quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Hoje na História do Mundo: 1º de Dezembro

ASSASSINATO DE KIROV

    Em 1934, Serguei Kirov, um líder da Revolução Bolchevique e membro do Politburo do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, é baleado a morte em seu escritório em Leningrado, hoje São Petersburgo, por Leonid Nikolayev, insuflado pelo ditador Josef Stalin.

É o início do Grande Expurgo e dos Processos de Moscou em que o ditador se livra dos inimigos reais ou imaginários, inclusive a maioria dos bolcheviques remanescentes no governo soviético.

Qualquer que seja a participação de Stalin no assassinato de um possível sucessor, o certo é que ele usa a morte como pretexto para deflagrar uma onda de terror e uma devassa no partido, no governo, nas Forças Armadas e nos serviços de inteligência, todas as fontes do poder soviético.

Há sete processos diferentes sobre a morte de Kirov. Centenas de notáveis da política, cultura e dos militares são presos e executado.

O Grande Expurgo dura quatro anos. Milhões de pessoas são presas, exiladas ou mortas. Durante 1937 e 1938, a polícia secreta stalinista NKVD prende 1.548.366 pessoas; destas, 681 692 são executadas, numa média de mil execuções por dia. 

Em comparação, a Rússia czarista executa 3.932 pessoas por crimes políticos de 1825 a 1910, numa média de menos de 1 execução por semana.

MÃE DO MOVIMENTO ANTIRRACISTA

    Em 1955, Rosa Parks, a mãe do movimento dos direitos civis, é presa por se negar a ceder o assento num ônibus para um homem branco, violando as leis de segregação racial da cidade de Montgomery, no Alabama, como parte de um boicote ao sistema de transporte organizado pelo jovem pastor batista Martin Luther King Jr.

Rosa nasce em Tuskgee, no Alabama, em 4 de fevereiro de 1913. Trabalha como costureira. Em 1943, entra para a Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor (NAACP), uma organização não governamental de defesa da minoria negra.

Por força de um decreto municipal de Montgomery de 1955, os negros são obrigados a sentar no fundo dos ônibus. Se os assentos destinados aos brancos na frente do ônibus estiverem ocupados, os negros são obrigados a ceder seus lugares. Se o ônibus estivem lotado, os negros devem descer para que brancos subam.

Há meses o movimento negro pensa em desafiar a norma racista. Parks ouve falar nesse debate. Ela está na primeira fila do setor para negros. Quando o motorista branco a manda ceder o lugar, Rosa Parks se nega e é presa.

Ao saber da prisão, o movimento por direitos civis convoca o boicote ao sistema de ônibus de Montgomery para 5 de dezembro. Um dos líderes do movimento é o jovem pastor Luther King Jr., de 26 anos, que discursa numa igreja: "A grande glória da democracia americana é o direito de protestar por direitos."

O boicote dura mais de um ano. Os ativistas se dão carona ou caminham quilômetros até a escola ou o trabalho. Como os afroamericanos são 70% dos passageiros de ônibus de Montgomery, as empresas sentem o choque.

Em 13 de novembro de 1956, a Suprema Corte considera inconstitucional a lei de segregação racial nos ônibus do Alabama com base na 14ª Emenda à Constituição dos EUA, de 1868, adotada depois da Guerra da Secessão (1861-65) e da Abolição da Escravutura, por violar o princípio da proteção igual perante a lei.

Quando os ônibus são dessegregados, Rosa Parks é uma das primeiras a viajar. Ela vira um símbolo do movimento. Luther King se torna o maior líder da luta pelos direitos civis. Sofre ameaças de morte e é assassinado em 4 de abril de 1968 em Memphis, no Tennessee, aos 39 anos.

ANTÁRTIDA SEM ARMAS

    Em 1959, 12 países, inclusive os Estados Unidos, a União Soviética e o Brasil, assinam em Washington o Tratado da Antártida, abrindo mão de reivindicações territoriais e tornando o continente gelado uma zona livre de armas e atividades militares, aberta à pesquisa científica e à cooperação internacional na proteção à natureza.

É o primeiro acordo de controle de armas da Guerra Fria, a confrontação política, militar, econômica, científica e tecnológica das duas superpotências que dominou a segunda metade do século 20.

No início do século 19, o Império Britânico, a Argentina, o Chile e a Noruega reivindicam partes da Antártida. Em 1948, há uma troca de tiros entre argentinos e britânicos.

Nos anos 1950, os EUA resolvem ter uma participação maior e o presidente Dwight Eisenhower negocia com os soviéticos a desmilitarização e o adiamento, que hoje vai até 2040, de reivindicações territoriais sobre o continente gelado, que corre risco de degelo. 

Mais de 50 países aderiram até hoje ao Tratado da Antártida.

Com o aquecimento global, a temperatura máxima registrada na Antártida foi de 18,3ºC numa base argentina, em 6 de fevereiro de 2020. 

TÚNEL DA MANCHA

    Em 1990, os trabalhadores que escavam o Túnel da Mancha se encontram a 40 metros abaixo do fundo do Canal da Mancha unindo as equipes vindas da França e da Inglaterra. Está aberto o caminho para o fim do isolamento da Grã-Bretanha, cercada pelo mar há pelo menos 6 mil anos.

Napoleão Bonaparte defende a construção de um túnel em 1802, o que certamente serviria a seus planos para invadir a Inglaterra. Só em 1986, 82 anos depois de se aliarem, a França e o Reino Unido fazem um acordo para abrir um túnel entre Folkestone, na Inglaterra, e Calais, na França.

Nos próximos quatro anos, 13 mil trabalhadores abrem 150 quilômetros de túneis a uma profundidade média de 45 metros abaixo do fundo do canal, a um custo de US$ 15 bilhões. Eles removem 8 milhões de metros cúbicos de rocha, num ritmo de 2,4 mil toneladas por hora.

Na verdade, são três túneis interconectados, um em cada sentido e um túnel de serviços.

Três anos e meio depois que trabalhadores dos dois lados se encontram, o túnel é inaugurado, em 6 de maio de 1994, pela rainha Elizabeth II, da Inglaterra, e o presidente da França, François Mitterrand.

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