O toque de recolher noturno foi suspenso e a Internet voltou a funcionar precariamente.
Mais cedo, o Exército mandou evacuar a praça, dizendo para o povo voltar à vida normal, mas a maioria dos oposicionistas não sabe. Há menos soldados e blindados nas ruas e eles não intervieram, deixando o pau quebrar. É uma provocação para sugerir que os manifestantes não representam o povo, mas são uma minoria.
Depois, bombas incendiárias foram jogadas na multidão. O Exército tentou apagar o fogo, mas deixou a tropa de choque do regime atacar. Alguns partidários de Mubarak foram presos pelos soldados. A violência seguiu pela noite.
Em depoimento à BBC, um oposicionista acusa os partidários de Mubarak de levar armas para a praça com a conivência do Exército.
Ontem à noite, depois do pronunciamento de Mubarak prometendo deixar o poder em setembro, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que a transição deve começar já. Hoje, o Ministério do Exterior rejeitou as “pressões internacionais” por uma transição imediata.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon considerou inaceitável qualquer ataque contra manifestantes pacíficos.
A Rússia, o Reino Unido e a Turquia pedem uma transição pacífica.
O poder de fato já teria sido transferido para o vice-presidente. Há dois dias, Mubarak mandou o primeiro-ministro iniciar um diálogo com todos os partidos, mas quem apareceu na TV foi o vice, Omar Suleiman. Ex-chefe do serviço secreto, é uma figura odiada publicamente, além de ser acusado de ser favorável a Israel porque os serviços secretos dos dois países trocam informações, sobretudo a respeito das atividades dos fundamentalistas do Hamas e da Irmandade Muçulmana, que é a mãe do Hamas.
Israel e a ANP torcem pelo regime militar egípcio, temendo a influência da Irmandade Muçulmana num Egito democratizado.
No Financial Times, a especialista em Oriente Médio Roula Khalaf analisa as hipóteses sobre o futuro do país líder do mundo árabe.
O economista Nouriel Roubini adverte que uma alta nos preços do petróleo por causa da crise no Egito ameaça a frágil recuperação mundial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário