quarta-feira, 17 de abril de 2024

Hoje na História do Mundo: 17 de Abril

PRIMEIRA GUERRA SINO-JAPONESA

    Em 1895, o Tratado de Shimonoseki acaba com a Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894-95) com a vitória do Japão. A China é obrigada a reconhecer a independência da Coreia, que dominava historicamente; cede Taiwan, as Ilhas Pescadores e a Península de Liaodong, no Sul da Manchúria, ao Japão; paga uma indenização de 200 milhões de taéis de prata ao Japão. Sob pressão da Alemanha, da França, do Reino Unido e da Rússia, o Japão devolde Liaodong em troca de mais 30 milhões de taéis.

A China e o Japão tinham uma tradição de isolamento que termina sob pressão do colonialismo ocidental. Com as Guerras do Ópio (1839-42 e 1856-60), o Reino Unido abre a China ao livre comércio. Em 1854, o almirante norte-americano Matthew Perry rompe o fechamento de mais de dois séculos do Japão um ano depois de ameaçar bombardear o porto de Tóquio.

A Restauração Meiji (1868) acaba com o xogunato e restaura o poder do imperador. É o fim da Idade Média no Japão, que se ocidentaliza e desenvolve a indústria para não se submeter e preservar sua independência. A China, o Império do Meio, centro do mundo na Ásia há quase 2 mil anos, entra em decadência.

Em 1874, um navio japonês naufraga na costa sudoeste de Taiwan e a população local mata a tripulação. A China rejeita o pedido de indenização sob o argumento de é uma tribo rebelde que não se submete ao imperador. Uma expedição punitiva japonesa força a China a pagar.

A grande causa da guerra é o conflito sobre a Coreia. O conselheiro militar alemão Klemens Meckel, que participa da modernização do Exército japonês, considera a Coreia "uma adaga apontada para o coração do Japão".

Em 27 de fevereiro de 1786, o Japão impõe o Tratado de Ganghwa. Obriga a Coreia a se abrir ao comércio e proclamar independência da China. Para neutralizar a influência japonesa, a China pressiona a Coreia a se aproximar das potências ocidentais.

Sob influência do Japão, os reformistas coreanos tentam derrubar o governo conservador aliado à China num golpe sangrento em 1884, mas tropas chinesas sob o comando do general Yuan Shikai dão um contragolpe igualmente sangrento, com a morte de vários japoneses. Pela Convenção de Li-Ito, os dois países concordam em retirar suas forças da Península Coreana para evitar a guerra.

Em 28 de março de 1894, o líder do golpe de 1884, Kim Ok Kyun, é atraído para Xangai e assassinado, provavelmente por agentes de Yuan Shikai. Seu corpo é enviado de navio à Coreia, onde é esquartejado e exposto ao público.

Quando estoura o Levante de Tonghak, uma revolta camponesa marcha rumo a Seul em 1º de junho de 1894. A pedido do rei coreano, a China envia Yuan Shikai com 2,8 mil soldados. O Japão considera a intervenção chinesa uma violação da Convenção de Li-Ito e manda 8 mil militares à Coreia. A China tenta enviar reforços, mas o Japão afunda o navio britânico Kowshing, que os transporta.

O Japão toma o palácio real em Seul, captura o imperador em 8 de junho de 1894 e instala um governo de coreanos aliados. A rebelião acaba em 11 de junho, mas o Japão manda o general Otori Keisuke ficar na Coreia e envia mais soldados.

Em 23 de julho, o Japão marcha sobre Seul, captura o imperador e reinstala um governo colaboracionista que rompe todos os acordos com a China e autoriza o Exército Imperial Japonês a expulsar os militares chineses.

O general japonês Oshima Yoshimasa avança rumo a Seul com 4 mil homens para enfrentar 3,5 mil soldados da guarnição chinesa. O combate acontece em 28 de julho. Cerca 500 chineses e 92 japoneses são mortos ou feridos. Os chineses recuam para Pyongyang, que hoje é a capital da Coreia do Norte.

A guerra começa oficialmente em 1º de agosto de 1894. Os analistas militares estrangeiros esperam uma vitória rápida da China, mas a modernização do Japão se impõe. A China tem entre 13 a 15 mil soldados em Pyongyang, para onde as forças japonesas convergem em 15 de setembro e invadem a cidade no dia seguinte. Dois mil chineses morrem e 4 mil saem feridos, em contraste com 102 mortos, 433 feridos e 33 desaparecidos.

A Marinha Imperial Japonesa destrói 8 dos 10 navios da frota chinesa perto da foz do Rio Yalu e assume o controle do mar. A China abandona o Norte da Coreia. Em 24 de outubro, o Japão cruza o Rio Yalu e invade a Manchúria. Toma Lushunkou (Port Arthur) em 21 de novembro, onde massacra milhares de civis, e Kaipeng em 10 de dezembro.

Em março de 1895, o Japão domina a província de Shandong e a Manchúria. No dia 23 de março, ataca as Ilhas Pescadores. A China pede negociações de paz.

Com a derrota, acaba a ordem sinocêntrica que vigora há quase 2 mil anos no Leste da Ásia. Mesmo durante a era do Império Mongol criado por Gengis Khan, a cultura chinesa se impunha por seu superior à dos conquistadores.

Outra derrota, na Guerra dos Boxers (1899-1901), quando Beijim é ocupada por forças estrangeiras da Aliança de Oito Nações, abala definitivamente a dinastia. Com a revolução de 1911, liderada por Sun Yat-Sen, acaba o Império e nasce a República da China, em 1912.

 INVASÃO DA BAÍA DOS PORCOS

    Em 1961, começa a invasão da Baía dos Porcos, quando refugiados cubanos financiados e treinados pela CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos) desembarcam em Cuba e tentam derrubar o regime comunista de Fidel Castro, que vence, consolida o poder e pede proteção da União Soviética, o que leva à Crise dos Mísseis em outubro de 1962, quando o mundo esteve mais perto do que nunca de uma guerra nuclear.

A revolução liderada por Fidel Castro toma o poder em Havana em 1º de janeiro de 1959, com a fuga do ditador Fulgencio Batista. Quando a revolução nacionaliza as empresas norte-americanas na ilha, bancos, refinarias de petróleo, plantações de café e de cana-de-açúcar, entre outras, o governo Dwight Eisenhower (1953-61) destina US$ 13,1 milhões para a CIA usar contra Fidel.

O plano é do vice-presidente Richard Nixon, notório anticomunista e candidato a presidente em 1960 contra o senador John Kennedy, que na campanha é mais anticomunista do que Nixon para não passar a imagem de jovem inseguro, incapaz de enfrentar o desafio soviético na Guerra.

Ao tomar posse, em 20 de janeiro de 1961, o presidente Kennedy herda a operação. O Partido Democrata é acusado de "perder a China". Estava no poder com Harry Truman (1945-53) quando os comunistas tomaram o poder em Beijim, em 1º de outubro de 1949.

Em 15 de abril, aviões bombardeiros B-26 pilotados por exilados atacam três pistas de pouso em Cuba, mas não conseguem aniquilar a Força Aérea Cubana. Pelo menos seis aviões ficam intactos. 

Quando Kennedy suspende a segunda onda de bombardeio aéreo, em 16 de abril, a operação está condenada ao fracasso. O sucesso do desembarque depende do controle do espaço aéreo. A Força Aérea Cubana ataca os barcos.

Mais de 1,4 mil homens, divididos em cinco batalhões de infantaria e um de paraquedistas, tentam desembarcar na praia Girón, em Cuba, onde encontam forte resistência e são derrotados. Mais de 100 invasores e 176 soldados cubanos morrem. Cerca de 1,2 mil invasores são presos.

VITÓRIA DO KHMER VERMELHO

   Em 1975, os guerrilheiros maoístas do Khmer Vermelho, liderados por Pol Pot, entram em Phnom Penh, derrubam a ditadura do general Lon Nol e impõe ao Camboja um regime genocida acusado pela morte de 1,5 milhão a 2 milhões de pessoas com perseguições políticas, tortura, assassinatos em massa e fome, tendo como principal alvo a elite educada e intelectual. Como a população do país tinha pouco mais de 7,3 milhões, é considerado o regime mais assassino do século 20.

A vitória do Khmer Vermelho é resultado da intervenção militar dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã (1955-75). Como os guerrilheiros vietcongues e os soldados norte-vietnamitas usavam o Camboja para ir do Vietnã do Norte para o Vietnã do Sul pela chamada Trilha de Ho Chi Minh, os EUA bombardearam intensamente o Camboja.

Diante da intervenção norte-americana no Vietnã, o chefe de Estado do Camboja, Norodom Sihanouk, o Príncipe Vermelho, declara neutralidade. Durante uma viagem de Sihanouk a Moscou e Beijim, em 18 de março de 1970, a Assembleia Nacional do Camboja derruba o príncipe e entre o poder ao general e primeiro-ministro Lon Nol, aliado dos EUA.

A Força Aérea dos EUA começa a bombardear zonas rurais cambojanas em 1965. Os ataques aéreos ganham maior intensidade com a Operação Menu, de 18 de março de 1969 a 26 de maio de 1970. De maio de 1970 até 15 de agosto de 1973, a Operação Freedom Deal continua os bombardeios. 

Entre 1969 e 1973, os EUA jogaram 500 mil toneladas de bombas no Camboja contra 113.716 alvos, matando centenas de milhares de p. O assessor de Segurança Nacional do governo Richard Nixon, Henry Kissinger, é considerado criminoso de guerra pelo bombardeio estratégico ao Camboja.

A campanha aérea retarda, mas não impede a vitória do Khmer Vermelho, que tenta fazer uma grande engenharia social com política de Ano Zero para impor uma sociedade comunisma puramente agrária que considera o campesinato a verdadeira classe revolucionária e não o proletariado urbano e industrial, como previra Karl Marx, o pai do comunismo.

O objetivo da ditadura do Khmer Vermelho é eliminar qualquer pessoa suspeita de exercer atividades de livre mercado. Isto inclui profissionais, todas as pessoas com alguma educação formal ou ligadas de alguma forma a países estrangeiros. Seus líderes são influencias pelo stalinismo radical do Partido Comunista Francês e pelo pensamento do líder da revolução comunista na China, Mao Tsé-tung.

A ditadura polpotiana fecha escolas, hospitais e fábricas, abole o sistema bancário, as finanças e a moeda, proíbe todas as religiões, confisca todas as propriedades privadas e transfere populações urbandas para fazendas coletivas onde fazem trabalhos forçados.

O dinheiro é abolido, livros são queimados, professores, comerciantes e quase toda a elite intelectual cambojana é assassinada para fundar uma nova sociedade pura, livre dos males do capitalismo, a partir do Ano Zero. 

Como os pais são vistos como envenenados pelo capitalismo, os filhos são separados dos pais e internados em centros de reeducação onde sofrem uma lavagem cerebral. Os jovens aprendem métodos de tortura com animais e recebem papéis de liderança em torturas e execuções.

Sua reforma agrária causa uma fome generalizada. A pretensão de autossuficiência destrói os serviços públicos. Milhares de cambojanos morrem de doenças curáveis como a malária.

A ditadura do Khmer Vermelho cai em 7 de janeiro de 1979, depois de uma invasão vietnamita no Camboja apoiada pela União Soviética no Natal de 1978. Em resposta, a China invade o Vietnã em 17 de fevereiro de 1979, na primeira guerra aberta entre países comunistas. (Em 1969, a China e a URSS travam uma série de escaramuças na longa fronteira comum.)

O Vietnã repele a invasão. A China se retira em 16 de março, mas continua apoiando o regime genocida do Khmer Vermelho, assim como os EUA e o Reino Unido, por causa de sua oposição à URSS.

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