LONDRES - Diante do colapso tardio do modelo econômico stalinista em Cuba, o presidente Raúl Castro anunciou uma iniciativa para estimular os cubanos a criarem empresas ou trabalharem como autônomos para tentar acabar com a dependência em relação ao Estado.
Em discurso na Assembleia Nacional, Raúl disse que "o governo concordou em ampliar o trabalho por conta própria como alternativa para o excesso de trabalhadores diante do número de empregos". A meta é despachar 1 milhão de ociosos do setor público.
Várias atividades microempresariais serão autorizadas e "a força de trabalho será mais flexível".
No velho jargão do capitalismo, isso significa que os empregados poderão ser demitidos pelas empresas privadas, que vão pagar impostos sobre a venda e sobre a renda, além de uma contribuição à Previdência Social.
A nova abertura à iniciativa privada, explicou o presidente cubano, "constituti uma mudança conceitual e estrutural no interesse de preservar e desenvolver nosso sistema social, e torná-lo sustentável no futuro".
Cuba começa a seguir tardiamente o caminho trilhado pela China a partir de 1978 para se tornar a maior economia do mundo rumo ao primeiro lugar por causa de seu formidável mercado de 1,3 bilhão de pessoas.
O Vietnã iniciou sua reforma, a Doi Moi (Renovação), em dezembro de 1986, sob a liderança de Nguyen Van Linh.
Para se salvar, o socialismo adotou a economia capitalista, que o Partido Comunista da China chama de "economia de mercado socialista". Até quando pode ser chamada de socialista?
O conceito é de Deng Xiaoping, o pequeno grande líder da reforma econômica chinesa. Em declaração à Enciclopédia Britânica, Deng disse que o mercado era anterior ao capitalismo. Portanto, não era monopólio do capitalismo. Pode, assim, haver uma economia de mercado socialista.
É o teste a que Raúl se submeteu na ânsia de salvar uma economia quebrada e falida, apesar do apoio do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, hoje um dos sustentáculos do regime comunista cubano.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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Um comentário:
Sim, provavelmente por isso e
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