segunda-feira, 22 de abril de 2024

Hoje na História do Mundo: 22 de Abril

NASCIMENTO DE LENIN

    Em 1870, nasce Vladimir Illich Ulianov, que adotaria o sobrenome Lenin, um dos políticos mais influentes do século 20, líder da facção bolchevique do Partido Operário Social-Democrata, da Revolução Comunista na Rússia e da União Soviética (1985-91).

Vladimir Illich Ulianov nasce em Simbirsk, na Rússia. Numa família de seis irmãos, todos entram em movimentos revolucionários. Ele se destaca como estudante de grego e latim. Parece destinado a uma carreira acadêmica.

Um marco trágico na vida de Lenin é a morte do irmão mais velho, Alexander Ulianov, enforcado em 1887 por conspirar para matar o czar Alexandre III como parte do grupo rebelde Vontade Popular. 

No mesmo ano, Lenin entra para a Universidade de Kazan. É expulso três meses depois por participar de uma assembleia. Preso e banido de Kazan, ele vai para a fazenda de um avô em Kokuchkino. Em 1888, ele é autorizado a voltar para Kazan, mas não para a universidade.

Nesta época, conhece revolucionários e lê O Capital, a obra-prima de Karl Marx, o pai do comunismo. Em janeiro de 1889, torna-se marxista. Ele se muda com a família para Samara, onde conclui o curso de direito.

A advocacia dá cobertura legal às atividades revolucionárias. Em agosto de 1893, Lenin se muda para São Petersburgo, na época a capital da Rússia, onde trabalha como defensor público. Ele viaja ao exterior em 1895 para manter contato com russos exilados, em especial Georgy Plekhanov, o grande pensador marxista russo.

De volta à Rússia, consegue unificar os marxistas ao fundar a União de Luta pela Libertação da Classe Trabalhadora. Em dezembro de 1895, os líderes do grupo são presos. Lenin fica um ano e três meses na cadeia. Depois, vai para o exílio interno em Chuchenskoye, na Sibéria.

Sua noiva, Nadia Krupskaya, o segue. Eles se casam na Sibéria e ela se torna sua secretária. Em janeiro de 1900, Lenin deixa a Rússia. No exterior, ele escreve uma série da panfletos. Critica a veneração dos trabalhadores russos pelo czar e os marxistas que se concentram na luta por salários e redução da jornada de trabalho, deixando a política em segundo plano.

O grande debate intelectual dos marxistas russos é se o comunismo seria viável num país atrasado, de industrialização tardia, com mais camponeses que detém propriedade coletiva da terra do que proletários. 

Plekhanov defende a ideia de que a Rússia já é capitalista, mas precisa primeiro de uma revolução burguesa para impulsionar o desenvolvimento capitalista. 

No livro Desenvolvimento Capitalista na Rússia, Lenin conclui que o campesinato está longe de ser uma classe social homogênea. Observa uma estratificação social no campo, com uma burguesa rural, um campesinato de classe média e um proletariado e semiproletariado rural empobrecido. Neste último, vê um aliado do pequeno proletariado industrial da Rússia.

Em 1902, Lenin publica O Que Fazer? Rejeita a ideia de que o capitalismo está levando o proletariado espontaneamente ao socialismo revolucionário, cabendo ao partido apenas coordenar a luta. Na sua visão, o capitalismo predispõe os trabalhadores a aceitar o socialismo, mas a derrubada do sistema capitalista e a construção do socialismo dependem de uma consciência de classe induzida pelo partido.

O papel do partido é central no chamado marxismo-leninismo. É a vanguarda do proletariado. Deve ser mentor, líder e guia altamente disciplinado, mostrando constantemente ao proletariado onde estão os interesses da classe trabalhador. Daí vem a ideia do "centralismo democrático". Uma vez que o partido tome uma decisão, cessa o debate interno e todos os membros devem seguir a orientação da cúpula.

Outros companheiros, como Plekhanov, Julius Martov e Leon Trotsky, temem que esta organização e disciplina partidárias levem ao jacobinismo, suprimam a liberdade de discussão dentro do partido, crie uma ditadura sobre o proletariado em vez da ditadura do proletariado e estabeleça a ditadura de um homem só, como aconteceria sob Josef Stalin.

No segundo congresso do Partido Operário Social-Democrata da Rússia, Lenin está em minoria. Mas a retirada dos judeus social-democratas deixa a facção leninista em maioria e ela a chama de bolchevique (maioria), em oposição a ala menchevique (minoria) de Martov.

A divisão entre bolcheviques e mencheviques se aprofunda com a Revolução de 1905, deflagrada pela derrota da Rússia na Guerra Russo-Japonesa (1904-5).

Ambas as alas seguem a proposta de Plekhanov de que são necessárias duas revoluções, uma burguesa e depois a proletária. Mas os mencheviques entendem que a burguesia deve liderar a revolução burguesa, enquanto Lenin quer a hegemonia do proletariado na revolução democrática.

Lenin volta à Rússia no fim de 1905, mas é forçado a se exilar de novo em 1907. As reformas do czar Nicolau II, o Sanguinário, e a violenta repressão reduzem a adesão do partido. Para manter a coesão dos bolcheviques diante do fortalecimento crescente dos mencheviques, Lenin convoca uma conferência do Partido Bolchevique em 1912 em Praga. É a divisão definitiva do Partido Operário Social-Democrata.

Quando estoura a Primeira Guerra Mundial (1914-18), em julho e agosto de 1914, os partidos social-democratas ignoram as resoluções anteriores da Segunda Internacional e apoiam seus países. Lenin chama os socialistas a favor da guerra de "social-chauvinistas", traidores da classe operária que apoiavam regimes imperialistas.

Ele declara que a Segunda Internacional está morta. Defende a criação da Terceira Internacional e a transformação da guerra em guerras civis em que trabalhadores e soldados virariam suas armas contra as classes dominantes.

Exilado na Suíça, Lenin escreve sua principal obra sobre relações internacionais, Imperialismo: Estágio Superior do Capitalismo, em que propõe a teoria do elo mais fraco para justificar a revolução comunista na Rússia: a ruptura do sistema capitalista não aconteceria nos países mais industrializados, mas nos elos mais fracos. A guerra seria resultado do insaciável caráter expansionista do capitalismo.

"A derrota na guerra é a vitória da revolução", previu Lenin ao discutir a questão com Trotsky. A humilhação do Exército czarista diante da Alemanha leva ao fim da monarquia na Revolução de Fevereiro de 1917. Lenin obtém um salvo-conduto para atravessar a Alemanha, o que leva seus detratores a acusá-lo de ser um agente alemão.

De volta à Rússia, ele lança as Teses de Abril, em que rejeita a democracia parlamentar e prepara a Revolução de Outubro, quando os comunistas depõe o governo provisário do menchevique Alexander Kerensky e tomam o poder. Em 3 de março de 1918, a Rússia assina o Tratado de Brest-Litovsky, uma "paz vergonhosa", nas palavras do próprio Lenin. Abre mãe da Finlândia, da Polônia, dos países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), da Ucrânia e da Bielorrússia, e sai da Primeira Guerra Mundial.

ARMAS QUÍMICAS

    Em 1915, a Alemanha usa armas químicas em grande escala pela primeira na Segunda Batalha de Ypres, na Bélgica, com um ataque de cloro que mata 5 mil soldados franceses e argelinos durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18).

Durante a guerra, a Alemanha, a França, o Reino Unido e a Rússia desenvolvem uma ampla variedade de armas químicas e usam mais de 20 tipos diferentes. Há um total de 1,3 milhão de baixas em consequência de armas químicas, inclusive 91 mil mortes.

A Rússia sofre 500 mil baixas e o Reino Unido, 180 mil. Um terço das baixas dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial é causada por gás mostarda e outros agentes químicos.

As consequências terríveis levam a negociações para acabar com este tipo de arma de destruição em massa. Em 1925, o Protocolo de Genebra proíbe o uso de armas químicas e biológicas, mas não proíbe a produção, a aquisição, a estocagem e o transporte dessas armas e não cria mecanismos de fiscalização para garantir sua aplicação.

A primeira geração de armas químicas surge na Primeira Guerra Mundial. A segunda geração é usada na Segunda Guerra Mundial. E a terceira na Guerra Fria.

Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45), o uso mais intenso de armas químicas é na Guerra Irã-Iraque (1980-88). São decisivas para o Iraque evitar a derrota. O ataque mais notório parte das forças de Saddam Hussein contra seu próprio povo em março de 1988 em Halabja, a Hiroxima curda. Pelo menos 5 mil pessoas são mortas por bombas jogadas de helicóptero.

Com a ascensão de Mikhail Gorbachev à líderança do Partido Comunista da União Soviética, em 11 de março de 1985, as negociações que acabam com a Guerra Fria favorecem o desarmamento.

Em 1993, a Conferência das Nações Unidas sobre Desarmamento aprova em 3 de setembro de 1992 a Convenção sobre Armas Químicas, que entra em vigor 29 de abril de 1993, depois da ratificação por 65 países. 

No século 21, as armas químicas são usadas pela ditadura de Bachar Assad na guerra civil da Síria nas cidades de Alepo e Homs no início de 2013. O ataque mais violento é num subúrbio de Damasco, a capital síria, em 21 de agosto de 2013, quando morrem 1.114 pessoas.

O presidente Barack Obama declara que o uso de armas químicas cruza uma linha vermelha, mas não age.  

ASSALTO À RESIDÊNCIA DO EMBAIXADOR

    Em 1997, o presidente Alberto Fujimori ordena um ataque de forças especiais à residência do embaixador do Japão no Peru, tomada por guerrilheiros do Movimento Revolucionário Tupac Amaru, no qual morrem os 14 rebeldes, dois comandos e um ministro da Corte Suprema, Carlos Giusti.

Quatorze guerrilheiros invadem a casa do embaixador japonês, Morihisha Aoki, em 17 de dezembro de 1996, e tomam como reféns centenas de diplomatas, empresários, altos funcionários públicos civis e militares que participam de uma festa de fim de ano.

As mulheres estrangeiras são libertadas na primeira noite e a maioria dos estrangeiros depois de cinco dias em que sofreram repetidas ameaças de mortes. Depois de 126 dias, as forças especiais de Fujimori atacam a casa. 

Fujimori ganha pontos com a ação. Mais tarde, há alegações de que vários terroristas foram sumariamente executados depois de se render. 

Parentes dos guerrilheiros entram na Justiça do Peru. Um diplomata japonês, Hidetaka Ogura, declara em depoimento que três rebeldes foram torturados. Dois soldados admitem ter visto Eduardo Tito Cruz vivo antes dele morrer com uma bala na nuca. 

A denúncia é retirada no Peru, mas a Corte InterAmericana de Direitos Humanos, o Tribunal de São José, na Costa Rica, decide em 2015 que Cruz foi vítima de uma "execução extrajudicial" e que os direitos humanos de Victor Peceros e Herma Meléndez foram violados.

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