LONDRES - Magnífica a montagem de Ricardo III, de William Shakespeare, com Kevin Spacey e direção de Sam Mendes, em cartaz aqui no teatro Old Vic! Nota 10.
Ricardo III é caracterizado como corcunda e é aleijado. Arrasta uma perna todo o tempo. Anda com ajuda de uma bengala. Os homens, nobres da corte e assassinos, estão vestidos de terno e gravata, e não com as roupas da época.
Kevin Spacey tem um desempenho dramático, pungente e arrebatador, encarnando toda a vilania do personagem principal sem perder a ironia e o humor do teatro de Shakespeare. Atores de sucesso em Hollywood gostam de reafirmar seu talento nos palcos de Londres. A plateia agradece.
Quanto ao veredito da História sobre Ricardo III, discute-se se ele era realmente um vilão ou se o autor exagerou para agradar os poderosos de seu tempo, da Dinastia Tudor.
A peça termina com Spacey pendurado de cabeça para baixo, durante o discurso do Conde de Richmond, vencedor da Batalha de Bosworth, em 1485. Ele se torna Henrique VII, fundador da Dinastia Tudor e pai de Henrique VIII.
O texto é de 1590, mais de cem anos depois, no reinado da poderosa Elizabeth I, filha de Henrique VIII e Ana Bolena, que começa a expansão ultramarinha e a construção do Império Britânico.
Por uma ironia da História, Elizabeth I está enterrada na Abadia de Westminster junto com a meia-irmã e inimiga Maria I, e com a mesma honra de outra arqui-inimiga, Maria Stuart, Rainha da Escócia, que tem uma capela funerária igual à sua.
Shakespeare teria sido influenciado pela recente publicação, na época, de O Príncipe, do filósofo político italiano Nicolau Maquiavel, que deixava claro que no mundo real os soberanos usavam a força e o mal para impor seu poder. Seu Ricardo III é maquiavélico.
Comprei The Princes in the Tower (Os Príncipes na Torre), da historiadora Alison Weir, que faz uma revisão histórica da morte dos dois herdeiros do trono.
Minha conclusão pessoal, depois de ler e estudar o assunto para encarar o desafio de ver uma peça de Shakespeare no original, é contra Ricardo III. Ele era o Lorde Protetor, o responsável pelos principezinhos e ficou com o trono. Suas mortes foram os assassinatos políticos mais chocantes da História da Inglaterra.
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