Em entrevista à jornalista Christiane Ammanpour, da rede de televisão americana ABC, o ditador Hosni Mubarak, declarou que está cansado e estaria pronto para deixar o poder, mas, se fizer isso agora, vai levar o Egito ao caos e a Irmandade Muçulmana ao poder.
A Irmandade Muçulmana é o maior grupo organizado de oposição. Proibida de funcionar como partido político, se transformou numa rede de assistência social de grande capilaridade que lhe dá uma ampla base popular.
Quem saiu às ruas do Cairo, de Alexandria e de Suez é uma classe média urbana liberal. Os analistas políticos afirmam que a Irmandade teria no máximo 25%-30% dos votos e das cadeiras na Assembleia Nacional. Mas Mubarak e os outros líderes do mundo árabe, como o ex-ditador tunisiano Ben Ali, jogam com o fantasma do fundamentalismo muçulmano e da ameaça terrorista.
O fundamentalismo é uma forma de populismo político que seduz sobretudo as massas ignorantes, especialmente em ditaduras, onde não há espaço político para fazer oposição. Há outras alternativas políticas no Egito e, no caso de uma transição, a democracia seria tutelada pelas Forças Armadas por um longo período, como na Turquia.
Agora há pouco, o jornal The New York Times revelou que o governo dos EUA está negociando o afastamento de Mubarak com o regime militar do Egito. Durante um período de transição, ele seria substituído pelo vice-presidente Omar Suleiman.
Ex-chefe do serviço secreto, Suleiman tem ótimas relações com os EUA e Israel, mas é visto como um homem do regime, co-responsável por seus crimes.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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