quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Alemanha prende radicais de ultradireita suspeitos de golpe

Mais de 3 mil policiais participaram de uma megaoperação em 11 dos 16 estados da Alemanha para prender nessa quarta-feira 25 extremistas de direita de um grupo chamado Cidadãos do Reich, que fazia planos para derrubar o governo republicano e democrático, e restaurar a monarquia sob a liderança de um aristocrata de 71 anos, um candidato a rei que se apresenta como Heinrich ou Henrique XIII.

"Nosso Estado constitucional é forte. Sabemos nos defender com todas as nossas forças contra os inimigos da democracia", declarou a ministra do Interior, Nancy Faeser.

O grupo, considerado pelo governo alemão uma organização terrorista, acredita em teorias conspiratórias como a existência de um "Estado profundo" que governaria a Alemanha de fato. Anda armado e tentou invadir o Parlamento Federal em agosto de 2020. Rejeita totalmente as instituições estatais e o regime democrático da República Federal da Alemanha.

A Procuradoria o acusa de planejar a tomada do poder por "meios militares" com assalto armado ao Bundestag como os partidários de Donald Trump tentaram fazer em 6 de janeiro de 2001 no Capitólio para impedir a certificação da vitória de Joe Biden. Os Cidadãos do Reich pediriam ajuda à Rússia para tomar o poder na Alemanha.

Entre os presos, há ex-militares, um ex-policial e uma ex-deputada do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), Birgit Malsack-Winkemann, que trabalhava como juíza do Tribunal Regional de Berlim. Além do príncipe, líder político vigiado há anos pelos serviços secretos alemães, o coronel reformado Rüdiger von P. é apontado como comandante militar dos Cidadãos do Reich.

A rede terrorista começou a ser articulada no fim de novembro de 2021 com o objetivo de "derrubar a ordem estatal existente na Alemanha e substituí-la por uma forma de governo própria", nas palavras de um comunicado da Procuradoria. Seus membros sabem que isto só pode ser feito com o uso da força, o que "inclui cometer homicídios".

Os extremistas tentaram atrair soldados e policiais, e organizaram treinamentos de tiro para preparar o ataque. Até agora, foram identificados 51 suspeitos. A operação está em andamento e pode realizar novas prisões.

As autoridades alemãs alertam que o terrorismo de extrema direita aumentou com a onda de refugiados e se tornou ainda pior durante a pandemia.

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