A crise da economia britânica é consequência direta da saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit). Em 2016, quando foi realizado o plebiscito, a economia do país era 90% da economia da Alemanha. Hoje, é 70%.
Imaginar que seria possível substituir como parceiros comerciais ricos com que fazia negócios há quase 50 anos por países do antigo Império Britânico foi um delírio nacionalista da ala mais à direita, antieuropeísta, do Partido Conservador.
Os brexiteiros elegeram Boris Johnson e ele venceu as últimas eleições. Caiu há três meses, depois de uma série de escândalos. Volta a ser cotado nas bolsas de apostas.
Liz Truss foi contra sair da UE, mas mudou de lado. Como ministra do Exterior do governo Johnson, teve destaque na Guerra da Ucrânia.. Foi apoiada, na reta final da disputa pela liderança conservadora pela ala mais radical do partido.
Para se legitimar, apresentou um plano econômico de um thatcherismo tardio, com os maiores cortes de impostos desde o governo Margaret Thatcher (1979-90) acompanhado de aumento de gas públicas, inclusive subsídio para as contas de energia elétrica,
O miniorçamento apresentado pelo ministro das Finanças Kwasi Kwarteng, o primeiro negro a ocupar o cargo, provocou uma reação negativa do mercado financeiro, que concluiu que a conta não fecha depois do endividamento recente para enfrentar a pandemia. Estimou o rombo em 45 bilhões de libras (R$ 262,6 bilhões).
A libra caiu à menor cotação em relação ao dólar, cotada a US$ 1,03. O Banco da Inglaterra entrou no mercado vendendo títulos para sustentar a moeda.
Há uma semana, Kwarteng abandonou a reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial, em Washington, e voltou a Londres para ser demitido,
Na segunda-feira, Truss anunciou Jeremy Hunt como novo ministro das Finanças. Imediatamente, ele anunciou a revogação das medidas do miniorçamento. A autoridade da primeira-ministra estava mortalmente ferida. Ontem, a ministra do Interior pediu demissão selando o destino de Truss.
Depois que a revista The Economist disse que o poder de Liz Truss duraria tanto quando um pé de alface, uma semana, um jornal popular resolveu publicar a imagem da deterioração do alface.
Hoje de manhã, Liz Truss alegou que seu plano foi feito “aproveitando a liberdade dada pela Brexit”. Levou ao caos econômico, a um governo breve e a uma saída humilhante.
O Partido Conservador britânico, que se orgulha de ser o partido que ficou mais tempo no poder numa democracia, fará a segunda eleição de um líder desde que Boris Johnson anunciou sua demissão, em 7 de julho.
Johnson é o deputado mais popular do partido, considerado o melhor para levar os conservadores à vitória nas próximas eleições. Em 12 de dezembro de 2019, levou o partido uma vitória com a conquista de 365 das 650 cadeiras da Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico.
O ex-ministro das Finanças Rishi Sunak, que perdeu a disputa com Truss na votação final de todos os filiados ao partido, é outro favorito, mas sua demissão seguida por vários ministros, secretários e diretores de órgãos governamentais deflagrou a queda de Johnson.
Na política britânica, há uma máxima: “Quem mata o rei não ascende ao trono.” A ala mais à direita, que domina o partido na era pós-Brexit, vê uma traição de Sunak a Boris Johnson.
A terceira candidata mais cotada é Penny Mordaunt, ex-ministra da Defesa, ex-ministra do Desenvolvimento Internacional e ex-secretário da Mulher e da Igualdade, hoje líder da bancada conservadora na Câmara dos Comuns.
Também foram citados o novo ministro das Finanças, Jeremy Hunt, que declarou não estar interessado, e o ministro da Defesa, Ben Wallace, que era o favorito das casas de apostas no início da sucessão de Johnson, mas não quis concorrer.
O novo líder conservador será automaticamente nomeado primeiro-ministro britânico. O partido tem maioria na Câmara dos Comuns e será fragorosamente derrotado se as eleições forem agora. Pretende indicar um novo líder até a sexta-feira da próxima semana.
Mas a questão central das relações com o resto da Europa não está resolvida. Líderes europeus já falaram que o Reino Unido sempre pode voltar. Meu comentário:
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