de milhões de dólares do pai, que queria ocultar patrimônio. Trump faliu seis vezes e ficou mais de 10 anos sem pagar imposto de renda federal alegando prejuízos. De 1985 a 1994, as principais empresas de Trump perderam dinheiro todos os anos, num total de mais de US$ 1 bilhão. Em 1990 e 1991, perderam mais de US$ 250 milhões por ano, mais do que o dobro de qualquer outro contribuinte.

Na campanha, Trump prometeu novos cortes de impostos para os ricos e as grandes empresas, e a imposição de tarifas de 20% sobre todas as importações e 60% sobre produtos chineses. Isto pode ter forte impacto inflacionário.

Acima de tudo, Trump é uma ameaça à mais antiga democracia do mundo. É o único presidente que não reconheceu a derrota e tentou dar um golpe de Estado para ficar no poder. Incentivou a invasão do Congresso para tentar impedir a certificação da vitória de Biden em 6 de janeiro de 2021.

Agora, ameaça usar a máquina pública, inclusive o Exército, para perseguir adversários políticos que chama de "inimigo interno". Além de postura mussolinesca de queixo empinado, Trump usou expressões do ditador nazista Adolf Hitler ao acusar imigrantes de "envenenar o sangue" dos EUA. Noutro dia, citou sua própria genética para se apresentar como superior.

O Projeto 2025, feito pelo instituto conservador Heritage Foundation, prevê a redução da independência da máquina pública, com demissão em massa de funcionários estatutários a serem substituídos por nomeações políticas, e a deportação de 10 milhões de imigrantes ilegais. Se for implementado, será um golpe à democracia nos EUA.

Se o primeiro mandato de Trump parecia um golpe de sorte, um acidente ou uma anomalia histórica, já que a ex-secretária de Estado e ex-primeira-dama Hillary Clinton ganhou no voto popular por 2,8 milhões em 2016, a volta de Trump revela uma mudança importante num país onde a maioria branca está atormentada com a expectativa de deixar de ser maioria.

Trump é racista, machista e fascista. O historiador Robert Paxton, especialista em fascismo, resistia em usar o termo para não banalizar a ideia. Depois do assalto ao Capitólio, mudou de ideia por causa da violência, do uso da força para fazer política, principal característica do fascismo.

Ele foi condenado em Nova York por 34 acusações de fraude e falsificação de documentos de suas empresas para pagar US$ 130 mil para comprar o silêncio de uma atriz pornô com quem teve um caso. Os dois processos federais pelo ataque ao Congresso e por levar para casa documentos secretos e ultrassecretos serão anulados. Há um quarto, no estado da Geórgia, por pressionar autoridades eleitorais e mudar o resultado da eleição de 2020.

Por mais inacreditável que pareça, um criminoso condenado será o próximo presidente dos EUA. Trump concorreu principalmente para não ir para a cadeia – e conseguiu. Serão quatro anos de caos, sangue, suor e lágrimas.

Hoje na História do Mundo: 6 de Novembro

 LINCOLN ELEITO

    Em 1860, com a divisão do Partido Democrata, Abraham Lincoln se torna o primeiro candidato do Partido Republicano a ser eleito presidente dos Estados Unidos. Com 40% dos votos populares, vence os outros três candidatos.

Lincoln chama a atenção do novo partido mesmo perdendo a eleição ao disputar uma vaga para o Senado em Illinois com Stephen Douglas, em 1858. Numa série de debates, Lincoln critica a escravidão, enquanto Douglas defende que a decisão de abolir a escravatura cabe aos estados.

Douglas vence em Illinois, mas é um dos derrotados na eleição presidencial, quando representa os democratas do Norte. Os democratas do Sul têm outro candidato, John Breckinridge.

Em 20 de dezembro de 1860, sete estados do Sul deixam a União. Antes da posse de Lincoln, em 4 de março de 1861, criam a Confederação dos Estados da América e, em 6 de novembro, elegem Jefferson Davis como presidente. 

A Guerra da Secessão (1861-65) começa em 12 de abril, quando forças do Sul, sob o comando do general Pierre Gustave Beauregard atacam o Forte Sumter, na Carolina do Sul, que está em poder da União (Norte).

Quando a guerra vira a favor do Norte, em 1º de janeiro de 1863, Lincoln proclama a abolição da escravatura, libertando todos os escravos dos estados rebeldes. É reeleito em 1864.

A 13ª Emenda à Constituição dos EUA, que liberta todos os escravos, é aprovada no Congresso em 31 de janeiro de 1865, no fim da Guerra Civil. Em 15 de abril, John Wilkes Booth, partidário da Confederação, mata o presidente no Teatro Ford, em Washington, cinco dias depois do fim da guerra, com a rendição do general Robert Lee em Appomattox.

CONFEDERAÇÃO ELEGE PRESIDENTE

    Em 1861, os estados confederados do Sul elegem Jefferson Davis como presidente sem adversários, simplesmente confirmando a eleição feita um ano antes pelo Congresso da Confederação, para cumprir um mandato de seis anos.

Davis fica no cargo até março de 1865, quando o governo da Confederação é extinto, no fim da Guerra da Secessão (1861-65). Ele não é processado pela insurreição por dois motivos, para pacificar o país e para não criar um direito à secessão, em casos de absolvição.

REVOLUÇÃO COMUNISTA

    Em 1917, os bolcheviques, liderados por Vladimir Lenin e Leon Trotsky, derrubam o governo provisório de Alexander Kerenski, ocupam prédios públicos e pontos estratégicos de Petrogrado (hoje São Petersburgo), a capital da Rússia na época, e dois dias depois formam o governo revolucionário do primeiro país marxista.

Os mencheviques tem uma visão social-democrata. Querem implantar uma democracia para reformar a Rússia. Depois da queda do czar Nicolau II, o Sanguinário, na Revolução de Fevereiro (março pelo calendário gregoriano adotado depois da revolução), lideram o governo provisório, derrubado pelos comunistas na Revolução de Outubro (novembro pelo novo calendário).

Vladimir Ilich Ulianov (Lenin) nasce em 1870 e entra na política depois da execução o irmão mais velho, em 1887, sob a acusação de participar de uma conspiração para matar o czar Alexandre III. Ao estudar direito em São Petersburgo, se associa a grupos marxistas.

Em 1895, Ulianov ajuda a fundar a União pela Luta pela Libertação da Classe Trabalhadora. Preso em dezembro do mesmo ano, passa um ano na cadeia e três no exílio na Sibéria. Depois do exílio, vai para a Europa Ocidental, onde continua a pregação revolucionária e adota o pseudônimo de Lenin.

Em 1902, Lenin lança o livro O Que Fazer?, em que sustenta a tese de que só um partido disciplinado de revolucionários pode levar o socialismo à Rússia.

O Partido Social-Democrata dos Trabalhadores da Rússia nasce em 1903 em Londres. Desde o início, há uma divisão entre os bolcheviques, favoráveis à luta armada, e os mencheviques, defensores da via democrática para o socialismo. A cisão definitiva acontece em 1912.

Antes, com a Revolução de 1905, depois da humilhante derrota para o Japão na Guerra do Pacífico (1904-5), Lenin volta à Rússia. A revolução e uma onda de greves acabam quando Nicolau II promete reformas, inclusive uma Constituição e a criação de um parlamento. Quando o país volta ao normal, o czar revoga a maioria das reformas. Em 1907, Lenin volta ao exílio.

Quando estoura a Primeira Guerra Mundial (1914-18), Lenin se opõe ao conflito, que descreve como uma luta entre as classes dominantes em que os soldados, oriundos do proletariado, devem apontar suas armas para os capitalistas que os enviam aos campos de batalha. São Peterburgo é rebatizada Petrogrado para tirar o nome de origem alemã.

Exilado na Suíça, Lenin lança sua principal obra sobre relações internacionais, o livro Imperialismo: Estágio Superior do Capitalismo, onde defende a tese do elo mais fraco: a revolução não começaria nos países capitalistas avançados, como previu Karl Marx, mas nos países mais frágeis do sistema, como a Rússia, que não tem uma indústria desenvolvida.

Com a derrota humilhante da Rússia para a Alemanha e o impacto econômico da Primeira Guerra Mundial, os soldados que voltam das frentes de combates se unem a trabalhadores numa onda de greves e protestos. Em 15 de março de 1917, Nicolau II abdica, pondo fim a mais de 300 anos de domínio da Dinastia Romanov.

A Alemanha autoriza então Lenin a atravessar o país para voltar à Rússia, na expectativa que os socialistas contrários à guerra minariam o esforço de guerra russo. De volta à Rússia, Lenin lança as Teses de Abril, dez diretrizes conclamando os sovietes a derrubar o governo provisório.

Em julho, os bolcheviques conquistam a maioria no Soviete de Petrogrado. Em novembro, tomam o poder e Lenin se torna um ditador. Faz a paz com a Alemanha, estatiza a indústria e distribui terras aos camponeses.

No início da 1918, a reação czarista provoca uma guerra civil. Em 1920, os czaristas são derrotados. A União das Repúblicas Socialistas Soviética nasce em 1922. Com a morte de Lenin, em 21 de janeiro de 1924, há uma luta pelo poder entre Leon Trotsky e Josef Stalin, vencida por Stalin em 1927, o que dá início a um longo período de repressão e tirania, até a morte do ditador, em 5 de março de 1953.

ONU CONDENA APARTHEID

    Em 1962, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprova resolução condenando o regime segregacionista do apartheid e conclama os países-membros a romper relações econômicas e militares com a África do Sul.

De 1948 a 1994, o regime da minoria branca oficializa a segregação racial e a discriminação política e econômica dos sul-africanos não brancos. Os negros são obrigados a viver em áreas segregadas e não podem entrar nos bairros e zonas rurais dos brancos, a não ser com um passe especial. A minoria branca tem as melhores terras e fica com a maior parte da riqueza do país mais rico de África.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 5 de Novembro

 IMPÉRIO MUGAL

    Em 1556, um Exército mugal vence o general hindu Hemu, que tenta usurpar o trono do recém-aclamado imperador Akbar, de apenas 14 anos. Akbar consolida o poder e leva o império a uma glória sem precedentes.

O Império Mugal, com uma cultura persa-islâmica com elementos indianos, existe entre 1526 a 1857 e chega a dominar quase todo o subcontinente indiano, antes da colonização da Índia pelo Império Britânico.

O Taj Mahal, um dos monumentos históricos mais famosos da Índia, é construído pelo quinto imperador mugal, Shah Jahan, em homenagem à sua terceira e preferida esposa, que morre ao dar à luz seu 14º filho.

CONSPIRAÇÃO DA PÓLVORA

    Em 1605, o rei Jaime I, da Inglaterra, Jaime VI na Escócia, fica sabendo de uma tentativa de explodir o Parlamento numa conspiração católica para afastar os protestantes, que são maioria na Câmara dos Comuns, embora o rei seja católico, escocês, da Dinastia Stuart.

Por volta da meia-noite de 4 para 5 de novembro, o juiz de paz Sir Thomas Knyvet encontra Guy Fawkes no porão do Palácio de Westminster em atitude suspeita e manda revistar o local. A polícia encontra 20 barris de pólvora.

Guy Fawkes é preso. Sob tortura, confessa fazer parte de uma conspiração católica.

O líder da Conspiração da Pólvora é Robert Catesby, um católico com pai perseguido no reinado de Elizabeth I (1558-1603) por não se submeter à Igreja da Inglaterra. Fawkes, convertido ao catolicismo, é fanático a ponto de lutar pelo Exército da Espanha contra a Holanda.

Catesby alicia mais conspiradores, entre eles Francis Tresham e aluga o porão que vai até o Parlamento. Fawkes coloca os barris de pólvora, cobertos por carvão e madeira para disfarçar.

Quando se aproxima a sessão do Parlamento marcada para 5 de novembro, Tresham avisa o cunhado, Lorde Monteagle, a não ir. Monteagle avisa as autoridades.

Nas próximas semanas, todos os conspiradores são presos ou mortos. Mas os ingleses festejam até hoje o Dia de Guy Fawkes, o homem que tentou explodir o Parlamento, com fogos de artifício e a malhação de um judas. É um símbolo da rebeldia.

WILSON VENCE PRESIDENTES

    Em 1912, o democrata Woodrow Wilson obtém uma ampla vitória sobre o presidente republicano William Howard Taft e o ex-presidente Theodore Roosevelt, do Partido Progressista, na única eleição da história dos Estados Unidos em que dois presidentes são derrotados por outro candidato.

Wilson governa por dois mandatos e convence os norte-americanos a entrar na Primeira Guerra Mundial (1914-18), "a guerra para acabar com todas as guerras", em 1917. No fim do conflito, seu plano de paz de 14 pontos é a base das negociações da Conferência de Paz de Versalhes, a "paz para acabar com todas as pazes". Inclui a criação da Liga das Nações, a primeira organização internacional de caráter universal dedicada à paz mundial.

ATAQUEM PEARL HARBOR

    Em 1941, a Marinha de Guerra do Império do Japão recebe a ordem ultrassecreta de preparar o bombardeio à Frota do Pacífico dos Estados Unidos estacionada em Pearl Harbor, no Havaí. O ataque acontece em 7 de dezembro e leva os EUA a entrar na Segunda Guerra Mundial (1939-45).

As relações entre os dois países se deterioram em 1940, quando o Japão invade a Indochina, rica em petróleo, e ameaça as Filipinas, um protetorado norte-americano. Os EUA fecham o Canal do Panamá a navios japoneses e impõem um embargo à venda de petróleo ao Japão, que depende totalmente da importação do produto.

Em setembro de 1941, o presidente Franklin Delano Roosevelt ameaça ir à guerra se o Japão invadir mais algum país do Sudeste Asiático. 

Os militares dominam a política japonesa. Em 17 de outubro, o ministro da Guerra, almirante Hideki Tojo, se torna primeiro-ministro e deixa claro nas negociações que o Japão não pretende se retirar dos territórios ocupados.

Tojo usa a ameaça de guerra de Roosevelt para justificar o bombardeio de Pearl Harbor e também da Península Malaia, das Índias Orientais Holandesas (hoje Indonésia) e das Filipinas, numa guerra contra as potências imperiais do Ocidente em que o Japão alega estar libertando a Ásia do colonialismo ocidental.

VELHO CAMPEÃO

    Em 1994, aos 45 anos, George Foreman se torna o campeão dos pesos-pesados mais velho do boxe ao vencer Michael Moorer, de 26 anos, em Las Vegas no 10º assalto.

Mais de 12 mil espectadores veem a primeira derrota de Moorer, que entra no ringue com 35 vitórias em 35 lutas.

Foreman nasce em Marshall, no Texas, em 1949, e abandona a escola cedo. Vira boxer ao participar de um programa de emprego no governo Lyndon Johnson (1963-69). Conquista a medalha de ouro na Olimpíada do México, em 1968, e o título mundial ao derrubar Joe Frazier no segundo assalto, somando 38 vitórias em 38 lutas, 35 por nocaute.

No ano seguinte, perde a luta do século para Mohammed Ali, em Kinshasa, no Zaire, abandona o boxe e vira pregador. Aos 38 anos, volta aos ringues e anos depois reconquista o título mundial.

FOGO AMIGO

    Em 2009, o major Nidal Malik Hasan, um psiquiatra do Exército dos Estados Unidos que tratava casos de estresse pós-traumático, mata 13 pessoas a tiros e fere outras 30, quase todas soldados, na maior base militar do mundo, o Forte Hood, no Texas, de 880 quilômetros quadrados, onde vivem ou trabalham 50 mil militares, além de familiares e do pessoal civil.

O ataque é no centro de processamento onde se apresentam os soldados que vão para as guerras no Iraque e no Afeganistão e são recebidos os que voltam. Dura 10 minutos, até Hasan ser baleado por um civil e preso.

Filho de imigrantes palestinos, Hasan se formou na Universidade Politécnica da Virgínia, Fez formação psiquiátrica na Universidade de Ciências da Saúde em Bethesda e trabalho do Centro Médico Walter Reed, o tribunal militar de Washington, antes de ir para o Forte Hood.

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 4 de Novembro

 TÚMULO DE TUTANCÂMON

    Em 1922, o arqueólogo Howard Carter e sua equipe descobrem a entrada da tumba do faraó Tutancâmon no Vale dos Reis, no Egito, que está preservada por nunca ter sido saqueada.

Carter chega pela primeira vez ao Egito em 1891, quando a maioria das tumbas do Egito Antigo está descoberta, mas não a do jovem faraó que morreu aos 18 anos. 

Depois da Primeira Guerra Mundial (1914-18), Carter intensifica a busca e encontra a entrada perto da tumba do faraó Ramsés VI. Em 26 de novembro, ele e o colega Lorde Carnarvon entram nas câmaras da tumba, que estão admiravelmente intactas e preservadas.

EMBAIXADA EM TEERÃ

    Em 1979, depois da Revolução Islâmica no Irã, jovens aliados do aiatolá Ruhollah Khomeini invadem a Embaixada dos Estados Unidos em Teerã e tomam todos os diplomatas e funcionários como reféns, no início de uma ocupação que dura 444 dias e só acaba depois da posse do presidente Ronald Reagan, em 20 de janeiro de 1981.

ASSASSINATO DE RABIN

    Em 1995, o extremista de direita Yigal Amir mata o primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, durante um comício pela paz na Praça dos Reis, em Telavive, por ter feito um acordo com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

Preso na hora pela polícia, Amir, de 27 anos, um estudante de direito ligado ao grupo extremista Eyal, confessa o assassinato e justifica dizendo que Rabin queria "dar nosso país aos árabes".

Rabin nasce em 1º de março de 1922 Jerusalém. Um dos líderes da Guerra da Independência de Israel (1948-49), comanda as Forças Armadas de Israel na Guerra dos Seis Dias (1967).

Depois da carreira militar, entra para o Partido Trabalhista e é eleito primeiro-ministro em 1974. Governa até 1977 e cai num escândalo por ter conta bancária nos Estados Unidos, o que era proibido em Israel. De 1984 a 1990, é ministro da Defesa de Israel.

Em 1992, é reeleito primeiro-ministro e apoia as negociações secretas com a OLP realizadas em Oslo, na Noruega, o que o leva a apertar a mão do líder palestino Yasser Arafat no jardim da Casa Branca em 13 de setembro de 1993, quando os dois assinam a declaração de princípios para criar a Autoridade Nacional Palestina, permitir a volta de Arafat à Cisjordânia e entregar a administração da Faixa de Gaza e da região de Jericó aos palestinos. Paga com a vida.

ELEIÇÃO DE OBAMA

    Em 2008, o senador Barack Obama se torna o primeiro negro a ser eleito presidente dos Estados Unidos.

Filho de pai queniano e mãe norte-americana, Barack Hussein Obama nasce em Honolulu, no Havaí, onde eles estudam em 4 de agosto de 1961. 

Quando os pais se separam, a mãe se casa com um indonésio. Ele vive até 11 anos na Indonésia e vai para os EUA estudar. Não carrega assim o estigma dos afro-americanos descendentes de escravos e uma cultura negativista que valoriza a marginalidade, o uso de drogas e o mau desempenho na escola.

Obama estuda em Harvard, uma das melhores universidades do mundo, onde dirige a revista da Faculdade de Direito. Antes de entrar para a política, trabalha como organizador comunitário na Zona Sul de Chicago, uma área pobre da cidade.

Em 2004, Obama faz o discurso de apresentação do candidato na Convenção Nacional do Partido Democrata que nomeia John Kerry e se destaca pelo talento de grande orador.

Para conquistar a candidatura democrata em 2008, ele vence nas eleições primárias a senadora e ex-primeira-dama Hillary Clinton. Na eleição, realizada menos de dois meses depois do colapso do banco Lehman Brothers, que deflagra uma crise internacional, derrota o senador republicano John McCain, um veterano de guerra que passou cinco anos e meio preso no Vietnã do Norte.

ACORDO DE PARIS

    Em 2016, entra em vigor o Acordo de Paris sobre Mudança do Clima. Mais de 190 países se comprometem a adotar metas voluntárias de redução de emissões de gases carbônicos para conter o aquecimento global.

O Acordo Quadro sobre Mudança do Clima é negociado na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). É o início da ação global para evitar que a concentração de gases carbônicos na atmosfera por causa da atividade humana eleve demais a temperatura da Terra. Desde então, são realizadas conferências das partes (CoPs) do acordo.

Em 1997, é assinado o Protocolo de Quioto, pelo qual 37 países desenvolvidos se comprometiam a reduzir as emissões em 5% em relação a 1990. Os Estados Unidos negociam o acordo com o vice-presidente Al Gore, um ecologista, mas o Senado não ratifica alegando concorrência desleal, já que os países em desenvolvimento não precisam fazer nada.

Quando o Protocolo de Quioto caduca, em 2012, a China, com seu desenvolvimento industrial, é a maior poluente. Há necessidade de um acordo que inclua todos os países.

O Acordo de Paris, assinado na 21ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CoP-21), em 2015, prevê que cada país apresente metas voluntárias de redução de emissões e a criação de mecanismos financeiros para os países menos desenvolvidos reduzirem as emissões de gases de efeito estufa e enfrentarem os impactos da mudança do clima com mitigação e adaptação.

Em 2019, o presidente Jair Bolsonaro abre mão de realizar a CoP-25 no Brasil, alegando que custaria R$ 500 milhões. A conferência é transferida para o Chile e acaba sendo realizada em Madri, na Espanha, por causa das manifestações de protestos contra o governo chileno naquele ano. O Brasil tenta bloquear o acordo.

Em 2021, a CoP-26, realizada em Glasgow, na Escócia, registra alguns avanços como acordos sobre florestas e redução das emissões de gás metano, mas não chega a um acordo para banir o uso de carvão e, mais importante, para financiar a transição energética nos países em desenvolvimento.

O Brasil promete acabar com o desmatamento em 2030, mas Bolsonaro afirma que é o "desmatamento ilegal". Com o desmatamento na Amazônia, vira o maior vilão global da destruição da natureza.

Na CoP-27, realizada de 6 a 18 de novembro em Charm al-Cheikh, no Egito, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, é convidado. Isto marca um retorno do protagonismo do Brasil nas negociações internacionais de meio ambiente depois do calamitoso governo Bolsonaro.

Os países em desenvolvimento cobram a promessa dos países ricos de dar US$ 100 bilhões por ano para combater o aquecimento global. Os mecanismos financeiros, inclusive o mercado de créditos de carbono, em que países que emitem menos podem vender sua "cota de poluição" a países ou empresas, ficam de ser regulamentados na conferência deste ano.

A CoP-28 é realizada de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023 em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Decide que o mundo precisa fazer uma transição para reduzir as emissões de combustíveis fósseis, triplicar até 2030 a produção de energia de fontes renováveis, redobrar os esforços para aumentar a eficiência energética e eliminar gradualmente os subsídios "ineficientes" aos combustíveis fósseis. A CoP-28 é presidida por um diretor de companhia de petróleo dos EAU.

A CoP-29 será realizada de 11 a 22 de novembro deste ano em Baku, a capital da ex-república soviética do Azerbaijão, outro grande produtor de petróleo.

No próximo ano, a CoP-30 será em Belém, a capital do Pará, no Brasil. Será a primeira realizada na Amazônia, junto à maior floresta tropical do planeta, que será decisiva para conter o aquecimento global.

domingo, 3 de novembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 3 de Novembro

PANAMÁ DECLARA INDEPENDÊNCIA

    Em 1903, com o apoio dos Estados Unidos e da Companhia do Canal do Panamá, franco-norte-americana, o Panamá declara independência da Colômbia.

No Tratado Hay-Herrán, a Colômbia dá aos EUA o direito de usar o Istmo do Panamá para construir um canal ligando os oceanos Atlântico e Pacífico em troca de uma compensação financeira. O Senado dos EUA ratifica o tratado, mas o Senado da Colômbia rejeita, temendo uma perda de soberania.

Então, o presidente Theodore Roosevelt, considerado o pai do imperialismo norte-americano, apoia a revolta dos nacionalistas panamenhos e envia tropas. A Colômbia está enfraquecida depois da Guerra dos Mil Dias (1889-1902) entre conservadores e liberais. Não consegue expulsar os fuzileiros navais dos EUA.

Os EUA reconhecem a independência do Panamá em 6 de novembro. Pelo Tratado de Hay-Bunau-Varilla, assinado em 18 de novembro, o Panamá dá aos EUA a posse exclusiva e permanente da Zona do Canal do Panamá por US$ 10 milhões e mais uma anuidade de US$ 250 mil, a ser paga a partir de nove anos depois. Há protestos no Panamá.

A obra começa em 1881, com a mesma companhia francesa que construiu o Canal de Suez, no Egito, mas a firma quebra por falta de confiança dos investidores, problemas de engenharia e a alta mortalidade dos trabalhadores, atingidos por moléstias tropicais como a febre amarela. O trabalho do médico sanitarista brasileiro Oswaldo Cruz no combate à febre amarela é importante para viabilizar a construção.

Em 4 de maio de 1904, os EUA assumem o controle da obra, que custa US$ 500 milhões, cerca de US$ 12,9 bilhões pela cotação do fim de 2020. Os dois oceanos são ligados em 10 de outubro de 1913, quando um sinal de telégrafo enviado pelo presidente Woodrow Wilson da Casa Branca detona o Dique da Gamboa. 

O navio SS Cristobal é o primeiro a cruzar o Canal do Panamá, em 3 de agosto de 1914, 401 anos depois que o navegador espanhol Vasco Núnez de Balboa se torna o primeiro europeu a atravessar o istmo e descobrir o Oceano Pacífico. A abertura oficial é um 14 de agosto. 

Em 1977, o ditador nacionalista Omar Torrijos negocia com o presidente norte-americano a transferência do canal para o Panamá em 1999. Cerca de 14 mil navios passam todo ano pelo Canal do Panamá.

CACHORRA NO ESPAÇO    

    Em 1957, 30 dias depois de lançar o Sputnik, primeiro satélite artificial da Terra, a União Soviética envia ao espaço o primeiro ser vivo, a cachorrinha Laika, uma rusky siberania que vivia nas ruas de Moscou. Ela morre de pânico e superaquecimento.

Outros cinco cachorros enviados pela URSS morrem no espaço antes do primeiro voo espacial tripulado com um ser humano, o cosmonauta Yuri Gagarin, subir aos céus, em 12 de abril de 1961, e descobrir que "a Terra é azul".

KENNEDISMO EXPLODE NAS URNAS

    Em 1964, Lyndon Johnson, o vice-presidente que assume a Presidência dos Estados Unidos depois do assassinato do presidente John Kennedy, em 22 de novembro de 1963, conquista uma vitória esmagadora sobre o senador racista Barry Goldwater, com mais de 60% do voto popular.

É a primeira eleição presidencial em que os moradores do Distrito de Colúmbia, onde fica a capital, votam, depois da aprovação da 23ª Emenda à Constituição dos EUA, em 1961.

MASSACRE DE GREENSBORO

    Em 1979, membros do grupo supremacista branco Ku Klux Klan e neonazistas matam cinco comunistas que participavam da manifestação Morte ao Klan, em Greensboro, na Carolina do Norte.

Durante o julgamento, realizado no ano seguinte, fica evidente que a polícia local sabia do risco de violência e não fez nada para impedir. Os seis réus são absolvidos. Outro julgamento, na Justiça Federal, em 1984, não condena ninguém.

Em 1985, um júri popular da Carolina do Norte condena dois policias de Greensboro, cinco neonazistas e klanistas e um informante a polícia pela morte de um dos manifestantes. Eles são obrigados a pagar uma indenização de US$ 400 mil. 

Este julgamento concluiu que não houve conluio entre a polícia, agentes federais e o KKK para atacar a manifestação.

NOVO WORLD TRADE CENTER

    Em 2014, é aberta a torre do World Trade Center construída no lugar das Torres Gêmeas derrubadas pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

  

sábado, 2 de novembro de 2024

Republicanos dependem cada vez mais do Colégio Eleitoral

Quando os país da pátria escreveram a Constituição dos Estados Unidos, em 1787, era o primeiro país a eleger seu chefe de Estado. Então, criaram o Colégio Eleitoral para a elite ter a palavra final e evitar que um tresloucado chegasse à Presidência. 

Hoje é exatamente este sistema que ameaça levar Donald Trump, um notório fascista, de volta à Casa Branca. Com a mudança demográfica, é cada vez mais improvável que o Partido Republicano ganhe no voto popular. Isto estimula o autoritarismo e ameaça a mais antiga democracia do mundo.

O Colégio Eleitoral tem 538 delegados, o número de deputados e senadores do Congresso, que tem 435 deputados e 100 senadores. Os outros três são representantes do Distrito de Colúmbia, onde fica a capital. Eles têm direito a voz, mas não a voto na Câmara dos Representantes. Ganham quem conquistar pelo menos 270 votos no Colégio Eleitoral.

Na eleição de Jimmy Carter, em 1976, 40 estados poderiam eleger um republicano ou democrata. Com a polarização política do país, especialmente depois que Ronald Reagan atrelou o Partido Republicano à direita religiosa, este número foi diminuindo. Hoje, acredita-se que a eleição será decidida em sete estados-chaves ou estados-pêndulos, que podem ir para um lado ou para outro.

Duas vezes, no século 19, o vencedor não ganhou no voto popular. Isto só voltou a acontecer no ano 2000, quando George W. Bush ganhou a eleição na Flórida, governada por seu irmão Jeb Bush, que organizava a votação, por uma diferença de 537 votos, com fortes suspeitas de fraude.

Desde então, os republicanos só venceram no voto popular com o mesmo Bush, em 2004, quando o país estava em guerra, o que tende a favorecer o presidente, com uma campanha de notícias falsas questionando a medalha de honra que o candidato democrata, John Kerry, ganhou pela Guerra do Vietnã.

Com a mudança demográfica e o aumento da população não branca, cada vez mais os republicanos dependem do Colégio Eleitoral e isto alimenta o autoritarismo e o fascismo.

Hoje na História do Mundo: 2 de Novembro

 DECLARAÇÃO DE BALFOUR

    Em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial, o ministro do Exterior britânico, lorde Arthur James Balfour, envia uma carta ao líder da comunidade judaica no Reino Unido, o Barão Lionel Walter Rothschild, manifestando apoio à criação de uma pátria para o povo judeu no território histórico da Palestina, na época sob controle do Império Otomano (turco), que está perdendo a guerra.


A necessidade de fundação de uma pátria para o povo judeu ganha força no fim do século 19, quando há vários pogroms (massacres) de judeus na Europa Oriental e casos de antissemitismo como a condenação injusta de Alfred Dreyfus, capitão do Exército da França, acusado de espionagem para a Alemanha.

Em 1895, o jornalista austro-húngaro Theodor Herzl, pai do moderno sionismo, lança o livro O Estado Judeu. A Argentina e Uganda, na África, são citadas como possíveis locais, mas o sonho do movimento sionista é voltar a Jerusalém e ao território histórico de Israel, na Palestina, de onde os judeus são expulsos no ano 70 depois da invasão do imperador romano Tito, que destrói Jerusalém.

Com a derrota iminente do Império Otomano, Lorde Balfour lança a ideia definitivamente.

TRUMAN VENCE DEWEY

    Em 1948, contrariando as pesquisas e as expectativas dos analistas, o presidente democrata Harry Truman derrota o governador de Nova York, Thomas Dewey, por mais de 2 milhões de votos e é eleito para um segundo mandato de quatro anos na Casa Branca.

Antes do fim da apuração, o jornal Chicago Tribune sai com a manchete: "Dewey derrota Truman".

Truman assume a Presidência dos Estados Unidos com a morte do presidente Franklin Delano Roosevelt, em 12 de abril de 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45). O eleitorado o considera uma sombra de Roosevelt, eleito em 1932, no auge da Grande Depressão (1929-39). Truman ainda hostiliza os democratas do Sul com sua política de direitos civis para os negros.

No fim, sua imagem de homem íntegro e honesto prevalece.

EXPLOSÃO MATA MILHARES

    Em 1982, a explosão de um caminhão dentro do Túner Salang, no Afeganistão, mata cerca de 3 mil pessoas, na maioria soldados da União Soviética.

A invasão soviética do Afeganistão, iniciada em 26 de dezembro de 1979, é um fracasso em todos os sentidos, com mais de 15 mil soldados mortos. O pior incidente é a explosão dentro do túnel quando um comboio do Exército Vermelho o atravessa a caminho de Cabul, a capital afegã.

O Túnel Salang fica a 3.350 metros de altitude. Tem 2,7 quilômetros de cumprimento, pouco mais de 6,6 metros de altura e cerca de 5,2 metros de largura.

A URSS nunca revela os detalhes da tragédia. A hipótese mais provável é que um veículo militar se choque com um caminhão-tanque, que explode e destrói cerca de 30 ônibus com soldados do Exército Vermelho. Oficiais soviéticos tomam a explosão por um ataque e impedem os veículos de sair do túnel.

Lá dentro, o incêndio continua e os veículos parados emitem gás carbônico. As vítimas morrem queimadas ou intoxicadas. Para piorar a situação, o sistema de ventilação do túnel está quebrado. São necessários dias para remover todos os corpos.

DIA DE LUTHER KING

    Em 1983, o presidente Ronald Reagan sanciona a lei que transforma a terceira segunda-feira de janeiro num feriado nacional nos Estados Unidos em homenagem ao reverendo Martin Luther King Jr., líder da luta pelos direitos civis dos negros norte-americanos.

Filho de um pastor batista, o Dr. King nasce 1929 em Atlanta, na Geórgia. Em 1955, ele organiza a primeira grande manifestação contra a segregação racial no Sul dos EUA: o Boicote aos Ônibus de Montgomery, no Alabama.

Sob influência do líder da independência da Índia, Mohandas Gandhi, o Mahatma, Luther King defende a luta não violenta e a desobediência civil como instrumentos contra o racismo institucionalizado. Apesar da reação violenta da maioria branca, o movimento persiste, mas enfrenta oposição dos Panteras Negras como Stokely Carmichael e Louis Farrakhan, a favor do uso da força.

Grande orador, King apela para os valores cristãos e da democracia como base de sua campanha. Em 28 de agosto de 1963, lidera a Marcha sobre Washington e faz o famoso discurso Eu Tenho um Sonho: "Eu tenho um sonho de que um dia meus filhos serão julgados pelo seu caráter e não pela cor da pele."

A Lei de Direitos Civis, aprovada em 1964, proíbe a discriminação racial no emprego e na educação, e acaba com a segregação em locais públicos. Em outubro de 1965, Luther King ganha o Prêmio Nobel da Paz. 

Martin Luther King é assassinado em 4 de abril de 1968 por James Earl Ray em Memphis, no Tennessee.

MORANDO NO ESPAÇO

    Em 2000, a primeira tripulação residente chega para ficar quatro meses e meio na Estação Espacial Internacional, fruto da cooperação entre os Estados Unidos, a Europa, o Canadá, o Japão e a Rússia.

Estes países decidem se associar em 1998. As primeiras partes da estação espacial entram em órbita no fim deste ano. Cinco viagens de ônibus espaciais norte-americanos e duas de naves soviéticas levam os componentes. 

Os russos Yuri Gidzenko e Serguei Krikalev e o norte-americano Bill Shepard são escolhidos para a missão. Durante a permanência no espaço, eles se exercitam duas horas por dia para evitar a atrofia muscular e dão 15,5 voltas por dia ao redor da Terra.

Uma nova tripulação chega em 10 de março do ano seguinte. Em 21 de março, a primeira tripulação volta à Terra. Até hoje 280 astronautas de 23 países estiveram na estação espacial, inclusive o ex-ministro da Ciência e da Tecnologia, Marcos Pontes, hoje senador por São Paulo.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 1º de Novembro

 TETO DA CAPELA SISTINA

    Em 1512, a Capela Sistina, no Vaticano, é aberta ao público pela primeira vez com o teto pintado por Michelangelo Buonarrotti, um dos maiores artistas do Renascimento.

Michelangelo nasce em Caprese em 6 de março de 1475 e cresce em Florença, um dos berços do Renascimento. Aos 13 anos, torna-se um artista aprendiz. Por seu talento, recebe a proteção de Lorenzo de Medici, o governante da cidade-estado italiana.

Depois de criar algumas das esculturas mais famosas da história, a Pietà (1498) e o David (1504), vai para Roma em 1508 para pintar o teto da Capela Sistina. Ele trabalha até a morte, aos 88 anos, em 1564.

TERREMOTO DE LISBOA

    Em 1755, três tremores de terra, o mais forte de 8 a 9 pontos na escala aberta de Richter, seguidos de um maremoto com ondas de 6 metros, arrasa a capital, onde vivem 10% dos 3 milhões de portugueses, e o litoral sul de Portugal, matando de 10 a 90 mil pessoas.

O Terremoto de Lisboa é tema de reflexão de grandes filósofos do Iluminismo como o francês Voltaire, que observa: "Se Deus é misericordioso, não é todo-poderoso; se é todo-poderoso, não é misericordioso."

A cidade é reconstruída sob a orientação do Marquês de Pombal, talvez o primeiro-ministro mais poderoso de Portugal, um déspota iluminado que expulsa os jesuítas do reino.

PRESIDENTE NA CASA BRANCA

    Em 1800, o segundo presidente dos Estados Unidos, John Adams, se muda para a Casa Branca, em Washington, construída para ser a sede do governo na nova capital do país a um custo de US$ 232 mil.

A pedra fundamental é lançada pelo presidente George Washington em 13 de outubro de 1792. A Casa Branca é queimada pelos britânicos em agosto de 1814 durante a Guerra de 1812, quando o Reino Unido tenta acabar com a independência dos EUA. Em 1817, o presidente James Madison volta a morar lá.

Hoje, depois de muitas reformas, a Casa Branca tem seis andares e 142 peças.

BOMBA DE HIDROGÊNIO

    Em 1952, durante a Guerra Fria, os Estados Unidos explodem no atol de Eniwetok, nas Ilhas Marshall, no Oceano Pacífico, a primeira bomba atômica de hidrogênio, Ivy Mike, reproduzindo a reação que produz a energia e a luz do sol e das estrelas, com efeitos devastadores para dar uma superioridade temporária ao país na corrida armamentista depois da explosão da primeira bomba nuclear da União Soviética, em 29 de agosto de 1949.


A primeira bomba H tem o poder de destruição de 10,4 megatons (milhões de toneladas de dinamite). 

Mil vezes mais poderosa do que as bombas atômicas de urânio e plutônio, que usa como detonador, a bomba H teve a oposição de Robert Oppenheimer, o pai da bomba nuclear dos EUA.

Uma bomba de urânio de 15 kilotons (15 mil toneladas de dinamite) é jogada em Hiroxima, em 6 de agosto de 1945, e uma bomba de plutônio de 20 quilotons três dias depois em  Nagasáki, no Japão, no fim da Segunda Guerra Mundial.

Em 12 de agosto de 1953, a URSS explode sua bomba H elevando a corrida armamentista a um novo patamar. O físico Andrei Sakharov, que depois de tornou um dissidente do regime comunista e ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 1975, é o pai da bomba H soviética.

A maior explosão nuclear até hoje é um teste soviético em 23 de outubro de 1961 com uma bomba H. a Bomba Czar, de 58 megatons. 

A fusão de átomos de hidrogênio pesado (deutério) e mais que pesado (trítio), liberando a energia equivalente à massa de um nêutron, gera a energia do sol e das estrelas. Nunca foi controlada. Exige uma temperatura de 100 mil graus.

Com o aquecimento global, aumentam as pesquisas para ver se é possível usar a fusão a frio como uma fonte de energia segura. Até agora, é impossível. A 100 mil graus, tudo derrete.

NASCE A UNIÃO EUROPEIA

    Em 1993, depois de um atraso por causa da rejeição em plebiscito na Dinamarca, entra em vigor o Tratado de Maastricht, concluído em dezembro de 1991, para criar a União das Comunidades Europeias, fortalecer o Parlamento Europeu, criar o Banco Central da Europa (BCE) e a política externa e de segurança comum.

A integração europeia começa em 9 de maio de 1950 com o lançamento do Plano Schuman, batizado com o nome do ministro das Relações Exteriores da França, Robert Schuman, para consolidar a paz no continente, especialmente entre a Alemanha e a França, cujo conflito histórico estava na origem das duas guerras mundiais. 

Em 1951, surge a Comissão Europeia do Carvão e do Aço para garantir o controle da produção de dois componentes básicos da indústria bélica.

A Comunidade Econômica Europeia é criada pelo Tratado de Roma, em 1957, e instalada em 1958 com seis países: Alemanha Ocidental, Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo. A Dinamarca, a Irlanda e o Reino Unido entram em 1973.

A Grécia, a Espanha e Portugal se associam nos 1980, depois de se democratizar. Quando é assinado o Tratado de Maastricht, são 12 países-membros. Com o fim da Guerra Fria, a Áustria, a Finlândia e a Suécia, países neutros, aderem em 1995.

Sua maior expansão acontece em 2004, depois das revoluções democráticas de 1989 nos países comunistas da Europa Oriental e da dissolução da União Soviética, em 1991: Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia e República Tcheca.

A Bulgária e a Romênia entram em 2007 e a Croácia em 2013. Até hoje, só um país deixou o bloco, o Reino Unido, em 31 de janeiro de 2020, depois de um plebiscito realizado em 23 de junho de 2016. 

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Hoje na História do Mundo: 31 de Outubro

 REFORMA PROTESTANTE

    Em 1517, o monge alemão Martinho Lutero prega suas 95 teses na porta da igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha, dando início à Reforma Protestante. 

Lutero ataca os excessos e a escândalos da Igreja Católica, especialmente a venda de "indulgências" para perdoar pecados. Seus textos são logo traduzidos do latim para o alemão e distribuídos com a ajuda de uma nova tecnologia revolucionária na época: a imprensa.

Quando as cópias chegam ao Vaticano, a Igreja Católica tenta silenciar Lutero, mas ele se nega a ficar calado. Em 1521, o papa Leão X excomunga o monge rebelde. Ele também se nega a se retratar perante o imperador Carlos V, do Sacro Império Romano-Germânico. No Edito de Worms, imperador o declara um herege e fora da lei, e dá permissão a qualquer um para matar Lutero.

O monge começa então a traduzir a Bíblia do latim para o alemão, uma tarefa que leva 10 dez anos. No protestantismo, a Bíblia é a única norma da fé, é o livro que permite o contato direto com Deus sem intermediários.

A palavra protestante aparece pela primeira vez em 1529, quando Carlos V revoga o direito dos governantes dos estados e principados do império de aplicar ou não o edito. Os protestantes alegam que sua primeira lealdade é a Deus, não ao imperador.

Martinho Lutero morre em 1546 depois lançar as bases da Reforma Protestante, que causaria profundas mudanças na civilização.

REI PERDE A AMÉRICA

    Em 1776, o rei George III faz o segundo discurso no Parlamento Britânico depois da declaração de independência dos Estados Unidos, em 4 de julho daquele ano, anuncia a vitória sobre o Exército Continental comandado por George Washington na Batalha de Long Island, em 27 de agosto, e renova os apelos pela vitória.

Apesar da pregação guerreira do rei, o general William Howe e o almirante Richard Howe, dois irmãos, ainda tentam convencer os rebeldes a aceitar a soberania do Império Britânico. Podem prender e aniquilar o exército rebelde, mas preferem negociar. O rei exige submissão total.

As negociações fracassam. Com a vitória na Batalha de Yorktown, em 19 de outubro de 1781, os rebeldes vencem a guerra militarmente. No Tratado de Paris, em 3 de setembro de 1783, o Reino Unido e a França, que apoia os colonos, reconhecem a independência dos EUA.

PRIMEIRO NEGRO NA NBA

    Em 1950, aos 21 anos, Earl Lloyd é o primeiro afro-americano a disputar o Campeonato Nacional de Basquete dos Estados Unidos, ao participar do jogo de abertura pelo Washington Capitols.

Lloyd cresce na Virgínia numa era de segregação racial e se muda para a Virgínia Ocidental, onde chama a atenção como craque do time da escola. 

Ao entrar para um time só de brancos, Lloyd fica intimidado, mas é bem recebido pelos colegas, a maioria vinda de times de escolas não segregadas.

Depois de sete jogos, Lloyd é convocado para lutar na Guerra da Coreia (1950-53). Quando volta, dois anos depois, o Capitols não existe mais. Ele vai para o Syracuse Nationals, hoje Philadelphia 76ers, e termina a carreira como jogador no Detroit Pistons, onde vira treinador adjunto e mais tarde torna-se o primeiro treinador negro principal do basquete profissional norte-americano.

Earl Lloyd vai para o Hall da Fama em 2003 e morre em 2015.

MÚMIA DE STALIN

    Em 1961, a múmia do ditador Josef Stalin é removida do Mausoléu de Lenin na Praça Vermelha, no centro de Moscou, a capital da União Soviética.

Quando o líder da Revolução Comunista, Vladimir Lenin, morre em 1924, seu corpo é embalsamado e exposto à visitação pública como um semideus. Depois de uma luta contra Leon Trotsky, Stalin consolida poderes absolutos em 1927 e inicia um período de tirania e perseguições que deixa 20 milhões de mortos.

Com a morte de Stalin, em 5 de março de 1953, seu cadáver embalsamado é colocado no mausoléu. Em 1956, para consolidar seu poder, o novo líder, Nikita Kruschev, denuncia os crimes de Stálin no 20º Congresso do Partido Comunista da URSS.

Cinco anos depois, a múmia de Stalin é removida e enterrada.

INDIRA GANDHI ASSASSINADA

    Em 1984, dois seguranças da seita sikh matam a primeira-ministra da Índia, Indira Gandhi, em retaliação pelo ataque do Exército ao Templo Dourado de Amrítsar na Operação Estrela Azul, contra o movimento pela independência do Calistão, de 1º a 10 de junho do mesmo ano, quando 5 a 7 mil sikhs são mortos.

Indira não tem parentesco com Mohandas Gandhi, o Mahatma, o grande herói da independência da Índia. Pega o sobrenome do marido. É filha de Jawaharlal Nehru, o segundo maior herói e primeiro primeiro-ministro indiano (1947-64).

Primeira e única mulher a chefiar o governo da Índia, fica no poder de janeiro de 24 de janeiro de 1966 a 24 de março de 1977. Cai depois de governar por decreto durante dois anos, sob estado de emergência, quando suspende os direitos civis e prende adversários político. Volta em 14 de janeiro de 1980 e fica até a morte.

Depois do assassinato, mil sikhs são mortos em protestos violentos. Indira é substituída pelo filho Rajiv Gandhi, que governa até 1989, quando é assassinado por uma terrorista suicida do Movimento de Libertação dos Tigres do Ilam Tamil, um grupo rebelde do Sri Lanka, o antigo Ceilão.