O presidente Joe Biden sancionou ontem uma lei de US$ 740 bilhões (R$ 3,8 trilhões) para combater o aquecimento global, fortalecer os programas de saúde pública, reduzir os preços dos medicamentos, cobrar pelo menos 15% de imposto de renda das grandes empresas, com faturamento de mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,15 bilhões), e reduzir o déficit público em US$ 300 bilhões (R$ 1,545 trilhão).
É a primeira legislação federal dos EUA para conter a mudança do clima, muito menos do que os US$ 3,5 trilhões (R$ 18 trilhões) do sonho do início do governo. Cerca de US$ 430 bilhões (R$ 2,2 trilhões) serão destinados a reduzir a emissão dos gases que agravam o efeito estufa em 40% até 2030 em relação a 2005, substituindo os combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis. A meta de Biden é 50%.
“Este projeto é o maior passo à frente na questão do clima”, festejou o presidente norte-americano. Tem razão e o Partido Democrata deve usar a aprovação na campanha para as eleições parlamentares de 8 de novembro, quando corre risco de perder a maioria na Câmara e do Senado. Mas é muito menos do que a proposta inicial.
A Lei de Redução da Inflação tem este nome de fantasia sob pressão do senador Joe Manchin, um democrata eleito por um estado conservador, a Virgínia Ocidental, produtora de carvão e gás. Como cada partido tem 50 senadores, a vice-presidente Kamala Harris dá o voto decisivo como presidente do Senado, cargo que acumula. E o voto de Manchin é essencial.
Quando negava apoio ao projeto, o senador citava a inflação, sugerindo que os incentivos econômicos dados durante a pandemia seriam a causa da inflação. Manchin encolheu muito o pacote, mas o líder do partido, senador Chuck Schumer, negociou a adesão.
O governo Biden aprovou com apoio bipartidário um plano de investimentos em infraestrutura – estradas, pontes, redes de água e esgotos, e Internet de alta velocidade – de cerca de US$ 1 trilhão (R$ 5,15 trilhões) e uma política industrial para enfrentar o desafio da China. Mas parecia incapaz de conseguir chegar a um acordo dentro de seu próprio partido para avançar na questão ambiental.
Se o Partido Republicano vencer as eleições, deve desmantelar o programa ambiental de Biden e reverter o aumento de impostos. Se a lei sobreviver, dará aos EUA a liderança internacional no combate à mudança do clima.
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