O novo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou sábado, durante visita ao Departamento de Antióquia, uma trégua multilateral com os grupos guerrilheiros em atividade no país, noticiou hoje o jornal El Tiempo.
Em curto prazo, o esforço para pacificar o país vai aumentar a segurança e reduzir o risco de ataques nas zonais rurais. Mas não há garantia de sucesso. Qualquer acordo de paz vai depender da aprovação do Congresso e da adesão dos guerrilheiros.
Primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia, Petro prometeu na campanha a “paz total”, o fim de uma guerra civil que matou cerca de 500 mil pessoas desde 1948.
O Exército de Libertação Nacional (ELN), hoje o maior grupo armado do país, enviou uma delegação de alto nível para Havana, a capital de Cuba, sede das negociações, e libertou dois grupos de reféns. O governo suspendeu as ordens de prisão dos líderes da guerrilha para que possam entrar contato com sua organização.
A bancada do Pacto Histórico, a coalizão de governo, apresentou ao Congresso um projeto para encaminhar as negociações. A proposta prevê a suspensão dos mandados de prisão e extradição dos comandantes de grupos armados que negociem a paz, inclusive dos chefões dos cartéis do tráfico de drogas. Autoriza governadores e prefeitos a participar de diálogos regionais com os rebeldes. E tenta assegurar que futuros governo mantenham as negociações.
O governo Juan Manuel Santos (2010-18) negociou a paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que abandonaram a luta armada em 2017, mas seu sucessor, Iván Duque, sabotou o processo de paz. Cerca de um terço dos guerrilheiros das FARC voltou à guerra.
Nesta segunda-feira, o embaixador colombiano Armando Benedetti apresentou credencias ao ministro do Exterior da Venezuela, Carlos Farías, e foi recebido pelo ditador Nicolás Maduro no Palácio de Miraflores, em Caracas, selando o reatamento entre os dois países, rompidos desde 23 de fevereiro de 2019, outra promessa de Petro.
Durante, a campanha, Petro, que foi ativista político do grupo guerrilheiro M-19, foi acusado de querer impor um regime como o venezuelano. Ele era amigo e admirador de Hugo Chávez, mas se tornou um crítico do regime chavista. Afirmou que “um pequeno grupo de pessoas se locupletando da renda do petróleo não pode-se chamar de revolução”. Petro é ecologista.
O restabelecimento de relações com a Venezuela ajuda o processo de paz colombiano porque os grupos armados costumam se refugiar no país vizinho.
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