terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Egito faz maior manifestação contra Mubarak

Cerca de 250 mil egípcios pediram hoje a saída do presidente Hosni Mubarak na Praça da Libertação, no centro do Cairo, no 15º dia de protestos contra o regime militar que governa o Egito há 49 anos.

Mubarak criou uma comissão especial para reformar a Constituição do Egito e outra para conduzir a transição para a democracia, vista com suspeita pelos manifestantes, que exigem sua renúncia imediata.

O vice-presidente Omar Suleiman afirmou que o governo tem um cronograma para a transferência de poder e negou que vá haver retaliações aos manifestantes que tomaram a praça central do Cairo. Mas os manifestantes rejeitam as promessas como insuficientes.

Desde cedo, a praça estava cheia e foi chegando mais gente. Meninas no ombro dos pais gritavam: "Gamal Mubarak, diga a seu pai que o Egito o odeia". O ditador foi chamado de "lacaio dos EUA", enquanto outro cartaz pedia aos bancos suíços que devolvam o dinheiro roubado do povo egípcio.

Em Alexandria, a segunda maior cidade do país, Mubarak apareceu pintado com o bigodinho do ditador alemão Adolf Hitler.

No Cairo, a estrela foi o diretor de marketing do Google, Wael Ghonim. Um dos organizadores do movimento na Internet, ele foi preso e passou 12 dias vendado. Saiu da prisão ontem e deu uma emocionante entrevista à televisão para dizer que não é um traidor e acredita estar tomando a atitude correta para o futuro do Egito.

Ghonim disse que o movimento é liberal e que "a Irmandade Muçulmana não tem nada a ver com isso". Ao pedir desculpas aos pais pelas mortes de pelo menos 297 pessoas, deixando claro que a culpa é do regime e não dos manifestantes, o executivo de marketing se emocionou, chorou e abandonou a entrevista.

Sua mensagem e talvez acima de tudo sua sinceridade tocaram o povo egípcio, que respondeu enchendo a praça no momento em que o governo trabalha ativamente para esvaziar o movimento e retomar a iniciativa política perdida.

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