A esquerda, a direita e o centro prometerem recriar a frente republicana que reelegeu o presidente conservador Jacques Chirac em 2002, depois da surpreendente chegada do neofascista Jean-Marie Le Pen ao segundo turno da eleição presidencial na França, superando o então primeiro-ministro socialista Lionel Jospin. A mesma aliança, que também se forma em eleições municipais e regionais, elegeu Emmanuel Macron em 2017, derrotando Marine Le Pen, herdeira política do pai, com folga, por 66% a 34%.
Vinte anos depois, a extrema direita está mais perto do que nunca de conquistar o Palácio do Eliseu. As pesquisas sobre o segundo turno, a ser realizado em 24 de abril, dão uma vantagem de 51% a 54% para Macron sobre Le Pen, algumas com empate técnico dentro da margem de erro. O atual presidente deixou claro: "Que ninguém se engane. O jogo não terminou.”
Os exemplos da história recente estão aí. Não se esperava que os britânicos votassem a favor da saída da União Europeia (UE) em 23 de junho de 2016, nem que Donald Trump seria eleito presidente dos Estados Unidos em 8 de novembro do mesmo ano.
Macron, do partido A República em Marcha (LRM), venceu o primeiro turno com 27,6%, mais do que indicavam as últimas pesquisas, seguido de Le Pen, da Reunião Nacional (RN), com 23,41%. Ambos tiveram mais votos do que no primeiro turno em 2017, quando tiveram, respectivamente, 24% e 21%.
Le Pen moderou o discurso, desistiu de abandonar o euro, mudou o nome do partido, percorreu o país em campanha, enquanto Macron se concentrava na Guerra da Ucrânia, e calibrou um discurso em torno das questões que mais afligem o cidadão comum: custo de vida, inflação, desemprego, saúde, habitação e aposentadoria, além do discurso ultranacionalista anti-imigrantes da extrema direita. Trocou o antissemitismo do pai pela islamofobia.
Um ponto fraco é a relação com o ditador russo, Vladimir Putin, que conseguiu um empréstimo de 9 milhões de euros de um banco russo ao partido para as eleições municipais de 2014.
Em terceiro, com 21,95% dos votos, ficou o esquerdista radical Jean-Luc Mélenchon, da França Insubmissa (LFI). Ele moderou o discurso e, com a guerra, passou a atacar o ditador russo Vladimir Putin para captar o voto útil da esquerda – e conseguiu. Faltou pouco para tirar a extrema direita do segundo turno. Para os militantes, foi um terceiro lugar com gosto de vitória.
Juntos, os três primeiros tiveram 73% dos votos válidos, tornando irrelevantes os partidos que dominaram a política francesa na 5ª República. Leia mais em Quarentena News.
Nenhum comentário:
Postar um comentário