No Tribunal Federal de Buenos Aires, começou hoje o julgamento dos ex-ditadores argentinos Jorge Videla e Reynaldo Bignone pelo sequestro de 34 filhos de desaparecidos políticos.
Cerca de 500 crianças foram sequestradas pela ditadura militar argentina. As Avós da Praça de Maio conseguiram identificar e recuperar 102 já jovens.
Agora, pela primeira vez, o sequestro dos bebês nascidos nos porões da ditadura chega aos tribunais. Nos próximos meses, 370 testemunhas vão contar a história de 34 crianças desaparecidas depois do assassinato de seus pais.
"Conseguimos processar os repressores por sequestro, tortura, estupro, assassinato e roubo", comentou Rosa Roisinblit, vice-presidente das Avós da Praça de Maio. "Tínhamos essa dívida com as nossas crianças. Decidimos processá-los mais uma vez, pelo sequestro sistemático de crianças.
A deputada Victoria Donda era uma dessas crianças. Só em 2003 ela descobriu quem eram seus verdadeiros pais.
"É uma demonstração de que a justiça pode ser feita mesmo depois de muito tempo e que a verdade e justiça são as únicas maneiras de curar uma sociedade", disse a deputada. "É um exemplo para outros países onde crianças foram sequestradas, como a Alemanha e a Espanha."
O general Videla foi condenado no governo Raúl Alfonsín (1983-89), a primeiro após a ditadura. Recebeu indulto do presidente Menem (1989-99). No governo Néstor Kirchner, o indulto foi anulado e os processos foram reabertos.
No ano passado, Videla foi condenado à prisão perpétua por 31 assassinatos. Ao todo, cerca de 30 mil foram mortas na guerra suja argentina.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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