domingo, 19 de junho de 2011

"Brasil e China querem equilíbrio na governança global"

"O Brasil e a China querem mais equilíbrio na governança global", declarou o embaixador brasileiro em Londres, Roberto Jaguaribe, ao abrir o seminário Brasil e China no Reordenamento das Relações Internacionais, realizado nos dias 16 e 17 de junho de 2011 pelo Instituto Brasil-China e a Fundação Alexandre Gusmão (Funag), no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro.

Jaguaribe lembrou que a China era responsável por cerca de 20% da produção mundial de riqueza no século 19. Citando uma projeção feita pelo banco Stardard Chartered, previu que o PIB da China chegue a US$ 73 trilhões em 2030, quando os Estados Unidos estariam em US$ 38 bilhões, a Índia em US$ 30 trilhões e o Brasil em US$ 12,5 trilhões, seguido pelo Indonésia (o BRIC que está faltando).

A partir de 2020, o banco prevê uma queda no crescimento chinês para uma taxa média de 6,5% ao ano, enquanto a Índia vai manter taxas próximas a 10%.

Neste mundo novo, "os EUA continuarão sendo a maior potência militar, e a ascensão de novas potências às vezes acontece em confrontação, mas o multilateralismo permite uma acomodação progressiva", espera o embaixador.

Ele destacou a criação dos dois Grupos dos 20 como sinal de mudança na governança global e disse não acreditar num G-2, em que EUA e China, as duas maiores potências mundiais, tomariam todas as decisões importantes.

O esforço para buscar soluções regionais para os problemas "visa a evitar a participação das grandes potências", observou, argumentando serem necessárias mudanças culturais para uma governança global mais equilibrada, que incorpore a diversidade. Essa visão não trata a China como a grande potência inevitavelmente será, se já não é.

Na sua opinião, a distância, que afastou qualquer bagagem histórica negativa e a complementariedade econômica criam as condições para consolidar as relações entre o Brasil e a China.

As relações comerciais aumentaram desde que a China começou a negociar seu ingresso na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 1986, assinalou o economista chinês Tang Xiaobing, da Divisão de Acesso a Mercados da instituição.

Desde então, comentou, o sistema multilateral de comércio está se movendo da era dominada pelos EUA e a imposição de cotas ou "restrições voluntárias de exportação" que na verdade não são voluntárias.

O acesso à OMC trouxe benefícios imediatos à economia chinesa. Facilitou o comércio, permitiu a integração de cadeias produtivas e o desenvolvimento das tecnologias de comunicação e de transportes.

Nenhum comentário: