Como parte do escândalo de corrupção que gerou um processo de impeachment contra a presidente Park Geun Hye, o Ministério Público da Coreia do Sul pediu hoje a prisão do herdeiro e presidente na prática da Samsung, Lee Jae Yong.
Os procuradores especiais encarregados do caso investigam se a Samsung, hoje a maior fibricante de produtos eletroeletrônicos do mundo, pagou propina para obter o apoio do governo para a fusão de duas subsidiárias, em 2015.
Lee Jae Yong é acusado de pagar propina, apropriação indébita e de mentir sob juramento. O pedido de prisão será examinado pela Justiça sul-coreana na quarta-feira. Deve ser seguido de uma denúncia com acusações formais.
Ao admitir que a prisão terá impacto sobre a economia do país, um porta-voz do procurador especial argumentou que "é mais importante obter justiça". A Samsung é responsável por cerca de um terço do valor das ações negociadas na Bolsa de Valores de Seul.
Em sua defesa, a empresa negou "ter feito contribuições para receber favores" e rejeitou "o argumento do procurador especial de que a Samsung fez pedidos indevidos relacionados à fusão de subsidiárias da Samsung."
No mês passado, a Assembleia Nacional da Coreia do Sul aprovou o impeachment da presidente por causa de sua amiga e confidente Choi Soon Sil, acusada de usar a intimidade com Park Geun Hye para tomar dinheiro de grandes empresas sul-coreanas para projetos pessoais. O Supremo Tribunal tem seis meses para confirmar ou não o afastamento da presidente.
A Samsung é suspeita de ter pago suborno no valor de 43 bilhões de wons sul-coreanos, cerca de US$ 36 milhões ou R$ 116 milhões.
"Acreditamos que a propina esteja ligada à presidente", declarou o porta-voz do procurador especial, afirmando ter provas de que Park e a amiga de beneficiaram do dinheiro.
Para a Samsung, maior fabricante mundial de telefones celulares, é mais um golpe. No momento, a empresa tenta se recuperar do abalo sofrido com a retirada de circulação do Note 7, proibido de entrar nos aviões de várias companhias aéreas depois de explosões de bateria capazes de provocar incêndios.
Além de ser o principal executivo e fazer o microgerenciamento da empresa, Lee é o grande estrategista e a imagem pública da companhia. Sua eventual condenação criaria um problema sucessório.
O MP sul-coreano denunciou hoje o presidente do Serviço Nacional de Pensões, Moon Hyung Pyo, acusado de abuso de autoridade e de mentir sob juramento por supostamente ter ordenado que o terceiro maior fundo de pensão do mundo, de US$ 430 bilhões (R$ 1,116 trilhão), aprovasse a fusão. O SNP tem uma participação de 11% na Samsung C&T Corporation e não comentou a denúncia.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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