terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Cuba declara guerra digital a ciberdissidentes

Com a chegada de um cabo de fibra ótica da Venezuela que vai aumentar em 3 mil vezes a velocidade da Internet em Cuba, o regime comunista lançou uma guerra cibernética contra os blogueiros rebeldes para evitar uma onda de protestos como a que foi da Tunísia ao Egito e ao Irã.

Num vídeo colocado há pouco tempo na Internet, um agente secreto cubano adverte o Ministério do Interior de que os blogueiros representam uma ameaça maior à ditadura dos irmãos Castro do que a oposição tradicional.

"Eles não querem que as redes sociais se espalhem porque sabem do perigo para um governo totalitário que esconde a verdade do povo", declarou Claudia Cadelo, uma professora de francês de 27 anos. "As redes sociais se tornaram a nova arma da sociedade civil".

Depois de bloquear alguns sítios de Internet críticos, o governo cubano mudou de estratégia e lançou um contra-ataque com cerca mil blogueiros aliados.

O quartel-general desta guerra é a companhia telefônia estata Etecsa. Seu comandante é o jornalista Manuel Henríquez, criador do blog Mudanças em Cuba.

"É uma guerra antiga, esta é apenas sua última expressão", declarou Henríquez. "O que estes blogueiros querem é demonizar o país, criando uma imagem de uma repressão que não existe para justificar bloqueios".

A mais famosa ciberdissidente cubana, Yoani Sánchez, criadora do blog Geração Y, escreveu hoje no Twitter que "estas 140 linhas são o únido advogado de defesa de que dispomos neste momento".

Enquanto na Tunísia, onde começaram as revoluções no mundo árabe, 19% da população está no Facebook, em Cuba, 1,6 milhão de pessoas, cerca de 14,5% dos 11 milhões de habitantes, têm acesso à rede. Mas a imensa maioria usa computadores de escolas e órgãos públicos que não dão acesso a redes sociais como o Facebook e o Twitter.

Para Henríquez, os Estados Unidos estão querendo exportar o modelo de rebelião cibernética que derrubou os ditadores da Tunísia e do Egito, e no momento rearticula a oposição no Irã. Ele afirma que "não vai funcionar".

Já Claudia Cadelo acredita que é apenas uma questão de tempo: "A Internet vai chegar ao povo. Eles não vão conseguir evitar. Uma guerra contra a Internet é uma guerra perdida. O exército da Internet é muito maior".

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