No 300º dia da guerra da Rússia para subjugar a Ucrânia, o presidente Volodymyr Zelensky visitou Washington nessa quarta-feira para tentar garantir a aprovação de uma ajuda de mais US$ 45 bilhões a ser votada pelo Congresso.
"Seu dinheiro não é caridade, é um investimento na segurança global e na democracia", declarou o líder ucraniano perante uma sessão conjunta do Congresso dos EUA em que invocou a luta contra o nazifascismo.
Enquanto o presidente Joe Biden promete manter a ajuda financeira e militar à Ucrânia "enquanto for necessária", o líder do Partido Republicano na Câmara, Kevin McCarthy, alega que "não vai dar um cheque em branco" a Zelensky. Os republicanos conquistaram maioria nas eleições de novembro. McCarthy pode presidir a Câmara a partir do próximo ano.
A ala de extrema direita da oposição, ligada ao ex-presidente Donald Trump, um aliado do ditador russo Vladimir Putin, que o ajudou na sua eleição, quer negar a ajuda, mas não é maioria dentro do partido.
Na Casa Branca, Zelensky foi recebido como herói. No início da guerra, quando se previa que a Rússia obteria uma vitória rapidamente, os EUA se ofereceram para retirar o presidente ucraniano do país.
Zelensky, um ex-comediante que virou presidente depois de estrelar um programa de televisão ironizando os presidentes e a corrupção, rejeitou. Disse que precisava de armas e munições. São as armas e a ajuda do Ocidente e aliados que permitem resistir ao assalto da segunda maior potência militar do planeta. Agora, quer mais aviões de combate, tanques e sistemas de defesa antiaérea.
Durante o discurso no Congresso, a presidente da Câmara dos Representantes, deputada Nancy Pelosi, e a vice-presidente Kamala Harris, que acumula a Presidência do Senado, estenderam uma bandeira ucraniana na mesa diretora.
A visita coloca contra a parede os adversários da ajuda, que alegam ser muito dinheiro para um país com sérios problemas de corrupção. Ao contrário da ala trumpista, o líder da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell, é defensor da ajuda.
Zelensky foi vago diante de uma pergunta sobre o que considera uma paz justa, lembrando das mortes de dezenas de milhares de ucranianos.
Sua proposta de negociação exige:
• a retirada das forças russas de todo o território ucraniano, inclusive das áreas ocupadas antes desde 2014, antes do início da invasão de 24 de fevereiro de 2022;
• a investigação e punição dos crimes de guerra cometidos pela Rússia;
• indenização pelos prejuízos materiais, algo em torno de US$ 1 trilhão;
• e garantias de segurança contra futuras agressões da Rússia.
É evidente que Putin não tem como aceitar nem a retirada para as posições anteriores a 24 de fevereiro. Seria uma humilhação capaz de derrubá-lo do poder.
No momento, a Rússia bombardeia a infraestrutura do setor de energia elétrica da Ucrânia. Usa o frio do inverno que começa para pressionar ainda mais o povo ucraniano, que enfrenta temperaturas de até 14 graus negativos.
A Rússia ainda aposta em dobrar a resistência ucraniana numa guerra de longo prazo. O ditador anunciou a intenção de ampliar o Exército russo de 1 milhão para 1,5 milhão de soldados, prorrogando o serviço militar obrigatório até 30 anos. Diante do risco de uma reação negativa dentro da Rússia, acusa a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar liderada pelos EUA, pela guerra.
Na sua primeira visita à vizinha e aliada Bielorrússia desde 2019, Putin esteve na segunda-feira em Minsk com o ditador Alexander Lukachenko. Levantou suspeitas de que estaria planejando um novo ataque ao Norte da Ucrânia, partindo de território bielorrusso, em mais uma tentativa de tomar Kiev, a capital ucraniana, e de envolver a Bielorrúsia diretamente na guerra.
O anúncio de manobras militares conjuntas da Rússia e da Bielorrússia levou a Ucrânia a reforçar a fronteira norte. A única certeza é que a guerra de agressão, a guerra imperialista do czar Putin ainda vai durar muito tempo.
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