sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Assassinato de cientista nuclear dificulta reaproximação EUA-Irã

 O principal cientista nuclear do Irã, Mohsen Fakhrizadeh, conhecido como "pai da bomba atômica iraniana",  foi assassinado hoje num ataque a seu carro quando viajava no Norte do país. Ao que tudo indica, a responsabilidade é de Israel, que se negou a comentar o caso. 

Em aliança com o governo Donald Trump, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tenta bloquear qualquer chance de reaproximação entre o governo Joe Biden e a República Islâmica.

"Terroristas mataram um eminente cientista iraniano hoje", lamentou o ministro do Exterior, Mohamed Javad Zarif no Twitter. "Esta covardia - com sérias indicação de participação de Israel - mostra o desespero dos mercadores da guerra."

Fakhrizadeh foi alvo de uma emboscada quando passava de carro pela cidade de Absard, na região de Damavand, noticiou a televisão iraniana. A mudança de governo nos EUA reduz a capacidade de retaliação do Irã, onde setores mais moderados do regime fundamentalista apostam numa melhoria das relações com Biden.

Durante visita recente a Israel, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, voltou a atacar o Irã ao lado de Netanyahu, que agradeceu a Trump, entre outras medidas, a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear fechado em 2015 pelas grandes potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia) e a Alemanha com o Irã para congelar por 10 anos o programa nuclear militar iraniano.

É impossível que os EUA não soubessem do ataque. Na campanha, Biden admitiu a possibilidade de retomar o acordo negociado pelo governo Barack Obama quando o presidente eleito era vice-presidente. Ao que se sabe, o Irã ainda não desenvolveu a capacidade de fabricar armas nucleares.

Depois da derrota, Trump pediu a assessores que lhe apresentassem opções para atacar a central nuclear iraniana de Natanz antes de deixar o poder. De acordo com o jornal The New York Times, foi dissuadido pelo vice-presidente Mike Pence e o secretário Mike Pompeo.

Em 3 de janeiro, depois que milícias xiitas iraquianas financiadas, armadas e treinadas pelo Irã atacaram bases dos EUA no Iraque, o governo Trump matou com um míssil o principal general iraniano, Kassem Suleimani, comandante da Forças Quods, o braço armado da Guerra Revolucionária Iraniana para ações no exterior. Apesar das ameaças, a retaliação do Irã foi moderada para evitar uma guerra.

Um bombardeio americano agora deflagraria uma nova guerra. O Irã poderia contra-atacar bases americanas no Oriente Médio. Mas o país está enfraquecido. Tem a pior epidemia da doença do coronavírus de 2019 na região e a econômica enfrente uma crise duríssima por causa das sanções dos EUA.

Por outro lado, Trump prometeu acabar com as "guerras intermináveis" dos EUA. Está retirando parte dos soldados americanos do Iraque e do Afeganistão.

Ao mesmo tempo, Netanyahu sabe que o governo Trump está chegando ao fim. No governo Biden, não terá carta branca para atacar quando quiser.

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