domingo, 1 de agosto de 2021

Hoje na História do Mundo: 1º de Agosto

    Em 1936, diante de 100 mil espectadores e 5 mil atletas de 51 países, o ditador nazista Adolf Hitler participa da abertura da Olimpíada de Berlim. Ao entrar no Estádio Olímpico, Hitler é saudado pelo Hino da Alemanha nazista, Deutschland uber alles (Alemanha acima de tudo), lema copiado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Ao acender a pira olímpica, a tocha, fabricada pela companhia metalúrgica Krupp, que produzia armas para o regime nazista, daria início à olimpíada que consagraria a superioridade da raça ariana (branca) e da Alemanha. Mas o racismo perdeu.

O negro americano Jesse Owens demoliu o mito da supremacia branca ao conquistar quatro medalhas de ouro. Hitler não estava lá para ver, mas saiu mais cedo do estádio noutro dia para não premiar outro negro americano. Atletas negros ganharam 14 das 56 medalhas dos Estados Unidos.

    Em 1943, um contratorpedeiro japonês atinge a lancha torpedeira PT-109, dos Estados Unidos, partindo-a ao meio. Dois marinheiros morrem e 11 sobrevivem, entre eles o futuro presidente John Kennedy.

Depois de cinco horas no mar, os sobreviventes chegam a uma ilha de coral. Kennedy volta a entrar no mar nadando para ver se consegue avisar navios ou aviões americanos. As forças correntes e um problema crônico nas costas dificultam seu retorno.

Mais tarde, os sobreviventes nadam até uma ilha próxima, acreditando ser Nauru, e mandam uma mensagem numa casca de coco. Kennedy é condecorado pela Marinha dos EUA.

O filme O Herói da PT-109 é lançado em 1963, ano do assassinato de JFK.

    Em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45) , 117 aviões bombardeiros B-24 decolam de uma base aérea aliada na Líbia para atacar os poços de petróleo e as refinarias de Ploiesti, na Romênia, conhecidos como o posto de gasolina de Hitler. A Operação Maremoto fracassa ao não dar um golpe fatal nas instalações, que processavam 8,5 milhões de toneladas de petróleo bruto por ano.

Os bombardeiros voam a baixa altitude para escapar dos radares alemães e o ataque deixa de ser uma surpresa quando um esquadrão aéreo se perde e precisa de orientação por rádio-comunicação para retomar a rota. O ataque acaba vindo do sul, onde a Alemanha concentrara suas baterias antiaéreas.

A ação é caótica, trágica e custosa, com grandes perdas para os aliados: 310 aviadores mortos, 108 capturados e 78 detidos na Turquia. Os aliados alegam ter destruído 40% da capacidade produtiva do campo, mas os danos são logo reparados. Meses depois, as refinarias superam a produção anterior.

O posto de gasolina de Hitler continua funcionando até ser capturado pelo Exército Vermelho, da União Soviética, em agosto de 1944.

    Em 1943, a tensão racial e a frustração econômica explodem em Nova York no Distúrbio Racial de 1943 no Harlem, o principal bairro negro da cidade. Em meio a uma discussão acalorada no saguão do Hotel Braddock, um policial branco dá um tiro no soldado negro Robert Bandy, deflagrando uma explosão de violência.

O Harlem é predominantemente branco até a Grande Migração, a fuga de mais de 6 milhões de negros do Sul para o Norte dos Estados Unidos de 1916 a 1970 por causa da segregação racial e da falta de oportunidades, num reflexo tardio da Guerra da Secessão (1861-65).

Quando os EUA entram na Segunda Guerra Mundial (1939-45), em 1941, 89% dos moradores do Harlem são negros. Além do recrutamento militar obrigatório, a comunidade negra americana enfrentava as dificuldades econômicas causadas pela guerra.

Na noite daquele 1º de agosto, Marjorie Polite, uma mulher negra, decide reclamar do quarto no Hotel Braddock, que estava em decadência. Insatisfeita, pede a devolução do dinheiro.

A discussão leva o policial branco James Collins a dar voz de prisão a Marjorie por "perturbação da ordem pública". Em meio à confusão, Bandy chega ao hotel para jantar com a mãe, que está hospedada lá, tenta impedir o policial de bater em Marjorie com o cassetete, é baleado e tratado num hospital com ferimentos leves.

O boato de que Bandy fora morto deflagra uma onda de saques contra empresas de propriedade de brancos, a tal ponto que empresários negros botam placas avisando que seus negócios são de propriedade de negros.

Seis negros morrem e 500 saem feridos quando a Polícia de Nova York e o Exército, convocado pelo prefeito Fiorello La Guardia, ocupam o Harlem. 

No poema Beaumount a Detroit: 1943, o poeta Langston Hughes falou da ironia perversa de que os negros americanos lutavam na Segunda Guerra Mundial (1939-45) por um país que não os reconhecia: "Faço esta pergunta/porque quero saber/quanto tempo terei de lutar/tanto contra Adolf Hitler e quanto contra Jim Crow".

Jim Crow é um nome dado com frequência a negros americanos, imortalizado por uma música do compositor Thomas Rice, que trata os negros como indolentes, preguiçosos, idiotas e infantis. 

As Leis de Jim Crow foram uma série de leis estaduais e municipais aprovadas no Sul para impor a segregação racial no período da Reconstrução, depois da Abolição da Escravatura e da derrota na Guerra da Secessão.

    Em 1944, Anne Frank, a adolescente judia alemã escondida numa casa em Amsterdã, na Holanda, durante a ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial (1939-45) escreve pela última vez em seu diário, que se tornou um símbolo da inocência perdida, roubada pelo terror do Holocausto.

Anne Frank, nascida em Frankfurt, na Alemanha, ganha o diário no aniversário de 13 anos e escreve nele regularmente durante dois anos, descrevendo a vida cotidiana no esconderijo, um anexo de três andares  acima do armazém de seu pai na Prinsengracht 263. 

Havia mais sete pessoas: seus pais, Otto e Edith; o sócio de seu pai, Herman van Pels, sua mulher, Auguste, e o filho Peter; e o dentista Fritz Pfeffer.

Três dias depois do último escrito, ela e a família são presas pelos alemães. Os pais vão para o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, onde o pai sobrevive. Ela e a irmã, Margot Frank, são enviadas para Bergen Belsen, em Hanôver, na Alemanha, onde morrem numa epidemia de tifo em em fevereiro ou março de 1945.

Desde 1960, o museu Casa de Anne Frank é uma das principais atrações turísticas de Amsterdã, visitada por 1,2 milhão de pessoas em média por ano. A revista Time a considera uma das pessoas mais importantes do século 20.

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