A esquerda latino-americana não discute. Tem certezas. Tem a História na mão? Não, desde a queda do Muro de Berlim e do colapso do comunismo. É uma realidade que a esquerda latino-americana, que apoia Fidel, Chávez e outros caudilhos que a esquerda europeia rejeita, insiste em ignorar.
Enquanto direita e esquerda forem democráticas, tudo bem, mas o socialismo democrático é a social-democracia. O PT e o lulismo são social-democratas, mas o MST não é. Como vivi sob uma ditadura e prezo minha liberdade, não gostaria de viver sob um governo do MST, nem do camarada Kim Jong Un ou dos irmãos Castro.
Como sou contra a tirania, posso me identificar com a blogueira cubana Yoani Sánchez, com os intelectuais e artistas dissidentes chineses, com os sindicalistas que vaiaram o enterro de Lady Thatcher, com os líbios que se livraram de Kadafi com a ajuda da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), com os sírios não fundamentalistas que tentam se livrar de Assad, com os egípcios na Praça da Libertação, com as vítimas da ditadura argentina que denunciaram a omissão do novo papa na época e de todas as ditaduras latino-americanas. Na Guatemala, estão julgando o general Efraín Ríos Montt, ditador de plantão quando passei lá, em 1982, mas o Brasil esquece deliberadamente o guarda de banco que o Lamarca matou. Também foi vítima, também merecia reparação e reconhecimento, a família merecia indenização, mas a Comissão é da Meia-Verdade.
Estou do lado da liberdade individual, da maioria desarmada que não quer se submeter ao poder arbitrário do Estado seja em nome de que ideologia for.
Como o mundo não é preto e branco, só quem é extremista pode ter certezas. Qualquer ideia política que se considere progressista tem de promover a emancipação humana. Para isso, é preciso que as pessoas tenham suas necessidades básicas atendidas e uma educação de qualidade para poder pensar com a própria cabeça e não a do partido.
O marxismo-leninismo se tornou uma doutrina reacionária e autoritária com origem no autoritarismo alemão que pretende falar em nome do povo sem ter delegação para isso. É usada para justificar os mais variados abusos dos direitos humanos e arbitrariedades, corrupção, tortura...
Desde 1989, desde a queda do Muro, as revoluções são feitas para lutar pela liberdade. As pessoas vão para o meio da praça lutar pela liberdade e não gritar slogans socialistas e marxistas, pedir a estatização dos meios de produção, a não ser na América Latina, o continente do atraso, onde as esquerdas são teleguiadas pelo Estado.
Neste sentido, reacionário é quem luta contra as revoluções liberais que fazem parte das últimas ondas de democratização iniciadas pelo fim da Guerra Fria e a queda do Muro de Berlim.
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