quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Extrema direita leva Netanyahu de volta ao poder em Israel

 Nas quintas eleições gerais em quatro anos, o ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o chefe de governo com mais tempo no poder na história de Israel, prepara sua volta, mas a grande vencedora é extrema direita, que deve pular de 6 para 14 cadeiras e ter a terceira maior bancada na Knesset, o Parlamento de Israel. Será o governo mais à direita de história do país.

Líder do partido direitista Likud, Netanyahu governou Israel de 1996-97 e de 2009-21, superando o fundador de Israel, David Ben-Gurion. É o principal responsável pela estagnação e o fracasso do processo de paz com os palestinos.

No ano passado, caiu diante de uma coalizão ampla e frágil articulada pelo primeiro-ministro derrotado hoje, o centrista Yair Lapid, que reunia partidos de direita, centro, esquerda e árabes. Lapid defendia a paz com a criação de um Estado palestino. 

O novo governo fará o que puder para consolidar a ocupação e enterrar a solução com dois países, um árabe e um judeu, divindido o território histórico da Palestina, nos termos da decisão da ONU que criou o Estado de Israel, em 1947.

Para formar um governo, é necessária uma aliança com pelo menos 61 dos 120 deputados da Knesset. O Likud é o partido mais votado. Conquistou 32 cadeiras. Em segundo, ficou Yesh Atid (Há Futuro), de Lapid, com 24, seguido pela aliança Sionismo Religioso-Poder Judaico, com 14.

A Unidade Nacional, do ministro da Defesa Benny Gantz, aliado de Lapid, elegeu 12 deputados. Logo atrás, vem dois partidos religiosos da coligação de Netanyahu, Shas (11 cadeiras) e Judaísmo Unido da Torá (8). 

Yisrael Beiteinu (Israel Nossa Casa), do ex-ministro da Defesa linha-dura Avigor Lieberman, fundado por imigrantes da antiga União Soviética. Perdeu dois deputados e agora tem cinco.

A Lista Árabe Unida deve eleger cinco deputados, assim como a coalizão Hadash-Ta'al (Frente Democrática pela Paz e Igualdade, que inclui o Partido Comunista, e Movimento de Renovação Árabe), um a mais do que o Partido Trabalhista.

O partido que fundou e governou Israel nos primeiros 29 anos de sua história, e foi o grande responsável pelo processo de paz com os palestinos, perdeu três cadeiras e pode ter apenas quatro representantes no parlamento. O social-democrata Meretz não venceu a cláusula de barreira de 3,25% dos votos. Teve apenas 3,14% e ficou fora da Knesset.

Com 32 deputados do Likud, 14 da aliança Sionismo Religioso-Poder Judeu, 11 do Shas e 8 do Judaísmo Unido da Torá, Netanyahu pode formar um governo com uma maioria de 65 cadeira. Mas corre o risco de ficar refém de uma extrema direita supremacista, racista, xenófoba, misógina e homofóbica que defende a anexação da Cisjordânia ocupada e a expulsão de todos os árabes, que são cerca de 21% dos 9,6 milhões de israelenses.

O líder do Poder Judeu, Itamar Ben-Gvir, é discípulo de Meir Kahane, um rabino ultradireitista e deputado cujo partido Kach (Assim) foi banido por ser antidemocrático e racista. Os EUA o consideravam uma organização terrorista. Kahane foi assassinado em Nova York em 1990. Na sua sala, há uma foto do terrorista israelense Baruch Goldstein, que matou 29 palestinos num ataque à Tumba do Patriarca (Abraão), em Hebron, na Cisjordânia, em 1994.

Ben-Gvir defende a pena de morte para terroristas, pediu para as forças de segurança atirarem em palestinos que jogavam pedras e chegou a dizer que o resto da humanidade existe para "servir os judeus". É um discurso tão extremista que um deputado, respeitosamente, alegando não querer comparar com o supremacismo ariano do Nazismo, acabou comparando.

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