terça-feira, 14 de junho de 2011

Nobel da Paz acusa Lula de ignorar situação do Irã

A advogada dissidente Shirin Ebadi, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz 2003, criticou hoje o governo Lula por ignorar a situação política no Irã ao se aproximar do país, defendeu o fim do programa nuclear iraniano e a universalidade dos direitos humanos, ao participar, em Porto Alegre, da série de conferências Fronteiras do Pensamento de 2011.

Shirin Ebadi lembrou que, “no ano passado, uma mulher chamada Sakineh Ashtiani, acusada de adultério, foi condenada à morte por apedrejamento. Diante dos protestos do Brasil e de muitos outros países, não tiveram coragem de cumprir a sentença. Atualmente, outras cinco mulheres aguardam na prisão a morte por apedrejamento.”

Depois da China, o Irã é o país que mais aplica a pena de morte. A Revolução Islâmica baixou a maioridade legal para nove anos para meninas e 15 anos para homens. “Há dois meses, três jovens que de 17 anos que cometeram crimes foram executados. A violação dos direitos humanos no meu país é muito maior do que eu possa expressar.”

Para homossexualismo, a pena é de morte.

Por tudo isso, Ebadi veio ao Brasil, entre outras razões, para agradecer à presidente Dilma Rousseff pela pequena mudança da política externa brasileira em relação ao regime fundamentalista iraniano.

Pela primeira vez desde 2003, quando Lula chegou ao poder, o Brasil votou contra o Irã em questões de direitos humanos dentro das Nações Unidas. Mas Dilma não recebeu Shirin Ebadi.

“O Brasil apoiava havia muitos anos o governo iraniano”, afirmou a Nobel da Paz, “inclusive o presidente Lula visitou o Irã e abraçou [o presidente Mahmoud] Ahmadinejad. O povo do Irã tem muito respeito pelo presidente Lula. Entendemos que o governo brasileiro não sabia o que acontecia no Irã. Por esse motivo, eu e iranianos que moram no Brasil começamos a informar sobre a verdadeira situação do Irã”.

A mudança na política externa brasileira seria fruto dessa campanha: “Por isso, desde 2010 a conduta do Brasil mudou. Na ONU, votou a favor do povo do Irã. Não apoiou o governo não democrático. Queria trazer esse agradecimento à presidente Dilma. Como esse encontro não aconteceu, estou feliz que a ministra dos Direitos Humanos esteja aqui e possa transmitir essa mensagem para Dilma”.

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