A dez dias da posse, em 20 de janeiro, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, tinha o apoio de 37% do eleitorado, indica uma pesquisa divulgada na terça-feira pela Universidade Quinnipiac, enquanto 51% desaprovam a maneira como o magnata imobiliário está conduzindo a transição.
Em comparação, o presidente Barack Obama tinha o apoio de 63,3% dos americanos quando chegou 'a Casa Branca, em 20 de janeiro de 2009.
Ontem à noite, em seu discurso de despedida, em Chicago, onde começou sua carreira política, Obama destacou os sucessos de seu governo: a recuperação da economia e da indústria automobilística americanas, a mais longa sequência de geração de empregos da história, o desemprego de apenas 4,7%, o acesso de mais de 30 milhões de pessoas a seguros de saúde, a morte de Ossama ben Laden, o acordo para desarmar o programa nuclear do Irã sem disparar um tiro e o reatamento com Cuba.
"Se há oito anos, eu tivesse prometido tudo isso, diriam que minhas metas eram altas demais. Mas, sim, nós podemos", afirmou, repetindo o discurso da campanha. "Sim, nós fizemos. Vocês fizeram."
Obama omitiu os fracassos, como a guerra civil na Síria ou a impossibilidade de negociar a paz entre palestinos e israelenses. E advertiu para o risco do radicalismo e do divisionismo na política interna dos EUA. Sem se referir uma única vez a Trump, alertou para a ameaça do racismo e para a guetização provocada pelas redes sociais, onde cada vez mais as pessoas recebem mensagens concordando com o que pensam sem se questionar com posições adversas.
Trump é o anti-Obama. Elegeu-se com um discurso sobre um país decadente assolado pela criminalidade e pela violência muito diferente dos EUA de hoje, Ganhou no Colégio Eleitoral, mas perdeu na votação popular por mais de 2,8 milhões de votos.
O atual presidente fez questão de dizer que as relações raciais são melhores hoje do 10, 20 ou 30 anos atrás, O presidente eleito, que faz da mentira uma de suas armas prediletas, diz que nunca foram tão ruins, esquecendo da escravidão e da segregação existente até os anos 1960s.
Em sua primeira entrevista coletiva como presidente eleito, Trump ficou na defensiva. Teve de responder a mais um escândalo. Um relatório de inteligência produzido por um agente inglês declara que o serviço secreto da Rússia filmou Trump em orgias sexuais com prostitutas num hotel em Moscou para usá-las contra o futuro presidente dos EUA.
O dossiê não foi considerado "substanciando" pelos serviços secretos dos EUA, que mesmo assim apresentaram relatório sobre o caso a Obama e Trump. O sítio Buzzfeed o publicou, enquanto a rede de televisão CNN e outros meios de comunicação mais criteriosos não revelaram o conteúdo por não conseguirem confirmar as alegações.
Mesmo assim, Trump investiu contra um repórter da CNN, em mais um espetáculo de arrogância, prepotência, desrespeito à liberdade de expressão, à Constituição e ao povo dos EUA. Não admira que comece com popularidade tão baixa. A dúvida é se vai conseguir governar com tantos conflitos de interesses e desrespeito pelas regras básicas do jogo democrático.
O bilionário apresentou uma advogada e uma série de documentos transferindo a administração de suas empresas para seus filhos, prometendo demiti-los como no programa de televisão O Aprendiz, que apresentava nos EUA.
É o primeiro presidente da era dos reality shows, um mestre do espetáculo com pouco conteúdo, a ser testado em breve no cargo mais poderoso da Terra.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário