Os partidos tradicionais mantêm o controle sobre o Parlamento Europeu pelos próximos cinco anos, apesar do avanço da extrema direita nas eleições iniciadas na quinta-feira. Os resultados preliminares foram anunciados neste domingo.
A ultradireita venceu na França e na Áustria, ficou em segundo na Alemanha e consolidou a posição da primeira-ministra Giorgia Meloni na Itália. Deve ter pelo menos 169 das 720 cadeiras, mais de um quarto.
A presidente da Comissão Europeia, o órgão executivo da União Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, saudou a vitória dos partidos de centro, mas o centro de gravidade do Parlamento Europeu se moveu para a direita.
Na França, a Reunião Nacional, liderada por Marine Le Pen e nesta eleição por Jordan Bardella, ganhou com 31,5% dos votos, derrotando o partido Renascença, do presidente Emmanuel Macron, de centro-direita, que teve 14,6% dos votos, e o Partido Socialista, que chegou 13,8% com o Raphael Gluksmann como líder da lista de candidatos a eurodeputado.
Diante da derrota, o presidente francês dissolveu a Assembleia Nacional convocou eleições legislativas antecipadas para 30 de junho e 7 de julho, sob o argumento de que "a França precisa de uma maioria clara". O governo não tem maioria na Assembleia Nacional desde as eleições de 2022.
A direita conservadora venceu na Alemanha com 30,3% dos votos para a aliança entre a União Democrata-Cristã (CDU) e a União Social-Cristã (CSU), que terá 29 eurodeputados. A Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema direita, ficou em segundo lugar com 15,6% e 15 cadeiras, à frente dos partidos do governo. É forte especialmente na antiga Alemanha Oriental.
Entre os governistas, o Partido Social-Democrata (SPD), do primeiro-ministro Olaf Scholz, teve 14,6% dos votos e terá 14 eurodeputados. Os Verdes ficaram com 12% e 12 cadeiras, e o Partido Liberal-Democrata (FDP) com 5,3% e 5 cadeiras.
Os Irmãos da Itália (FdI), partido da primeira-ministra da extrema direita Giorgia Meloni, ganhou na Itália com 28,6% dos votos e levou 24 cadeiras, batendo o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, o maior da oposição, com 25,6% dos votos e 22 deputados.
O Movimento 5 Estrelas (M5E), anarquista, ficou em terceiro, com 9,7% e 8 deputados e a Liga, também de extrema direita, foi o quarto partido mais votado, com 8,8% e 8 deputados. Perdeu 14 cadeiras, enquanto os Irmãos da Itália ganharam 14 deputados.
Na Espanha, o conservador Partido Popular (PP) teve 34% dos votos elegeu 22 eurodeputados e o Partido Socialista Operário Espanhol 30% recebeu 30% dos votos e conquistou 20 cadeiras; 64% dos espanhóis são europeístas. O partido de extrema direita Vox teve 9,6% dos votos e elegeu 6 eurodeputados. Um novo partido de extrema direita, Se Acabó la Fiesta (A Festa Acabou) elegeu mais três.
Uma observação importante é que a extrema direita não trabalha unida no Parlamento Europeu. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, se aproximou da presidente da Comissão Europeia, da CDU alemã, que faz parte do Partido Popular Europeu, o maior bloco do parlamento, com 184 deputados, que reúne partidos da direita tradicional, conservadores e democratas-cristãos.
Meloni não faz parte do bloco Identidade e Democracia, liderado por Le Pen, nem do bloco dos Conservadores e Reformistas Europeus. Le Pen se afasta da AfD. Então, apesar do crescimento, a ultradireita ainda não se entendeu para atuar em conjunto.
A UE sofreu desde a crise financeira internacional de 2008 com a Crise do Euro, um aumento da imigração por causa das guerras no Oriente Médio e na África, e com a guerra da Rússia contra a Ucrânia. A necessidade de socorrer economias em crise, a rejeição aos imigrantes e os bilhões de euros dados à Ucrânia alimentam a ascensão da extrema direita, que também recebeu o apoio da máquina de propaganda e notícias falsas do Kremlin.
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