MASSACRE DE BOSTON
Em 1770, uma massa de 300 a 400 colonos norte-americanos se reúne diante da Alfândega, em Boston, na Colônia da Baía de Massachusetts, para provocar os soldados britânicos que protegem o prédio, em protesto contra a ocupação da cidade por tropas do Império Britânico enviadas em 1768 para aplicar as novas leis de impostos do Parlamento Britânico, onde os colonos não tinham representação.
Diante da manifestação ruidosa de centenas de pessoas, o capitão britânico Thomas Preston manda nove soldados saírem de baioneta calada para proteger a Alfândega. Os colonos jogam bolas de neve, paus e pedras nos britânicos. Quando atingem o soldado Hugh Montgomery, ele dispara seu fuzil. Os outros soldados atiram em seguida.
Cinco colonos – Crispus Attucks, James Caldwell, Patrick Carr, Samuel Gray e Samuel Maverick – morrem. São os primeiros mártires da luta pela independência dos Estados Unidos.
A Guerra da Independência dos EUA começa em 19 de abril de 1975 com a Batalha de Lexington, perto de Boston. Em março de 1776, as forças britânicas deixam Boston depois de oito anos de ocupação, quando o general George Washington instala canhões e fortificações nas Colinas de Dorchester.Por retomar a cidade sem derramamento de sangue, Washington, comandante do Exército Continental, recebe a primeira medalha de ouro do Congresso Continental.
A independência é proclamada em 4 de julho de 1776. A guerra termina na Batalha de Yorktown, de 28 de setembro a 19 de outubro de 1781, quando o general Charles Cornwallis se rende a Washington, comandante de uma força franco-norte-americana. Em 3 de setembro de 1783, no Tratado de Paris, a França e o Reino Unido reconhecem a independência dos EUA.
CORTINA DE FERRO
Em 1946, o ex-primeiro-ministro Winston Churchill, um dos líderes dos aliados na Segunda Guerra Mundial (1939-45), faz um discurso no Westminster College, em Fulton, no Missouri, diante do presidente Harry Truman, critica a União Soviética e adverte que, "de Stettin, no Báltico, a Triestre, no Adriático, uma cortina de ferro cai sobre o continente", uma referência aos regimes comunistas implantados nos países da Europa Oriental ocupados pelo Exército Vermelho no fim da guerra.
Churchill tenta consolidar a "relação especial" com os EUA como as grandes potências anglo-saxãs, mas evidentemente o Reino Unido é o parceiro menor. O ex-primeiro-ministro, derrotado nas eleições de 1945, quer manter o engajamento dos EUA com a Europa.
A expressão "cortina de ferro" entra no vocabulário da Guerra Fria. Em Moscou, o ditador soviético Josef Stalin, aliado na Segunda Guerra Mundial, denuncia o discurso como "belicista" e a referência ao "mundo que fala inglês" de imperialista e racista.
MORTE DE STALIN
Em 1953, o ditador soviético Josef Stalin morre de um ataque cardíaco fulminante depois de três décadas de tirania em que se estima que 20 milhões de pessoas tenham sido mortas em perseguições, mas o Exército Vermelho é a principal força na vitória sobre a Alemanha Nazista na Segunda Guerra Mundial (1939-45), em que morrem 27 milhões de soviéticos.
Preso várias vezes pelo regime czarista, entra para o Politburo do partido depois da Revolução Comunista, em outubro (novembro pelo calendário atual) de 1917. No fim da guerra civil que se segue à revolução, em 1922, como comissário das nacionalidades, funda com Lenin a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
No mesmo ano, vira secretário-geral do Partido Comunista, de que se aproveita, depois da morte de Lenin, em 1924, para dominar a máquina burocrática na disputa pelo poder com Leon Trotsky, uma luta que vai definir o futuro da URSS.
Vitorioso, Stalin impõe um regime de terror, com processos forjados e expurgo de dirigentes suspeitos de traição ao líder, coletiviza a agricultura, o que causa a morte de milhões de pessoas, e aposta na indústria pesada para preparar o Exército Vermelho para a guerra contra a Alemanha Nazista, que considera inevitável.
Pouco antes do início da guerra, Alemanha e URSS assinam um pacto de não agressão e dividem a Polônia, mas em 22 de junho de 1941 Hitler invade a Rússia. Mais de 80% das tropas alemãs são derrotadas na frente oriental. Cerca de 27 milhões de soviéticos morrem na Grande Guerra Patriótica. Depois da vitória na Batalha de Stalingrado, uma das mais importantes da história, o Exército Vermelho inicia a marcha rumo a Berlim, que conquista em 8 de maio de 1945.
No fim da guerra, os soviéticos ocupam os países da Europa Oriental que formam o Bloco Soviético, uma zona de proteção para a URSS cujos países hoje fazem parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos EUA. É o início da Guerra Fria entre o Ocidente capitalista e a URSS comunista.
Em 1948, Stalin ordena o Bloqueio de Berlim Ocidental, um enclave dentro da Alemanha Oriental. Os EUA e aliados reagem com a maior ponte aérea da história e a criação da OTAN, em 1949. Neste mesmo ano, em 29 de agosto, a URSS explode sua primeira bomba atômica, acabando com o monopólio dos EUA. É o começo da corrida armamentista nuclear.
Depois de sua morte, o novo líder, Nikita Kruschev, denuncia os crimes do stalinismo no 20º Congresso do PC, em 25 de fevereiro de 1956, e inicia a desestalinização, que só é realmente efetiva com a abertura democrática promovida por Mikhail Gorbachev, último líder da URSS, a partir de março de 1985.
FOTO DO CHE
Em 1960, o repórter fotográfico Alberto Díaz Gutiérrez, mais conhecido como Alberto Korda, tira uma das fotos mais reproduzidas da história, a imagem icônica de Ernesto Rafael Che Guevara de la Serna, o Guerrilheiro Heróico, símbolo da rebeldia juvenil dos anos 1960.
O Che aparece rapidamente no funeral em Havana de um trabalhador morto numa explosão num porto que o governo Fidel Castro atribui aos Estados Unidos. Não fica mais de cinco minutos no palanque e se junto à multidão.
Korda tira duas fotos de Guevara, bem sério, com ar grave, olhando para cima, com a boina característica, uma tradição argentina, e a longa cabeleira.
O jornal La Revolución não publica a foto. Durante anos, é apenas um dos trabalhos favoritos do autor, que deu o nome de Guerrilheiro Heroico. Em 1967, a revista francesa Paris Match a usa numa reportagem sobre a guerrilha na América Latina.
Quando o Che morre, em 9 de outubro de 1967, executado por soldado boliviano em La Higuera, ao tentar levar a revolução para a Bolívia, Cuba realiza um funeral solene e uma enorme reprodução da foto aparece na fachada do Ministério do Interior.
É a canonização do Che. Em 1968, nas revoluções dos estudantes, Guevara estás nas paredes dos centros acadêmicos e alojamentos estudantes por meio mundo. Até hoje, circula nas camisetas dos jovens e nem só de jovens esquerdistas.
MORTE DE CHÁVEZ
Em 2013, depois de uma batalha contra o câncer, morre o caudilho Hugo Chávez, que presidia a Venezuela desde 1999.
Filho de professores primários, Hugo Rafael Chávez Frias nasce em Sabaneta, na Venezuela, em 28 de julho de 1954. Aos 17 anos, entra para a academia militar e faz carreira até se tornar coronel com uma visão nacionalista.
Sua guinada para a política começa com o Caracaço. Em 27 de janeiro de 1989, uma revolta popular com uma explosão de violência e saques contra a política de austeridade econômica imposta pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) ao governo Carlos Andrés Pérez sofre uma repressão violenta. Pelo menos 277 pessoas morrem, 2 mil de acordo com estimativas não oficiais.
Revoltado ao ver o Exército matando venezuelanos nas ruas de Caracas, Chávez começa a articular o golpe em que tenta derrubar Andrés Pérez em 4 de fevereiro de 1992. Antes de ser preso, Chávez faz um pronunciamento na televisão, pede desculpas à população e lança sua carreira política.
Andrés Pérez é afastado por corrupção em 1993. Seu sucessor, Rafael Caldera, anistia Chávez em 1994. Ele passa a se dedicar integralmente à política com um discurso em defesa dos pobres.
Com a crise econômica asiática de 1997, os preços do petróleo caem para cerca de US$ 10. A Rússia quebra em agosto de 1998 e a Venezuela sofre um forte abalo. Em 6 de dezembro de 1998, Chávez é eleito presidente com 56% dos votos.
Logo, convoca um plebiscito sobre a necessidade de uma nova Constituição e vence. Na Assembleia Nacional Constituinte eleita em julho de 1999, o Polo Patriótico, de Chávez, elege 120 dos 131 constituintes. Eles redigem a Constituição Bolivarista da Venezuela, que aumenta os poderes do Executivo, extingue o Senado, reconhece os direitos linguísticos e culturais dos povos indígenas, amplia a intervenção do Estado na economia e cria o referendo revogatório para deseleger políticos que desagradem ao eleitorado.
Sob a nova Constituição, são realizadas eleições parlamentares e presidencial em 30 de julho de 2000. Chávez se reelege e conquista maioria na Assembleia Nacional, que aprova em novembro a Lei Habilitante. Ela dá poderes especiais ao presidente para governar por decretos-leis em matérias como reforma agrária, pesca e petróleo.
Em fevereiro de 2002, Chávez demite a diretoria da companhia estatal Petróleos de Venezuela S. A. (PdVSA), que entra em greve paralisando as operações da metade de seus 14,8 mil poços. Aumenta a revolta contra Chávez, inclusive nas Forças Armadas.
Quando uma marcha se dirige à PdVSA, em 11 de abril, é desviada para o Palácio de Miraflores, onde há uma manifestação a favor do governo. Há um conflito. A Polícia Metropolitana, contrária a Chávez, dispara tiros. Dezesseis pessoas morrem e mais de cem saem feridas. Militares pedem a renúncia de Chávez.
Em 12 de abril, o comandante das Forças Armadas, general Lucas Rincón, anuncia a renúncia de Chávez e sua substituição pelo presidente da federação empresarial Fedecámaras, Pedro Carmona, que perde apoio ao dissolver a Assembleia Nacional.
Soldados leais contra-atacam e tomam o palácio. Chávez é resgatado da prisão pelo general Raúl Baduel, que morreu numa cadeia do ditador Nicolás Maduro, sucessor do caudilho. Por volta da meia-noite, o presidente avisa: "Não renunciei ao poder legítimo que o povo me deu". O golpe, apoiado pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e pelo primeiro-ministro da Espanha, José María Aznar, fracassa.
Mais uma vez, como em 1992, Chávez perde militarmente, mas ganha politicamente. A partir daí, sob a inspiração do ditador cubano, Fidel Castro, começa a guinada para o que chama de "socialismo do século 21". A greve da PdVSA vai até 2003.
Uma coleta de assinaturas iniciada em novembro de 2003 leva à convocação de um referendo revogatório realizado em 15 de agosto de 2004, com vitória de Chávez com 58,25% dos votos. O resultado é considerado legítimo por observadores internacionais.
Reeleito mais uma vez em 2006, com 62,9% dos votos, o caudilho promete aprofundar a "revolução bolivarista". Em 2 de dezembro de 2007, ele sofre sua primeira derrota eleitoral ao perder um referendo para reformar a Constituição e permitir a reeleição sem limites. Não desiste e seu desejo é aprovado em 2009.
O câncer é diagnosticado em 2011. Chávez poderia ter vindo se tratar no Brasil. O regime venezuelano queria controlar um andar inteiro e a portaria do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Como isto não é aceito, vai para Cuba, que tem uma medicina popular eficiente com cuidados básicos de saúde, mas não tem os recursos de alta tecnologia de um bom hospital brasileiro.
Ele é reeleito em 7 de outubro 2012 com 55% dos votos. Doente, não vai à cerimônia de posse na Assembleia Nacional em 10 de janeiro e morre dois meses depois, no mesmo dia de Josef Stalin. O sucessor, Nicolás Maduro, teria sido escolhido por indicação de Fidel. Sem o carisma e a popularidade de Chávez, Maduro transforma o regime autoritário numa ditadura que cerca de 6 milhões de pessoas a fugir da Venezuela.
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